Finitos escrita por Lady Murphy


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Espero que gostem.



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A massa pegajosa cobria os braços de Peeta desde o momento em que ele atravessou as portas da padaria. Enquanto isso, Rye se dividia entre atender os clientes na loja e retirar assados do forno, não dando indício de estar tão chateado quanto fez parecer ao telefone. Na verdade, estava agindo como o Rye de sempre. Porém, mesmo que isso soasse infantil, Peeta não estaria baixando a guarda por um tempo.

A memória das férias de verão de quando Peeta tinha apenas seus dez anos de idade, ainda era fresca. Sua mãe havia preparado alguns cupcakes naquela manhã, e as duas crianças estiveram namorando-os por bastante tempo. Ele sabia que se ao menos um sumisse, sua mãe com certeza saberia que foi um deles. Mas Rye tinha um invejável poder de convencimento e o fez concordar em entrar sorrateiramente na cozinha no meio da noite. Além disso, com três anos de diferença entre os dois, Peeta estava na fase de espelhar os comportamentos de seu irmão mais velho. O que fazia com que convencê-lo a participar dos planos arquitetados por Rye, fosse uma tarefa bem mais fácil.

Os cupcakes tinha um gosto incrível e o que de início seria apenas dois deles a menos, resultou em uma bandeja vazia. Na manhã seguinte, quando desceram as escadas, sua mãe enfurecida não era a primeira pessoa que eles queriam ver. Rye mantinha-se firme diante da bronca de sua mãe e de sua boca não saiu uma palavra sequer. Peeta, porém, era o filhinho da mamãe, nunca querendo desapontá-la. E quando ela perguntou quem havia comido os cupcakes, sem perceber, Peeta entregou seu irmão, tirando de si a culpa que os dois compartilhavam. A expressão chocada de Rye foi o que o alertou de estar sendo um completo dedo duro. Rye levou três dias de castigo e foi impedido de ir ao aniversário de um amigo da escola.

Peeta esperava um confronto com o irmão por sua mentira, mas tudo o que recebeu foi o silêncio. Silêncio que durou uma semana até que ele fosse até Rye em busca do caderno de desenhos que guardava debaixo da cama. Ele levava jeito para a arte, sua insegurança, no entanto, o fazia recear que alguém visse seus desenhos. Era quase que inevitável que Rye os tenha visto em algum momento, já que os dois dividiam o quarto. O que apenas aumentou as suspeitas de que ele seria o responsável por sumir com eles.

 Ele estava certo em pensar assim. Rye propôs um acordo: Peeta diria aos pais que mentiu sobre os cupcakes e ele poderia ter seu precioso caderno de volta. Uma semana inteira de suas férias foram perdidas no quarto de castigo por comer os cupcakes e por mentir para sua mãe. Era justo, mas não menos frustrante.

 

O movimento na padaria diminuía à medida que a tarde se findava e Peeta estava muito concentrado na espuma que cobria a louça em suas mãos para perceber que Rye fechara a loja e havia entrado na cozinha.

— Finnick me ligou. – Rye disse atrás dele, fazendo-o derrubar uma xícara de porcelana no chão.

— Jesus, Rye. – Praguejou Peeta, afastando-se do que restou da xícara. – Você me assustou. Onde aprendeu a ser sorrateiro feito um rato?

Seu irmão apenas riu, recostado no balcão da cozinha ainda aquecida pelos fornos recém desligados. – Você não quer saber o que Finn me disse? -  Um sorriso torto pendia no rosto dele.

Peeta atravessou a cozinha em busca de uma vassoura. – E eu, por acaso, posso te impedir de me contar? Acho que não. – Respondeu ao agachar-se sobre os cacos para limpá-los.

— Xeque-mate. – Rye mudou-se para pegar a mochila que repousava em uma mesa no canto do cômodo. –  Ele me avisou sobre a pequena festa no sábado para celebrar a compra de seu apartamento. Você sabe, como Finn trabalhou duro para conseguir isso. E convidou a Delly e a mim.

— Hum, certo. – Peeta murmurou um pouco confuso do porquê Rye estava compartilhando isso com ele. – Bom para você. Mas qual é a novidade nisso?

— Bem, ele queria saber se você estaria indo também. Aparentemente, vocês não tem se falado muito. O que aconteceu entre vocês dois? Porque está ignorando Finnick? – Disse Rye, aproximando-se de Peeta que havia voltado a sua tarefa com a louça suja.

— O quê? Não estou ignorando ninguém. Ando meio ocupado esses dias, é só. – Ele sabia que era uma péssima desculpa, e sabia ainda mais que seu irmão não a compraria.

— Ocupado? Com o quê, Peeta? – O tom de Rye era desdenhoso. – Você vai jantar todas as noites com os nossos pais, passa o restante do dia dentro dessa padaria e não sai mais com seus amigos. Caramba, Peet, eu só te vejo porque trabalho com você.

Peeta parou o movimento de suas mãos na pia quase vazia ao som do seu apelido. O fato de Rye usá-lo significava apenas uma coisa: seu modo “irmão protetor” estava ativado. E Peeta odiava quando Rye bancava o irmão mais velho.

— Rye, por favor. Não comece. – A essa altura, ele sabia que seu pedido seria em vão.

— Não, Peeta. Eu me preocupo com você e não quero que a merda que aconteceu com Katniss, acabe com a sua cabeça. – Ele estava indo bem em sua missão de não pensar em Katniss Everdeen e lá estava seu irmão arruinando seus esforços.

— Podemos não falar sobre Katniss? – Peeta pediu com os dentes cerrados, enquanto secava as mãos em uma toalha.

— Bem que eu gostaria. Mas meu irmão caçula se isola do mundo desde que ela o rejeitou. Então, não acho que Katniss possa ser excluída dessa narrativa por agora. – Peeta gostaria de ter lhe dado aquele soco quando teve a chance.

— Olha, não vou sentar e assistir você se afundar na sua própria miséria por causa de uma garota. -  Rye deu um suspiro cansado e continuou. -  Foi por isso que falei para Finnick que você estaria indo comigo à festa. – Apesar do discurso sério de seu irmão, Peeta não conseguiu conter o riso.

— Você não pode me tratar como se eu fosse uma criança. – Rye que estava terminando de organizar suas coisas na mochila, virou-se para Peeta.

— Vou esperar você entrar na puberdade, e então, conversaremos sobre isso de homem para homem.

— Você vai ter que fechar sem mim. Preciso sair mais cedo, os pais de Delly estão nos visitando. – Rye falou quando passou por Peeta a caminho da saída. – Essa é a minha compensação por você ter dormido demais hoje.

Seus passos ecoavam pelas escadas quando Peeta se lançou no primeiro banco que encontrou. Aí estava a jogada de Rye por ter sido deixado sozinho para a preparação da padaria pela manhã. Era como o seu castigo naquele verão dos cupcakes: Justo e igualmente frustrante.


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Notas finais do capítulo

Grata por sua leitura.
Ainda construindo o enredo, mas é um meio para um fim.
Se houver algum erro ortográfico ou de coesão, perdão. Eles acabam passando reto na revisão.
Até a próxima.



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