Cupido, Traga Meu Amor escrita por Tricia


Capítulo 13
Por mais um dia


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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Das coisas que Marinette já fizera e das que imaginara poder fazer acordar ao lado de outro ser humano pensante do sexo oposto não estava entre elas, definitivamente.

Mais atordoada que o normal a consciência chegou a cupido para perceber que não estava mais no sofá onde havia dormido – era o último lugar que lembrava de estar – ao invés disso agora estava no quarto, na cama e, principalmente, ao lado do dono do apartamento.

Ok, coisas estranhas realmente acontecem quando pessoas bebem.

Prendendo a respiração a cupido afastou uma das pernas do corpo adormecido seguida pela outra com o máximo de cuidado possível, mas não fora suficiente. Intercalando a atenção entre as pernas e o rosto adormecido com pavor pode encontrar um par de olhos verdes a fitando quando a segunda perna já estava longe sobrando os braços que contornavam o pescoço do homem.

O ar soltou-se com um muxoxo baixo.

  – Você já esta acordada, que bom.

— Sim – um sorriso constrangido congelado adornava a expressão da cupido enquanto afastava lentamente os braços sem quebrar o contato visual com o loiro – Bom dia.

— Bom dia – Adrien devolveu erguendo-se até encostar na cabeceira. Com uma distância segura a cupido sentou-se também analisando a si mesma para comprovar que ainda vestia as mesmas roupas da noite anterior. – Não se preocupe, eu não fiz nada com você.

— Eu não pensei nada – o tom dela saiu um pouco mais sobressaltado que o normal enquanto balançava as mãos na frente do corpo. Uma das sobrancelhas do loiro arquearam com isso –  Eu só estou... um pouco confusa. Por que esta aqui?

— Não fiquei por vontade própria, você que não me soltou quanto te trouxe para o quarto.

— Podia ter me acordado, ou me deixado lá.

— Não gosto que durmam no sofá e você não queria acordar.

Aquela vergonha que da vontade de se esconder não era algo que Marinette queria experimentar, mas era exatamente o que estava fazendo. Não era justo.  

 – Desculpe – fora tudo que conseguira dizer no final – Mas em minha defesa você poderia ter se esforçado mais.

Ele queria de verdade manter a seriedade enquanto olhava aquela garota de expressão culpada que agora tinha um pequeno bico nos lábios e as bochechas mais rosadas que o normal. Não fora longo, porem um riso deixou os lábios do homem sobrando um sorriso ao final que apenas deixou a cupido ainda mais incomodada. 

— Da próxima vez tenha cuidado quando Alya sugerir algo.

— Confio nela e estávamos aqui, portanto não tinha porque me preocupar realmente – ela estava sendo sincera.

Ela tinha um ponto, ele precisava admitir; qualquer coisa que ela fizesse embriaga estaria dentro dessas paredes e longe de qualquer revista de fofocas que citaria a Gabriel. Alya era apenas direta demais com as coisas quando estava sob efeito de álcool, mas ajudaria a impedi-la também de aprontar algo grande e problemático. Não que Marinette tivesse realmente colocado essas coisas especificas na balança.

— Vamos levantar e tomar café, precisamos conversar sobre trabalho. Você lembra tudo que conversaram?

A cabeça da cupido tombou para o lado.

— Mais ou menos.

Mais para menos

 

~&~

 

Trajando um vestido de alta costura com um designer asiático e elegante a mulher japonesa adentrou a sala atrás de Rose com sua assistente perto. Ela tinha a habilidade de mudar o ambiente apenas com sua presença e tinha consciência disso.

Kyoko Tsurugi era o tipo de pessoa que na infância era vista por adultos que logo presumiam que teria um futuro promissor. Na adolescência essas impressões se confirmavam ainda mais. Como adulta então, aplausos para a pessoa bem resolvida e bem-sucedida que se tornara.

Ele não poderia evita-la para sempre. 

— Já faz algum tempo – a japonesa soltou quando estava na frente dele.

Com um aceno ele indicou os acentos, a mulher ocupou um dos lugares no sofá, a garota que a acompanhava ficou de pé ao lado enquanto Adrien ocupava a poltrona. Rose deixou a sala com um aceno sútil.

— Vamos discutir o que interessa de uma vez.

— Claro – os lábios repuxaram um sorriso sem desviar os olhos dele.

Kyoko tinha um olhar enigmático de quem sempre sabia uma coisa a mais que os outros que por muito tempo achara atraente, era um de seus charmes até se tornar irritante.

Estendendo uma das mãos a garota deu uma pasta para a mulher que a olhou por um instante e logo estendeu. Aceitando, adrien abriu sem se preocupar, se quer tinha curiosidade, mas ainda sim passou longos minutos lendo as folhas que estavam ali antes de voltar-se para a mulher novamente.

— É um ótimo contrato – concluiu.

— Eu sei. Eles me deram tudo o que pedi de bom grado, mas não quero assinar com eles assim.

— E o que você quer mais?

Rose retornou a sala com uma bandeja trazendo duas xícara de café e uma com chá deixando sobre a mesa. Era de conhecimento geral que a modelo japonesa abominava cafeína.

— Que você me aceite de volta – a mulher bebeu um pouco da bebida sem tecer comentários negativos – Nós dois sabemos que a Gabriel é a minha casa.

— Você disse que as crianças devem sair quando crescem.

— E sempre voltamos, não é?

— Não acho que seja possível.

— Você esta sendo vingativo? – a cabeça tombou para o lado fazendo fios escuros do corte chanel moverem – Seu pai pode ter me trazido para cá, mas foi em baixo das suas asas que eu sempre fiquei. Eu só fui embora pelo que houve entre nós.

— Mais um motivo para não querer aceita-la de volta. Mesmo você estando aqui hoje, nada me garante que estará amanhã. O seu profissionalismo é algo que questiono agora, Kyoko.

Os olhos da mulher se comprimiram um pouco com as palavras que ele notou não a agradarem nada.

— Eu sou melhor do que pelo menos metade das modelos que você tem no momento – ela contra argumentou.

— Isso não muda meu pensamento – estendendo o contrato à garota se moveu para pegar em silêncio – Você é uma mulher inteligente, então não perca tempo e assine com a Blue Rose de uma vez. Não é como se fosse perder algo.

— Talvez eu só precise esperar um pouco – infelizmente a mulher combinava inteligência com teimosia, Adrien lembrou a si mesmo bebendo seu café – Soube que uma de suas modelos irá sair em breve. 

O café desceu mais amargo do que realmente era.

— Não fique ansiosa se prendendo por causa de rumores.

— Ouvi que a proposta para ela é muito boa, não acho que irá recusar.

Kyoko de fato sabia uma coisa a mais.

— Parece que boas propostas já não são o suficiente para convencer as pessoas, você não concorda?

Os olhos tornaram se a comprimir por um instante. 

— Touche.

— Acho que não há mais nada para você aqui.

Os olhos da japonesa vagaram pela sala que tantas vezes fora fazer companhia ao loiro, voltando-se para ele e sorrindo enquanto levantava passando os dedos sobre os cabelos curtos.

— Nos vemos em breve.

— Não tão breve, espero.

 

Ela não virou para trás em nenhum momento enquanto saia com a garota em seu encalço. Apenas quando teve certeza que já estavam longe ele se sentiu seguro o suficiente para chamar Rose.

O olhar inseguro da assistente não o surpreendeu.

— Descubra se há alguma coisa acontecendo com alguma das modelos, qualquer coisa que as leve a querer sair e se há mesmo uma proposta eu quero saber.

A loira maneou a cabeça concordando, porem hesitou e Adrien conseguiu captar isso fazendo-o arquear uma das sobrancelhas. 

— Acredito que se alguma modelo esta com uma proposta provavelmente será Marinette – a única pessoa que sabia sobre a estadia de Marinette em seu apartamento era Rose por ter sido a responsável a conseguir tudo que uma mulher poderia precisar. Acusar a atual protegida do chefe não era uma boa coisa, mas mesmo hesitando ainda continuou – O senhor Kang desde o inicio mostrou-se bastante interessado nela de modo que não seria uma grande surpresa ele tentar leva-la.

— Isso faz bastante sentido. Verifique.

A loira maneou a cabeça novamente.

— Tem mais uma coisa senhor.

 Girando sob os calcanhares a assistente foi até a mesa de trabalho retornando em pouco menos de três minutos com uma pequena caixa.

— Encontraram o colar de Marinette.

Antes ele não parara em momento algum para notar algumas coisas sobre a mulher que não fora relacionado à sua aparência agradável, mas dessa vez ele acabou dedicando um tempo de contemplação daquela pequena peça cuja a falta trouxera tanta angustia para a modelo.

Não parecia ser algo que julgaria especial ou marcante se não conhecesse um pouco de sua história. Um pingente de coração sem qualquer pedra de valor que poderia dar-lhe um pouco mais de requinte se fosse bem colocada.

 – Obrigado Rose. Eu vou devolver a ela.

A estadia da Dupain-Cheng chegava ao fim.

O pensamento se cravejou na mente do homem por toda tarde enquanto trabalhava e até um pouco depois quando ia embora lendo os relatórios sem atender a ligação do pai ou de Natalie e, talvez, ainda mais quando passou pela porta do apartamento com as luzes acessas cheirando a pipoca onde encontrou a mulher sentada no sofá com uma bacia assistindo um filme.

Tão natural.

A mulher sorriu-lhe quando se aproximou desfazendo-se do blazer e da bolsa os deixando na poltrona e ocupando um lugar no sofá ao lado dela aceitando a pipoca de bom grado.

— Como foi seu dia?

— Cansativo. E o seu?

— Um pouco também, mas tirar fotos ao ar livre foi mais agradável que em um estúdio.  

Havia um silêncio confortável ali enquanto assistiam uma mulher de espirito vivaz tentar o seu melhor para mostrar o melhor de estar vivo para um homem tetraplégico.

Tão confortável.

Não era o correto, mas ele ainda sim se permitiria desfrutar disso um dia a mais. Poderia adiar as coisas um pouco mais, um dia só, ninguém morreria por isso.

Com um suspiro que ela não percebera Adrien apenas afastou um pouco a culpa enquanto se acomodava melhor no sofá, ela não reclamou quando teve seu ombro servindo de apoio para ele.

Eles se encaixavam bem.

Talvez não fosse tão errado aproveitar essa atmosfera agradável e reconfortante.

Quando poderia ter algo assim novamente?

Mesmo que não soubesse como definir ao certo.

Era bom.  

 

Quando as luzes começam a se apagar, eu calmamente irei encontrá-lo
Uma flor está desabrochando em um mundo que está repleto de espinhos
Por quê? Por que não?
Novamente eles sussurram em nossa direção
Por quê? Por que não?
Nós estamos tão apaixonados

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo. A letra no final do capítulo é "Don't Look At Me Like That" da Song Jieun, eu sempre vejo o videoclipe dela quando estou sem inspiração para escrever essa fic, ela diz muito do que a historia se trata pra mim
Esta chegando a hora de começar a puxar as cordas. Adrien sendo a prova básica de que qualquer humano pode ser um pouco egoísta de vez em quando, vamos torcer para isso não ser um problema no futuro.
Até o próximo
Bjs



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