Um Segredo Entre Nós escrita por Emma


Capítulo 6
Quando minha vida esbarrou na sua


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas, tudo bem? Vi muitas teorias sobre pra quem Regina ligou no capítulo passado e ninguém acertou huahua Vocês saberão logo na primeira cena.
Queria também dedicar esse capítulo em especial pra Ana, que passou por uma barra esses dias ao ter sua história excluída... Aninha, espero que a história traga um pouquinho de alegria pro seu coração. A todas as outras, obrigada, vocês são incríveis! Vamos ao capítulo

Ah, quando chegarem na parte que tem a letra de Daddy (Coldplay) escrita, coloquem a música pra tocar se possível.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/785742/chapter/6

.

.

.

Não demorou muito mais que meia hora para ela chegar até a casa de Regina, tempo suficiente para a advogada tomar um banho e colocar algo confortável. Ela estava preparando um chá quando a campainha tocou, deixando duas canecas repousando sobre o balcão da cozinha e conferiu pelo olho mágico se era a pessoa esperada.

Destravando a porta, Regina sorriu um pouco sem jeito, afinal eram mais de dez horas da noite quando ela ligou para Madelyn em meio a uma crise pedindo ajuda. A loira sempre muito bem alinhada, usava uma boina vermelha que ressaltava seu batom na mesma cor e era sua terapeuta há pelo menos 4 anos, uma ótima conselheira, o problema era ela mesma, uma paciente um tanto irresponsável, que deixava sua saúde mental em último lugar na sua lista de prioridades.

Regina sabia que acumular tantas coisas era um erro, Mal (um apelido que ela ganhou de Louise depois da menina insistir que a muher se parecia com a personagem do filme Malévola), já lhe havia dito aquilo tantas vezes, porém a morena tinha tantas outras prioridades ao longo desses anos que sua única alternativa era empurrar com a barriga.

Madelyn a cumprimentou e a advogada a acomodou em sua sala de estar, pedindo licença para pegar a bebida quente. Percebendo que Mills estava tensa, a mais velha procurou quebrar o gelo fazendo perguntas retóricas sobre Louise, o trabalho e outras trivialidades.

Quando se sentiu mais relaxada, Regina começou a revelar os mesmos medos e angústias que quase a sufocaram quando estava deitada na cama da filha, sobre o quanto tinha medo de errar com a menina, de deixá-la em segundo plano e isso desencadear uma série de traumas em sua vida.

— Eu não quero passar a vida mentindo para minha filha, escondendo coisas importantes, eu só não sei o que fazer ou como fazer. Louise é a pessoa que eu mais amo no mundo, eu morreria por aquela garota Mal, a possibilidade dela me odiar um dia é esmagadora!

— Regina, também sou mãe, enfrentei todas essas fases com Lilly quando mais nova. No meu caso, eu optei por uma produção independente e explicar isso a uma criança é bem complicado, entretanto, é importante ser sincera.

Regina concordou pesarosa. Vinha guerreando consigo mesma ao longo dos anos, dividida entre manter esse segredo com ela até o túmulo e inventar qualquer coisa para Louise quando crescesse, ou procurar Robin e contar sobre a filha. Seu namorado em diversas conversas a fazia racionar e ver que a melhor saída era aquela. Era o mais justo e sensato. Conversando com Emma, esta também apoiou o conselho de Daniel. Mas por onde começar?

— Sei disso Madelyn, só não sei como. Não faço ideia do rumo que a vida de Robin tomou, possivelmente ela está em Londres com a família... – aquele pensamento era desencorajador – Como dar uma notícia desse porte? E se ele não quiser nada com Lou Lou depois? Ainda tenho que lidar com Eleanor. Tenho medo que ela tente alguma coisa contra minha filha, aquela mulher é o tipo de pessoa de quem se pode esperar as piores coisas.

— São todas dúvidas genuínas, porém, se você quiser fazer as coisas da maneira certa, vai ter que correr o risco – percebendo que a jovem tinha ficado aflita com a possibilidade de colocar a filha em perigo, tratou de tranquilizá-la – Saiba que se escolher ir por esse caminho, vamos procurar uma maneira que priorize a segurança de Lou Lou.

Regina suspirou assentindo enquanto massageava as têmporas, sentindo o zumbido de uma dor de cabeça que ameaçava desabrochar a medida que avaliava os prós e contras de toda a situação como uma boa advogada faria.

  A terapeuta lhe deu alguns minutos consigo própria, conhecia sua paciente o suficiente para saber que quando pressionada ela se escondia dentro das muitas camadas e barreiras que tinha erguido. Então, aproveitou para tratar de outro assunto, a foto que viu assim que se acomodou na sala, com Regina, Louise e um homem que ela não conhecia no porta retrato na mesa acanto ao sofá, resolvendo que esse era o momento certo para abordar um novo tópico, perguntou:

— Por que não me conta mais a respeito desse novo cara na sua vida? É algo sério?

—  O nome dele é Daniel, o conheci no trabalho, é um bom homem. Lou Lou o adora, tem tudo para ser algo duradouro... – Mills sorriu com carinho ao falar sobre ele, todavia desviou o olhar em seguida e a terapeuta notou que ainda que ela gostasse do cara, algo não estava certo.

— Estou me perguntando por que você não me parece tão feliz com isso?

— Sei lá Mal – erguendo os ombros continuou – tenho me sentido tão perdida ultimamente, não sei porque tenho essa estranha sensação de que estou fazendo algo errado quando a única coisa que desejo é seguir com minha vida – encarou a loira em busca de uma resposta, porém esta se manteve neutra – Eu não posso sofrer a vida toda por um cara que não teve nem a decência de terminar comigo pessoalmente! – bufou fechando os punhos fortemente – não quando tenho um alguém tão disposto a me entregar tudo de si.

— Regina, ninguém pode seguir em frente com tanta coisa do passado acumulada no meio do percurso. É impossível, minha querida. Robin sempre será um obstáculo se você não resolver essa situação. Eu já te falei outra vez, o peso do segredo que você carrega é muito grande e te trará duras consequências se uma atitude não for tomada.

Regina virou o rosto e depois abaixou a cabeça, pensando sobre o assunto:

— Você tem razão Mal – bebendo mais um gole do seu chá Regina continuou – demorei muito para chegar a essa conclusão, sou teimosa e fiquei muito ferida com a traição e depois com a forma que Robin ignorou tudo. Além do acordo que fiz com meus pais, ir embora parecia a decisão mais sabia a seguir, mas quando olho toda a confusão hoje, com a maturidade que adquiri nesses últimos anos, percebo que não foi o mais sensato. Talvez eu deveria ter ligado de novo ou deixado uma carta, algo do tipo, então deixá-lo escolher o que fazer. Reconheço que fui egoísta – desviou os olhos envergonhada repousando a caneca sobre a mesa a sua frente – e orgulhosa, talvez eu não quisesse ouvir que independente do que ele sentia por mim, seria honrado e se casaria com Marian.

— Você supõe muito Regina, cria teorias na sua mente que nem sabe se seriam ou são reais.

— Como eu poderia? – ergueu as mãos acima da cabeça inconformada – Como eu saberia qualquer coisa se aquele covarde não teve coragem de vir falar comigo! Certamente eu não queria ouvir, mas teria sido muito melhor que Robin tivesse vindo, que tivesse se importado o suficiente para olhar nos meus olhos e me dizer que engravidou outra mulher, que se casaria e terminaria toda nossa história – os olhos castanhos se encheram de lágrimas, aquele sempre seria um assunto doloroso para ela –  me senti sem valor, enganada e usada! O que eu deveria fazer? Era ele quem tinha faltado nosso encontro, era ele quem deveria ter me procurado... – terminou a última sentença com os lábios tremendo.

— Você acha que ele mentiu para você o tempo todo?

— Eu não sei... – sua boca se abriu, porém ela só sentiu a secura, como responder aquilo se era exatamente sua dúvida constante? –  não parecia, mas seu descaso no final me deixou essa impressão – a jovem começou a girar o anel de noivado no dedo, lembrando da inscrição nele “você é o meu futuro”, rindo do quão irônico parecia agora –  Depois que eu marquei o encontro que ele mandou a mãe no lugar, não recebi nenhuma mensagem que fosse, nada Mal, ainda fui estúpida o suficiente para mandar uma única mensagem perguntando o por quê dele não ter aparecido... Nunca tive uma resposta! O que eu deveria pensar? Estava claro não? Robin não me queria mais.

— E mesmo assim você foi em frente... Por quê?

— Em frente com o que? – indagou sem entender.

— Com a gravidez.

Com um longo suspiro, Mills demorou alguns segundos, como se estivesse pensando no que falar. Entretanto sabia a resposta para aquela pergunta. Era algo ao qual ela tinha se agarrado tantos anos antes, que fez prosseguir com a gravidez quando abrir mão teria sido uma saída muito mais fácil.   

— Porque eu preferi acreditar que pelo menos algo na nossa história foi verdadeiro – tirou o anel o fitando profundamente enquanto o segurava com a ponta dos dedos – uma vez ele me fez uma promessa – Mal apenas observava a cena, vendo Regina perdida em um mar de lembranças enquanto uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha – de que seria meu futuro… Depois de tudo o que aconteceu, uma parte minha preferiu acreditar que Louise foi seu cumprimento, de que o que vivemos foi real o suficiente para dar um fruto.

Madelyn demorou alguns segundos para responder, porém quando o fez se aproximou, apertando suavemente sua mão:

— Você só saberá a resposta para isso se um dia perguntar ao Robin. Sei que tentou se proteger esse tempo todo, não estou aqui para julgar suas atitudes até porque todo ser humano reage diferente as situações as quais são expostos. Você era muito mais jovem do que é hoje, foi pressionada por seus pais e estava com o coração partido. Não adianta ficarmos aqui remoendo coisas que já aconteceram, você cometeu um erro e está tendo a chance de reparar, o passado não pode ser mudado, todavia, o futuro sim, e mais uma vez, só depende de você. E se posso te dar um bom conselho querida, é esse: Repare seu erro agora, enquanto ainda há chances de não ser algo catastrófico para todos.

* * *


Londres, Inglaterra.

.

.

.

Em meio aos muitos tons de cinza que envolviam a capital inglesa, contemplar o belíssimo Hyde Park era com certeza um refresco para os olhos. Mesmo com o verão se despedindo, ainda se via as árvores altas, os arbustos e a grama minuciosamente bem aparada reluzindo um verde vivaz por toda parte, as flores do Rose Garden tão belas quanto na primavera, se ajustando a vegetação e criando uma bela harmonia de cores.

Tinham muitos turistas sentados na grama, outros nos bancos, andando de bicicleta, famílias passeando, idosos com crianças ou cães, como era de praxe naquela época do ano, mas naquele começo de tarde em especial estava lotado, de longe se via o palco montado e o som sendo testado, a maioria ali esperava pela abertura das grades para o tão esperado show de retorno da banda britânica.

Robin e Zelena tinham acabado de almoçar um sanduíche que tinham pego ali no parque mesmo. O loiro estava tão eufórico e feliz, que a ruiva fez algumas belas fotos sem que ele percebesse. Era raro vê-lo tão brilhante como agora, sua postura era sempre nostálgica e ela entendia muito bem o porquê. Todavia, hoje, a alegria que ele exalava era convidativa, o clima estava perfeito e a áurea ao redor deles também. Levando a mulher a se parabenizar internamente por ter escolhido exatamente aquele como presente de aniversário para ele.

 Ainda faltavam algumas horas para o show, porém, eles tinham se antecipado pois não queriam pegar tanta fila. Locksley aproveitou para mostrar a ruiva seus lugares favoritos nos arredores, enquanto lhe contava momentos divertidos que tinha vivido com seus amigos quando criança.

Zelena lhe contou sobre as vezes que tinha ido a Londres, a maioria na companhia de Ethan e quando eles chegaram no Jardim das Rosas, lhe disse que tinha bons recordes, pois ele a tinha pedido em namoro ali, numa bela tarde de primavera.

— Esse lugar tem uma atmosfera tão romântica, adoraria ter tido qualquer lembrança com Regina aqui – disse enquanto passavam sob um longo pergolado em ferro, cheio de trepadeiras enroscadas em meio as flores. Zelena o encarou revirando os olhos.

— Antes que fiquemos muito nostálgicos, vamos fazer um acordo e não falaremos em Ethan e Regina, ok? Hoje é seu aniversário, não quero vê-lo triste. Em todos os meses que nos conhecemos, esse é um dia raro em que estou te vendo brilhar e decidi que quero essa sua versão sempre – Robin a fitou com as sobrancelhas franzidas – não me entenda mal, você é um dos caras mais simpáticos que conheço, mas é nítido que não é o mais feliz, e eu quero que você seja tão feliz quanto pode ser.

Colocando o braço ao redor dela, ele apertou seu ombro, sorrindo.

— Obrigada ruivinha, porém, impossível eu vir a um show de Coldplay e não lembrar da minha garota bonita. Tenho medo de que só serei feliz outra vez se a tiver comigo de novo – ele abaixou o olhar e Zelena passou um braço ao redor da sua cintura, reconfortando-o – Contudo, te prometo que hoje não é um dia para melancolia. Realmente estou feliz, como eu não me sentia há tanto e você é a responsável por isso.

A ruiva se afastou dele, colocando a mão no peito dramaticamente.

— Estou tocada Locksley. Agora vamos terminar nosso tour naquela banquinha de sorvete logo ali, porque minha formiguinha interior já está desesperada por doce.

* * *


O palco era enorme, tinha uma decoração bem ornada com elementos do novo álbum e luzes posicionadas estrategicamente para gerar uma atmosfera ainda mais envolvente. A ambientação era tão perfeita que reportava todos a um entardecer no deserto. Sorriu satisfeita. A menina ao lado dela estava eufórica enquanto aguardava o início do show. Louise tinha falado sobre aquele evento o último mês inteiro, contava os dias no pequeno calendário pregado na porta da geladeira do apartamento delas.

Os ingressos foram dados por Emma para comemorar o quinto aniversário da pequena. Ao receber a notícia, Lou Lou tinha corrido a casa toda e pela próxima semana era o único assunto que lhe interessaria. Regina estava feliz em poder proporcionar isso a filha, tinha sido um pouco apertado no trabalho, teve que fazer algumas horas extras para conseguir alguns dias livres, mas no fim, valeria a pena se deslocar até Londres só para realizar esse sonho da sua garotinha. 

Daniel ao saber também decidiu vir com elas e ali estavam eles, acomodados mais distantes do palco e da multidão de jovens, próximos a uma barraca que vendia bebidas. Louise estava com os olhinhos azuis vívidos brilhando de felicidade, vestida com uma bermudinha jeans, uma camisetinha azul claro estampada e tênis branco, montada nos ombros do homem, antenada a cada minúsculo movimento que acontecia no palco, esperando pela banda.

Regina ao lado deles segurava a mochila em forma de bichinho e um casaquinho lilás leve caso esfriasse mais tarde, mesmo que estivessem no verão, era Londres e sempre se podia esperar um vento frio vindo de qualquer parte. E tudo o que ela menos desejava era Louise pegando um resfriado no fim das férias.

Não demorou muito e Chris Martin entrou com um microfone em mãos levando o público a loucura, para a morena tinha sido um refrigério ouvir a voz dele novamente. Os caras eram muito bons. Seus olhos se desviaram do palco para encarar a filha, encontrando o olhar da menina já buscando o seu. Ela sorria, tão feliz quanto uma garotinha poderia estar, ao realizar o que ela dizia ser o maior sonho da sua pequena vidinha.

Eles começaram com uma das músicas novas, Arabesque, nesse momento Daniel falou alguma coisa com Lou Lou que ela não ouviu e em seguida sorriu para ela. Mills respondeu com outro sorriso, mas logo desviou o olhar pensando que o cenário deveria ter sido bem diferente, deveria ser outra pessoa ali com elas. Balançou a cabeça tentando afastar esses pensamentos, porque não era. E deveria aproveitar quem estava ali.

Em meados da terceira música, a morena sentiu o telefone vibrar, já imaginando quem era o tirou do bolso e começou a responder as mensagens da amiga loira.

— Dani – ela o chamou e ele se curvou um pouco para ouvi-la – Emma e Kilian chegaram, vou busca-los na entrada do parque, você pode dar uma olhada em Louise para mim. Tenho certeza que ela não quer perder nenhum segundo desse show.

— Claro linda, tome o tempo que precisar, nós estaremos aqui.

— Obrigada – sorrindo, ela falou com a filha o que faria, pedindo-lhe para ser boazinha com tio Daniel. Louise rapidamente concordou e voltou sua atenção ao espetáculo – volto logo.

 

* * *

 

Os ingressos que Zelena tinha conseguido lhes concedia lugares privilegiados a frente do palco, ela gostava da banda, mas Robin era realmente apaixonado, dava pra ver, a forma como ele conhecia cada música e cantava harmonicamente com a banda, era envolvente. E ele tinha uma boa voz, sabia cantar com muita afinação.

A ruiva o observou cantarolar devotamente a música que soava, gostando de ver que ele não parecia melancólico e distraído com a tal Regina, a quem ela queria dar uns belos tapas por ter sumido e deixado seu amigo desolado.

— Eu preciso tomar alguma coisa Robin, ainda está bem quente para meus gostos ingleses e o sol vai até bem tarde no verão, vi uma barraquinha ali atrás quando entramos, vou lá rapidinho, você quer algo para beber?

— Quero água, mas vou acompanhar você.

— Imagina, não quero atrapalhar sua conexão com sua banda.

— Não vai atrapalhar nada ruiva, vamos! – e antes que ela começasse a resmungar que não precisava, Robin saiu guiando-a entre a multidão rumo a barraquinha de bebidas.

Poucos minutos depois eles já estavam na fila, que não era tão grande quanto a ruiva tinha pensado, coisa pela qual ela agradeceu e Robin permaneceu ao seu lado, olhando para o palco.

Quando o vocalista parou alguns rápidos segundos para beber água, o loiro deu uma olhada ao redor e sua atenção parou em uma garotinha que estava montada nos ombros do homem que ele julgou ser seu pai, curtindo o show mais que muitos dos adultos ali.

Eles estavam há uns poucos metros a sua frente e estranhamente Robin se viu mais fascinado pela criança do que pela banda, passando a ignorar o palco por alguns minutos e admirando aquela cena, pensando que em um universo paralelo, poderia ter sido ele com uma filha nos ombros, aproveitando o show do grupo favorito deles.

Zelena chamou sua atenção perguntando se ele só queria a água mesmo, Locksley nem tinha percebido que eles já estavam diante do caixa e respondeu que sim. Quando voltou a procurar a menina, eles não estavam mais lá e foi quando deu por si que ela e o pai estavam logo atrás dele.

Robin não queria parecer um maníaco, entretanto não resistiu olhar a pequena (que ainda mantinha sua atenção na banda), mais de perto. Ele sorriu para o jovem senhor que lhe devolveu o sorriso, se afastando para o balcão ao lado do caixa enquanto o homem descia a garota dos ombros e a colocava no chão fazendo os pedidos.

— Você me parece gostar muito de Coldplay – ele também não resistiu não iniciar uma conversa – mais até que seu pai – apontou para o homem ao lado dela sorrindo.

— É minha banda preferida e da mamãe também! – respondeu orgulhosa. Ele percebeu que ela não tinha sotaque, possivelmente americana, quando ia perguntar, a menina se deu conta de algo – mas eu não posso conversar com você – sussurrou balançando a cabeça, colocando a mãozinha na boca e olhando de soslaio para o homem que conversava com a atendente – mamãe não deixa!

— Por que não? – indagou intrigado.

— Você é um estranho né – ela revirou os olhos de um jeitinho adorável e estranhamente familiar, sorrindo enquanto olhava para seu pai que finalmente deu por si que a garotinha estava falando com alguém.

— Lou Lou, você sabe que não deve falar com desconhecidos – o homem de cabelos pretos iguais aos da pequena repreendeu gentilmente, olhando para ele dizendo – me desculpe, mas a mãe dela me mataria se visse que eu a deixei falando com um estranho.

Robin sorriu:

— Tudo bem, ela tem razão.

— Vamos – a voz de Zelena com uma pequena sacolinha contendo as bebidas o levou a encara-la – fazendo novos amigos?

— Mais ou menos isso. Olhe aquilo – apontou para a menina ao lado deles que novamente balançava a cabeça, cantando a música junto com o vocalista, já totalmente envolvida, ainda que não conseguisse ver o palco do chão – não é adorável?

Zelena sorriu, realmente era bonitinho vê-la curtindo o show como uma devota apesar da pouca idade:

— Poderia ser sua filha – sorriram cúmplices e quando iam se afastar, ele olhou mais uma vez para a menina, se aproximando e dizendo:

— Nós estaremos por aí pequena, quem sabe a gente não se esbarra de novo – piscou, abanando a mão lhe lançando um tchau que a pequena retribuiu com um lindo sorriso de covinhas que lhe tirou o fôlego.

 

* * *

 

Quando Regina retornou com o casal Jones, Daniel estava voltando para o lugar onde eles estavam com uma garrafa de água e com a mão livre segurava a mãozinha de Louise, que correu para os braços da tia assim que a viu.

Emma e Kilian a parabenizaram, abraçando-a. A madrinha lhe entregou dois embrulhos e Regina revirou os olhos, ela já tinha dito que a loira não precisava dar um outro presente, quiçá dois. Se Louise terminasse estragada, a culpa seria totalmente dela!

Se aproximando do namorado, perguntou:

— Tudo bem por aqui?

— Sim, nós fomos comprar água, ela estava com sede e você tinha levado a bolsinha com a garrafinha.

— Desculpe – sorriu beijando a bochecha dele – obrigada por dar uma olhada nela.

— Não precisa agradecer, ela é um anjinho, porém um anjinho muito falante e talvez tenha iniciado uma conversa com um desconhecido.

— Louise é tão sociável, tenha certeza que ela não puxou isso de mim, foi do pai.

— Oh eu sei que não – eles sorriram, vendo que Louise tinha arrumado outro ombro para montar e conseguir ver seu show melhor. Daniel a abraçou por trás, enquanto ela continuava seu diálogo.

— Conversei com Emma e Kilian sobre minha decisão, ele não sabe nada sobre a vida de Robin atualmente, mas vai nos ajudar a encontrá-lo. Vai falar com outros amigos da área, um por sinal trabalha no escritório Locksley em Nova York e com certeza deve saber de algo sobre ele.

— Ótimo amor, fico feliz em saber.

— Nosso escritório pegou aquele grande caso, quando terminarmos a defesa dele terei férias, acredito que enquanto isso consigo colher informações sobre ele e depois, com tempo livre, ir procurá-lo para conversarmos sobre Louise.

— Me parece um bom plano Regina – ele a virou alguns segundos para encará-la com um sorriso orgulhoso – Fico tão feliz que você voltou a conversar regularmente com sua terapeuta, te deixou bem mais leve.

— Sim, Madelyn me ajudou a enxergar essa situação por outras perspectivas... Se as pessoas entendessem o quanto a terapia é importante para resolver nossos dilemas interiores, todo mundo faria – ela se virou novamente, notando que uma de suas músicas preferidas tinha começado – agora me deixe curtir meu show senhor Colter.

* * *

 

Daddy – Coldplay

 

Papai, você está aí?

Papai, você não vem brincar?

Papai, você não se importa?

Não há nada que você queira dizer?

 

Eu sei, você também está sofrendo

Mas eu preciso de você, eu preciso

Papai, se você estiver aí

Papai, tudo o que eu quero dizer

 

Você está tão longe, Oh, você está tão longe

Está tudo bem, está tudo bem

Eu estou bem

 

Papai, você está aí? Papai, por que você fugiu?

Papai, você está bem?

Olha pai, nós temos o mesmo cabelo

E papai, hoje é meu aniversário

E tudo o que eu quero dizer

 

Você está tão longe

Oh, você está tão longe

Está tudo bem, está tudo bem

Está tudo bem

 

Você está tão longe

Por que você não vem e fica?

Por favor, fique, Oh, por favor fique

Por que você não vem e fica?

Um dia... Apenas um dia

.

.

.

O show girou em torno de músicas novas e antigas, Regina precisava admitir que essa última ela não conhecia, sentiu o peito bater forte, era uma letra tão profunda, se perguntou se Louise tinha conseguido sentir aquilo que eles tinham apenas cantado. Ao olhar para a garotinha pedindo para descer dos ombros de Kilian ela teve certeza que sim.

Seu peito apertou quando viu os olhos da filha marejados, quando esta se aproximou pedindo colo. Ela já era bastante pesada, porém, Mills a pegou no colo e a garota escondeu o rostinho no pescoço da mãe. Emma a encarou, engolindo em seco, perguntando com o olhar se ela precisava de ajuda. Regina apenas negou com a cabeça e os três as deram privacidade.

A morena sentiu as lágrimas da menina molharem sua pele e foi como levar uma facada no coração. Seguiu acariciando os cabelos escuros da filha, ajeitando os fios que tinham escapado da trança francesa que ela tinha feita aquela manhã, dando espaço para ela se sentir confortável. Minutos depois Lou Lou fungava baixinho e então sussurrou:

 - Mamãe eu sinto essas coisas...

— Que coisas meu amor? – Mills sussurrou de volta, beijando a testa dela.

— Essas que a música tá dizendo... Sinto falta de ter meu pai comigo, hoje é meu aniversário e ele nem me deu os parabéns – Louise ergueu um pouco a face e Regina acariciou seu rosto, beijando sua bochecha.

— É muito ruim para você não ter um papai Lou Lou? – Mills tentou não chorar, todavia uma lágrima solitária escorreu pela sua face, ver sua filhinha tão vulnerável daquela forma era doloroso.

A pequena confirmou movimentando a cabecinha.

— Eu não sei bem o que é ter um papai mamãe, mas queria conhecer o meu sabe, queria saber porque ele nunca vem me ver.

— Docinho, seu pai não sabe sobre você, mamãe já te falou sobre isso – ela abaixou a cabeça, seus lábios inferiores se curvaram de tristeza. A advogada morena tomou seu queixo pequeno na mão e ergueu o rosto da filha – você ficaria feliz se mamãe te dissesse que o tio Kilian estudou com seu pai e vai ajudar a gente a encontrá-lo? Assim nós poderíamos falar com ele sobre você.

— Sério mamãe? – o rostinho da garota se acendeu de alegria e Regina se sentiu mais aliviada. Odiaria que um dia que tinha começado tão bem acabasse mal, principalmente porque era aniversário de Louise. E dele também, suspirou.

— Sim meu bem, pode levar algum tempo, mas encontraremos seu pai, ok?

— Obrigada – abraçou a mãe tão apertado quanto podia e ela retribuiu – você é a melhor mamãe do mundo tooodinho— Lou Lou se afastou abrindo os braços para tentar demonstrar o tamanho dos seus sentimentos e Regina sorriu contente, pois era totalmente recíproco – te amo.

— E você a melhor filha! Eu te amo muito mais minha princesinha.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, me perdoem se as cenas da terapia ficaram longe do real, eu pesquisei e me baseei em relatos e em algumas experiências minhas, então se alguém quiser me dar dicas eu aceito e até mudo o capítulo. Sei pouco a respeito, porém tentei deixar explícito o quanto isso ajuda quando estamos uma bagunça. Enfim, o que acharam desse encontro do Robin com a Lou Lou? Sei que nem deu pra chamar de encontro direito, o “oficial” virá logo. Alguém imagina como vai acontecer? Me deixem saber o que acharam aqui nos comentários, obrigada mais uma vez e até o próximo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Segredo Entre Nós" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.