Um Segredo Entre Nós escrita por Emma


Capítulo 7
Quando nossos destinos se realinharam


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas, desculpem a demora. Vcs viram a capa nova? Foi um presente da Aninha linda, mais uma vez, obrigadaaaaaa... Espero ter conseguido te agradecer com a cena que vc me pediu ♥

Ah, na última att acho que posso ter deixado algumas perguntas sem resposta, como o fato do Kilian não saber sobre o Robin. Eles eram amigos na faculdade, quando se formaram e tudo aconteceu Kilian foi embora para Vegas após receber uma proposta de emprego, nem com Emma ele estava em um “relacionamento”, eles apenas ficavam aleatoriamente quando estavam na mesma cidade e na última vez acabaram se casando e decidindo levar adiante. Robin tbm sumiu sem dar resposta, ele estava em um grande conflito e dps de descobrir toda a armação da mãe e de Marian, precisou se afastar de tudo que o ligava a sua vida ali nos EUA. Kilian tbm só soube que Louise era filha do Robin quando Regina decidiu pedir ajuda a ele para achá-lo. Perdoem minha ignorância com termos jurídicos, pesquisei o que pude e colhi informações com amigas da área. Se verem algo que esteja errado me informem que eu edito. Enfim, acho que é isso e que já falei muito aqui kkkk vou deixar vcs lerem o capítulo e verem o desenrolar de tudo. Se tiverem mais alguma dúvida me digam nos comentários que tento responder. Boa leitura :*



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Ainda que fosse apenas a segunda semana de setembro, aquela era uma manhã de outono bastante fria, as folhas já haviam começado a ganhar tons de alaranjado, amarelo e vermelho característico da estação, mas a maioria se mantinham firme nas árvores, apenas algumas poucas estavam fixas ao chão molhado da chuva da madrugada.

Robin apertou o casaco contra o peito e enfiou mais fundo as mãos no bolso para se aquecer, tinha resolvido sair de casa cedo e caminhar até o escritório, depois de todo o calor do verão, aquele vento gelado era um presente para sua alma britânica.

Abrindo a porta principal andou até sua sala, parando de frente a porta e se surpreendendo ao encontrá-la entreaberta. Foi só quando ele a empurrou toda e entrou que se deparou com um Will pensativo, sentado na poltrona perto da estante de livros, tão absorto em seus pensamentos que mal notou sua presença.

Pigarreou, o cumprimento em seguida:

— Bom dia – falou alegre enquanto tirava a echarpe e o casaco, os pendurando no cabideiro a entrada – desculpe, porém, não tenho hora disponível até as 11h senhor Scarlett – ele finalmente se virou e encontrou o olhar de seu amigo, percebendo que algo não estava certo. O sempre divertido Will, parecia bastante apreensivo.

— Olá mate, desculpa incomodá-lo, mas preciso de você.

— Você não cometeu um crime não é? – descontraiu de novo e dessa vez Will sorriu.

— Não, até porque o criminalista aqui sou eu – levantou as sobrancelhas debochado, entretanto, demorou poucos segundos e logo seu rosto adquiriu a expressão de antes.

— Sobre o que você quer falar? Sou todo ouvidos bro.

— É sobre Annie...

— Ohh... – Robin fez um O com a boca e levantou as sobrancelhas, se sentando de frente para o moreno – O que aconteceu?

— Ela voltou, apareceu na minha casa ontem a noite depois de todos esses meses e... de tudo – terminou sua frase esfregando o rosto. Claramente frustrado.

— E você fez o que?

—Eu a deixei entrar, ela me parecia assustada e queria conversar comigo sobre nós.

O loiro bufou uma risada sarcástica.

— Por que eu tinha a impressão de algo do tipo aconteceria?! – bufou inconformado com a audácia da loira – Sobre vocês? Ela ao menos te pediu desculpas por ir embora com o ex rico e te deixar de coração partido?

Will abaixou a cabeça suspirando, se via que era um assunto delicado e talvez Robin tivesse pegado pesado. A questão era que Anastácia o tirava do sério, e isso era algo raro, pois ele tinha um temperamento bastante tranquilo e despojado, se dava bem com qualquer pessoa ao seu redor.

— Pediu Robin, ela chorou em meus braços e me implorou por perdão, meu coração se partiu em vê-la naquele estado, então, quando eu a observei melhor vi que ela estava cheia de marcas roxas que o bastardo infeliz tinha feito – Will cerrou os punhos com força, Locksley o entendia, por mais que não gostasse da jovem, nenhum homem tinha o direito de machucar uma mulher.

Robin e Will se encararam por algum tempo, não era difícil ver o quanto o homem mais jovem estava em crise. Ah os dilemas do coração... Quem é capaz de resolvê-los? Amar é tão sublime quanto letal. Maravilhoso quando se é correspondido e totalmente tóxico quando enraizado em problemas.

— Sinto muito por ela se envolver com um cara que seja um covarde assim, Anastácia precisa denunciá-lo! Todavia, o que não consigo aceitar é ela ter tido alguém como você, que a tratava como uma rainha e então te deixar por ele outra vez. Ela partiu seu coração cara.

— Eu sei, eu sei amigo e por isso estou aqui. Preciso de um conselho.

— Você sabe o quão falida é minha vida amorosa, por que pra mim e não Jhon?

— Porque Jhon ganhou na loteria do amor, além de ser um bobo apaixonado, ele só me diria para seguir meu coração, enquanto você e eu estamos no mesmo barco.

— Eu não gosto de Anastacia e você sabe disso – Scarlett acenou com a cabeça – O que me garante que ela não vai te deixar de novo por outro cara rico que lhe ofereça uma uma vida de luxos?

— Ela me pareceu arrependida.

— Todo mundo parece arrependido quando quer perdão irmão – murmurou torcendo o canto da boca.

Will pensou um pouco concordando, subindo as mãos pelo rosto esfregando os olhos e após um suspiro sôfrego, soltou de uma vez:

— Ela está grávida.

Oh

shit...

Holy crap man... E é seu?

— Não sei, Annie não sabe na verdade, pode ser que sim, foi por isso que ele bateu nela.

— Que filho da puta! Bater em uma mulher! Podendo muito bem estar grávida do filho dele! Ela precisa denunciá-lo Will!

— Eu sei, disse isso, porém, ela está com medo. Juro que adoraria matá-lo com minhas próprias mãos, entretanto, não vou arruinar minha vida com um canalha desses... Eu me sinto tão perdido Robin, Anastácia partiu meu coração em pedaços e depois pisou em cima ao me trocar por ele, mas... mas ao vê-la ontem tão indefesa e assustada, tudo o que quis foi protegê-la, enxugar cada lágrima e mantê-la em meus braços até que tudo estivesse bem.

— Você ainda a ama, não é? – era uma pergunta retórica, ele já sabia a resposta e entendia bem seu parceiro de trabalho.

— Eu tentei tirá-la de dentro de mim, você é testemunha – ele riu sem humor fazendo referência as suas conquistas de uma noite – porém, falhei todas vezes... Não sei o que fazer, pois ainda me sinto ferido.

— É normal se sentir assim, o que ela fez contigo foi cruel, mas agora existe uma criança no meio dessa história.

— É verdade.

— Uma criança que pode não ser sua... – o loiro ponderou, segurando seu olhar, analisando sua expressão – Se decidir ficar com ela, você está preparado para criar o filho de outro homem?

Will fitou a estante ao seu lado, por alguns longos segundos, aparentemente muito concentrado nas sua recém chegada coleção de direito civil, Robin lhe deu espaço, era uma questão muito importante a ser abordada e pensada caso ele seguisse sua relação com Anastácia.

— Pensando bem, isso não me importa tanto na verdade, porque essa criança será o filho da mulher que eu amo Robin. Mesmo que não tenha meu sangue, eu estou decidindo ser o pai dela.

Locksley sorriu orgulhoso.

— Você é um bom homem Scarlett e acredito que já tenha sua resposta então – o moreno deu um meio sorriso enquanto Robin lhe apertava o ombro e completava – Se encontrar alguém que ame o suficiente para arriscar toda sua vida por essa pessoa, então vale. Amar sempre será o maior risco que corremos Will. É mágico – suspirou deixando um flash de memórias o atingir – na medida que pode ser mortal – mas eu o entendo, porque se tivesse o poder de escolha com Regina, se ela batesse na minha porta qualquer dia, escolheria sempre arriscar, pois um dia do que vivemos juntos significa mais pra mim do que todo o resto sem ela.

— Eu espero que você a encontre meu amigo – agora fora Will quem apertara seu ombro, dando-lhe apoio.

— Não tenho mais tantas esperanças assim, todavia, quem sabe o destino sorria para mim? – Locksley fez um gesto divertido com as sobrancelhas – Fique esperto com Anastácia, eu mesmo estarei de olhos bem abertos, ela terá muito trabalho para ter minha confiança outra vez.

O moreno voltou os olhos para o antebraço de Robin, a tatuagem preta com o escudo de um imponente leão escapava pela manga do suéter, o loiro acompanhou seu olhar, ambos entendiam o quanto  lealdade, integridade e amor eram importantes para ele, a prova estava ali, marcado em sua pele para que ele nunca se esquecesse.

— Eu sei que ficará de olho, afinal, você é o homem com a tatuagem do leão: o amigo leal, o profissional íntegro e o amante devoto – Scarlett o encarou com um olhar de entendimento – apesar de amá-la, temos um longo caminho a percorrer pela frente, porém, o importe é que o façamos  juntos.

— Bem, só me resta parabenizá-lo então... papai— o loiro mudou a voz para um tom infantil ao pronunciar a última palavra, se levantando para abraçá-lo e foi nesse momento que ouviram uma terceira voz:

— Wooow! Qual dos dois vai ser papai? – era Jhon, que os olhava com um misto de curiosidade e surpresa.

— Will – respondeu Robin. Jhon passou a olhá-lo intrigado.

— Longa história meu amigo, se tiver um tempo livre, tomamos um café e eu te conto tudo.

— Vamos, meu primeiro cliente só chega daqui meia hora – os dois foram caminhando em direção a porta, quando o mais robusto dos morenos lembrou-se algo e voltou-se para o loiro – seu cliente chegou, posso dizer para a secretária liberá-lo para vir?

Robin acenou e o agradeceu, se despedindo dos dois amigos.

 

* * *

 

6 anos atrás...

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Regina estava sentada em uma das almofadas  colocada sobre o tablado de madeira, a margem do lago, onde eles tinham decidido fazer um piquenique. A caminhonete de Robin estava próxima e com a carroceria aberta, ele estava pegando uma das mantas e trazendo até eles, pois quanto mais se aproximava do pôr do sol, mais frio começara a fazer e diferente dele, britânico até o último frio de cabelo, ela não sabia lidar tão bem com ventos gelados.

A estudante morena sorriu ao olhar para os cobertores ainda bagunçados e sentiu as bochechas esquentarem um pouco, lembrando a noite anterior, quando ela decidiu dar o próximo passo e se entregar a ele ali, todavia, romântico como era, o loiro mudou os planos e a levou para dentro, dando-a muito mais do que havia esperado.

Era impressionante como o sorriso não saíra de sua boca, apenas observá-lo fazia com que floresce dentro dela um sentimento que não podia explicar, a maneira como se sentiu conectada a ele ainda não tinha uma descrição, não sabia se era pelo sexo, mas, um único toque agora, podia desencadear tantas sensações, era, era... mágico, algo como uma conexão de almas. Se existissem mesmo almas gêmeas, eles com certeza eram aquilo.

Acordar com ele aquela manhã, sentindo seu coração batendo suavemente contra seu rosto, o cheiro dele, deles, emaranhado nos lençóis e em suas peles, tinha sido o golpe fatal, seu coração agora era irremediavelmente de Robin, ela só sabia e pedia com todas as suas forças que ele não o quebrasse, pois estava tão apaixonada.

Metade do dia deles tinha sido dentro da casa, explorando uma nova forma de usar a banheira e depois de Regina colocar as louças na máquina, o balcão da cozinha. O que ela poderia fazer? Não sabia resistir, como poderia? Ele era tão lindo e “definitivamente” dela agora. Então, quando não eram as mãos errantes dele, eram as suas passeando pelo corpo do namorado, até que os beijos aflorassem e as roupas (quando usavam) terminavam espalhadas pelo chão.

Já passavam das quatro horas da tarde quando eles resolveram sair de casa até os estábulos. A proposta dele a tinha feito saltar e dar um gritinho de alegria, e então desenhado um sorriso imenso no seu rosto. Fazia tanto tempo que ela não montava que deveria ser considerado um crime, já que ela adorava fazer aquilo. Robin lhe arrumou algumas botas de montaria e juntos eles selaram dois belos puro-sangue ingleses e cavalgaram pelos enormes campos.

Por si só já se notava o quanto a propriedade da família de Robin era maravilhosa, mas depois de percorrê-la quase toda a cavalo com ele, pode constatar em sua plenitude. E quando pensou que não podia se surpreender ainda mais com toda aquela paisagem, ele a levou até o lago e ela suspirou, a vista dali era de tirar o fôlego.

Foi despertada se seus pensamentos quando ele envolveu a coberta ao seu redor, sentando-se atrás dela, beijando sua nuca, agora exposta pelo coque bagunçado que ela tinha feito, enquanto ela lhe concedia ainda mais espaço, gostando do carinho.

— Ainda com frio? – perguntou após um série de beijos, se afastando e girando-a um pouco para observá-la melhor.

— Com você me abraçando e me beijando assim, impossível! – sorriu feliz, selando seus lábios outra vez.

Os dois jovens comeram entre carícias e sorrisos, compartilhando a comida e seu amor, até se sentirem saciados, colocando-se em uma posição confortável e admirando as estrelas. Regina erguei a mão, acariciando seus cabelos, Robin beijou seu punho, retribuindo o carinho e então um questionamento lhe veio em mente:

— Tem algum significado especial? – acompanhando seu olhar ela sorriu ao perceber sobre o que ele falava – Porque uma pena?

— Sim, eu a fiz quando passei uma temporada em Paris... Penas, na mitologia, falam sobre ter liberdade para escrever sua própria história e voar alto, ser um espírito livre, coragem, bravura... Tudo o que eu gostaria de ter – refletindo por alguns segundos, ela se girou e o encarou – Você acredita em destino ou acredita que somos nós quem escrevemos nossas próprias histórias?

— Boa pergunta meu amor – Robin ponderou um pouco e então prosseguiu – não sei, as vezes penso que sim, outras tantas, me parece muita ousadia achar que tenho poder sobre isso, quando se trata de nós por exemplo, parece que você estava simplesmente destinada a ser a minha garota e mudar completamente os rumos da minha vida programada a muito tempo por outras pessoas, que sempre me disseram o que fazer e como agir a todo momento. Já com você, posso ser o Robin além do título e do meu sobrenome, e te garanto, eu jamais esperei isso e se foi o que o destino projetou para mim, estou muito feliz.

A resposta dele a deixou sem fôlego, as lágrimas piscaram em seus olhos, mas não eram de tristeza, pelo contrário, a encheram de alegria e seu coração sorriu, a ponto de chegar até seus lábios, tentando encontrar palavras para expressar, ela apenas o olhou, deixando suas mãos contornarem docemente suas feições.

— Se eu também tiver que estar destinada a outro ser humano nessa vida, não poderia ser mais grata ao destino por ser você, meu amor.

Eles se beijaram mais uma vez, porém, agora com mais eloquência e fervor, separando-se para apreciarem-se um pouco mais.

— Se eu pudesse fazer uma tatuagem, faria o brasão da minha família, é um leão em pé, em posição de proteção. Meu avô me contava que nossos antepassados escolheram esse animal porque ele é corajoso, protetor, tem a imponência de um rei e é muito leal sua família.

— Tem tudo a ver com você Robin – ela cruzou suas mãos, observando-o atentamente com um sorriso constante no rosto.

— Eu farei um dia, serei deserdado de qualquer forma, quando não cumprir com os planos que eles tem para mim – ergueu os ombros em descaso, puxando-a ainda mais para si – Seria também uma forma de demonstrar minha fidelidade ao nosso amor.

A jovem derreteu ao escutar as palavras dele, seus olhos brilhando de amor:

— Você não existe sabe, todavia, não queria ser um problema entre você e sua família – seus ombros caíram um pouco, ele sabia que aquele era um assunto do qual ela não gostava, mas logo tratou de reanima-la.

— Regina, a culpa não é sua, são eles que são cheios de convicções mesquinhas e antiquadas, e vão ter que lidar com o fato de que já passou e muito o tempo deu decidir a minha vida por aquilo que acredito.

— Te amo – respondeu o fitando cheia de orgulho e beijando a pontinha do seu nariz.

— Eu te amo muito além – incandescente com a resposta, Regina se girou uma outra vez, apoiando-se melhor contra ele e relaxando em seus braços que a circundaram protetoramente.

 

* * *

 

Os dias voaram e Paris estava em pleno outono. Depois da primavera aquela era sua estação preferida, adorava colocar um casaco bonito em Lou Lou e sair pelos parques para fazer fotos ou tomarem o primeiro chocolate quente da temporada.

Depois de pegar a filha na escola, correu em casa e a deixou com Belle, prometendo que no final de semana fariam seu programa de garotas pelas ruas de Paris. Mills a deixaria abusar de doces e gastaria um pouco da sua economia mimando-as um pouco.

Tinha voltado do almoço e se concentrado totalmente nos processos a sua frente, estava atolada de trabalho para revisar e entregar a seu chefe ainda aquela semana. Horas tinham se passado, seus outros colegas a tinham chamado para a pausa-café, entretanto ela recusou, não se daria o luxo de parar. Não se ela não queria fazer horas extras e perder o melhor momento de seu dia que era aquele que passava com a filha.

Daniel, sempre atencioso, voltou com um xícara da bebida quente e colocou diante dela, ergueu os olhos agradecida e enviou um beijo pelo ar, voltando sua atenção para o que fazia. Não mais que 15 minutos depois Gold ligou no seu ramal, pedindo que ela fosse até sua sala.

Chegando no último andar, a secretária dele a acompanhou pelo corredor, anunciando sua entrada. Edgar se levantou, cumprimentando-a e pedindo que se sentasse.

— Senhorita Mills, recebi uma cliente ontem e vou precisar de você nesse novo caso.

Regina manteve a expressão neutra, afinal, o homem era seu patrão, mas poxa, ela estava com um pilha de trabalhos e pegar mais um a obrigaria a fazer horas extras, ok, eram todas remuneradas, porém, nada poderia pagar o tempo que perderia com Louise.

Quando ela ia recusar o pedido gentilmente, seu chefe continuou:

— Quero que passe o caso Fontaine para Daniel e o caso Bertrand para Archie, assim você poderá se dedicar melhor a esse, estou trazendo Victoria também, acho que as duas juntas serão imbatíveis e nós precisaremos de muitos recursos e estratégias com o júri para vencer esse caso.

— Do que se trata senhor?

— Mary Margareth Blanchard entrou em contato comigo ontem.

— Ela não é a filha de Leopold da Blanchard Hotéis?

— Ela mesma. Assumiu a rede hoteleira depois da morte do pai há 2 anos e agora tem expandido o negócio da família.

— Ok. E ela precisa de nós para exatamente o que? Empresarial não é o meu forte senhor Gold.

Cherí, eu sei, ou não a teria chamado – deu um meio sorriso e continuou seu discurso – ela tem uma propriedade em Londres que quer reaver, era do seu bisavô, mas foi esquecida por muitos anos e aparentemente sua bisavó a deixou para a família que cuidava do local. Pelo que fui informado, não existem papéis legais e só uma carta deixada pela senhora ao bisavô do atual proprietário.

— Me parece um caso ganho.

— Senhorita Mills, nem tudo o que reluz é ouro. O homem que está em posse da propriedade de Mary Margareth usa o local como uma ONG que ajuda crianças pobres e animais abandonados há anos. Ele oferece cursos e outras atividades. Além de ser muito querido pelo povo da cidade, não será nada fácil.

— O júri deve ser imparcial, eles tem que julgar pelos fatos e provas – expressou com um pouco de indignação.

— Nada como uma história comovente para persuadir as pessoas.

Se segurando para não revirar os olhos, apenas concordou. Nem sempre a justiça era aplicada como deveria. Independente dos fatos. Ela era “cega”, como forma de mostrar sua imparcialidade, todavia, não funcionava totalmente assim.

— O senhor tem razão.

— Vamos entrar com pedido de reintegração de posse ainda essa semana, já enviei uma notificação ao atual proprietário do local,  por favor ajuste seus horários junto com Victoria, sei que você tem uma filha e não quero sobrecarregá-la – Regina sorriu tocada. Jamais esperou que seu chefe fosse do tipo empático. Não esperando-nos uma resposta ele prosseguiu – Quando comecei o escritório, meu filho era muito pequeno, errei muito com ele e minha esposa e por isso os perdi – seu rosto adquiriu uma expressão de pesar e ele desviou o olhar para o chão por alguns segundos antes de voltar a encará-la – Observo tudo ao meu redor senhorita Mills, estou investindo em você porque vejo muito potencial. Não me decepcione. Depois desse caso você terá suas férias.

— Farei o possível para não fazer isso senhor Gold – acenou grata – Obrigada.

Ela já estava se virando para sair quando ele pareceu se lembrar de algo:

— A propósito, o escritório do requerido entrou em contato com a senhorita Blanchard depois que enviei a notificação ontem, procurando uma conciliação. Eles têm um nome que me levou a perguntar se é o tipo de humor britânico ou se eles são loucos.

— Que nome é esse?

The Merry Men.

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Mills  tinha acabado de arrumar sua pequena cozinha, Louise estava ajoelhada no tapete, debruçada sobre a mesa de centro, concentrada no que ela acreditava ser um desenho. Apoiando o aspirador de pó, que ela tinha apenas usado para limpar o chão no armário, fechou a porta e seguiu em direção a filha, doida para aproveitar algum tempo com ela antes de colocá-la para dormir.

— O que você está desenhando girafinha? – questionou ao sentar-se ao seu lado.

— Um símbolo – Regina observou com atenção, não era um dos esboços que ela geralmente fazia, na verdade ela nunca tinha visto aquilo antes.

— Que bonito! Mamãe já disse o quanto você desenha bem? – a menina respondeu com um sorriso enquanto acenava com a cabeça –  Aonde você viu isso filha? Em algum filme?

— No braço de um moço, no show do Coldplay. Acho que era uma tautu... tuatagem? Como se fala mesmo mamãe?

— Se diz ta-tu-a-gem meu amor – Regina fez uma pausa ao pronunciar cada sílaba para que sua filha conseguisse processar a palavra e sorrindo continuou – e é muito bonita.

— Eu também gostei muito, achei bem legal. Quero uma igual no meu braço. Posso?

— Oh baby, talvez quando você for mais velha, uma tatuagem dói muito. Você sabe como se faz uma?

— Não é com tinta guache? – Louise franziu as sobrancelhas em confusão e o gesto a lembrou tanto Robin que ela foi obrigada a suspirar.

— Não Lou Lou, na verdade, são com agulhas, várias delas. Tem certeza que quer encarar?

A garotinha pareceu horrorizada, colocando as mãozinhas para cobrir a boca do choque.

Oh mon Dieu— Regina adorava quando ela falava ou usava expressões  em francês como agora, uma vez que em casa era comum falarem em inglês para estimular o aprendizado com sua língua materna – A senhora sabe que eu morro de medo de agulhas.

— Eu sei, por isso avisei – se inclinou tocando sua testa com a dela, beijando a pontinha do minúsculo nariz em seguida – Seu pai me disse uma vez que tinha vontade de fazer uma tatuagem mais ou menos assim, sabia?

— Será que era ele mamãe?

— Eu não acredito, teria reconhecido se o tivesse visto.

— Mas a senhora não estava na hora em que o vi.

Regina ficou pensativa e sem uma resposta...

poderia ter sido ele?

Louise aproveitou para completar:

— Agora eu o chamo de moço com a tatuagem do leão, ele foi legal comigo, se for o meu papai eu já sei como reconhecê-lo então.

— Acho que você tem uma imaginação muito fértil – sorriu arrumando os cabelos dela, vendo o quanto já tinham crescido desde o corte feito no início do verão, e pelo resto da noite deu toda sua atenção ao seu pequeno precioso tesouro.


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Notas finais do capítulo

Só digo uma coisa... Esse reencontro tá aí na esquina e o tombo dos dois vai ser enorme! Obrigada por lerem, qualquer dúvida fala aqui ou no tt: @horadya. Beijo.



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