Yu Yu Hakusho: A Relíquia Perdida escrita por Ocarina, LuisaPoison


Capítulo 2
Lâminas de vento


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, tudo bem com vocês?

Queremos agradecer aos favoritos e comentários que nossa história recebeu. Ficamos muito honradas com essa receptividade e esperamos que continuem conosco.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/785745/chapter/2

 Estar em ambientes lotados de gente era algo que Yusuke Urameshi odiava. E como poderia ser diferente? O ar abafado devido ao calor emanado por todas aquelas pessoas ao seu redor o tirava do sério, assim como as vozes exaltadas e desesperadas que imploravam para serem atendidas. Aquele lugar estava uma loucura.

Suando graças ao nervosismo e ao mormaço, Yusuke avançou pela recepção do hospital, indo em direção ao balcão principal.

— Com licença... — tentando controlar os nervos, ele se dirigiu à balconista que revisava uma enorme quantidade de papéis — Eu...

— Sinto muito senhor, todas as nossas alas hospitalares já estão ocupadas — ríspida, a mulher o interrompeu dando fim à conversa, sem nem ao menos se dar ao trabalho de olhar para o detetive espiritual.

— Não preciso de nenhuma ala hospitalar. Minha esposa já está internada aqui! Quero saber o número do quarto!

Desconfiada, a balconista o encarou por cima dos óculos, reprovando o tom de voz que Yusuke utilizava. A mulher bufou cansada.

— Qual o nome da paciente?

— Keiko Urameshi.

— Quarto 164, primeiro andar — ela anunciou lhe dando as costas para voltar a se concentrar na papelada repousada sobre o balcão.

Irritado, Yusuke a deixou para trás, dirigindo-se desesperado ao quarto em questão. Adormecida sobre a cama do hospital, Keiko descansava tranquilamente. Apesar do braço direito e a perna esquerda estarem enfaixados devido aos ferimentos, a situação parecia sob controle.

— Yusuke, que bom que veio. Keiko estava ansiosa para vê-lo — a senhora Yukimura disse ao forçar um sorriso diminuto no rosto.

— Como ela está? 

— Bem — ela deu de ombros não muito convencida — Pode ser que seja liberada ainda hoje.

— O que aconteceu, afinal?! 

— Ninguém sabe ao certo…— ela limpou a garganta antes de continuar — Pelo que parece é um fenômeno muito raro. Várias pessoas foram atingidas. 

— É, eu percebi que o hospital está lotado. Mas isso é loucura…como uma ventania pode ter feito todo esse estrago? É só vento!

 Incapaz de responder, a senhora Yukimura permaneceu em silêncio, aflita pela condição em que a filha se encontrava.

 — Yusuke…? — Keiko o chamou ao abrir os olhos lentamente. Sonolenta, tentou se erguer da cama para vê-lo melhor. 

 — Não se mexa! — ele respondeu indo de encontro a ela — Você está bem?

 — Sim. Já estou bem melhor.

 Com delicadeza, o detetive espiritual ajudou-a se erguer, ajeitando os travesseiros em que ela se apoiava.

 — Como foi que isso aconteceu? 

 — Eu não sei. Eu estava quase chegando na casa dos meus pais quando, de repente, senti como se algo cortasse a minha pele. 

 — E ninguém a atacou?

 — Não. Não tinha ninguém por lá, eu estava sozinha quando minha mãe me encontrou. Estão dizendo que foi…

 — O vento — Yusuke completou a frase — Já estou sabendo. Mas isso não faz sentido algum pra mim.

 — É um fenômeno raro, Yusuke. Não é a primeira vez que acontece.

 — E quando é que foi a primeira vez?

 — Ah, eu não faço ideia! — ela se colocou na defensiva — Mas sei que já li sobre isso em algum lugar. Ainda assim, é algo que aconteceu há muito, muito tempo atrás. Algo realmente incomum, mas não impossível. 

 Batidas na porta interromperam a discussão, fazendo com que Yusuke, Keiko e sua mãe se voltassem para a entrada do quarto. Sorridente, uma enfermeira adentrou ao local, indo em direção à paciente.

 — Como se sente, senhora Urameshi? 

 — Bem.

 — Não está sentindo dor?

 — Só um pouco. 

 — Que boa notícia! Segundo o Doutor Yamamoto, você poderá ser liberada dentro de uma hora.

 — Achei que precisaria ficar mais tempo.

 — Não. Felizmente o seu caso é estável, por isso poderá ir para casa tranquila. Desde que siga as orientações médicas, tudo ficará bem.

 — Precisam liberar espaço para outros pacientes, não é? — revirando os olhos, Yusuke questionou, direto ao ponto.

 — Yusuke! — Keiko o repreendeu — Isso não é coisa que se pergunte.

 — Tudo bem — a enfermeira respondeu — Ele está certo. Hoje o dia está mais agitado do que o normal. Muitas pessoas estão precisando de atendimento. Por isso, aqueles que já estão bem devem voltar para casa. Com licença senhora, vou providenciar a sua liberação.

 Educadamente a mulher deu as costas para os três, dirigindo-se à saída do quarto, enquanto Keiko continuava a encarar o marido com ar de reprovação. 

~*~*~

 Mais tarde, naquele mesmo dia. 

Na televisão, Yusuke assistia ao noticiário da noite a fim de receber mais informações sobre o bizarro fenômeno que pairava sobre a capital japonesa. “Lâminas de vento”, foi assim que passaram a chamá-lo. Aparentemente todos se conformavam com a sua existência, embora os meteorologistas não sabiam explicar ao certo como ele funcionava. Autoridades declararam estado de alerta para os habitantes da cidade, recomendando que os moradores permanecessem em suas residências até segunda ordem. 

Yusuke bufou incomodado. Aquilo o estava atormentando mais do que deveria. O detetive tinha certeza que por trás daquela situação havia algo a mais. Ainda que não tivesse sentido a força de nenhum youkai na cidade, suspeitava que um demônio maligno pudesse estar causando todo aquele terror.

Num primeiro momento, pensou em contactar Koenma, mas desistiu antes que o fizesse. Se aquilo realmente fosse obra de algum youkai, o próprio líder do Mundo Espiritual o procuraria. Mudando os planos, Yusuke pegou o telefone a fim de ligar para a única pessoa que ele acreditava ser capaz de lhe esclarecer todas as suas dúvidas.

— Alô? — a voz do outro lado da linha atendeu ao chamado.

— E aí, Kurama? Como vai?

— Por que não estou surpreso com a sua ligação, Yusuke? — ele riu antes de continuar — Estou bem, e você?

— Bem também.

— E em que posso ajudá-lo?

— Me desculpe por incomodá-lo a essa hora, mas eu preciso te fazer uma pergunta.

— Sobre as Lâminas de Vento, correto? Todos estão comentando o assunto.

— Exatamente. O que você acha disso tudo? Quero dizer…não é estranho?

— Se está querendo saber se isso é obra de algum youkai, infelizmente não sei te dizer. Não senti nenhuma presença maligna na cidade desde que os ataques se iniciaram.

— É, nem eu...— Yusuke fitou o chão cabisbaixo, pensando que talvez estivesse exagerando ao dar atenção demais para o caso. 

— No entanto…— Kurama voltou a falar, recuperando a atenção do detetive — Isso tudo é, de fato, muito estranho. Não acredito que seja um fenômeno natural.

— Então você acha que algum youkai está causando tudo isso?

— É possível. Mas não sei a troco de quê. 

— Se você não sabe, eu muito menos — Yusuke lamentou.

— Yusuke, por acaso você se feriu?

— Não, eu não. Mas Keiko…

— Posso te fazer uma visita? — Kurama disparou antes que o detetive pudesse explicar o que havia ocorrido com a sua esposa — Gostaria de examinar o ferimento.

Yusuke concordou, desligando o telefone na sequência. Não tardou para que Kurama chegasse em sua casa. Após cumprimentar os amigos, ele solicitou que Keiko desenfaixasse o braço ferido, expondo o corte ali presente. Dessa forma, Kurama logo compreendeu o porquê apelidaram o fenômeno de “Lâminas de Vento”.  

A lesão era fina e delicada, como se, de fato, tivesse sido causada pela espessura de uma lâmina. Não havia nenhuma irregularidade no corte, e o seu desenho era perfeito demais para ter sido feito pelas mãos de alguém. Olhando daquela maneira, a ferida parecia superficial e inofensiva, no entanto, os relatos dos feridos contradiziam tal expectativa. Apesar do pouco sangue que extravasava da pele rasgada, a dor era intensa e aguda, e a profundidade do corte era tanta que, em muitos casos, chegava a atingir ossos, causando uma série de danos irreversíveis no alvo. Keiko teve sorte de não ter sido gravemente ferida.

 — E então? — Yusuke perguntou ansioso — O que acha, Kurama?

— Eu não sei… — ele o respondeu com sinceridade. 

Kurama olhou mais uma vez o corte, tendo a sensação de que já havia visto aquilo em algum lugar. Pensativo, buscou em sua memória algo que pudesse lhe fazer recordar, mas nada encontrou de imediato. Fixou-se mais uma vez na lesão, observando atentamente o desenho sob a pele de Keiko. Tão fino, perfeito e mortal… 

De repente, arregalou os olhos espantado. “Como não percebi antes?”, ele pensou. Fazia muito tempo, é claro, mas Kurama sabia que esse tipo de golpe só poderia ter vindo de um lugar.

— O que foi, Kurama? — Yusuke perguntou ao notar a perturbação na expressão facial do amigo — Descobriu alguma coisa? 

— Yusuke, isso é…— ele hesitou antes de continuar, incerto sobre a conclusão que havia tomado.

 — O quê? — Keiko questionou preocupada — O que me feriu, Kurama?  

Tenso, Kurama cerrou os punhos ao esconder as mãos nos bolsos de seu casaco, para, em seguida, respondê-la. 

 — Kamaitachi.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Parece que nada passa despercebido para Kurama. Acho que não exista nada que ele não saiba hehe.

Se puderem digam o que estão achando da história.
Desejamos uma ótima semana!

Beijos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Yu Yu Hakusho: A Relíquia Perdida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.