Cupido, Traga Meu Amor escrita por Tricia


Capítulo 21
Procurando um Caminho


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura para quem esperou atualizações dessa fanfic, desculpe a demora.



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Você me disse adeus

Com uma pequena despedida

Mas isso ainda dói

Como um sonho que desapareceu ao amanhecer

Estou com medo que eu possa te esquecer

Eu penso em você todos os dias

O que eu devo fazer com a minha ansiedade?

 

A voz dela soou ao longe, tão suave e calma como sempre estivera acostumado a ouvir, automaticamente Adrien se viu andando em círculos naquele parque em pleno outono enquanto procurava a dona da voz.

Uma risada.

Ele finalmente a viu, olhando com um sorriso suave nos lábios enquanto uma mão acenava. O vento fazia os fios azulados moverem-se alguns na frente do rosto, mas ela não parecia se importar, pois Marinette não fez qualquer menção de tentar arruma-los devidamente. Apenas o movimento de mãos parou quando está teve a certeza que conseguirá capturar a atenção dele.

Ela sempre conseguia.

Enquanto diminuía a distância existente só podia buscar coisas diferentes na ex-modelo da Gabriel, qualquer nova coisa que pudesse gravar junto a todas as memórias que revivera nos últimos dias enquanto a procurava.

Em algum momento ela pensou em procura-lo também?

Uma criança atravessou o caminho segurando um balão amarelo flutuando acima da cabeça, brevemente Marinette acompanhou a pequena esbanjando um novo tipo de sorriso. Ele guardaria esse novo também com muito carinho.

— Aonde você esteve? – soltou assim que a distância era pequena a ponto de conseguir sentir o perfume exalar da mulher vestida em um sobretudo vermelho. Por que sempre algo vermelho?

— Longe.

— É só o que vai me dizer?

A mulher tombou a cabeça para o lado.

— Porque está me procurando, Adrien? Você tem muitas coisas para se preocupar já.

Marinette pela primeira vez não parecia estar disposta a conversar quando ele necessitava mais do que tudo ouvi-la um pouco.

A mão pequena dela alcançou os cabelos loiros que se moviam ao vento. Não era um ato comum dela, mas foi muito bem-vindo. Tudo sobre ela era bem-vindo.

— Sinto sua falta – admitiu por fim, em um tom baixo fazendo os olhos azuis voltarem a fita-lo – Não vá embora.

Poderia contar nos dedos às vezes que pedira por alguém, o pedido sempre era acompanhado de algum benefício para o outro que sabia ser suficiente. Eram negócios, dar e receber. Mas com Marinette não sabia o que poderia oferecer para convencê-la a ficar quando ela sempre enfatizou a necessidade do retorno para Deus sabe onde.

— As coisas são complicadas.

— Me deixe ajudar. Posso fazer alguma coisa se você me deixar.

Os dedos desceram do cabelo para o rosto, dedos quentes transmitindo calor e dando pequenas migalhas de esperança.

— Gostaria de poder ficar com você. Você também é especial pra mim.

Ele alcançou a mão que tocava o rosto. Não havia mais calor na mão que segurava e lentamente assistiu enquanto uma lágrima rolava no rosto pequeno de Marinette e sua expressão se tornava cada vez mais distante, desfocada e por fim, desaparecendo.

Quando algo tornou a ter foco se tratava do abajur na cabeceira da cama, o celular embaixo do objeto ascendia anunciando uma notificação sobre algo que não era relevante naquele momento.

— Algum dia as coisas não serão complicadas pra você, Marinette? – murmurou para o nada enquanto erguia-se para dar inicio ao dia.

Voltar à monótona rotina com Lisa fazendo o café da manhã e lia as noticias do dia no tablete no silêncio nunca foi tão incomodo como estava nos últimos dias, até mesmo a senhora sentia falta da companhia da ex-modelo por perto para conversar pelo que via.

Saber que iria em um lugar que não havia qualquer ligação com ela de certa forma era um alivio para a sanidade do Agreste. Ivan empolgado poderia ofuscar muitas coisas e contando com isso Adrien estacionou o carro fitando ao redor enquanto atravessava a rua e abria a porta encostada do estabelecimento com uma nova fachada que muito lhe agradou.

— O que acha? – a voz grave de Ivan soou no salão vazio e o localizou próximo ao bar decorado com muitas garrafas de bebidas e lâmpadas de uma luz amarelada – Consegue ver agora o que eu via?

Com as mãos nos bolsos da calça o loiro andou pelo salão decorado do bendito restaurante reformado de acordo com todas as exigências de Ivan do chão ao teto. Cada parte dizia um pouco do que conhecia do amigo, o bom gosto para arte e cinema clássico até a preferencia por coisas de madeira escura, lembrava ate mesmo um pouco o aparamento de Ivan.    

Agora conseguiria até imaginar o tipo de música que seria tocado à noite e ver as mesas com pessoas jantando e elogiando o trabalho do amigo, talvez ler uma crítica positiva na internet ou revista de gastronomia parisiense.

— Agora com certeza sim.

— Ficou até melhor do que estava na minha cabeça – Ivan soltou olhando ao redor tão satisfeito – A equipe de funcionários já esta toda contratada e com algumas ligações todos os suprimentos podem ser entregues e organizados rapidamente e estaremos prontos para inaugurar o quanto antes.  

— A equipe da Gabriel será encarregada de organizar as coisas para nós, ele já tem até um plano para te apresentar – garantiu se aproximando do bar – As garrafas tem mesmo bebidas ou é só decorativas?

— O que você acha? 

Antes que pudesse formular qualquer resposta à porta da frente foi aberta passando o casal de amigos de mãos dadas e as cabeças olhando ao redor com a mais pura fascinação. Ivan sorriu tomando a frente.

— Bem-vindos.

Alya foi a primeira a se aproximar abraçando o homem seguido pelo namorado trocando um toque e repetindo com o loiro.

— Vamos gastar bem dinheiro vindo jantar sempre aqui – Nino comentou com humor.

— Estou contando com isso – Ivan devolveu no mesmo humor, porem, Adrien sabia que embora fosse uma piada seria muito bom para a popularidade do restaurante ser conhecido como um ponto apreciado pelo DJ francês, atrairia mais atenção de fãs. Publicidade gratuita – Querem conhecer o lugar todo?

 – Com certeza.

— Vão indo na frente – a morena incentivou os assistindo assentir e partirem para os fundos enquanto a mesma rumava para uma das banquetas do bar – Como vai as coisas?

— Estão indo bem.            

— Alguma novidade dela?

Maneou a cabeça negativamente.

— Ela desapareceu completamente, pensei que pelo menos com você ela tentaria conversar de vez em quando.

— Eu nem pensei que ela fosse ser capaz disso. Eu tentei procurar ela e nada, parece que Marinette Dupain-Cheng nunca existiu.

— Esta achando que era uma identidade falsa?

— Talvez. O mais perto que encontrei foi uma Marinette Dupain, que, por acaso esta morta a mais de uma década – a mulher apoiou os antebraços no balcão – Eu não quero pensar que ela nos enganou descaradamente depois de a tratarmos tão bem, mas é difícil pensar em uma explicação quando não temos nada real e concreto. Eu trabalho com fatos.

Podia sentir aquele nó incomodo o perturbando enquanto precisava concordar com a amiga. Era a primeira vez que se preocupava com alguém e ironicamente esta pessoa não devolvera da mesma forma e ao invés de apenas continuarem como estavam, não havia promessas, era um acordo que ela já havia cumprido boa parte, cada um seguiria seu caminho no final das contas.

Marinette pelo menos seguiu.

— Eu deveria parar de procurar por ela, não é? Não faz sentido nem mesmo ter começado.

— É um pouco estranho inicialmente te ver preocupado assim, mas também compreensível, e até bonitinho.

— É frustrante.

Alya riu balançando a cabeça.

— E que pessoa apaixonada nunca se sentiu frustrada uma vez na vida, Adrien?

— Por que acha que estou apaixonado?

— Porque é o que qualquer um que esteve perto de vocês e agora perto de você pode ver.

— Eu só me acomodei a tê-la por perto e agora estou pensando se ela esta bem. Ela não parece estar bem.

— O que te faz pensar assim?

Com um suspiro pesaroso pegou o envelope do bolso da calça e estendeu para a mulher de ceio franzido, havia esquecido se de comentar sobre a carta e agora podia ver a mulher fazer uma expressão similar a que fizera talvez enquanto lia linha por linha escrita pela amiga.

A habilidade que Marinette tinha de fazer as pessoas se cativarem por ela era realmente fascinante.

— Quando leio isso não consigo imaginar muitas situações felizes – comentou quando concluiu que ela já havia terminado.

— Ela parece angustiada, isso sim.

— Isso justifica um pouco pra você o porquê estou preocupado com ela?

— Um pouco – dando de ombros ela dobrou o papel o devolvendo ao envelope e por fim as mãos do loiro – E como vai encontrar quando não temos nada?

— Eu ainda estou pensando nisso – pelas portas duplas da cozinha passaram os dois homens conversando animadamente ainda – Por enquanto acho que vou me concentrar em tirar o lixo da frente da minha casa antes que alguém faça a burrice de colocar para dentro.

— Oh... É o que eu acho que é?

— Pode ter certeza que sim.

— O que acha de comprarmos algumas coisas e testar essa cozinha? – Ivan sugeriu esfregando as mãos.

— Eu gostaria muito, mas tenho um compromisso já.

Os dois homens balançaram as cabeças com os braços cruzados até Nino começar.

— É sábado irmão. Vai mesmo trabalhar no almoço?

— Eu faço questão disso. Mas se quiserem podemos jantar hoje à noite por minha conta.

Os dois se entreolharam por apenas alguns segundos antes de Ivan responder:

— Recusar te falir um pouco nunca é uma opção, Agreste.  

O pequeno transito parisiense foi bem-vindo enquanto ouvia a música de Luka com Nino até estar estacionando de novo no estacionamento reservado do restaurante com a pasta preta em uma das mãos e o óculos de sol na outra.

O manager educadamente o conduziu para o andar de cima com mesas vazias e uma atmosfera elegante e fria, era quase como andar em qualquer corredor da mansão Agreste. Apenas uma mesa era ocupada por ninguém menos que Kyoko Tsuguri, a japonesa ergueu sua taça em cumprimento ao avista-lo.

— Lugar bastante calmo em – comentou quando estava próximo ocupando uma das cadeiras da mesa redonda coberta por um pano branco.

— Você teve tanta atenção das pessoas nos últimos dias que achei que estaria incomodado então preferi alugar o lugar para evitar ainda mais atenção indesejada – a mulher deu de ombros – Gabriel pareceu bastante irritado com toda a situação na última vez que falei com ele, acho que foi quando jantamos nesse mesmo restaurante.

— Gentil da sua parte, aprecio muito sua preocupação, mas não era necessário. 

A japonesa sorriu de modo contido enquanto maneava uma das mãos no ar para logo pegar o menu entre as mãos.

— Que tal comermos algo e depois discutirmos trabalho.

— Prefiro falar sobre o trabalho.

— Muito bem, esta com o contrato? Eu posso já assina-lo e resolvemos tudo. Quero muito ver a Bustier novamente, senti falta dela na Blue.

Estendeu a pasta preta para a mulher, servindo-se de um pouco de vinho, apreciando o aroma suave da bebida e contemplando cada ação da antiga amiga de infância que tanto tivera consideração. Ela fora provavelmente à pessoa que tinha mais sua confiança depois de Nino e Ivan.

Aquele sorriu nos lábios cobertos por batom tremeu à medida que páginas eram passadas e os olhos corriam pelas linhas.

— Não esqueça de ler as letras pequenas – atiçou aproveitando o gosto do vinho e da expressão feminina.

— O que é isso, Adrien?

— A sua conversa com Nadja Chamarck, fotos que você mandou para ela e até suas mensagens para Hana na intenção de ferrar com o relacionamento do Kang.

Não que ele se importasse com Kang.

Colocando um sorriso mecânico nos lábios ela fechou a pasta a depositando na mesa, o olhar confiante de quem sabia bem como contornar a situação com maestria. Adrien odiou isso.

— E dai? Todos erram. Você pode perdoar isso.

Ergueu um conjunto de papeis no alto.

— Esse é o contrato que a Natalie redigiu a mando do meu pai porque verdade seja dita, ele realmente valoriza você, só que, do jeito estranho dele ele me ama e principalmente a Gabriel, então... – com as duas mãos o Agreste fez questão de rasgar os papeis em pedaços e por fim os colocando dentro da taça de vinho que havia bebido – Esqueça essa oferta. Você jamais poderá voltar para essa casa enquanto eu for vivo.

Com satisfação assistiu o sorriso da mulher sumir e os punhos serem cerrados sobre a mesa.

— Por quê esta fazendo isso, Adrien? Você sabe que eu sou boa.

— Você até pode ser no que diz respeito a trabalho Kyoko, mas isso ainda não muda minha opinião como eu já havia te dito e depois disso, ela só esta indo ladeira a baixo. 

— Esta fazendo pelo seu orgulho ou por ela?

Pegou o guardanapo para limpar o vinho que sujara os dedos, ponderando.

— Um pouco dos dois talvez. Não pensei que teria que fazer algo assim com você um dia para ser honesto, mas cá estamos.

Kyoko balançou a cabeça bebendo um pouco do liquido vermelho de sua taça.

— Acho que você nunca pensou em mim para falar a verdade. Lembra o que me disse quando eu avisei que iria embora? – arqueou uma sobrancelha, ela continuou – “Espero que possa encontrar tudo o que busca e consiga ser muito feliz sempre”.

Ele conseguia se lembrar de ter sido muito honesto naquela noite, mesmo quando sabia que ouviria muitas reclamações do pai pela partida da modelo favorita futuramente.

— O que tem isso?

— Sabe o que eu queria ouvir? “Fique”, era só o que você precisava me dizer, era só o que eu precisava ouvir. Não era pedir muito.

— Eu só queria o melhor para você e se a Blue era quem poderia te dar isso, eu estava bem em aceitar esse fato.

A japonesa soltou uma curta risada esganiçada

— Esse é o problema, você e a Gabriel eram o melhor para mim, eu percebi isso durante o aniversario do seu pai quando você me levou como seu par porque de certa forma era o que éramos. Combinávamos bem e olhando os quadros de família que ficam espalhados pela mansão eu imaginei como seria estar em um deles com você, mas eu precisava ter certeza porque sempre parecia ser eu a dar os primeiros passos na nossa relação.

Inevitavelmente Adrien fitou a japonesa com conhecimento de causa enquanto olhava para trás naqueles anos tranquilos que todas as peças sempre pareciam vir com encaixes perfeitos.

— Eu fracassei no seu teste – constatou por fim.

— Eu pensei que depois de um tempo você iria atrás de mim sentindo a minha falta. Tive esperanças confesso. Você por outro lado nem se quer me ligou uma única vez para saber como eu estava.

Havia sentindo falta da companhia da mulher nas primeiras semanas quando a tinha sempre tão perto e até procurara saber como ela estava de sua própria maneira quando queria dar espaço para a pessoa que acreditava que bem o queria, quando o assunto era Kyoko sabia que cada decisão que ela tomava era bem pensada e planejada, então só vira a necessidade de tentar entender e o fizera facilmente quando constatara que ela poderia estar em busca de novas experiências de trabalho que a desafiassem como talvez a Gabriel já não estivesse mais fazendo.

— Você espera um pedido de desculpas?

— É meio tarde pra isso. Eu quero saber o que ela fez que eu não consegui fazer – conseguia ver a magoa cintilar nas orbes da japonesa.

— Como assim?

— Marinette, eu soube que esta atrás dela quando poderia estar me aceitando e poderíamos tentar de novo.

— Mesmo se voltássemos e você fizesse esse teste de novo eu fracassaria de novo. Eu jamais tentaria te segurar, Kyoko.

— Mas você quer segurar ela, por quê?

— Porque uma parte egoísta minha diz que eu posso viver melhor quando ela esta perto de mim.

 

“Adeus”

“Adeus por agora”

Eu não posso dizer isso

Meu coração foi preenchido com você

A única coisa que eu posso fazer

É te amar

Eu espero te ver novamente


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Notas finais do capítulo

Eu queria comentar sobre esse capítulo porque ele foi um pouco difícil de escrever, eu sabia na minha cabeça o que deveria acontecer, mas não estava sabendo como o passar da melhor forma porque por mais que a Kyoko seja esse pessoa que vem para tentar atrapalhar a relação ela tem algo a mais que não a torna de fato a víbora que deve ser odiada e também Adrien não foi realmente bom embora tenha tentado da sua maneira.
Tem um ditado chines que diz que "Aqueles predestinados se encontrarão ainda que distantes. Se não for predestinado mesmo cara-a-cara nada acontecerá", considero Adrien e Kyoko o segundo caso, eles tem em tese tudo para dar certo, mas nunca iria de fato em frente com sucesso por mais que tentassem.
E só pra finalizar eu queria falar da música desse capítulo, toda vez que imagino a Marinette me vem a cabeça "Don’t Look At Me Like That" da Song Jieun(eu já até coloquei a letra em um capítulo), mas quando penso no Adrien sempre vem essa "So Long" do Paul Kim, eu consigo enxergar até as fases de desenvolvimento emocional dele quando vejo a letra dessa música e por isso ela esta aqui hoje para vocês verem também.
Espero que tenham gostado do capítulo, me contem o que acharam.
Bjs



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