Um Segredo Entre Nós escrita por Emma


Capítulo 8
Quando não pudemos mais fugir do destino


Notas iniciais do capítulo

Olá, voltei. Obrigada pelos novos favoritos, pelos comentários e pelos surtos no tt, me sinto feliz em ver que vcs estão curtindo a história. Temos muitas emoções aí pela frente. Acho que a capa e o título do capítulo falam por si só né?hauhaua A propósito, não ficou uma obra prima pq eu tô com sono, vou tentar fazer mais vezes e ir melhorando.

Esse capítulo hoje, eu dedico em especial a Rhayra e a Aninha, que fizeram aniver em maio. Sorry pelo presente super atrasado, porém, foi de coração! Amo vcs meninas, obrigada pelo carinho com a fic.

Agora, deixo vcs com a leitura



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“Eu sinto falta desses olhos azuis,
De como você me beijava de noite,
Eu sinto falta de como a gente dormia,
Como se não haveria um nascer do sol,
Igual ao gosto do seu sorriso,
Eu sinto falta de como a gente respirava,
Mas eu nunca te disse o que deveria ter dito...
I never told you – Colbie Caillat

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Assim que Will e Jhon saíram de sua sala, a porta se abriu para revelar um homem loiro, tinha um porte elegante e bem apessoado, ele poderia facilmente passar como alguém da realeza, mas suas roupas e semblante simples denunciavam o contrário, muito provavelmente tinha sua idade. Ele se apresentou e em seguida Robin estendeu a mão o cumprimentando e pedindo que se sentasse.
David Nolan, habitava no condado de Derbyshire, um dos lugares que Robin mais amava na Inglaterra. Era simplesmente de tirar o fôlego, as paisagens rurais, as cidades históricas, cheias de monumentos e lugares que davam cena a filmes clássicos, a simplicidade das pessoas, as comunidades que mais pareciam grandes famílias... O interior da Inglaterra representava tudo o que ele amava: calmaria, tranquilidade e comunhão. Tudo o que tinha ido buscar em Nottingham e felizmente tinha encontrado.
Era sobre isso que David falava agora, sobre seu trabalho como diretor da ONG Floresta Encantada, um sonho que começou com seu avô e ele concretizou. Seu bisavô, quando ainda muito jovem, tinha herdado a mansão da duquesa de Derby, à quem tinha trabalhado incansável e fielmente até que ela morrera, como gratidão pela amizade e serviços prestados quando ninguém da sua família o fez, lhe presenteou com a propriedade, que estava na sua família desde então.
O lugar era esplêndido e enorme como qualquer propriedade de um nobre inglês rico seria. Logo após a morte da duquesa, que deixara uma carta selada como brasão de sua família e a descrição de sua vontade, Phillip Nolan se casara e junto com sua mulher cuidaram da casa.
A propriedade prosperara sobre os cuidados deles, ajudaram muitos amigos que não tiveram a mesma sorte e a único filho da falecida duquesa respeitou sua vontade. Ninguém nunca tinha reivindicado o local, até agora. E isso preocupava muito David, pois o projeto que geria era algo de muito precioso para ele.
— Vim até aqui senhor Locksley, porque todos dizem o quanto você é bom no que faz, que não perde suas causas, além de ser um cara muito justo e humano. Eu preciso de ajuda, não posso perder a propriedade.
Ele riu um pouco tímido pelos elogios, não imaginava que as pessoas o tinham em tanta estima a ponto de sua fama chegar a Derbyshire.
— Eu faço o que posso pelos meus clientes, não opero milagres – deu de ombros sorrindo – é só que facilita quando a pessoa é inocente e eu não preciso arrumar diversas brechas na lei para safá-la da cadeia ou de pagar um processo.
— Imagino.
— Você ainda tem a carta que a duquesa deixou ao seu bisavô?
— Sim. Eu trouxe comigo.
— Posso vê-la?
— Claro – abrindo a pasta que ele tinha trazido, pegou o papel com cuidado e entregou a Robin, que ainda analisando-a, pediu:
— Me conte mais sobre seu trabalho senhor Nolan, por favor.
O advogado soube que deveria pegar o caso assim que o outro loiro de olhos azuis começou a falar. A forma tão devota, apaixonada e entusiasta com que ele contava como começara o projeto depois da faculdade de psicopedagogia junto com sua amiga e colega de trabalho Ruby, do desejo em ajudar as crianças desfavorecidas a terem um oportunidade, uma voz e se sentirem parte de algo, de como ele não tinha um centavo para nada, já que tinha gastado suas economias pagando a universidade, porém, todos seus amigos e alguns empreendedores locais investiram no sonho dele e então nascera a Floresta Encantada.
Contou também como depois de alguns anos, Ruby sugeriu ampliar os serviços da ONG e cuidar de animais abandonados e maltratados, uma vez que o lugar era imenso e espaço não faltava. Nolan não pensou muito e disse sim. E lá estavam eles, com uma mansão inglesa clássica, recheada de traços de crianças por dentro e de animais por fora.
Ainda sim, ele reforçava o quanto se sentia feliz e realizado, investir em outras vidas era sua vocação e pela forma que falava, Robin não duvidava. Enquanto David contava que eles começaram a ajudar algumas pessoas em condições de rua a saírem dessa situação, Locksley sentiu aquela faísca acender dentro dele, sabendo que teria que dar um pulo em Derbyshire qualquer momento e conhecer o lugar. Até mesmo se voluntariar para ir nos fins de semana. O melhor é que eram só 40 minutos de carro, poderia ir e voltar no mesmo dia.
— Aceito o caso David. Posso te chamar assim?
— Por favor, me sinto um velho quando você me chama tão formalmente.
— Então me chame de Robin, pois me sinto da mesma maneira – ambos sorriram.
— Obrigado Robin, preciso manter esse lugar, você acha que temos chances?
— Eu entendi o porque, entendi tanto que quero me voluntariar alguns fins de semana para ajudar. Sei um pouco de música, arte e já ganhei alguns torneios de arco e flecha, acho que ninguém pratica mais, porém, talvez as crianças possam gostar disso ainda.
— Que ótimo Robin! Estamos com um projeto de música muito bom para esse ano, as crianças precisavam mesmo de um instrutor, eles querem participar do Britain’s Got Talents, querem o prêmio para investir na ONG e no futuro acadêmico deles.
David explicava, empolgado com a novidade e Robin começou a sorrir. Se tudo o que fazia era fugir do holofotes, não podia MESMO se apresentar para um programa nacional que tinha um alcance quase mundial. E que, se classificados para a final, se apresentariam para a rainha. Era capaz dela descer de seu camarote no teatro e desclassificar as pobres crianças só por culpa sua. Ficaria feliz de ajudar com o que ele sabia, todavia, não apareceria.
— Posso oferecer todo meu conhecimento, mas não poderei acompanhá-los no programa. Acredite, se chegarmos à final tudo o que você menos quer é que a rainha os vejo junto de mim – David franziu as sobrancelhas confuso e com um interrogação estampada em sua face – essa é uma longa história, que ficará para um outro dia.
— Tudo bem, saiba que será bem vindo para se juntar a nós, ficaremos mais que satisfeitos com o que puder nos oferecer.
— Não agradeça até me ver cantando, você pode se decepcionar – David soltou um gargalhada e Robin o acompanhou – Estou falando sério.
— Tenho a ligeira impressão de que você não vai me decepcionar cara.
— Eu espero muito ser útil – Robin olhou para o relógio, a conversa estava boa, entretanto, tinha outro cliente em alguns minutos e teria que finalizar com Nolan – Posso fazer uma foto da sua carta? Preciso verificar algumas coisas sobre autenticidade em cartórios e conferir assinaturas.
— Pode sim. Como preferir – o advogado pegou seu celular e fotografou sem flash o papel antigo.
— Foi um prazer Nolan, vou pedir uma audiência de conciliação primeiro, mas pelo meu conhecimento nessa área e pelo tempo que vocês estão em posse da propriedade, será difícil que senhorita Blanchard tenha direitos de reavê-la.
— Não queria transformar isso em uma briga judicial sabe Robin, vamos apresentar o projeto à ela nessa audiência e mostrar o que acontece ali. Espero que vendo tudo isso, ela entenda porque quero manter a propriedade comigo.
— Queria que todas as pessoas tivessem um bom coração como você companheiro – afirmou, sabendo com funcionava o mundo, a justiça e as pessoas com dinheiro – porém, esperemos pelo melhor. Se não, estaremos preparados para ir ao tribunal.
— Obrigado, agora vou deixá-lo, já roubei muito do seu tempo.
— Manterei contato. Até logo – eles apertaram as mãos e David saiu da sala. Locksley deu uma olhada na foto que tinha acabado de fazer, esse seria um caso muito interessante.
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E ele não fazia ideia do quanto mudaria sua vida. Para sempre.

 

* * *

 

Já faziam muitos anos desde que Robin tinha colocado os pés em Paris, ele nem imaginava que um dia voltaria naquela cidade, não era sua favorita no mundo, mas era a dela. Era impressionante o quanto sua mente conseguia desenhar cada lugar por onde ele passava sentado no banco do táxi, através da perspectiva dela, de quando Regina recostava a cabeça em seu colo, contando sobre suas experiências tão apaixonadamente, enquanto citava qualquer frase em francês e deixando-o ainda mais fascinado por ela.
Suspirou, perdido em pensamentos, estar ali tinha lhe deixado muito mais nostálgico. Desde que chegara há dois dias, sua mente visitava constantemente lembranças deles, juntos, apaixonados, despreocupados, jovens, amantes e totalmente alheios ao que o futuro lhes reservava.
Aquela era sua realidade há um tempo, ele já deveria ter se acostumado, porém, não conseguira. Jamais entenderia como Regina tinha feito isso, como o tinha deixado totalmente a mercê do seu amor, dos seus beijos, dos toques, dos momentos de intimidade, dos sorrisos, do cheiro inconfundível de maçã dos cabelos escuros... Sentiu os pelos se arrepiarem, quando sua memória olfativa o despertou, se tornara um viciado sem nem mesmo notar e quando se viu sem, foi difícil. Era até hoje.

Regina, Regina... se não vai voltar pra mim saia dos meus pensamentos e do meu coração de uma vez por todas! – exalou pesadamente e inconformado – Não suporto mais viver sem você e tê-la me perseguindo constantemente dentro de mim é um jogo sujo. Me deixe ao menos seguir em frente! Sua... – ele sorriu de si próprio em meio ao pensamento – minha na verdade, minha garota bonita e cruel, que enfeitiçou meu corpo e alma... – olhou para o anel em seu dedo, todo seu peito aquecendo e ardendo de amor por ela, tão intenso quanto 6 anos atrás – Deus Regina! Eu amo demais! Me deixa te encontrar ou venha ao meu encontro por favor!”.


Noite passada tinha ligado para Zelena e sua amiga o fez rir até sua barriga doer, precisava agradecer Ester por ter lhes apresentado, pois descobriu nela a irmã que nunca teve. A ruiva tinha melhorado seu dia e o feito acordar novo em folha para enfrentar seu adversário. David estava ao seu lado, apreensivo. Tinha medo de decepcionar sua equipe, seus alunos e perder o lugar que era o refúgio de muita gente, inclusive de muitos animais.
Acordou aquela manhã se sentindo muito disposto e confiante. Com as esperanças renovadas, ligou seu celular no amplificador de som do hotel e quando entrou no chuveiro tocava Adventure of a lifetime. Cantarolou essa e todas as que se seguiram até terminar seu banho.
Quando estava parado diante do espelho, terminando o nó na gravata e alinhando sua camisa, observou um pouco sua figura, sorriu de si próprio ao perceber o quão formal soava, nem ele próprio gostava daquilo tudo, mas o momento pedia e além do que, ele era um advogado, devia mais do qualquer um estar a rigor.
Fechando o último botão da manga da camisa social, In my place soou ao fundo. Sorrindo, deixou escorregar de sua boca um trecho da canção:


Quanto tempo você tem que esperar por isso? Quanto tempo você tem que pagar por isso? Eu estava assustado, estava assustado, cansado e despreparado, mas eu esperei por você. Se você se for, se você se for e me deixar aqui sozinho, então esperarei por você... Sim, quanto tempo ela tem que esperar por isso? Quanto tempo ela tem que pagar por isso? Quanto tempo? Volte e cante para mim...”


— Volte e cante para mim outra vez Regina... eu esperarei por você. Sempre!
Diferente do que pensou, aquela canção em particular, o fez sorrir, sentia saudades, sentia falta, sentia amor, nostalgia de tudo, entretanto, seu humor estava muito bom aquela manhã e diante da sua ausência, ele fez o que pode, sorriu e acreditou que quem sabe, se cruzariam qualquer dia no futuro.
Eles ainda não iriam ao tribunal, Locksley tinha conseguido um encontro de conciliação primeiro e se não conseguissem resolver os termos, o caso seria levado a julgamento. Esperava que a apresentação do projeto que seu cliente tinha montado fosse suficiente a convencer a senhorita Blanchard a deixá-lo com o local, se não, estava preparado para encarar o desafio e vencê-lo.
O veículo parou em frente a um prédio antigo e clássico, repleto de adornos renascentistas, mas ao entrar, pode perceber o design mudar totalmente. Era contemporâneo, com painéis de madeira de lei, combinados com acabamentos em metais e vidro. Com um olhar conhecedor de alguém que cresceu em meio a nobreza e obras de arte caras, detectou qualquer quadro valioso em locais estratégicos, claramente um projeto arquitetônico bem pensado, exalava elegância e poder, o que de certa forma recordou-o do escritório matriz da Locksley A&A. O loiro só esperava profundamente que não tivesse que lidar com o tipo de pessoa que trabalharia na empresa de seus pais.
Ao descerem, uma jovem muito bem trajada, os recebeu, entregou alguns crachás e disse que os encaminharia até a sala de reuniões. David parou na frente do elevador por alguns segundos, Robin apertou seu ombro, encorajando-o com um sorriso e ambos seguiram rumo ao seu destino.

 

* * *

 

Aquela manhã tinha sido tão corrida como qualquer outra. Regina tinha acordado Louise, dado banho e enquanto sua filha tomava seu café da manhã, mordiscou uma torrada com geleia de morango e correu para seu quarto, precisava estar impecável para o encontro com os ingleses.
Depois de muito trabalho seu e de Victoria, finalmente tinha chegado o dia da audiência de conciliação, onde ela esperava que tudo fosse resolvido, afinal, levar um caso a julgamento era cansativo e ela tinha muitas coisas para resolver depois que tudo se finalizasse, além de dedicar um tempo a sua pequena.
Lou Lou estava crescendo tão rápido e ela sentia que não conseguia acompanhá-la o suficiente. Quando menos se esperava, os sapatos comprados poucos meses antes já estavam ficando apertados ou ela já não pedia mais sua ajuda para escovar os dentes. Mas foi no dia que ela chegou da escola toda orgulhosa exibindo uma tarefinha com seu nome completo, que Regina, depois de pegá-la no colo rodopiando-a feliz, pediu um instante e correu para o banheiro para chorar. Simplesmente não podia conceber a ideia de que ela estava crescendo e não era mais seu bebezinho.
Mills se sentia uma tola as vezes, todavia, sua menina era seu mundo e seu ponto fraco também. Nos piores dias, naqueles em que ela se sentia tão cansada de toda rotina que passou a ter desde que ela nascera, bastava um sorriso, um abraço ou um “eu te amo” seguido de “você é a melhor e a mais bonita mamãe do mundo todo” que tudo passava.
Cinco anos tinham voado, tanto tinha mudado em sua vida, porém, enquanto ela arrumava os cabelos na frente do espelho do banheiro, o diamante da joia em seu dedo brilhou, alertando-a de que nem tudo era tão diferente assim.
Um dia passaria? Um dia ela simplesmente acordaria e perceberia que não o amava mais? Talvez até tiraria o anel de noivado e aceitaria um novo de Daniel? A mera ideia lhe parecia errada, mas ela não queria ser aquela mulher que sofre toda vida por um amor passado e não aproveita o que está diante dos seus olhos. Ela só deveria dar aquele passo com Daniel e finalmente tirá-lo do seu sistema. Seu namorado não merecia aquilo. Eles não mereciam.
Isso a fez lembrar da conversa que eles tinham tido alguns dias atrás, sobre conhecer a mãe dele, fazendo-a suspirar outra vez e se questionar se estava realmente pronta para dar aquele passo. Algo dentro dela a deixava reticente, sempre dizendo que avançar com ele era errado, deixando sempre aquele questionamento insistente em sua mente e a sensação estranha no fundo da barriga sobre o porquê.
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— Cheri, sei que já têm planos para o próximo mês quando você estiver de férias, mas será que posso te roubar um fim de semana? – perguntou enquanto a abraçava por trás de uma forma muito casta, uma vez que estavam no trabalho.
Era horário de almoço e ele tinha pego comida italiana para ambos, Regina tinha ficado no escritório para adiantar o que podia e assim não comprometer seu tempo com Lou Lou à noite. Bom como era, Daniel correu pelo centro e pegou algo para eles comerem juntos, fazendo questão de estar com ela, ainda que fosse negligenciando seu horário de almoço preso numa sala.
— Depende... Aonde você quer me levar? – ela virou-se para encará-lo com expectativa em seus olhos – A propósito, obrigada por essa comida, você é bom demais para mim – bicou seus lábios.
— Eu faço o que posso – deu uma piscadela – eu queria te levar para conhecer minha mãe. Não é muito longe de Paris e nós podemos levar Louise também.
Ela congelou. Estava tudo ótimo como estava. Eles se conheciam melhor a cada dia e tinha certeza que se continuasse assim, muito em breve poderia respondê-lo na mesma proporção. Por que ele queria estragar aquilo?
— Regina? – ela o encarou temerosa, com a testa franzida.
— Dani, desculpa mas não acho uma boa ideia...
— Porque você acha isso?
— Acredite em mim, a última vez que conheci a mãe de um namorado tudo andou muito ruim – suspirou lembrando-se da megera que Robin tinha como mãe e da forma como ela a tinha tratado quando em um fim de semana, quando eles tinham feito uma viagem a casa de praia em Hamptons, ela chegou de surpresa no domingo e quando viu Regina, analisou-a dos pés a cabeça, a desdenhando em cada pequeno gesto.
O sábado tinha sido perfeito para eles, mas o domingo foi terrível, tinha feito perguntas disfarçadas de insultos, constrangendo-a tanto quanto pode. Até Robin não aguentar mais e ter uma seria conversa com sua mãe que terminou em uma discussão. Ela tinha chorado, ele a abraçou e prometeu que nunca mais a deixaria passar por aquilo, arrumando as coisas deles, entrando no carro e partindo em seguida.
— Meu bem, tenho certeza que minha mãe não é nada parecida com sua ex sogra. Muito pelo contrário, ela te acha linda e está muito ansiosa para te conhecer.
Regina se sentiu um pouco melhor com a informação.
— Você disse pra ela que tenho uma filha?
— Sim e foi ela quem sugeriu que levássemos Lou Lou – acrescentou com um sorriso simpático. Mills se sentiu um pouco mais tranquila a respeito da ideia de conhecer a mulher.
— Posso pensar a respeito?
— Claro. Só... não tenha medo ok. Não somos nada como aquela gente e só queremos que saiba que você é bem vinda em nossa família.
— Obrigada – respondeu emocionada, selando seus lábios novamente.
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Abaixando as mãos, passou pela cintura alisando o vestido preto social, que se moldava perfeitamente em seu corpo de uma maneira formal e ligeiramente atraente. Depois que conferiu a maquiagem, desceu as escadas e checou se todos os materiais do dia estavam na mochila. Ambas terminaram suas refeições, escovaram os dentes, Regina vestiu seu blazer branco, o sobretudo preto e uma echarpe com uma estampa xadrez elegante, pegou as bolsas dela e da filha, trancou a porta e as duas saíram envolvidas em uma conversa animada.
Parando em um semáforo seu telefone tocou e vendo que era Daniel, aceitou e conectou ao bluetooth do carro.
— Oi linda, bom dia! – cumprimentou animado – liguei pra desejar boa sorte já que estou de folga hoje e não poderei fazer pessoalmente. Entretanto, estava pensando, que tal um almoço juntos?
Regina estava abrindo a boca para responder, mas sua pequena se adiantou:
— Eu quero muuuuito almoçar com você e com a mamãe tio Daniel.
Mills ouviu a risada dele ressoar pelo carro.
— Ok princesa, seu desejo é uma ordem. Um almoço triplo será ainda mais maravilhoso.
— Você não pode fazer todas as vontades dela Dani, já te disse isso.
— Vamos lá Regina, você pode ligar autorizando e eu a pego na escola, então nós buscamos você no escritório, será perfeito. O que você pensa?
Regina olhou para a filha pelo retrovisor, o sinal tinha aberto e ela já estava próximo da escola, Lou Lou a encarava com uma expressão muito fofa, batendo os cílios cheios e derretendo seu coração. E o pior, a pestinha sabia que quando fazia aquele olhar geralmente conseguia o que almejava.
Regina balançou a cabeça e soltou um suspiro derrotado seguido de um sorriso:
— Ok, vocês venceram. Nós três vamos almoçar juntos após minha audiência hoje. Vou ligar para escola e avisar que você vai pegá-la. A propósito, leve a identidade.
— Pode deixar amor. Tchau – ela se despediu enquanto sua garotinha jogava as mãos para cima comemorando.
— Yeah mamãe – a menina saltou da melhor forma que pode sentada em seu assento de carro – você é a melhor!
— É melhor você se comportar na escola mocinha, ou nada de almoço – ela parou o carro na porta da escola e a garotinha a olhava divertidamente ofendida.
— Mas eu sou um anjinho! Tia Emma e meus avós sempre me dizem isso.
— Eles só dizem isso porque não são eles quem tem que falar com a diretora da sua escola quando você apronta.
— Mamãe eu sou bem boazinha sim – Regina sorriu, desafivelando seu cinto e ajudando Louise com o seu.
— Você tem razão meu amor, mamãe só estava brincando. Mas o aviso serve ok, se comporte bem. Tchau e tenha um bom dia minha vida.
A advogada beijou a bochecha de Louise e ela desceu do carro com sua mochila de girafa azul nas costas e uma lancheirinha na mão, Regina mantinha os olhos fixos na entrada, até que ela passasse do portão. Lou Lou se virou com um sorriso feliz, evidenciando as covinhas e balançou a mão mãozinha lhe dando tchau. Ela a amava tanto, seu próprio sorriso se alargou enquanto devolvia o aceno e soprava um beijo. Faria tudo por sua filha. Até mesmo encontrar Robin uma outra vez quando já tinha jurado que não o faria.
Quinze minutos depois Regina fechava o carro, já parado em uma das vagas do estacionamento do escritório, olhou a hora em seu celular e faltavam 15 minutos para ela ter que entrar, então decidiu que rapidamente pegaria um outro café na cafeteria ao lado do trabalho. Ela saiu caminhando, distraída com seu celular, quando esbarrou em alguém. Era uma garota loira, com um penteado que a lembrava a fadinha Tinker Bell dos livros de Louise. A morena nunca a tinha visto por ali antes.
— Me desculpe, eu estava distraída com meu telefone e não prestei atenção.
— Tudo bem – a jovem baixinha sorriu e continuou a encarando com um sorriso conhecedor, parada na sua frente, impedindo sua passagem, aparentemente de propósito. Regina começou a se sentir um pouco desconfortável com todo aquela situação.
— Se me der licença, preciso ir – pediu gentilmente.
— Óh claro – ela pareceu voltar a si por um momento – me desculpe, me chamo Rose.
— Prazer Rose, sou Regina – respondeu educadamente com um sorriso, tentando desviar dela.
— Você acredita em destino Regina? – ela parou outra vez, fitando-a confusa enquanto a jovem permanecia com seu sorriso delicado nos lábios.
— O que? – o quão aleatório estava sendo aquele momento? Aquela garota com certeza não era normal— Por que você está me perguntando isso?
— Eu sinto algumas coisas, as pessoas sempre acham que sou doida, mas quando nos esbarramos agora, eu apenas senti isso sobre você, que acreditando ou não, você não pode mais fugir do destino e se deparará com o seu hoje.
Mills a encarava sem saber o que dizer e principalmente sem entender o que ela estava falando. Destino? Que destino? Quando ela ia perguntar mais alguma coisa, Rose sorriu outra vez, acenou e se perdeu no meio das pessoas que passavam pela calçada, deixando Regina um tanto confusa e sem saber se aquilo tinha sido real ou fruto da sua imaginação.
Balançou a cabeça, ignorando a sensação estranha que nasceu no fundo de sua barriga, olhou novamente a hora e vendo que lhe restava algum tempo, correu até a cafeteria atrás da bebida quente como havia planejado minutos antes.
Entrando no prédio, foi direto para a sala de reuniões, que estava milimetricamente organizada e limpa. Seu chefe era o único ali, ela o cumprimentou e não muitos minutos depois Victoria entrou desejando bom dia aos dois. Os três passaram a analisar os pontos em destaque que tinham marcado e debater os possíveis contra argumentos para aquelas hipóteses. Eles tinham meia hora antes que os outros chegassem.
Agum tempo depois, a primeira a passar pela sala foi a senhorita Blanchard. Era uma mulher muito bonita, com seu corte de cabelo moderno e roupas de grife ela parecia mais uma jovem rica da alta sociedade, todavia, quando voltou sua atenção para ela e Victoria, percebeu pelo sorriso em seu rosto o quão gentil era. Gold rapidamente foi até ela, levando-a ao seu assento, Mary Margareth as cumprimentou e Regina devolveu o sorriso.
Os advogados e a cliente passaram a fazer observações sobre o caso e foi quando Mary explicava o motivo de querer construir um hotel naquela propriedade que a secretária abriu a porta alertando-os sobre a chegada dos ingleses.
Regina estava de costas para a entrada, se levantou e quando se preparava para virar-se, ouviu aquela voz, justamente aquela que tinha muito medo de ouvir outra vez, cumprimentando-os com aquele tom sutilmente vivaz tão particular dele. Engolindo em seco ela simplesmente paralisou em sua cadeira, todos os pelos do seu corpo se arrepiaram ao ouvi-lo de novo, ao passo em que Robin caminhava pela sala aparentemente alheio a sua presença.
Mantendo o tom contido e alegre ele se apresentava, enquanto contornava a mesa, seguido de seu cliente, quanto mais perto sua voz ficava mais seu coração batia forte contra seu peito e sua adrenalina crescia. Quando ele estava falando seu sobrenome a notou e ela pode perceber porque ele ficou mudo de repente, mas só por alguns segundos, então pode ouvi-lo novamente, só que dessa vez, seu tom era totalmente alarmado:
— Regina? – ela não queria, não tinha coragem, todavia, foi obrigada a girar-se e foi inundada por tudo o que sentiu ao vê-lo – Bloody hell é você mesmo... – ele assobiou baixinho, porém, ela conseguiu ouvi-lo. Até tentou abrir a boca para falar algo, mas foi atingida pela intensidade da presença dele.


Deus! Por que? Por que ele continuava tão lindo?

Como um bom vinho, os anos só lhe tinham feito bem, Robin já não se parecia tanto com aquele jovem que ela conhecera na faculdade, a barba bem cuidada, o corpo mais forte e o terno lhe tinham conferido uma postura ainda mais adulta, contudo, foram os azuis tão brilhantes de seus olhos, cheios de devoção e expectativa, que acenderam nela aquela sensação de voltar para casa depois de uma longa jornada distante. Engolindo a seco, não pode deixar de notar que depois do choque em sua expressão, o sorriso que nascera em seus lábios finos denunciavam sua felicidade em revê-la.
A sala ao redor deles assistia a interação bastante intrigada, em especial seu chefe, Regina voltou a si por alguns segundos e foi exatamente quando Edgar chamou a atenção dos dois:
— Sr. Locksley, Regina – Gold a encarava não muito feliz – Desculpem interrompê-los, mas será que podemos começar a audiência?

 

* * *


Robin sabia que podia esperar muitas coisas diferentes ao cruzar aquela porta, mas jamais, jamais mesmo, passou por sua cabeça que veria Regina ali. Quando percebeu que era ela em pé ao lado de uma loira que ele não sabia quem era, seu sorriso morrera e sua expressão adquiriu um semblante chocado. Tinha certeza que suas sobrancelhas estavam tocando a linha do couro cabeludo.
Primeiro ele chamou o nome dela, duvidoso, mas quando ela se virou fitando-o, pode confirmar com um xingamento sussurrado e sorriso incrédulo, não tinha dúvidas de que era Regina assim que a viu. Reconheceria aqueles olhos castanhos e aquele rosto bonito em qualquer tempo e lugar.
Um misto de felicidade e incertezas o invadiu. Robin demorou alguns segundos a encarando, depois de tantos anos, ela tinha mudado, claro, os cabelos longos agora estavam muito mais curtos, passavam dos ombros apenas alguns poucos centímetros, os olhos continuavam tão lindos quanto sempre e ao mesmo tempo em que era ela, tudo estava diferente. A última vez em que a viu era só uma garota, a sua doce garota, agora ele conseguia ver a linda mulher que ela tinha desabrochado.
O rosto continuava tão belo e jovial quanto sempre fora, todavia, vestida com aquele blazer branco e vestido preto elegante por baixo, acentuando todas as belas curvas que ela ganhara com tempo, fora obrigado a suspirar. O salto conferiu uma altura que ele sabia que ela não possuía, juntamente com um ar profissional e sério. Tinha acabado de ser fisgado por ela novamente. Sua morena estava tão deslumbrante, de todas as formas possíveis, e agora se parecia muito com a advogada incrível que ela sempre desejou ser e que ele acreditava que se tornaria.
Estava mudo, calado, estarrecido pela beleza majestosa dela. Seria muito errado correr até ela, tomá-la em seus braços e beijar os tão convidativos lábios pintados de vermelho? Estava tentado a mandar toda formalidade e as outras pessoas para o inferno, apenas se aproximar e tocá-la. Santo Deus, como ele queria!
Se perguntava como poderia falar qualquer coisa quando tudo o que ele queria era ficar ali, observando-a. Se esforçava até para não piscar e perder qualquer novo detalhe que estava absorvendo, era cômico porque enquanto ele não conseguia desviar os olhos nem mesmo um milésimo de segundo, Regina não parecia assim tão contente em vê-lo. Ou ainda estava muito em choque. Não saberia dizer, a única certeza que tinha era que depois de cinco longos anos, ela finalmente estava ali ao seu alcance e se sentiu imensamente abençoado por isso.
Porém, antes mesmo que ele pudesse perguntar todas as coisas que sempre teve vontade desde que ela desaparecera, um homem, que sabia ser o dono do escritório com quem mantera contato todo esse tempo, chamou a atenção deles interrompendo a pequena interação.
Virou-se em sua direção, muito a contragosto em ter que desviar seus olhos dela, se desculpando em seguida. Regina o encarou uma última vez e também se desculpou com seu chefe. Eles finalizaram as apresentações e tomaram seus lugares. David o olhava com uma pergunta desenhada em seu rosto e Robin sussurrou que lhe explicaria mais tarde.
Locksley deveria iniciar a falar algo, mas a verdade era que havia esquecido até o motivo de estar ali, estava difícil disfarçar, a forma como ele a encarava o entregara e todos ali já haviam percebido que existia uma questão pendente entre ele e Regina, entretanto, ninguém ousou comentar nada.
Suspirou, passando o olhar por todos na sala, Regina tinha desviado quando chegou sua vez. Edgar então tomou a frente da reunião e iniciou a falar sobre o caso. Voltando a si, abriu a pasta sobre a mesa e pegou seu Ipad com suas anotações.
Depois de alguns pontos explícitos pelas duas partes, Robin pediu que David apresentasse o projeto da ONG a senhorita Blanchard, que atentamente o ouvia, tomando nota e olhando as fotos que ele tinha colocado na apresentação.
Mary parecia bastante interessada em tudo o que simples homem falava tão apaixonadamente, e isso o fez se sentir esperançoso sobre o fim daquela reunião. A interação entre eles crescia muito favoravelmente e Robin tinha até mesmo notado o quanto a conexão que se formava entre os dois parecia ir além dos assuntos ali tratados.
Foi nesse momento em que desviou sua atenção para Regina, seu semblante continuava sério e muito concentrado, e foi nesse instante também que a viu roubar uma olhada de canto para ele, porém, ao encontrar seus próprios olhos fixos nela, velozmente focou o ponto de antes, então ele soube, ela estava tão afetada quanto ele.
Sua mente começou a rodar e pensar nas mil coisas que queria falar com ela quando a audiência terminasse, passou a contar cada minuto, ansioso para por um fim aquilo e finalmente abrir seu coração para a bela morena diante dele, explicar tudo o que realmente tinha acontecido e quem sabe, se tivesse sorte, até mesmo lhe pagar um bebida aquela noite.
Se deliciou apenas com o pensamento de uma noite fora com Regina novamente, de poder ouvir sua risada tão envolvente, capaz de encher de alegria um cômodo inteiro, de tê-la tão perto a ponto de ser inundado pelo seu cheiro, aquele toque acetinado de flores com uma gota de rusticidade. Tão característico seu e que o enlouquecia cada vez que deslizava o nariz pelo pescoço delgado. Fechou os olhos por um segundo, tentando recuperar as migalhas que restaram em sua memória olfativa. Como ele tinha sentido falta, como!
Se amaldiçoou por ser tão estúpido, como não tinha vindo até Paris procurá-la? Era óbvio que se ela se mudaria pra algum lugar seria ali. Já lhe tinha confidenciado tantas vezes seu desejo de morar na cidade das luzes, uma vez até tinha sugerido que futuramente, quando ambos terminassem a faculdade, deveriam passar um temporada e se se adaptassem, quem sabe construir sua vida juntos na capital francesa.
Como teria sido? A que ponto eles estariam agora se tudo o que haviam planejado tivesse dado certo? Casados? Com filhos? Ele acreditava que sim, tinha certeza. Sorriu com a mera ideia. Na verdade, queria sorrir para o mundo todo ver. Porque finalmente poderiam viver todos os sonhos que tinham feito. A vida tinha lhe dado uma segunda chance colocando-a no seu caminho outra vez. E se tinham se reencontrado depois de tanto tempo e tudo, era uma prova que realmente eram destinados.

 

* * *

 

Regina passou a reunião inteira lutando contra uma crise de ansiedade que se apossou dela, seu estômago revirava, sua mente trabalhava infinitas possibilidades, seu coração estava acelerado e seu corpo tentou extravasar levando-a apertar as unhas contra a palma da mão fortemente. Uma forma também de tentar se convencer de que estava sonhando, engolindo a seco toda vez que percebia que não.
Não podia ser verdade! Não, não, não! Ele dentre todas as pessoas? O que era aquilo? Um daqueles realities com casos de famílias excêntricas? Ok, queria achá-lo para conversarem sobre coisas importantes, todavia, não estava preparada para tê-lo praticamente materializado do nada diante dos seus olhos.


Shit!


Tentou a todo custo manter a mente neutra, se concentrar no que estava sendo tratado naquela sala, mas a quem ela queria enganar? Era Robin, seu primeiro amor e pai da sua filha quem estava ali e de repente, a advogada viu toda a estrutura que mantinha sua vida em pé começar a se abalar e teve muito medo que ruísse. Regina teve tanto medo que a única coisa que queria e não podia fazer naquele exato momento era fugir.
Procurou esconder com fervor o quanto estava mexida, o quanto a mera presença dele a desestabilizava, focando sua atenção no que ele falava e não no quanto ele parecia ainda mais bonito desde a última vez que o vira. Era impossível não notar, estava brigando consigo mesma por isso, todavia, depois de tanto tempo, era involuntário não observá-lo uma vez que estava diante dos seus olhos.
David terminou sua apresentação com expectativa brilhando através de seus olhos azuis, Regina depois de ouvir todo seu discurso e observar o quanto sua cliente tinha se envolvido, acreditou que a senhorita Blanchard cederia e pelo menos para alguém, aquela reunião teria um final feliz.
Contudo, quando seu chefe deu a fala a jovem mulher, ela muito gentilmente elogiou o trabalho de David, mas não teria como abrir mão do seu pedido de reintegração de posse porque aquela era uma decisão que o conselho tinha tomado e não podia voltar atrás sem antes consultá-los. Aquele hotel, exatamente naquele lugar, foi o último desejo de seu pai, ele próprio o teria feito se não tivesse ficado doente.
A empresária parecia bastante dividida entre honrar seu pai e seu senso de justiça. David antes tão esperançoso passou a ficar apreensivo, Mary também não parecia muito feliz em seguir com o processo.
— Sr. Nolan, eu estou entre a cruz e a espada aqui. Eu... – ela o encarou um pouco angustiada – preciso de um pouco de tempo para pensar se devo realmente juntar o conselho e modificar nossos planos.
— Ok senhorita Blanchard, eu entendo – respondeu o loiro bastante cabisbaixo.
— Se você decidir seguir com o pedido de reintegração de posse srta. Blanchard, nós estamos preparados para ir a tribunal, não vamos recuar – Robin expressou firme, mas com sua habitual calmaria.
Mary Margareth apenas balançou a cabeça e Gold tomou a palavra apresentando alguns argumentos finais e encerrando a reunião. Regina olhou para o relógio, o tempo tinha voado e já era quase seu horário de almoço.
Todos começaram a arrumar suas coisas nas respectivas pastas e bolsas, Blanchard fora a primeira a se despedir e se afastar do grupo, sendo seguida por David que pediu por uma conversa rápida se ela tivesse tempo. Em seguida, Edgar se aproximou e solicitou ela e Victoria em sua sala quando retornassem, ambas acenaram e a loira saiu.
Mills se levantou, começando a enfiar os papéis que ainda tinham restado na mesa dentro da pasta com o máximo de velocidade que podia, sem deixar evidente que queria se ver longe dele o quanto antes. Não sabia porque estava agindo assim, entretanto, seu instinto de proteção falou mais alto, o medo que ela estava sentindo tomou proporções maiores e tudo o que ela queria era escapar para bem longe.
Ela evitou olhar, sabia que ele não estava mais sentado, sabia que ele já tinha dado a volta na mesa e estava parado fitando-a, esperando que ela o olhasse para dizer seja lá o que fosse. E estava nervosa, pois não queria falar com ele, não queria ter essa bendita conversa, ela só queria ir embora, só queria fingir que não o vira e seguir com sua vida.


Impossível! Ela sabia disso. Mas era o que queria!


Quando colocou o último objeto em sua bolsa, ainda sem direcionar o olhar para ele, ouviu-o perguntar:
— Porque você está com tanta pressa assim? Achei que depois de tanto tempo nós merecíamos conversar um pouco – a voz dele, agora tão próxima, pareceu incendiar sua alma e seu corpo inteiro a traiu.
Respirando fundo, se afastou da mesa, indo até um arquivo e colocando a pasta com o processo dentro, virando-se e finalmente o encarando, os azuis dos olhos dele estampavam um misto de alegria e incompreensão, lembrava-lhe a expressão de Louise quando não entendia o porque dela estar repreendendo-a por algo.


Louise...


Esse era o motivo pelo qual ela deveria sentar e ter uma longa e sincera conversa com ele, porém, também era a razão pela qual simplesmente queria virar as costas e ir embora o quanto antes. Tinha se preparado para isso nos últimos meses, todavia, estar vivenciando a situação era muito diferente.
— Eu não sei o que teríamos para falar Robin – depois de fita-lo por mais alguns segundos, desviou o olhar e começou a andar em direção à porta – se me der licença – disse passando por ele e se locomovendo pelo local com a maestria de alguém que o conhecia bem.
Robin deu algumas longas passadas para alcançá-la e quando o fez eles já estavam praticamente diante do elevador, ela entrou e quando ele acelerou os passos para fazer o mesmo, encontrou com o David que o interrompeu.
Já estava na recepção quando o ouviu chamá-la. Robin correu até ela, tentando acalmar um pouco a respiração e quando o fez indagou:
— Como assim não teríamos o que falar?! – ele parecia frustrado – Eu posso enumerar uma lista de pelo menos cem tópicos sobre coisas que temos para conversar desde que você sumiu – ela o encarou e viu claramente traços de aflição nas sua expressões – poderia facilmente começar sobre o quanto eu queria ter conseguido conversar com você sobre minha relação com Marian.
— Já faz muito tempo Robin, você deveria ter me explicado quando teve a chance, agora, o tipo de relação que você tem com ela não me importa mais.
— Como eu poderia ter explicado alguma coisa Regina, se você simplesmente desapareceu?!
— O que eu deveria ter feito? Implorado pelo seu amor quando você claramente escolheu ela e todo o conforto do seu dinheiro? – Robin riu, mas não com sarcasmo, na verdade, ele realmente parecia divertido e ela quis matá-lo por estar rindo dela.
— Você faz muitas suposições Regina, mas não se deu nem ao trabalho de se informar sobre minha vida direito – ele continuou com aquele sorriso de canto e descontraído nos lábios – eu não me casei com Marian, porque eu faria isso quando você era tudo que eu queria?
Ela não o respondeu, até abriu a boca para fazê-lo, mas as palavras lhe faltaram... O que se deveria dizer?
— Você teve um modo bem estranho de mostrar que me queria – deu um sorriso magoado e cheio de sarcasmo – quem sumiu primeiro foi você, sendo covarde a ponto não ter tido a coragem de me dizer que a tinha engravidado.
— Eu sinto muito por isso e teria explicado se tivesse tido a chance.
— Você poderia ter feito isso se tivesse vindo conversar comigo quando marquei aquele encontro – Regina lhe direcionou um olhar ferido, desviando logo em seguida, inclinando o nariz para o outro lado, tentando mostrar seu falso desdém – Como eu disse... agora não importa – Robin tomou seu rosto na mão muito delicadamente e o virou para si.
— Importa se você ainda quiser ouvir e conhecer minha versão da história – pediu encarando-a esperançoso.
— Eu... eu acho que é melhor eu ir embora Robin – Regina falou sem convicção, quebrando a forte conexão que se estendia entre seus olhares, mirando fixamente a saída a poucos metros.

 

* * *

 

Antes que ela pudesse se distanciar o suficiente, ele a segurou pelo antebraço, não preparado para perdê-la novamente, trazendo-a para perto, só que agora não mantendo distância entre eles, pressionando-a involuntariamente contra seu peito. O toque mexeu com ela de uma maneira para qual não estava preparada, levando-a a olhá-lo outra vez.
A forma como eles estavam tão próximos despertando tantos sentimentos guardados, a mão dele ainda segurando seu punho, queimando a pele de ambos. Robin quis desesperadamente romper os poucos centímetros que os mantinham seus rostos separados e unir sua boca a dela em um beijo. Quem sabe assim ela finalmente veria que seja lá o que estivesse quebrado entre eles tinha conserto.
— Só me diz então o porque você foi embora daquele jeito? – pediu mansamente – O que te fez sumir da minha vida tão abruptamente? – aproximando-se milímetros, que ela nem sabia existir entre eles, a cada palavra dita.
Novamente eles se encararam por longos segundos silenciosos, Regina teve certeza que ele a beijaria e teve medo que o frio que se instalou em sua barriga não fosse por apreensão e sim antecipação. Os azuis dele pediam humildemente por uma resposta, um bálsamo para seu coração, uma súplica silenciosa.
Regina sabia o que lhe oferecer como alento, ela só bebeu mais um pouco daquele olhar, tão limpo e azul como o céu da primavera depois de uma tempestade. Quando ela cedeu, suspirou, cogitando em sua mente formas de abordar aquele assunto. E foi naquele momento que ouviu atrás de si passos apressados vindo na direção deles, sentindo logo em seguida algo se chocar contra suas pernas e então ouviu o chamado que fez o mundo ao seu redor desmoronar:


— Mamãe!


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Notas finais do capítulo

Eita que o parquinho vai começar a pegar fogo gente. Eu estou muito ansiosa pra saber o que vcs acharam desse capítulo, tem muita acontecendo dentro deles e as vezes sinto que não consegui colocar tudo como eu queria. Por favor me digam o que acharam? Sentiram falta de algo? Talvez eu consiga expressar melhor no seguinte. Perdão pelos erros, quando é a mesma pessoa que escreve e revisa acaba passando batido muita coisa e o corretor do cel não facilita a vida hauhaua No próximo teremos mais desse drama que só começou. Até logo



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