Sempre Em Minha Vida escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 20
Capítulo 20 — Um Dia Especial




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Emmett olhou Rosalie e Joshua a poucos passos de onde estava. Estavam bem, era o mais importante. Levou a mão ao maxilar e uma careta marcou seu rosto a fisgada no canto dos lábios. Abaixou a mão ao perceber que Joshua o olhava com preocupação.

— Papai.

— Está tudo bem, filho. — Voltou alguns passos, pegando o garoto em um abraço.

— Você está machucado — lamentou o menino.

Emmett voltou a pôr a mão no rosto.

— Ah, isso não é nada. O outro ficou bem pior. — Bagunçou os cabelos de Joshua, que sorriu.

— Ficou mesmo — concordou, e socou o ar. — Acertou o bobão um número maior de vezes.

Um sorriso se alargou no rosto de Emmett ao presenciar empolgação do filho. Ao se deparar com a expressão séria no rosto de Rosalie, o sorriso murchou. Sabia que o estava condenando por apoiar tal atitude.

— Acho que nossa saída para almoçar, fracassou.

— Não ligo — Joshua continuou empolgado. — Ver você botar Royce no lugar dele, foi muito maneiro — garantiu, estendendo a última palavra até onde o fôlego permitiu. Emmett esqueceu que Rosalie não concordava e voltou a sorrir.

— É melhor colocar gelo nesse machucado — avisou Rosalie. Sem esperar uma resposta, virou as costas e saiu andando.

Joshua socou o ar novamente. Emmett pôs a mão em sua cabeça, movendo de um lado para o outro, se divertindo.

Diante o olhar desconfiado de Rosalie, segurou o punho do menino forçando ele abaixar a mão. Ambos fingiram estar se comportando, mostrando sorrisos ensaiados.

Entraram na casa, um atrás do outro. Rosalie foi direto para a cozinha. Eles foram atrás. Ela retirou da geladeira uma bolsa de gelo e pôs em cima da ilha.

— Aqui — limitou-se em dizer.

Joshua não notou a frieza por trás de sua fala.

Emmett voltou prestar atenção em cada gesto tentando desvendar o que acontecia.

Joshua pegou a bolsa de gelo na ilha.

— Uso toda vez que me machuco — disse. — A mamãe sempre tem uma disponível.

— Você se machuca muito, carinha? — Recebeu a bolsa de gelo. E puxou uma banqueta onde sentou.

— Está doendo muito, papai? — Joshua avaliou seu rosto, vendo descansar a bolsa de gelo em cima dos machucados.

Se já estava apaixonado pela figura paterna, agora o pai se tornou o herói que os salvou do perigo, Rosalie se pegou pensando.

— Quase nada — respondeu, porém, a atenção foi para Rosalie, que saiu da cozinha sem dizer uma só palavra. Joshua falou sobre o corte em seu lábio. Voltou a dizer ao filho que não era nada com que se preocupar.

Pouco tempo depois, Rosalie voltou à cozinha com a necessaire vermelha de primeiros socorros.

Joshua saiu do caminho, gostando de ver que a mãe iria cuidar do machucado do pai. O tempo todo, Emmett olhava no rosto dela.

— Isso vai doer — Joshua fez careta quando a mãe começou pegar itens necessários para higienizar e tratar o machucado.

Emmett aguardou ansioso por usa aproximação.

Ela parou com o algodão umedecido na solução antisséptica.

— Posso? — sugeriu o machucado no canto dos lábios dele.

Emmett abaixou a bolsa de gelo, sugerindo que sim.

Rosalie chegou ainda mais perto.

— A mamãe é bem cuidadosa, não precisa ter medo — Joshua esclareceu.

Rosalie não resistiu e acabou rindo próximo ao rosto de Emmett, despertando nele o desejo de beijá-la. Foi bom vê-la sorrindo de novo, mesmo que breve.

A expressão séria de volta ao rosto, ela moveu a mão sem mais avisos, encostando o algodão no machucado. A ardência levou Emmett apertar os olhos.

— Mamãe sempre me dá um beijo para eu me sentir melhor — comentou Joshua, tão perto deles quanto podia.

Enquanto Rosalie tentava não se concentrar nos olhos de Emmett, ele fazia o contrário deixando-a desconcertada.

— Mamãe, você pode dar um beijo no meu pai para ele se sentir melhor.

— Seu pai já é bem grandinho, não precisa de nada disso. — Terminou com o algodão, usou a solução tópica spray e chegou um passo para trás.

— Quem disse que não? — argumentou Emmett.

— Está vendo — Joshua emendou, animado. — Ele precisa, sim.

O rolar de olhos que Rosalie deu, levou Emmett a desejar pegá-la no colo, levá-la até o quarto e repetir a última vez que ficaram juntos. Porém, uma coisa faria diferente, não repetiria o erro de sair sem mencionar uma palavra.

Ela voltou se aproximar. Aproximou os lábios até tocarem a pele de seu rosto, a barba por fazer. Emmett suspirou, mostrando que não era aquele beijo que esperava ganhar dela.

Joshua sorriu e orelha a orelha.

— Pronto. Satisfeito? — questionou ela a Joshua.

O menino sorriu descaradamente. Rosalie segurou seu rosto entre as mãos, apertando os lábios em sua bochecha corada.

— Seu pai vai ficar ótimo, não se preocupe.

Ao se afastar, sentiu a mão de Emmett roçar a sua propositalmente, junto a seu gesto, veio o agradecimento:

— Obrigado, Rose.

Ela moveu a cabeça, aceitando o agradecimento. Guardou novamente as coisas na nécessaire vermelha e fechou o zíper.

Joshua estava todo feliz quando a mãe saiu para guardar o kit primeiros socorros.

Rosalie sentiu o olhar de Emmett em suas costas, mas não virou para conferir.

— Tem certeza que não está doendo, papai?

— Absoluta. O beijo que sua mãe me deu, ajudou bastante.

Rosalie retornou e a atenção de Emmett foi outra vez para ela.

— Imagino que a saída para o almoço de vocês foi cancelada.

Emmett olhou o filho.

— Desculpe Josh.

— Não tem problema, papai. Foi melhor ver você botando Royce para correr. Foi supermaneiro.

— Joshua — Rosalie advertiu.

— Fala sério, mamãe. Royce mereceu.

Rosalie foi pegar o celular em cima da ilha, onde deixou antes de toda aquela confusão ter início.

— Vou pedir comida para todos.

— Eu pago — Emmett avisou.

— Não é necessário.

— Eu insisto.

— Realmente não me importo de ter de pagar pela comida.

— Rose…

— Está bem, você paga.

— Mamãe, eu posso usar o ipad até a comida chegar?

— Pode, sim.

Joshua deu um pulo.

— Isso! — rapidamente saiu da cozinha.

— Rose — Emmett chamou sua atenção. — Você deveria fazer uma denúncia contra Royce.

Ela meneou a cabeça, aceitando. Em seguida, o deixou sozinho.

Emmett levantou para encontrar Joshua na sala. O menino se encostou a seu corpo enquanto jogava no ipad.

Falou com Joshua sobre o jogo. Vez por outra, Joshua voltou falar da briga dele com Royce.

Momentos depois, a campainha tocou. Emmett recebeu a comida e levou para a cozinha.

— Josh, vá chamar sua mãe.

— Até que fim. Estava morrendo de fome. — Deixou o ipad de lado para chamar a mãe. — Mamãe, mamãe, a comida chegou. — Bateu na porta, e se pendurou na maçaneta ao abrir. — Mamãe, você está dormindo? — ele a olhou em dúvida.

— Vim dá um tempo aqui e acabei cochilando. Fala para mamãe; o que você quer?

— A comida chegou, meu pai pediu para avisar.

— A mamãe já vai — ela estava sentada com as costas apoiadas ao travesseiro, as pernas estendidas. — O que foi Josh? — pediu ao perceber que a olhava como fosse dizer mais alguma coisa.

— Estou feliz que o almoço fora foi cancelado, assim todos nós podemos almoçar juntos agora.

Viu o sorriso no rosto dele ao se aproximar do espelho, na penteadeira, para arrumar os cabelos.

— E esse sorriso?

— Está linda, mamãe.

— Obrigada. — Apertou os braços em volta dele.

— Não quer que meu pai te veja com os cabelos bagunçados?

— Claro que não.

— Claro que sim. — Escapou do aperto dos braços dela e saiu do quarto correndo.

— Volta aqui, garoto! — Foi atrás dele. Encontrou Joshua ao lado do pai na cozinha.

— Mamãe estava dormindo, acredita? — entregou.

Emmett avaliou o rosto de Rosalie, parecia bem, talvez um pouco cansada.

— A comida…

— Joshua me avisou. — Passou por eles. Ouviu os dois conversando atrás de suas costas.

Joshua começou correr de um lado para o outro.

— O que é isso, filho?

— Ele está feliz — Emmett lembrou. Estava tão perto, quase pôde sentir o hálito quente acariciar a nuca.

— Com certeza ele está — concordou, assistindo Joshua espiar nas embalagens.

— Comida mexicana — comemorou. — Eu adoro comida mexicana. A mamãe sabe de tudo que eu gosto.

O olhar de Emmett encontrou o de Rosalie. De repente, se pegou falando:

— Sua mãe costumava conhecer meus gostos também.

Rosalie respondeu sem pensar:

— Ainda conheço alguns. — Desviou o olhar ao perceber o que fez.

Emmett ficou com um sorriso no canto dos lábios. Joshua observou os dois, cheio de esperança e entusiasmo.

[…]

À noite, após colocar Joshua na cama, deixou que Emmett lesse com ele. Prendeu os cabelos no alto da cabeça e foi à cozinha. Disponibilizou na ilha todos os ingredientes que usaria no preparo do bolo de aniversário.

Pôs os fones no ouvido e clicou em reproduzir. Foi até a pia, fez a higienização das mãos e finalmente iniciou todo o processo.

Inicialmente, as músicas eram animadas. Dançou pela cozinha enquanto trabalhava. Sempre organizada e cuidadosa, não deixou cair nada no chão.

Emmett saiu do quarto de Joshua pouco depois de ele pegar no sono. Pequenos ruídos vindos da cozinha despertou sua curiosidade. Foi até lá descobrir o que acontecia. 

Foi cuidadoso ao se aproximar. Não resistiu em espiar Rosalie dançando enquanto trabalhava na cozinha. Estava tão linda. Dedicada.

Sentiu falta da época que se entendiam. Que tudo parecia fácil, dos sorrisos compartilhados. A cumplicidade que parece ter ficado no passado.

Viu quando abriu o forno e deixou lá uma forma grande. Afastou-se, ainda de frente para o forno, balançando o bumbum. Começou recolher vasilhas e depositá-las na lava-louças.

Novos ingredientes foram disponibilizados na ilha. Imaginou que fosse para o preparo da cobertura do bolo agora.

Alcançou o celular, deslizou os dedos na tela algumas vezes e o deixou outra vez. Sentou na banqueta. O semblante pensativo.

Emmett imaginou que as músicas que tocava agora fossem outras.

Após algum tempo, olhos dela marejaram. E sua voz cantarolou um trecho da música de Ed Sheeran - Thinking Out Loud.

Saiu do esconderijo. O sentimento de culpa incomodando. Assistir à garota a quem sempre amou, chorando por algo que possivelmente ele tenha feito, não foi fácil. Chegou perto da ilha. Esticou o braço até conseguir roçar na pele úmida da bochecha dela.

O toque repentino e a presença inesperada a assustou. Ela saltou da banqueta, arrancou os fones de ouvido e os jogou na ilha. Seu olhar triste passou a assustado. Ainda o olhou um instante até entender que não havia motivo para sentir medo.

— Desculpe, eu não queria te assustar.

Rosalie chegou para o lado, pegou lenços de papel na caixinha em cima da bancada do armário e usou para limpar as lágrimas no rosto.

— Não vi você chagar — disse, virando de costas, envergonhada. Terminou de limpar o rosto, apertou os lenços usados entre os dedos. — Há quanto tempo…

— Alguns minutos.

Apertou os olhos, envergonhada, antes de virar e olhar no rosto dele novamente.

— Josh?

— Ele está dormindo.

— Desculpe se fiz algum barulho e isso impediu você de dormir.

— Não quero mais — começou Emmett com cautela.

Rosalie concentrou o olhar nele, temendo ouvir algo ruim. O que disse, porém, foi diferente de tudo que estava esperando.

— Não quero continuar com isso…

Engoliu em seco, sem entender onde queria chegar.

— Não me sinto bem, brigando com você. Esse clima pesado…

Rosalie sentiu o coração disparar. Um sorriso ameaçou sorrir em seu rosto a qualquer momento.

— Fico mal sabendo que não estou sendo uma boa pessoa com você.

Ela olhou para os lados como duvidasse que estivesse mesmo acontecendo.

— E isso é por nosso filho, também. Perdoo você por ter levado tanto tempo para me falar sobre Joshua. Obrigado por amar e cuidar tão bem de nosso filho.

Rosalie voltou pegar mais lenços de papel.

— Joshua não poderia ter mãe melhor.

Ela enxugou as lágrimas com a quantidade de lenços que tinha na mão.

— Prometo comunicar qualquer decisão que envolva nosso filho, antes de contar para ele o que vai acontecer.

Rosalie balançou a cabeça concordando.

— E… perdoe-me… não queria ter saído sem me despedir. Foi um grande erro. Preciso que saiba; eu quis voltar. Desejei estar ao seu lado cada segundo. Diariamente. Foi maravilho o que compartilhamos. Ainda melhor do que antes — fez-se uma pausa sem que nenhum deles dissesse qualquer palavra. — Espero, de verdade, que possa me perdoar em algum momento — novamente, uma pausa. — Obrigado por não desistir. Joshua é um menino incrível. Eu o amo verdadeiramente, com todo meu coração.

Os soluços de Rosalie se fizeram audíveis, sem conseguir conter o choro.

— Ainda a amo como no primeiro dia. Espero que possa me perdoar… por tentar puni-la sendo alguém que eu não sou. Não precisa dizer nada agora. Só pense em tudo que falei.

— Emmett… Pensei muito em você quando me afastei… no que poderia…

Moveu a mão sobre a ilha, alcançando a vela de aniversário na cor azul.

— Não foi certo — concluiu ele. — Mas foi assim que aconteceu. — Soltou a vela, voltando olhar em seu rosto. — Ao menos alcancei tudo aquilo pelo qual sacrificou nosso amor. Teria sido desastroso depois de tudo, eu não tivesse vencido. E você se tornou uma mãe maravilhosa. Contudo, uma certeza permanece; não teria deixado passar por tudo que passou sozinha.

Rosalie voltou apertar os lenços de papel entre os dedos.

— Se pudesse voltar no tempo, sei que faria diferente.

Deu um passo a frente, aflita.

— Sim, eu contaria. — Se apoiou na ilha, movendo a mão como fosse tocar o rosto dele, porém, não o fez.

— Fico tentando visualizar você com barriga de grávida — confessou com uma nota de tristeza na voz. — Deve ter ficado uma grávida linda.

— Não sei se fiquei linda como está dizendo. Mas, tenho algumas fotografias guardadas.

— Posso ver?

— Você me dá um minuto?

— O tempo que precisar.

Olhou o bolo no forno. Ainda faltava um tempo para ficar pronto. Saiu da cozinha, retornando instantes depois.

— Aqui está.

Emmett se virou e encontrou um álbum de fotografias em suas mãos.

— Josh não chegou te mostrar esse aqui. Focou nas fotos a partir de seu nascimento e esqueceu essas.

Suas mãos se tocaram no momento da entrega do álbum de fotos.

O timer apitou. Rosalie sinalizou o outro lado da ilha. Emmett chegou para o lado cedendo passagem.

— Se importa se eu ficar por aqui enquanto olho as fotos?

Rosalie olhou para trás, colocando luvas térmicas nas mãos.

— Fique à vontade. — Voltou-se para o forno e abriu a tampa.

— Não me enganei. Ficou realmente linda quando grávida, tanto quanto sempre foi.

Ela deixou a forma quente sobre a ilha, em uma tábua de madeira. Então retirou as luvas.

Emmett mudou a página para a seguinte, depois olhou no rosto dela.

— Teria ficado ainda mais apaixonado — confessou.

Rosalie passou uma mecha de cabelos para detrás da orelha. De repente, sentiu a bile subir o sistema digestivo. Tentou disfarçar o incomodo, se concentrando no preparo para a cobertura do bolo de Joshua. Ocasionalmente, sentiu os olhares de Emmett.

— Você sabe que horas seus pais vão chegar amanhã?

— No início do dia. Eles querem passar o maior tempo possível perto de Joshua. Querem estar aqui na hora dos parabéns. Não se preocupe, não farão nenhum comentário. A única que poderia comentar algo seria minha irmã, porém, conversei com ela quanto a isso.

— Eles fizeram uma reserva na pousada onde trabalho, você sabia?

— Indiquei o local. Eles vão passar a noite por lá, e voltam para Raleigh na segunda-feira. — Começou retirar uma fotografia do álbum.

— O que está fazendo?

— Quero uma foto sua grávida de nosso filho. Eu mereço você não acha?

— Sim, mas…

Fechou o álbum deixando a fotografia escolhida em cima da capa.

— O que vai fazer com ela?

— Colocar ao lado de todas as outras fotografias de Joshua que estão em meu apartamento em Nova Iorque. — Levantou da banqueta. — Quero comigo todas as recordações possíveis. Poso fazer algo para ajudar? Onde pretende pôr a decoração?

— Uma parte na sala de estar, outra no jardim. As crianças ficarão a maior parte do tempo lá fora. O pula-pula e o escorrega vão chegar pela manhã. — Encontrou o pacote de balões nas cores verde e branco em um cantinho em cima da ilha. — Pode encher os balões, se quiser.

— Tem um inflador de balões que eu possa usar?

— Vai ter de encher no sopro.

O olhar dele mostrou não acreditar.

— Estou brincando. — Olhou em volta, movendo a mão. — Naquela gaveta vai encontrar o que precisa.

Emmett passou para o outro lado da ilha. O corpo chegou roçar no dela ao tentar chegar ao local onde estava o inflador de balões.

Rosalie olhou para trás e ele fez o mesmo. Voltaram as suas distrações imediatamente.

Momentos mais tarde, o chão da cozinha estava cheio de balões. Emmett começou levá-los para a sala. Rosalie finalizou o bolo e o reservou para o momento de levá-lo à mesa.

Chegou à sala em silêncio e se acomodou no sofá. Emmett estava terminando de pendurar alguns balões na parede.

— Por que não é dinossauro o tema da festa?

— Ele não te mostrou as fotos?

Emmett balançou a cabeça como fosse óbvio.

— Quase todos os outros foram de dinossauros — concluiu. — Aqui está bom? Quer que levante mais ou…

— Assim parece ótimo.

— Josh vai gostar de saber que ajudei.

— Mesmo que pusesse somente um copo na mesa, ele acharia o máximo pelo simples fato de ser você.

Conversaram um pouco mais sobre Joshua, até que a falta de palavras fizeram Emmett estranhar. Quando olhou no sofá, encontrou Rosalie dormindo. Terminou o trabalho com os balões na parte interna e deixou reservados os da parte externa para decorar pela manhã.

Chegou do lado do sofá, passou os braços embaixo do corpo de Rosalie e a carregou para o quarto. Acomodou na cama e retirou seus calçados. Puxou o cobertor até a cintura, acariciou seu rosto. Viu quando abriu os olhos devagar e os fechou em seguida.

Começou se afastar, quando ouviu a voz de sono.

— Emmett…

Virou para encontrá-la de olhos abertos.

— Você e Gwen…

Voltou alguns passos.

— Não — ele confirmou. — Gwen é só uma amiga. Tivemos uma relação não oficial já tem um tempo. Gwen conhece parte de nossa história, sempre soube a quem meu coração pertence. — Chegou ainda mais perto, estendeu a mão tocando nos cabelos louros. — Quer que eu apague a luz?

— Sim, por favor. — Ela virou de lado.

Emmett apagou a luz e fechou a porta ao sair.

No quarto de Joshua, deitou no colchão ao lado da cama.

[…]

— Já é dia — foi acordado com o peso de Joshua em suas costas. — Papai, papai, papai.

Jogou o braço para trás apertando o corpo pequeno ao seu. Sorriu, curtindo acordar com a bagunça de Joshua. Imitou o rugido de um dinossauro. Joshua logo gritou, entrando na brincadeira. Ambos rolaram até estarem fora do colchão.

Joshua gargalhou.

— Você tem de sentir medo ou a brincadeira não tem graça. Palavras suas, lembra?

— Tiranossauro Rex, não fala. — Joshua se esquivou de seus braços e começou levantar. Abriu a porta do quarto e disparou pelo corredor.

Rosalie saiu da cozinha, com uma xícara de café, quando parou tentando entender o que acontecia.

Emmett apareceu com sua melhor imitação de Tiranossauro Rex. Rapidamente entendeu que Joshua estava no papel da vítima. Emmett tinha mesmo pegado o gosto pela brincadeira favorita de Joshua.

— Fuja mamãe! — gritou. — Ele está vindo, o Tiranossauro Rex.

Ela segurou a xícara entre as mãos tentando evitar que respingasse.

— Assim você vai se queimar e queimar a mamãe também.

— O Tiranossauro Rex está vindo. Corre!

Ele incorporava mesmo o personagem, pensou Rosalie. Deixou a xícara na mesinha junto ao sofá. Percebeu que Emmett esperava o momento de agir. Pegou na mão de Joshua, fugindo juntos do ataque de dinossauro.

Esconderam-se atrás do sofá menor, permanecendo em silêncio. Joshua ficou de joelhos no chão para espiar no outro lado. Percebeu o pai — Tiranossauro Rex — se movendo, rapidamente voltou se esconder.

— Ele está vindo — sussurrou para a mãe.

Rosalie descansou as mãos no chão, espiando, da mesma forma que Joshua havia feito. Emmett no papel de Tiranossauro Rex, estava cada vez mais perto. Voltou se encolher ao lado de Joshua, aguardando o rugido e o ataque ao esconderijo.

Joshua estava inquieto, grudando cada vez mais ao seu braço. Rosalie queria rir, mas tinha de se manter na personagem.

Emmett subiu no sofá, a cabeça apareceu onde ficava o encosto. Um forte rugido foi emitido sobre suas cabeças.

Joshua e Rosalie se levantaram agarrados um ao outro, correndo então a caminho da cozinha.

Emmett — Tiranossauro Rex — os perseguiu até lá.

Os dois se esconderam atrás da ilha. Joshua bateu, sem querer, os joelhos nos ombros da mãe. Ela o pegou e colocou no colo quando ele caiu.

Ouviram mais um rugido, em seguida, Emmett falou normalmente.

— Estou fugindo do Giganotossauro. Posso me abrigar aí com vocês?

Rosalie somente balançou a cabeça. Joshua, sim, respondeu:

— Pode. Nós também estamos fugindo, mas é do Tiranossauro Rex.

Emmett chegou do outro lado. Abaixou-se, ficando ao lado deles. Seus ombros largos chegaram a encostar-se a Rosalie. Aconteceu uma troca de olhares que levou um instante a ser interrompida.

Joshua estava adorando cada segundo da brincadeira. Cinco minutos se passaram desde que todos se juntaram atrás da ilha na cozinha.

— Acho que desistiram de nos procurar.

— Talvez devêssemos aguardar um pouco mais — sugeriu Emmett, gostando de estar tão perto dos dois. Passou a mão na cabeça de Joshua, que sorriu.

A campainha soou assustando Rosalie. Ela foi incapaz de segurar o grito.

— Calma mamãe. — Joshua pôs a mão em seu rosto. — Foi à campainha.

Rosalie beijou suas mãos pequenas.

Emmett levantou e ofereceu a mão para ela levantar. Joshua saiu do colo dela. Rosalie pôs a mão na de Emmett e ficou de pé.

A campainha tocou novamente.

— Foi muito legal — declarou Joshua. — A mamãe até se assustou de verdade.

— É legal ver a mamãe assustada? — Rosalie pediu, passando a mão na cabeça dele.

— Não. É só que a brincadeira estava tão legal que você achou que fosse mesmo um dinossauro quando a campainha tocou na primeira vez.

— Deve ser a entrega do pula-pula. — Rosalie falou sobre a campainha tocando. — Você leva Josh para se trocar, eu vou atender a porta.

Emmett e Joshua saíram da cozinha, passando pela sala a caminho do quarto. Rosalie foi atender a porta.

— Quando chega todo mundo? — Joshua perguntou.

Emmett foi quem respondeu:

— Seus avós, os meus pais, chegam a qualquer momento. — Deu uma última olhada na direção da porta. Nada fora do comum, então, seguiu com Joshua.

Às dez da manhã os avós maternos chegaram. E também o irmão de Rosalie, Jasper. Cerca de meia hora depois chegaram os avós paternos acompanhados por Isabella, Edward e a filha deles, Renesmee.

Somente depois do almoço, começaram chegar às crianças. Os pais as deixavam na festinha e iam embora.

Em todas às vezes que encontrou Joshua pela casa, o menino tinha um sorriso no rosto.

Encontrou Joshua rodeado pela família, recebendo atenção e carinho de cada um deles. O que lhe trouxe a certeza; ele jamais esqueceria aquele dia.

As crianças se divertiam no pula-pula e também no escorrega no jardim.

Rosalie e Emmett receberam todos os amigos de Joshua. Apenas Summer ainda não havia chegado. Joshua toda hora perguntava o motivo de a melhor amiga não ter chegado ainda.

Rosalie viu quando parou um carro na frente da casa e um homem, alto, de cabelos escuros e barba por fazer, saltou com uma garotinha. Reconheceu Summer, carregando a sacola com o presente.

— Oi — Summer a cumprimentou. — Onde está o Josh?

Rosalie olhou em volta, procurando pelo menino.

— Joshua — chamou. — Summer acabou de chegar.

Joshua saiu do pula-pula às pressas para encontrar a amiga. Os dois se abraçaram e Summer lhe entregou o presente.

Dilan se aproximou. Joshua deixou o presente no local reservado e os três amigos foram juntos curtir a festa.

— Summer estava triste por achar que não viria ao aniversário.

Rosalie não entendeu o porquê de ele estar dizendo isso.

— Os pais dela não estão na cidade. Summer ficou com minha mãe esse fim de semana. — Ele estendeu a mão a Rosalie. — Colin, tio de Summer. Sou irmão do pai dela.

— Você pode ficar na festa, se quiser — sugeriu.

Colin olhou a sobrinha brincando.

— Melhor não. Volto depois para levá-la de volta.

— Colin — Jasper se aproximou.

Rosalie olhou de um para o outro.

— Vocês se conhecem?

— Colin tem uma banda. Nós conhecemos já faz um tempo.

Jasper trouxe Colin para o outro lado da cerca.

— Rose é minha irmã — contou. — O aniversariante é meu sobrinho.

Logo atrás, ao lado da porta da casa, Emmett observou o que acontecia. Balançou a cabeça deixando claro seu incomodo.

Isabella chegou ao seu lado com um copo de suco em uma mão, na outra, um balão para Renesmee. A bebê estava com a avó, Carmen, olhando as crianças maiores brincarem no pula-pula.

— Está com ciúmes?

— O que você acha? — não olhou no rosto da irmã ao responder.

— Para mim, parece se corroendo.

— Rose só está sendo educada.

— Não é sobre ela, e sim sobre você.

Emmett se afastou, deixando a irmã com a confirmação silenciosa.

Colin se despediu. Jasper voltou para a festa.

Emmett viu quando Alice chegou ao lado de Rosalie, pôs a mão em seu braço e lhe disse algo. Logo depois, entraram na casa sorrindo.

Carlisle estava envolvido em uma conversa com Edward e Eleazar.

Emmett reuniu as crianças para quebrar a pinhata embaixo da árvore, na lateral da casa. Uma a uma todas elas tiveram sua chance, mas, Joshua foi quem quebrou na sua última tentativa. Doces se espalharam no gramado. As crianças se apressaram em recolher. Joshua quis dividir os seus com a prima, porém, a tia disse que ela era muito pequena para comer os doces. Então ele trocou alguns com os amigos.

Emmett se tornou o próprio recreador infantil. Levou as crianças, cheias de energia, para participar de algumas brincadeiras. A primeira foi corrida de saco. Depois a brincadeira do ovo cozido na colher.

De dentro da casa, Rosalie olhou pela janela. Viu Emmett com Joshua em cima dos ombros vibrando com sua vitória.

— Acho que nunca os vi tão felizes — comentou apaixonada pela cena. — E pensar que houve uma época que imaginei que esse dia nunca aconteceria.

Alice se colocou ao seu lado.

— Localizar o pai dele, foi o melhor presente que poderia ter lhe dado — comentou. — Josh irá se lembrar de todos os momentos, pelo resto da vida.

Viram Emmett colocar Joshua no chão e beijar seu rosto contente. O menino agarrou o pescoço do pai um instante antes de sair correndo com os amigos.

— Emmett é um pai maravilhoso — concluiu Alice.

— No fundo, sempre soube que seria assim — mencionou Rosalie sem deixar de observar os dois.

— Enxugue essa baba — brincou a amiga.

— Não estou… — Se virou e encontrou Isabella a poucos passos de onde estavam. Aguardou o que a irmã de Emmett tinha para dizer.

— Meu irmão me fez prometer que não diria nada.

Rosalie olhou de relance o rosto de Alice ao seu lado.

— Com certeza não foi fácil… Enfim, Joshua é um garoto incrível. E lindo. Ele tem muito de vocês dois.

As palavras fizeram Rosalie respirar melhor e um leve sorriso desenhou seus lábios.

Alice aproveitou a chance:

— Esse menino, no ensino médio, vai ser um sucesso com as garotas.

— Ainda falta muito tempo — Rosalie lembrou.

Alice viu Jasper entrar na casa e seguir para cozinha.

— Vou aproveitar a oportunidade, que não boba nem nada.

Isabella observou Alice ir atrás de Jasper.

— Ela gosta de seu irmão?

— Pior que gosta — ambas sorriram. — Meu apoio ela já tem. Alice é um tanto doidinha, mas uma menina do bem. — Olhou as crianças do lado de fora. — Está ficando tarde, melhor reunir as crianças para cantar os parabéns.

— Você pega o bolo. Eu vou reunir as crianças.

— Façam de conta que não me viram — disse para Alice e Jasper na cozinha. Os dois conversavam quando Rosalie entrou para pegar o bolo.

— Já vai cantar os parabéns? — Jasper pediu.

— Sim, não demora os pais estão voltando para pegar as crianças.

Rosalie pegou o bolo. Jasper pegou a vela e o acendedor. Alice foi à frente para abrir a porta.

Isabella e Edward reuniram as crianças no entorno da mesa.

Joshua se colocou do outro lado da mesa, arrastando o pai junto. Olhou a família inteira ali perto. Ao seu lado, Emmett e Rosalie. Tudo estava acontecendo como sempre desejou. Sorriu ao sentir o beijo da mãe em sua bochecha. Summer e Dilan, seus melhores amigos, compartilhando da mesma felicidade.

A avó materna, Esme, foi quem puxou os parabéns e todos cantaram juntos. Depois que Joshua apagou a vela, Rosalie apertou ele em um abraço. Logo depois, Emmett fez o mesmo.

Esme e Carmen ajudaram servir as crianças com o bolo.

Ao final, todas as crianças foram embora com os responsáveis. Alice e Jasper saíram juntos de carro.

Rosalie conseguiu organizar boa parte da bagunça com ajuda das duas famílias. Esme e Carlisle foram para casa. A família paterna foi para a pousada, bem depois do jantar.

Joshua já tinha tomado banho e escovado os dentes, quando adormeceu no sofá da sala, exausto de tanto que brincou. Emmett o levou para a cama. Rosalie aproveitou para tomar banho.

Repetindo o que fez outra noite, Emmett entrou no quarto enquanto ela dormia. Afastou uma mecha de cabelos do rosto. Esfregou o polegar em sua bochecha. Mesmo desejando deitar ao lado dela, voltou ao quarto de Joshua e ocupou o colchão ao lado da cama.

[…]

Rosalie foi acordar Joshua para se arrumar para a escola e foi surpreendida pela cama arrumada e quarto vazio. Foi até o banheiro e bateu na porta. Como não houve resposta, abriu a porta e espiou o lado de dentro.

— Josh. Filho. — Seguiu pelo corredor até estar na sala. Parte dos balões ainda estava na parede. — Josh.

O menino apareceu na entrada da cozinha.

— Bom dia, mamãe.

— Por que saiu da cama tão cedo? — chegou perto dele e o abraçou. — Até arrumou a cama.

— Papai e eu acordamos antes da hora. — Olhou para trás, na cozinha. — Papai preparou nosso café da manhã. Eu também já estou pronto para ir à escola.

— Estou vendo. — Acariciou o rosto dele. Tentou ver na cozinha sem chamar atenção.

— Vem, mamãe!

De mãos dadas com Joshua, entrou na cozinha sem saber o que esperar. Lá estava Emmett, com avental, fritando ovos e bacon no fogão. Ele se virou com um sorriso no rosto.

— Bom dia! — disse. — Espero que não se importe de eu estar mexendo na sua cozinha.

— Não, não me importo.

— Eu arrumei a mesa, mamãe. E também mostrei ao papai onde estavam todas as coisas de café da manhã.

Rosalie estendeu a mão acariciando seu rosto.

— Obrigada, vida. — Olhou novamente para Emmett. — Obrigada por isso. — Mostrou a mesma pronta ao mover a mão.

— Meus pais vão passar para se despedir. Eles vão tomar café na pousada mesmo.

— Vou me trocar, então. Já volto para tomar café com vocês.

Ao sair da cozinha, percebeu os dois falando em voz baixa.

— Que bom que sua mãe gostou.

— Sim, a mamãe gostou.

Chegou imaginar os dois sorrindo com cumplicidade.

[…]

Joshua se despediu da família paterna antes de ir à escola. Ficou olhando do jardim, o carro deles sumir de vista.

— Mamãe. — Voltou correndo onde a mãe estava. — Você vai me levar na escola com o papai?

— Não filho, seu pai vai embora hoje. Vou precisar estar com meu carro para te pegar na escola mais tarde.

— Eu pensei…

— Não dá meu amor.

— Seria tão legal.

— Josh, pegou a mochila e a lancheira?

— Eu vou pegar — respondeu ao pai.

— A lancheira está na cozinha, em cima da ilha.

Aguardou Joshua entrar na casa, para se aproximar de Rosalie.

— Posso falar com você? — pediu.

— Claro.

— Estava pensando se tudo bem para você, Joshua passar um fim de semana comigo em Nova Iorque?

A expressão no rosto dela mostrou surpresa.

— Ele já está sabendo?

— Queria uma resposta sua antes.

— Vou sentir falta dele… mas, sei que vai gostar muito de ir para Nova Iorque. Ele tem muita vontade de conhecer O Museu de História Natural.

— Dinossauros — comentou Emmett.

— Nunca vi ninguém para gostar tanto de dinossauro — sorriu.

— Não gostaria de ir também? — Emmett emendou.

— Não posso…

Emmett segurou sua mão, no olhar um pedido silencioso de desculpas.

— Vamos papai!

Ambos recuaram um passo com o retorno de Joshua ao jardim.

— Combinamos então, quando for melhor para ele.

Rosalie anuiu.

Joshua abraçou sua cintura ao se despedir.

Emmett quis beijar Rosalie no rosto, mas ficou sem jeito quando apenas acenou em despedida. Abriu a porta para Joshua entrar no carro. Olhou mais uma vez para ela, e novamente um aceno.

— Papai, eu vou chegar atrasado à escola.

— Já estamos indo, filho. — Entrou também no carro. Girou a chave na ignição, manobrando ao sair da entrada de veículos no jardim.

Rosalie entrou no próprio carro, estacionado na entrada da garagem, seguiu atrás do carro dele até determinado ponto, onde cada um tomou um caminho diferente.

 


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