Sempre Em Minha Vida escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 21
Capítulo 21 — Encontros e Desencontros


Notas iniciais do capítulo

Não, gente, não é miragem é capítulo novo mesmo. Mais rápido dessa vez o/
Eu o dedico a Mack Lutz e a RebecaHarumi, que recomendaram a fic. Meninas, eu espero muito que gostem do capítulo.



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Rosalie passava pela recepção, na pousada onde trabalha, quando Alice chamou sua atenção.

— Vai embora sem um mísero tchauzinho? — questionou.

— Desculpe. — Voltou alguns passos. — Estou um pouco distraída hoje.

— Tem alguma relação com Josh estar com o pai em Nova Iorque? Ou com a denúncia que fez contra Royce?

— Não é nada com Royce.

— Que bom. Porque tremo só em pensar o que aquele infeliz poderia ter feito caso Emmett não tivesse aparecido. Aliás, Emmett veio pegar Josh ontem e voltou no mesmo dia?

— Quem veio pegar Josh foi Carmen.

— Carmen é a mãe de Emmett, certo?

— Exatamente. Carmen pegou Josh em casa, depois da escola, e levou para Raleigh. Lá eles pegaram um voou para Nova Iorque.

— Emmett não convidou você?

— A verdade é que convidou, sim.

— Não estou entendo. — Avalizou o rosto da amiga, sem acreditar. — Pensei que você quisesse estar ao lado deles.

— E quero. Só… achei que deveria recusar o convite.

Alice estreitou os olhos, estranhando o que ouviu.

— O quê? Fala de novo, porque estou achando que meu cérebro deu uma bugada.

Rosalie balançou a cabeça.

— É sério, Rose. — continuou Alice. — Estou achando você estranha já tem alguns dias.

— Estranha? Como assim? Dó que está falando? É sobre eu ter recusado alguns convites de Emmett?

— Não é só isso. Parece estar sempre cansada.

— Impressão sua.

— Tem certeza?

— Absoluta.

— Acabei de ter uma ideia.

— Lá vem.

Alice deu risada.

— Vamos sair essa noite.

— A última vez que fiz isso, não deu muito certo.

— Bem, faremos diferente. Nada de casa noturna, vamos só comer um lanche mesmo. Estou tão feliz que somos quase cunhadas — soltou um gritinho, em seguida, pulou. — Jasper, me aguarde.

Rosalie se pegou rindo.

— Parece que conquistou meu irmão, afinal. Ele volta semana que vem para te ver, já estou sabendo.

Alice pulou novamente.

— Eu sei. Isso é tão perfeito. Se sente assim, toda vez que Emmett vem de Nova Iorque?

— Emmett não volta por mim — respondeu num tom de tristeza.

— Pare com isso, boba. Emmett não pensa apenas em Josh, toda vez que ele retorna.

— Conhece os pensamentos dele? — brincou.

— Eu sei das coisas. Posso dizer que leio pessoas.

A risada foi impossível de conter.

— Ai, Alice. Vou almoçar com meus pais, não volto mais hoje.

— Não me disse se aceita o convite para comer um lanche à noite.

— Mais tarde mando uma resposta, pode ser?

— Não pode mandar em cima da hora senão…

— Senão o quê?

Alice vasculhou os pensamentos buscando o que dizer.

— Não terei tempo de ficar linda.

— É só isso mesmo?

A amiga abriu um sorriso de orelha a orelha.

— O que mais poderia ser?

— Não sei se estou segura disso.

— Nossa! Como você é desconfiada, garota.

— Tchau, Alice! — Virou de costas, movendo a mão com um aceno.

— Quando falar com Josh, diz que sinto falta dele andando por aqui.

— Digo, sim.

— Josh está muito chique, passando fim de semana em Upper East Side, Nova Iorque.

— Boba — brincou Rosalie, com um sorriso no rosto.

— Será se eles não me convidam um dia desses para ir junto?

— Não tem como saber.

— Vou conversar com Josh.

— Boa sorte.

— Acho que vou mesmo precisar.

[…]

— Rose — Carlisle tocou em seu braço. — Rose?

Rosalie abriu os olhos lentamente, ainda sonolenta, tentando entender se era mesmo o pai chamando ou estava sonhando. Lembrou-se de ter chegado a casa deles há alguns minutos, deitado no sofá da sala de televisão para descansar, enquanto a mãe terminava o almoço e o pai voltava do minigolfe.

— Oi, papai.

— Sua mãe está chamando. O almoço está pronto. — Carlisle avaliou seu rosto cansado. — Está tudo bem?

— Acabei dormindo um pouco. — Ela sentou. Passou as mãos nos cabelos soltando os fios amassados.

— Você dormiu, sim. — Ele lhe ofereceu a mão. Rosalie colocou a mão na dele, e ficou de pé. Carlisle deixou que fosse à frente.

Na cozinha, encontrou a mãe levando o refratário com comida a mesa.

— O que está acontecendo, Rose? — deixou o refratário na mesa, prestando atenção a Rosalie.

— Não está acontecendo nada. Só estou cansada.

Carlisle entrou na cozinha a tempo de ouvir a resposta. Então, emendou:

— Precisa tirar um tempo para você.

— Precisa ir ao médico — orientou Esme. — Já tem uns dias que vem se queixando de cansaço. Tem que ver isso, Rose. Descobri a origem.

Rosalie puxou uma cadeira e sentou.

— Eu vou fazer isso — tranquilizou.

— Faça isso quanto antes. Se precisar que eu vá junto, me avise.

[…]

Joshua estava em uma caminhada no Central Park na companhia da avó, Carmen, e do pai após horas incríveis no Museu de História Natural. O sorriso no rosto, a forma como se movimentava era a prova da realização de um grande desejo.

Entre os dedos, a moeda onde usou para gravar a imagem de um Tiranossauro Rex, no próprio museu, na máquina de suvenires.

Parou, olhando a moeda na palma da mão.

— Foi muito maneiro. — Olhou para cima. — Você não achou também, vovó?

— Com certeza — a avó sorriu. — Muito maneiro.

Joshua abriu um sorriso, gostando do modo como à avó o respondeu.

— Obrigado papai, por me levar lá. Eu me senti como no filme “Uma Noite no Museu”. Pena que a mamãe não estava com a gente.

— Não vão faltar oportunidades, carinha. — Emmett pôs a mão em seu ombro.

Joshua fechou os dedos ao redor da moeda com a gravura e saiu correndo.

— Então — começou Carmen —, como anda a relação com a Rose? Ainda está com a ideia fixa de fazer lamentar não ter revelado a existência de Josh antes?

Emmett olhou Joshua adiante.

— Não vá muito longe, filho — voltou à atenção a mãe ao seu lado. — Não. Na verdade, até me desculpei por todas as atitudes que possa tê-la machucado de alguma forma. Josh — tornou falar com o menino.

Joshua aguardou os dois chegarem perto, então, começou se afastar de novo.

— Rose comentou algo quando pegou Josh com ela?

— Não, apenas achei receosa em se afastar de Josh. É difícil para ela vê-lo sair de seus cuidados. Precisa ser paciente em relação a isso.

Emmett moveu a cabeça, aceitando.

— Rose é uma mãe maravilhosa.

Um sorriso surgiu no rosto de Carmen ao ver como ficou ao falar de Rosalie.

— Tenho certeza que vai ficar tudo bem — concluiu ela.

— Não sei — duvidou Emmett. — Falhei com ela mais de uma vez. — O celular avisou a chegada de uma mensagem de texto. Pegou no bolso, verificando de quem era a mensagem.

— Josh — Carmen chamou —, fique por perto.

— Vovó — Joshua veio correndo. A moeda ainda presa entre os dedos. — Vovó tem dois esquilos escondendo comida naquela árvore. Uma bolota caiu, eu vi. E ele voltou para pegar.

Carmen passou a mão em seus cabelos louros.

— Esquilos são bem danadinhos, não é?

Joshua concordou ao sacudir a cabeça.

— Você não quer que a vovó guarde essa moeda, com a gravura do Tiranossauro Rex, para não correr o risco de perder?

— Eu vou mostrar a mamãe quando a gente estiver na chamada de vídeo mais tarde.

— Eu te devolvo quando chegarmos ao apartamento.

— Tudo bem — concordou, entregando o suvenir a avó.

— Vamos parar um pouco por aqui — Emmett sugeriu, guardando o telefone no bolso.

— Por quê? — Joshua quis saber. — Eu quero ver mais do Central Park.

— Gwen está correndo aqui no Park. Ela está vindo nós encontrar, para conhecer você pessoalmente.

— Não quero conhecer ela.

— Olá!

Joshua bufou, com irritação, ao ouvir a voz de Gwen atrás de suas costas.

— É ele? — ela estava falando com Emmett, imaginou. A expressão de Joshua se fez carrancuda.

Emmett pôs a mão nos ombros de Joshua.

— Gwen é só uma amiga. Seja gentil, por favor.

Joshua virou de modo ficar de frente para Gwen, os braços encruzados, a expressão séria no rosto.

— Aí está você.

Joshua achou a voz dela ainda mais irritante pessoalmente. Não conseguiu entender como o pai era amigo de alguém como Gwen.

— Você é ainda mais bonito pessoalmente — sorriu. — E esse par de olhos maravilhosos, iguais aos de seu pai.

Joshua desviou o olhar de propósito.

Gwen vestia roupas de corrida, seus cabelos escuros estavam presos em um rabo de cavalo, o celular preso ao braço pelo suporte e os fones, embora agora desligado, no ouvido.

— Mas esses cabelos louros… — dizia quando Joshua a interrompeu, aborrecido.

— Puxou aos cabelos de minha mãe. Ela é loira, sabia?

— Sim, eu sei.

Joshua olhou para o pai.

— Quero ir para o apartamento.

— Em alguns minutos nos vamos.

— Não quero mais ficar andando. Está muito chato aqui.

— Josh — Carmen interferiu. — Por que está sendo tão grosseiro com a amiga de seu pai?

— Não gosto dela.

Gwen sinalizou estar tudo bem.

— Josh — ela voltou falar com o menino. — Não quero interferir na relação de seus pais.

Joshua aguardou com impaciência.

— Conheço seu pai já um tempo. Ele é um cara muito legal. Sempre foi muito verdadeiro em relação aos sentimentos dele. Não é de mim que seu pai gosta. Quero dizer, não para ser a esposa dele.

— Você queria ser esposa do meu pai? — desafiou. — Queria?

— Nunca pensei em me casar. Gosto de seu pai como a pessoa incrível que é. E você não precisa me odiar por isso.

Joshua descruzou os braços, em uma postura menos agressiva.

— Queria te conhecer, porque seu pai sempre fala coisas incríveis sobre você. Podemos tentar ser amigos?

O olhar de Joshua buscou o olhar do pai. Emmett moveu a cabeça incentivando aceitar a proposta de Gwen.

— Eu não sei — respondeu. E ao se dirigir a avó fez um pedido. — Vovó pode me devolver à moeda com a gravura do Tiranossauro Rex.

— Você combinou que guardaria até estarmos no apartamento.

— Eu mudei de ideia.

— Me desculpe — Emmett pediu a Gwen.

— Ele está inseguro — confirmou Gwen. — É completamente normal. Na cabeça dele, sou a pessoa que irá atrapalhar sua relação com Rosalie.

Joshua recebeu a moeda, apertou entre os dedos, abriu e fechou a mão. Avistou um banco e foi se sentar nele.

— Espero, de verdade — disse Gwen —, que resolva sua situação com a mãe dele.

— Estou contando com isso.

Carmen foi até Joshua, e pegou em sua mão. Ele levantou do banco. Os dois foram andando na frente.

Emmett e Gwen ficaram alguns passos logo atrás deles. Em determinado ponto, Gwen se despediu. O sol começava se por no horizonte, quando resolveram, os três, irem jantar antes de retornar ao apartamento.  

[…]

Carmen encontrou o ipad de Joshua em cima do sofá, na sala de estar. A tela iluminada mostrando uma chamada em andamento. Parou para conferir, e descobriu ser uma chamada de vídeo feita por Rosalie.

— Josh — chamou.  Como o menino não respondeu, atendeu ela mesma a chamada.

— Oi, Rose!

Rosalie demonstrou surpresa por não ser Joshua a tender.

— Oi, Carmen — Rosalie reconheceu o cenário de chamadas de vídeo anteriores e do vídeo que Joshua lhe enviou quando chegou ao apartamento de luxo do pai. — Onde está…

— Josh — Carmen completou para ela.

— Sim — concordou Rosalie. — Pensei que estivesse aguardando esse momento.

— É que chegamos da rua não faz muito tempo. — Ela olhou para os lados. — Vou deixar para ele te contar. — Olhou novamente para os lados.

Rosalie desejou que virasse a câmera para ver também o que tinha lá. Ouviu a risada de Joshua, então, a de Emmett. A saudade ficou ainda maior.

— Josh — Carmen chamou. — Sua mãe está em uma chamada de vídeo. Venha até aqui falar com ela.

Rosalie ouviu mais risadas. Pouco depois, Joshua apareceu na tela ao lado da avó. O sorriso que amava estampado no rosto.

— Vou deixar vocês conversarem.

— Obrigada, Carmen.

Carmen levantou e Rosalie não a viu mais na tela. Porém, percebeu que falou com Emmett.

— Mamãe — Joshua falou, empolgado, fazendo a conversa de Emmett com Carmen ficar em segundo plano.

— Oi, vida — sorriu para o filho.

— Estou muito feliz — contou Joshua.

— Mamãe está vendo em seu rostinho quanto está feliz. Estou com saudade.

— Eu também, mamãe.

— Quer me contar o que fez hoje?

Joshua sacudiu a cabeça. Mudou a posição em que estava sentado, encolhendo as pernas em cima do sofá.

— Advinha onde o papai me levou?

— No Museu de História Natural?

— Sim — confirmou elevando a voz. — Espere! Como você sabia?

— Não sabia. Foi um chute.

— Foi um chute muito bom.

— Você achou?

— Sim. Sabia que lá é muito grande?

— É mesmo?

— Tem quatro andares. Quarenta e duas salas com milhares de fósseis e artefatos.

— Uau!

— O que eu mais gostei foi dos fósseis de dinossauros. O melhor de todos, foi ver o velociraptor em tamanho real. Melhor que isso, só se fosse um parque dos dinossauros de verdade.

— Sabia que iria gostar.

— Tem uma manada gigante de elefantes no meio do museu. Também vi muitos animais empalhados. Foi muito legal. Vi a pedra do sol asteca. Replicas de pirâmides. Também tem um pedaço de uma sequoia gigante. Através dos anéis dela, eles conseguem descobrir quantos anos tem. Aquela tem milhares de anos. — Ele olhou sobre o ipad para falar com o pai. — Em que ano ela foi cortada, papai?

Rosalie ouviu quando Emmett respondeu:

— Em 1891.

— No pavilhão da vida marinha, no terceiro andar, tem uma baleia gigante bem no meio dele. É linda. Papai, vovó e eu fomos embaixo dela. Foi muito legal. Tem uma parte lá que mostra os animais ameaçados de extinção. O meu pavilhão favorito mesmo fica no quarto andar. É lá que ficam os fósseis de dinossauros. Eu tirei um montão de fotos, vou enviar para você depois.

— Mamãe vai adorar.

— Em alguns pontos no museu tem umas maquininhas que a gente pode colocar a moeda e ela sai com a gravura do animal que você escolheu. O papai colocou a moeda e escolhi o Tiranossauro Rex.

— Que legal, vida.

A imagem tremeu quando Joshua saiu do sofá.

— Vou pegar para você ver. Está no quarto que o papai montou para mim. Você já viu, te mandei um vídeo, lembra?

— Sim, a mamãe lembra.

Ele correu pelo apartamento deixando a mãe tonta ao chacoalhar a câmera. Entrou no quarto, pegou a moeda em cima da escrivaninha. Sentou na cadeira, mostrando na palma da mão aberta a moeda que agora era um suvenir.

— Legal, não é?

— Muito legal, vida.

— Queria muito que você visse.

— Mamãe adorou.

Joshua sorriu.

— Ficamos muito tempo lá, muito mesmo, e nem conseguimos ver tudo o que tinha.

— Numa próxima visita, quem sabe…

— Queria que estivesse aqui. Sinto saudades.

— Ei, a mamãe está aqui esperando por você. Não tem por que ficar triste. Quero que fique feliz. Logo estaremos juntos de novo.

— Eu vou mandar muitas fotos.

— Mande todas que tiver.

— É um bocado.

— Não tem problema. Josh…

— O quê?

— Está somente você, o papai e a vovó no apartamento?

— Sim.

— Gwen esteve com vocês?

— Encontramos com ela no Central Park.

— E?

— Ela quer ser minha amiga.

— E você quer ser amigo dela?

— Se ela quiser ser namorada do meu pai, não. Nunca serei amigo dela.

— A vovó estava junto?

— Estava, sim.

— Gwen parecia namorada do seu pai? Eles ficaram de mãos dadas? Trocaram carinhos?

— Não — fez-se uma pequena pausa. — Mamãe.

— Oi, filho.

— Você e o papai vão voltar namorar algum dia?

— Eu não sei, vida.

— Papai quer ser seu namorado de novo.

— Ele disse isso a você?

— Eu o ouvi falando com a vovó. E também com a minha tia.

— Bella está em Nova Iorque?

— Não, ele falou com minha tia por telefone.

Emmett entrou no quarto.

— Papai acabou de entrar aqui. — Virou a câmera mostrando o pai.

— Oi, Rose.

— Emmett.

— Está tudo bem por aí?

— Tudo bem, sim.

— Royce voltou te incomodar?

— Não voltei a vê-lo desde… você sabe.

Emmett anuiu.

— Desde que meu pai quebrou a cara dele — Joshua lembrou, virando a câmera de volta.

Emmett falou alguma coisa que Rosalie não conseguiu entender. Joshua olhou na direção dele, mostrando, também, não ter entendido.

— Você vai sair mamãe?

— É você mesmo quem está querendo saber ou é o seu pai?

Percebeu quando Joshua olhou o pai fora do foco da câmera do ipad.

— Pergunte a seu pai o que ele quer saber?

Emmett passou para frente da câmera.

— Me preocupo com você — disse.

— É só preocupação?

— Você sabe que não.

Joshua olhou o pai ao seu lado, então, a mãe na tela do ipad.

— Eu sei? — questionou Rosalie a Emmett.

— Sabe.

Joshua os interrompeu.

— Afinal de contas, sabe ou não sabe?

Os pais riram.

— Mamãe tem de desligar agora, filho.

— Já? — Joshua lamentou.

— Você precisa dormir.

— Você não vai sair, não é?

— Não tenho certeza ainda.

— Mas, com quem?

— Se a mamãe sair vai ser com Alice. Fique tranquilo.

— Mas…

— Eu te amo filho, muito, muito, muito. Aproveite esse tempo com seu pai. Logo estaremos juntinhos de novo. Já sabe o que vão fazer amanhã?

— Talvez vamos ao zoológico pela manhã.

— Isso também é legal.

— Uhun.

— Te amo, vida.

— Te amo mais que chocolate — devolveu Joshua.

Emmett e Rosalie voltaram se olhar, com palavras não ditas. Até que Emmett pediu:

— Por favor, tenha cuidado. Rose — chamou sua atenção, antes de ela desligar. Não disse mais nada. Ela encerrou a ligação, desconcertada.

[…]

Rosalie saiu do carro, no estacionamento do estabelecimento, onde combinou de encontra-se com Alice. Olhou o letreiro luminoso na fachada. O carro amarelo da amiga no estacionamento.

Encaminhou-se até a porta.

— Demorou — Alice falou atrás de suas costas lhe causando um sobressalto.

— Alice — Rosalie levou a mão ao coração. — Não faz isso. Meu Deus! Vai me matar do coração.

— Desculpe, não era minha intenção. Mas, preciso dizer que tem se assustado muito fácil ultimamente.

— Tenho motivos. E ele tem nome e sobrenome.

Alice passou o braço em volta do seu.

— Nisso você tem razão — concordou com a amiga. Entraram juntas na lanchonete. — Que loucura tudo isso que Royce fez. Pelo menos, o infeliz levou o que merece. E você tem a garantia de ele não poder se aproximar novamente.

No interior da lanchonete os bancos de couro vermelho, as mesas ao lado da parede tinham vista para a rua. Do outro lado o balcão de atendimento, logo mais atrás, as portas duplas com passagem para a cozinha. O piso quadriculado em preto e branco. Luzes pendentes.

— Me conta — continuou Alice enquanto escolhiam uma mesa. — Quando Josh volta?

— Amanhã. Mas, como eles têm planos para a parte da manhã, acredito que só devem chegar à noite.

Alice avaliou seu rosto.

— Ainda parece cansada.

— Impressão sua.

Rosalie sentou de um lado e Alice do outro da mesa, ambas com a vista para a rua.

A garçonete, de cabelos escuros, presos a um rabo de cavalo e boné preto, se aproximou. Retirou a caderneta do bolso do avental quadriculado com uma caneta para anotar o pedido.

Rosalie olhou em volta.

— Josh iria adorar comer aqui — lembrou.

As portas duplas do estabelecimento foram abertas. Alice olhou naquela direção. Rosalie acompanhou seus movimentos com o olhar. Colin acabou de chegar. Viu como Alice sorriu.

— Não me diga que você…

— Não — Alice se apressou em dizer. — Não combinei nada, se é o que está pensando.

Um segundo rapaz, de cabelos claros, entrou logo depois dele.

— Viu, ele veio com o amigo.

— Você não tem mesmo nada a ver com isso?

— Absolutamente nada — diante o olhar incrédulo da amiga, completou. — Eu juro.

Rosalie observou Colin ir até o balcão. Num gesto impensado, usou o cardápio para se esconder.

— O que está fazendo? — Alice tentou.

— Me escondendo.

A amiga sorriu.

— Coitado. Colin não é como Royce. É uma boa pessoa. Você é muito boba mesmo.

Rosalie o olhou sobre o cardápio.

— Pelo que observei na festa de aniversário, ele gostou de você. E você… Ah, não. Não me diga que estava usando Colin para fazer ciúmes a Emmett.

— Minha vida já está complicada demais.

— Enquanto não se entende com Emmett, pode muito bem beijar outras bocas.

— É o que você faz enquanto tenta namorar meu irmão? Ah, droga — resmungou, voltando se esconder atrás do cardápio. — Acho que ele me viu.

Alice riu vendo a amiga tentar se esconder.

— Não quero te afobar, não. Mas, ele está vindo para cá.

Colin olhou de uma para a outra.

— Alice. Rosalie.

Rosalie abaixou o cardápio, totalmente sem graça.

— Colin — disse ela.

— Por um instante, cheguei a pensar que estivesse se escondendo de mim.

— Ah, ela — lembrou Alice, cutucando a amiga por debaixo da mesa — não faria isso.

Rosalie balançou a cabeça concordando.

— Não quero atrapalhar vocês.

— Você não atrapalha — corrigiu Alice. Seu olhar buscou o de Rosalie. — Você e seu amigo podem sentar aqui com a gente.

— Eu não sei — disse, olhando Rosalie, tentando descobrir se pensava da mesma forma. — Tudo bem se…

— Claro — respondeu depressa.

Colin sorriu, e foi chamar o amigo.

— Você é fogo, Alice.

— Cadê Josh para cantar “fogo, fogo, fogo” — brincou Alice, lembrando-se do filho da amiga.

— Saudade do meu bebê.

Colin retornou com o amigo. Fez as apresentações. Adam sentou ao lado de Alice, e ele ao lado de Rosalie. Instantes depois, os pedidos foram entregues.

Diferente do fim de semana que aceitou ir à casa noturna com Alice, e acabou encontrando Royce de modo que a noite acabou de forma desastrosa, dessa vez, porém, ela se divertiu.

Entre uma conversa e outra, relembraram situações da época do ensino médio. Riram de coisas bobas, como quando Adam revelou que pulou pelado na piscina durante uma festa com os amigos. Descobriram que o motivo de eles terem ido à lanchonete, era porque Adam estava interessado em uma das garçonetes.

Quando estavam saindo, Rosalie o viu ir falar com a garota do outro lado do balcão. Ela parecia estar também interessada nele.

Colin acompanhou as duas até o estacionamento.

— Não vieram juntas? — perguntou ao ver que cada uma segurava a chave de um carro na mão.

— Não tinha certeza se viria — explicou Rosalie. — Resolvi em cima da hora.

— Foi bom encontrar vocês aqui — se despediu de Alice. E, ao se aproximar para se despedir de Rosalie, seus lábios tocaram o canto dos lábios dela. — Tem certeza que não quer ir à apresentação de minha banda amanhã? Iria adorar te vir por lá.

— Josh volta amanhã — lembrou Rosalie.

Colin aproximou o rosto novamente tocando os lábios no rosto dela. Rosalie sentiu o cheiro de seu perfume de perto.

De onde estava Alice deu pulos comemorando, assim que ficaram sozinhas, grudou no braço de Rosalie.

— Ele beijou você.

— Não, ele não me beijou.

— Conta outra. Eu vi quando os lábios dele tocaram os seus. Por que não o beijou de volta? Ele quer ficar com você, garota.

Rosalie foi tomada por um leve mal-estar. Precisou apoiar-se ao braço de Alice até passar.

— Você está bem? — Alice avaliou seu rosto. — Você ficou pálida de repente.

— Já me sinto melhor — respondeu, liberando o braço da amiga.

— Consegue voltar para casa sozinha?

— Estou me sentindo bem agora. Só com um pouco de azia.

— Deve ser porque não está acostumada comer lanches. Tenha cuidado, e me avise quando chegar em casa.

Ambas entraram em seus respectivos carros. Rosalie demorou um pouco mais no estacionamento depois que Alice saiu. Ficou com as mãos ao volante dando um tempo a si mesma.

Chegou em casa com o estômago revirando. Estacionou na garagem. A porta ainda estava se fechando, quando percebeu luzes de farol e barulho de carro. Desesperou-se temendo que fosse Royce. Entrou na casa pela porta no interior da garagem, indo espiar na janela da sala. A náusea aumentou, obrigando-a correr até o banheiro, ficar de joelhos no chão diante o vaso sanitário.

Os joelhos doíam ao levantar. Apertou a descarga e pegou a escova para escovar os dentes. Tomou banho e colocou roupas de dormir. Telefonou para Alice. Horas mais tarde, vomitou novamente. No início da manhã, a mesma coisa, porém, já não tinha mais o que pôr para fora, de modo que a agonia não passou de ânsia.

Voltou para a cama exausta, cabelos bagunçados, manchas escuras embaixo dos olhos.

Não viu a manhã passar. Voltou acordar somente às duas da tarde. Encontrou no celular, duas chamadas perdidas do número de Alice. Uma mensagem de texto enviada por Emmett, onde dizia que chegariam ao início da noite.

Deixou o telefone de lado. Ao passar na frente da penteadeira, olhou-se no espelho. Assustou-se com o que viu. Estava com a aparência péssima. Saiu do quarto direto para o banheiro. Tomou um banho, e se aprontou para receber Joshua e Emmett.

Foi à cozinha preparar algo para comer e acabou ficando apenas na salada com queijo. Organizou algumas coisas, para passar tempo. Sentou no sofá com celular na mão e fez uma ligação para a mãe, na sequência para Alice. Por fim, abriu a galeria de fotos para ver, mais uma vez, todas as fotos enviadas por Joshua do fim de semana em Nova Iorque. A saudade apertou. Mesmo sabendo que estava feliz por estar ao lado do pai, preferia que não tivesse de ir. Ficar longe dele, ainda que por pouco tempo, era difícil. Acabou cochilando no sofá.

A campainha tocou.

Joshua estava com o pai no jardim. Emmett bateu na porta, algum tempo depois de tocar a campainha. Joshua foi até a janela, bater no vidro, chamando por Rosalie.

— Mamãe, mamãe, mamãe — fez uma pausa para falar com o pai. — Será que a mamãe está na casa da vovó?

Emmett pegou o celular no bolso.

— Vou ligar para ela — disse.

— Mamãe — Joshua chamou novamente.

Rosalie acordou com o barulho na porta, e o celular tocando. Ficou em dúvida sobre o que atender primeiro. Tropeçou ao levantar do sofá.

— Estou indo.

Joshua percebeu o barulho na fechadura.

— Ela está abrindo.

Emmett pôs o telefone de volta no bolso.

— Papai, eu posso ter um cachorro?

— Precisa perguntar o que sua mãe acha sobre isso.

Joshua jogou a cabeça para trás, como fosse uma tarefa difícil conseguir permissão para ter um cachorro.

A porta foi aberta. Rosalie surgiu tão bonita quanto sempre, mas, lhe chamou atenção a expressão de sono.

— Mamãe — Joshua agarrou sua cintura com um abraço apertado.

Ela o abraçou de volta com igual intensidade.

— Meu amor. — Cobriu o rosto do menino com beijos. Acariciou suas bochechas, afastou os cabelos de seus olhos, e voltou abraçá-lo.

— Por que demorou tanto abrir a porta? — Joshua questionou.

— Mamãe estava dormindo. — Seu olhar cruzou com o de Emmett. Ele pareceu curioso em saber o porquê de estar dormindo tão cedo.

Joshua correu para dentro de casa.

— Está tudo bem? — Emmett tentou.

Rosalie passou os dedos entre os fios de cabelos, acreditando estarem bagunçados. Foi cumprimentá-lo com um beijo no rosto. Emmett a abraçou com vontade, cessando um pouco da saudade de sentir o calor e o cheiro de seu perfume.

— Não tive uma noite muito boa — admitiu.

Ele manteve a mão em sua cintura.

— O que aconteceu? Royce… ele…

Rosalie pôs a mão sobre a dele, então, Emmett recuou.

— Não tem relação alguma com Royce.

Não resistiu em erguer a mão, tocando o rosto dela.

— Senti sua falta — dizia, quando Joshua retornou abraçando a mãe mais uma vez.

— Saudade — disse. E encostou o rosto na barriga da mãe com um beijo estalado.

— Conte para mamãe, como foi o fim de semana.

Joshua segurou na mão dela guiando-a até estar no sofá.

— Vou tirar as coisas do carro — avisou Emmett, os deixando sozinhos.

Rosalie sorriu para o filho. Joshua disparou a falar sobre o fim de semana incrível que teve com o pai em Nova Iorque.

Emmett retornou com as coisas de Joshua e também sua bagagem de mão. Não foi surpresa alguma para Rosalie o filho ter voltado com mais bagagem que quando foi.

Emmett parou para ouvir a conversa. Sorriu, porque Joshua descreveu à mãe tudo sendo perfeito. E ela, muito interessada em saber, mesmo quando repetia coisas das quais já sabia.

Quando já não tinha mais o que contar, Joshua apenas sorriu. Rosalie o abraçou apertado voltando cobri-lo de beijos. Antes de soltar ele, deu dois tapas amigáveis em seu bumbum.

— Coisa linda de mamãe — murmurou.

Joshua pulou no chão. Correu até onde o pai deixou sua mochila e a mala cheia de presentes. Encontrou a moeda com a gravura do Tiranossauro Rex.

O olhar de Emmett cruzou com o de Rosalie.

— Olha mamãe. — Abriu a palma da mão, revelando o suvenir. — Não é legal?

— Sim, muito legal mesmo.

— Um dia você também vai com a gente conhecer o museu.

Outra vez seu olhar encontrou o de Emmett.

— Ele realmente amou tudo — comentou Emmett.

— Ele definitivamente amou. Obrigada. — Passou a mão nos cabelos de Joshua. — Realizou um grande desejo dele.

— Mamãe. — Joshua moveu a moeda entre os dedos. — O que vai ter para o jantar?

Rosalie lembrou que não chegou pensar no jantar.

— A mamãe não decidiu ainda. Mas, você pode ajudar na escolha. O que gostaria de comer no jantar de hoje?

Joshua fez expressão de quem pensava, com a mão no queixo.

Emmett respondeu antes dele:

— Podemos sair para jantar — aguardou a opinião de Rosalie, como ela não disse nada, completou. — O convite se estende, a você, Rose.

— Eu não sei…

Joshua pulou diante dela.

— Vamos, mamãe, por favor. — Juntou as mãos com a moeda entre os dedos. Por favor, por favor. Vai ser legal. Eu te amo.

O sorriso no rosto da mãe foi inevitável. O mesmo sorriso se repetiu nos lábios de Emmett.

— Está tentando me comprar, rapazinho?

— Não. Eu te amo mesmo.

Ela o abraçou novamente.

— Que vontade de apertar esse menino lindo — murmurou.

— Você vai? — Joshua insistiu.

Rosalie o soltou.

— Vocês esperam eu me trocar?

Joshua vibrou. — Sim! — Olhou o pai. — Podemos esperar, não é papai?

— O tempo que precisar.

— Okay — Rosalie se colocou de pé. — Enquanto me troco você, Josh, podia levar suas coisas para o quarto. Depois te ajudo desfazer tudo.

— Papai também tem de levar as coisas dele.

— Sim, seu pai também vai levar os pertences dele.

— Então fala para ele.

Ela parou, sorrindo ao olhar para trás.

— Você também, Emmett.

— Já estou indo — respondeu risonho.

Assim que ela saiu, ambos recolheram toda a bagagem e levaram para o quarto.

— Que bom que a mamãe aceitou — Joshua comentou quando voltavam à sala.

— Valeu pela ajuda, filho.

Joshua sorriu.

— Ela está vindo — disse ao pai ao perceber que a mãe retornava.

Emmett parou de falar. Olhou sobre o encosto do sofá a tempo de vê-la entrar na sala. Olhou-a dos pés a cabeça. Rosalie passou para o outro lado.

— Estou pronta — disse.

Sem se mover, Emmett só conseguiu olhar para ela. Já estava linda antes, mas o vestido nude, na altura do joelho, escolhido para a ocasião, sandálias de salto alto a deixou ainda melhor. Imaginou-se a pegando pela cintura, aproximando seus rostos, provando de seus lábios uma vez mais.

— Já podemos ir.

Como demorou em responder, Joshua entrou na conversa.

— Papai, a mamãe falou que podemos ir.

Emmett finalmente se moveu. Joshua abriu a porta e passou para o jardim. Emmett segurou a porta para Rosalie passar. Fechou e entregou a chave na mão dela.

Joshua foi o primeiro a chegar onde estava estacionado o carro alugado pelo pai. Rosalie pôs a mão para abrir a porta no lado do carona, Emmett pôs a mão sobre a sua.

— Estou feliz que tenha aceitado meu convite — confessou presos por uma troca de olhar. Joshua os observou. Rosalie desviou o olhar primeiro, desconcertada. Em seguida, entrou no carro. Joshua fez o mesmo, o pai logo depois dele.

[…]

— Mamãe — se alegrou Joshua. — Dilan está ali com os pais dele.

Rosalie olhou onde ele indicava.

— Posso ir até lá falar com ele?

— Diga “oi” e volte em seguida. Não é para demorar, tudo bem?

Joshua correu até o outro lado do estacionamento.

— Dilan.

Parados ao lado do carro, Emmett e Rosalie o viram cumprimentar o amigo e os pais dele. Eles olharam e acenaram um cumprimento. Joshua se despediu do amigo, retornando imediatamente.

— Dilan também vai jantar neste restaurante com os pais dele — contou, animado.

Rosalie pegou sua mão. A caminho da entrada do restaurante, Joshua ofereceu a mão ao pai. Emmett olhou no rosto dele com um sorriso. E Joshua, olhou para a mãe.

— Isso é muito legal — admitiu. Olhou para trás e encontrou Dilan e os pais, indo naquela mesma direção. Sentiu-se feliz, porque, assim como o melhor amigo, também estava com os pais. E ele tinha, por muito tempo, desejado momentos como o que estava vivendo.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado pessoal. Não se esqueça de deixar seu comentário ;)
E se estiver curtindo acompanhar a história, faça igual à Rebeca e a Mack, recomende.