Cupido, Traga Meu Amor escrita por Tricia


Capítulo 11
Coração Pesaroso


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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Cuidado era importante, muito importante e, com isso em mente Marinette se viu obrigada a fazer uma lista dos lugares que cupidos mais apareciam para desenvolver e realizar suas missões; Ir em restaurantes, cinemas, parques de diversões, bares entre alguns outros lugares não poderiam ser considerados aos desejos que poderia realizar enquanto estivesse presa indefinidamente do lado dos mortais.

Lidar com Alix que só quer ver resultados em suas missões e quase nunca repara nos outros ao redor é uma coisa, mas havia cupidos que poderiam fazer perguntas se a encontrasse em determinadas situações. Não é um risco que gostaria de correr.

— Você aprende rápido, Marinette – Lisa elogiou quando o bolo fora colocado sobre o balcão da cozinha. Não era uma receita complicada e cozinhar parecia divertido depois de assistir tantas pessoas se aventurar em suas cozinhas diariamente ou admirar a beleza dos pratos em restaurantes durante encontros.

— Obrigada Lisa. Vamos experimentar? – a mulher concordando procurando um faca e pratos – É a primeira vez que cozinho algo.

— Você encontrou o caminho certo facilmente. Lembra um pouco minha filha, ela sempre foi boa em aprender as coisas.

— Onde ela esta agora?

— Na Universidade estudando Física, exatamente como o pai. Ela quase não vem em casa agora que começou a namorar.

— Se apaixonar é uma coisa boa.

Provando um pedaço generoso a cupido pode comprovar que de fato havia se saído bem na cozinha, iria tentar mais vezes no futuro.

 – O rapaz a trata bem, mas isso não diminui minha preocupação agora de talvez ele magoa-la no futuro. Nenhuma mãe ou pai quer ver seus bebês chorando. Ela ficou bem triste quando eles tiveram uma briga que durou três dias.

— Mesmo que ela tenha momentos tristes, tenho certeza que ela terá muitos felizes que tornaram as coisas maravilhosas para ela.

 – Torço para isso ser verdade. Nossas vidas são tão curtas para ser gastadas apenas derramando lagrimas – havia uma verdadeira profundidade nas palavras da senhora.

— Lisa, você já se arrependeu de se apaixonar por alguém?

A mulher apoiou-se sob os braços na mesa, ponderando por alguns instantes.

— Acho que todo mundo já se arrependeu alguma vez de ter estado com alguém, é natural. Deve ser por isso que tantas pessoas dizem que não querem amor nessa vida.

Pessoas como Adrien, pensou.

— Encontrar as pessoas certas não é fácil, por isso que às vezes esses sofrimentos acontecem – era a única explicação que poderia dar, até mesmo cupidos não poderiam ter o verdadeiro conhecimento sobre o destino real de cada pessoa.

— Você esta procurando a sua pessoa certa, Marinette? – a mulher agora a fitava com interesse.

— Não existe uma pessoa assim para mim.

Afinal, cupidos não possuem almas gêmeas.

— Bobagem. Todos tem alguém que só esta esperando para ser conhecido – alheia a sua realidade a mulher tentou anima-la – Só não fique pessimista como o Adrien.

“Se eu pudesse escolher, eu não amaria ninguém. Jamais.”

A cupido suspirou. Conhecendo Adrien agora não era tão difícil entender porque os cupidos anteriores o consideraram uma missão complicada. Pessoas descrentes como ele sempre tinham a tendência a complicar o trabalho.

Ao mesmo tempo, conhecer Adrien também a fazia querer ajuda-lo ainda mais a poder encontrar alguém.

— Acho que ele não gosta do amor.

— Ele só não quer amar alguém e a perder depois como o pai dele perdeu a mãe – os olhos da mulher perderam o foco – Adrien não era uma criança quando a senhora Agreste morreu, mas ele era muito apegado a ela e sua morte foi um verdadeiro baque para todos. Principalmente para o senhor Agreste.

Exatamente como Adrien contara.

— A vida humana não é fácil – fora uma constatação, mas soara como uma piada amarga e depreciativa.

O doce do bolo já não era doce o suficiente para apaziguar o animo.

— Essa frase ganhara mais sentido para você daqui a alguns anos, você é jovem, tem muitas coisas para viver ainda – o tom da mulher soou gentil e compreensivo como sempre fora, mas pela primeira vez havia um cuidado a mais.

Marinette sorriu. Doce ironia da realidade.

O som da campainha soando pelo menos serviu para amenizar o clima.

— Eu atendo.

 

~&~

 

— Devo adicionar o jantar com seu pai na sua agenda, senhor? – Rose questionou enquanto seguiam pelo corredor após saírem da sala de Gabriel. O loiro mais velho estava de muito bom humor ultimamente a ponto de querer desperdiçar tempo com o filho, Adrien podia supor.

— Não há necessidade.

A assistente ficou em sua mesa enquanto o loiro continuou para dentro de sua sala. Do lado de dentro o convidado sentado no sofá sorriu-lhe acenando. Nino.

— Fiquei surpreso quando Rose me disse que estava na minha agenda. Poderia só ter me ligado e marcávamos alguma coisa.

— Quero falar de negócios, então quero fazer direito – o DJ até estava usando uma roupa um pouco mais formal dentro de seu estilo característico Adrien percebeu.

O loiro deu de ombros ocupando a poltrona.

— Vamos tratar de negócios então.

— Estou prestes a gravar o vídeoclipe da nova musica em parceria com Luka, você já deve ter ouvido falar dele, é novo na área, mas tem um baita talento e assinatura própria. Cara maneiro. Ele sugeriu ter a Mari como a protagonista do videoclipe. 

— A Marinette? Não sei se é uma boa ideia.

— Discordo. Ela é natural e o cara ta empolgado me mandando mensagens para tentar levar ela para fazer pelo menos um teste – o DJ atestou seu ponto logo continuando com o cenho franzido – Acho que ele ta afim dela.

— Ele a conhece? – a expressão do loiro estreitou, ele claramente não lembrava de alguma vez ter ouvido a atual colega de apartamento comentar sobre alguém, nem mesmo sobre os pais, Marinette tem família, mas em momento algum disse um nome especifico.

— Ele viu alguns vídeos dela do desfile e coisas soltas pelo Kang não sei o que que esta trabalhando com você – Nino deu de ombros – Quando ele veio falar comigo eu não tinha uma ideia do clipe, mas como ele apareceu com tudo e fazia um baita sentindo, concordei de primeira.

Mas como Marinette possui um contrato de exclusividade com a Gabriel, ela só poderia fazer algo com a permissão dele.

— Ela nunca participou de um videoclipe.

— Ela nunca tinha pisado em uma passarela até te conhecer – o amigo retrucou – Ter ela no vídeo pode ser bom para elevar sua marca ao deixa-la usando roupas feitas pela Gabriel, já temos alguns patrocinadores, mas você sabe que quanto mais melhor. Todo mundo ganha.

— Se ela fracassar, esse fracasso será atribuído a Gabriel

Nino maneou a cabeça.

— Eu confio que ela pode conseguir passar em um teste. Você confiou nela antes, porque não pode agora?

Um suspiro deixou os lábios do homem.

— Estou com medo de estar jogando coisas demais nas costas dela – não era de todo uma mentira, embora houvesse uma certa ironia ao pensar que no passado não tivera tal preocupação com ela quando a trouxera do nada para dentro do circulo caótico da moda.

Marinette era uma boa garota e talvez estivesse com um pouco de medo de vê-la sendo corrompida agora que havia pessoas se interessando.

Ter as atenções sobre si nem sempre seria bom.

— Vai ser bom para ela experimentar alguns novos ares dessa indústria – Nino reforçou – Eu vou cuidar dela.

Porque Luka é apenas um nome sem rosto para atribuir, como confiar realmente?

— Eu preciso falar com ela primeiro.

 – Então... – uma careta formou-se no rosto do DJ – A Alya foi no seu apartamento visitar ela e provavelmente pode comentar alguma coisa. Parece que a Mari havia ficado meio mal uns dias atrás, meio cabisbaixa.

— Ela passou mal. Quando?

— Faz uns dias, você não sabia?

Nino estava surpreso e Adrien não podia julga-lo, pois mesmo dividindo o apartamento o máximo que conseguira notar fora que a modelo se tornara mais quieta em alguns momentos, passando mais tempo dentro do apartamento e do quarto, mas isso justificara pelas sessões extras que ela havia feito.

Ela sempre se mostrava bem.

 

~&~

 

Cupidos podem ficar bêbados? A resposta aparentemente é sim. A sensação era diferente e estranhamente divertida, a cupido constatou ao começar a perceber que seus sentidos eram lentamente atordoados após algumas taças do vinho doce que lhe havia sido servido em quantidades generosas por Alya, a vantagem de sempre ir no apartamento do amigo significava que sabia aonde tudo ficava, inclusive as bebidas de qualidade.

— Nino me contou que um cara esta afim de você – a cupido voltou à atenção para a mulher que agora a fitava ainda segurando o celular – Vamos ser sinceras aqui, eu tenho que dizer que ele é gato, se eu fosse solteira acho que tentaria a sorte, mas acho que você combinaria mais o Adrien.

— Um cara afim de mim...? – isso não era realmente possível.

— Ta arrasando corações. Como se sente?

— Como me sinto... – Marinette afundou no sofá fitando o teto, a resposta para a pergunta parecia tão desconexa em sua mente de modo que ficava difícil soltar qualquer palavra a mais.

Como poderia explicar algo que se quer estava entendendo com clareza?

Como poderia estar confusa sobre o amor quando isto era o que mais deveria entender em tese?

Não fazia sentido.

— Mari – a outra chamou-a estralando os dedos. Felizmente a porta do apartamento foi aberta passando o foco da conversa e Nino. – Vocês chegaram!

— Misericórdia. 

Com uma expressão resignada e até mesmo divertida Nino se aproximou pegando a namorada no colo sob protestos de uma mulher que segundo ela não havia terminado de terminar a conversa ou a garrafa. Os dois homens olharam o objeto, estava vazia com o resto na taça que era segurada pela modelo que ainda se mantia alheia em seu próprio mundo de questionamentos internos.

— Terminaremos essa conversa depois, Mari – Alya avisou enquanto era levada pelo homem que se despediu brevemente do amigo. Adrien os acompanhou até a porta, fechando em seguida para voltar à sala.

— Não sabia que bebia.

— Eu não bebo, mas quis tentar. Você me disse para tentar as coisas – os olhos da modelo caíram sobre o loiro lentamente, atordoados e perdidos, as bochechas rosadas por efeito bebida – É doce.

O loiro riu, porque não o surpreendia saber que Marinette poderia ser o tipo de bêbada doce e provavelmente carente.

Se desfazendo da jaqueta, Adrien assistiu enquanto Marinette terminava de acabar com o resto da bebida fermentada que estava em sua taça em um longo gole de olhos fechados.

— Acho que de bebidas você pode dar um basta por hoje. Amanhã você provavelmente vai experimentar o que é uma ressaca.

— Talvez seja legal.

O loiro maneou a cabeça.

— Eu acho que não será não.

— Algumas coisas que vocês normalmente acham desagradáveis são na verdade maravilhosas – a cupido divagou entregando-lhe a taça, ele a colocou sobre a mesinha voltando logo os olhos para a mulher sorridente.

— Tipo o que?

— Aqueles encontros em família, aquele frio na barriga quando você esta prestes a fazer algo que lhe é desconhecido e você esta com medo em falhar, porque mesmo que você falhe naquele momento você pode tentar de novo às vezes. Vocês têm chances. É maravilhoso.

Adrien estreitou os olhos, ela estava começando a deixar de fazer sentido.

— Você também pode tentar as coisas, Marinette.

Tristeza. Era o que mais conseguia ver naqueles olhos que o fitavam antes perdidos e atordoados.

Ela estava mais que perdida.

— As coisas que acho que quero fazer... acho que não posso fazer.

Uma solitária lagrima escapou por um dos olhos azuis, rolando pela bochecha até o queixo. Ela se quer notara. A mão foi para acima do peito onde o colar deveria estar por reflexo.

— Apenas me diga o que quer – ele pediu com gentileza. 

O que realmente ela queria... ?

O toque do celular chamou a atenção do loiro e da cupido ao vê-lo puxar de um dos bolsos da jaqueta. O nome de Rose brilhava na tela. A cupido suspirou acomodando-se no encosto do sofá sentindo o corpo pesado e a própria consciência pedir por descanso.

Poderia pensar em uma resposta para o loiro depois, certo?

Adrien atendeu se levantando e afastando-se da mulher indo para a cozinha. A porta de um dos armários estava aberta.

— Pode falar.

— Senhor, recebi uma mensagem de que a senhorita Kyoko esta voltando para Paris e pedindo uma reunião com o senhor.

kyoko... era só o que faltava.

— Enrole por enquanto. Minha agenda esta completa mesmo nessa semana.

— Sim, senhor.

A ligação foi cortada pelo outro lado. Adrien deixou o celular sobre o balcão pegando um copo de água e voltando para a sala. 

—Posso fazer uma pergunta? – Marinette começou quando voltara a ocupar um lugar no sofá – Por quê me trouxe para cá? Podia ter me deixado em qualquer lugar. Não tinha realmente obrigação.

Ele ponderou por alguns minutos com cuidado.

— Eu acho que não tenho uma resposta exata para você – a cupido tombou a cabeça para o lado tentando provavelmente digerir aquilo de forma a lembrar depois, ele supôs – Não sei bem o que acontece para me afetar, mas você é aquele tipo de pessoa que todos querem de alguma forma proteger, ate mesmo eu.

— Isso é porque eu sou uma coisa especial – as mãos da cupido foram para baixo do queixo fazendo uma pose fofa. Nino havia comentado sobre o amigo tê-la chamado de “algo especial” na primeira vez que a vira para constranger o loiro durante a noite de filme.

Inevitavelmente, Adrien riu.

Especial... A palavra rodou na cabeça da cupido, se repetindo, talvez fosse pelo efeito do álcool, talvez fosse por outra coisa que na hora não sabia bem como definir, mas a deixava com uma pequena pontinha de felicidade.

Junto com culpa.

A pose foi desfeita e os olhos que se esforçavam para estar bem atentos ganhavam uma nova camada a mais de sentimento que Adrien Agreste não sabia tão bem definir se não mais tristeza.

— Mari.

— Vocês ainda me protegeriam se eu fizesse algo errado?

— O que você poderia fazer de tão ruim que nos faria virar as costas para você?

— Mentir sobre algo importante é ruim. Pessoas não gostam de serem enganadas.

— Se um dia você fizer isso, eu espero que você possa vir e contar a verdade com as suas próprias palavras da mesma forma que contou a mentira.

— Você ouviria tudo?

— Palavra por palavra antes de julgar o que faria.

A cupido encostou a cabeça no encosto do sofá com uma expressão um pouco mais leve. Talvez as coisas não acontecessem assim caso a situação chegasse a tal ponto, os humanos possuíam uma opinião bastante volátil e inconstante no decorrer de suas vidas, mas isso não importava no momento.

— Obrigada por me dizer isso.

Lentamente os olhos se fecharam, e, ali ele a assistiu começar a ressonar enquanto era levada para o mundo dos sonhos. O copo de água que havia sido trazido para ela intocado ele pegou para beber.

— Por que sempre parece que há algo novo sobre você que não combina?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo.
Nossa cupido esta cada vez mais afetada pelos humanos e honestamente eu quero divagar aqui com vocês sobre esse capítulo, mas me sinto muito ansiosa para os próximos e só consigo me perguntar o que acharam quando estiver postado. Mas enquanto isso não acontece, lhes adianto que preparem seus corações.
Até o próximo
Bjs



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