Deuses de carne e osso escrita por Luiz Henrique


Capítulo 21
Quinze




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Quando Kalik abriu os olhos, já era tarde. Rizvan o empurrou em direção ao chuveiro e Yandina deixou suas melhores peças de roupa separadas, sobre a cama. Após alguns minutos de espera, seus companheiros de viagem retornaram ao quarto e o encontraram sentado de frente para a parede, contemplando a própria escuridão.

— É hoje, o grande dia, garotão! — disse Niara, forçando um sorriso — Adélia e Aima aceitaram nosso convite. Vamos desmascará-las, diante de um milhão de câmeras!

Kalik sequer tentou fingir animação, seus ombros caídos denunciavam o quanto estava abatido.

De um segundo para o outro, Áquila deixou escapar um soluço.

— Filho, você precisa reagir! Eu... — ele se afastou, tomando consciência de suas próprias palavras — ...Nós precisamos de você!

Nayeli repousou a cabeça no peito do marido, puxando-o para mais perto de si

Simbo passou por eles e tomou a palavra.

— Reviver o passado só vai piorar a sua situação. É melhor que Kalik fique aqui, comigo. Tenho certeza de que vocês encontrarão uma maneira de lidar com essa situação.

— Mas eu pensei que você viria conosco! — afirmou Yandina, parecendo mais nervosa do que o habitual — Todos os nossos amigos estarão presentes! Até a minha mãe...

— Nós temos a verdade do nosso lado. — ele argumentou — Estamos em vantagem, certo?

— Eu matei um homem. — Kalik murmurou, após um instante, em silêncio — Adélia e Aima não mentiram sobre isso. A polícia já deve estar investigando o desaparecimento de Émile, e logo chegarão até mim.

— Nós não sabemos se ele está mesmo morto. — defendeu Áquila — Antes de tudo isso acontecer, Adélia entrou na sua cabeça e mexeu com suas memorias...

— Você não é uma pessoa ruim, Kalik. — Rizvan se ajoelhou e acariciou seu rosto — Sabemos que nunca machucaria alguém, de propósito.

O pescador abaixou o olhar.

— Se vocês não se importarem, eu gostaria de ficar sozinho. —  o pescador desviou o olhar — Voltem a falar comigo, quando Adélia e Aima desaparecerem!   

Rizvan cobriu os lábios com as mãos, surpreso.

Os outros se voltaram para Yandina, como se esperando uma ordem.

— Vamos embora! Temos poucas horas para nos prepararmos.

Quando a porta se fechou, apenas Simbo permaneceu no quarto, ao lado de Kalik.

O pescador afundou o rosto nas mãos, sufocando um suspiro.

Muito diferente do cubículo silencioso onde os dois rapazes estavam instalados, o chalé luxuoso, onde residiam Adélia e Aima, estava abarrotado de visitantes, cuja maioria, era composta por repórteres. Alguns deles haviam saltado as grades de contenção e disputavam com seus concorrentes, um lugar de prestígio diante da entrada da residência.

— Você não está nervosa? — Aima perguntou, sentada em uma poltrona, ostentando um vestido elegante e um rabo de cavalo alto — Eu estive conversando com a esposa de Émile, mais cedo, pelo telefone, ela me fez prometer que iriamos honrar a memória de seu marido.

Adélia, cujas unhas estavam sendo tingidas de roxo por Isandro e Savon, se voltou para a amiga, com um sorriso cínico desenhado nos lábios.

— Não seja sensível, todos nós sabemos o que realmente aconteceu.

— É claro... — a xamã esfregou a nuca, desconfortável — Para você é fácil falar. Finalmente, conseguiu o que queria. O Deus Sol está do nosso lado, agora, mas Kalik ainda é perigoso. Enquanto estiver vivo, ele representa uma ameaça a todos...

Adélia se levantou bruscamente e se aproximou de Aima, deixando seus rostos, há centímetros, um do outro. Estavam tão próximas que poderiam sentir a respiração uma da outra, contudo, distantes o bastante dos demais moradores, para não serem ouvidas.

— Querida, ainda não percebeu? Depois que eliminarmos o que restou de sua reputação, Kalik irá desistir de tudo. Ele não vai viver o bastante para ser um empecilho, no futuro.

 — Você acha que ele poderia... — Aima contraiu os lábios — ...ferir a si mesmo?

— Com licença, — Chamou Darrion — O garoto está pronto.

Kanna desceu as escadas do andar superior, trajando um terno branco e sapatos recém polidos. Assim que o viu, Adélia se empertigou para falar.

— Você está belíssimo! — comentou a mulher, enquanto alisava o próprio paletó — Eu sei que os últimos meses foram difíceis para você, Kanna, mas eu quero que saiba que nós sempre te apoiaremos. Faremos o possível para que Kalik seja punido!

— Eu não queria que as coisas tivessem chegado a esse ponto. Ao menos, podemos tentar convencer Yandina e Rizvan, de que estamos do lado certo da história.

Os jornalistas, do lado de fora, começaram a gritar.

— Parece que eles chegaram. — Aima observou.

Adélia esfregou as palmas.

— Finalmente!

Juntos, eles caminharam para o lado fora.

Imediatamente, Kanna foi bombardeado por flashes de luz, que poderiam tê-lo cegado, se não fosse o deus do Sol. A sua mãe também estava presente, e assim que o viu, tentou chamar sua atenção, clamando seu nome, repetidas vezes. O tabelião deu um passo a frente, mas foi impedido de continuar, por Adélia.

Assim que ela o tocou, Kanna se lembrou de seu olhar decepcionado, quando ele havia decidido confessar que estava determinado a encontrar a Lua. Por fim, preferiu permanecer onde estava.

Yandina estava há menos de dez metros de distância e tocava a porta entreaberta de uma van estampada com flores. Áquila, Nayeli, Niara e Rizvan surgiram depois. Todos eles estavam vestidos com trajes de gala e pareciam determinados.

— Kalik não veio. — Kanna concluiu, desapontado.

— Veja só, se ele fosse mesmo tão inocente quanto alega ser, teria comparecido para se defender... — Adélia comentou, como se deixasse escapar um pensamento.

O mediador convidado para o evento, um homem carrancudo de olhos leitosos, se colocou diante da plateia, reclamando a atenção para si.

— Muito bem! Quem quer começar?

Após um minuto de completo silêncio, Aima tomou a frente.

— Em primeiro lugar... — ela iniciou — ...gostaria de agradecer a todos que decidiram dedicar um minuto de seu tempo para nos assistir. Eu e Adélia nos sentimos honradas, quando Kanna nos procurou, pela primeira vez, contudo, gostaria muito que tivéssemos nos conhecido, em melhores circunstâncias. Apenas recentemente tomamos conhecimento das acusações feitas ao nosso respeito, que envolvem desde perseguição, até mesmo... — ela virou o rosto, em um gesto dramático — ...tentativa de assassinato.

Em meio aos demais espectadores, Adélia tocou o peito.

— Kalik e eu morávamos na mesma cidade. Nós nunca fomos próximos, mas eu estaria mentindo se dissesse que ele era um desconhecido para mim. — a xamã admitiu — Soube, por terceiros, que ele havia fugido de um orfanato quando criança, antes de ser adotado por um gentil pescador, chamado Silla. Na época, não imaginávamos que ele fosse uma divindade. Mas agora, eu consigo me lembrar de um momento, no passado, em que fomos atacados por uma matilha de lobos. Talvez não tenha sido apenas uma coincidência.

Áquila, que também estava acompanhando o pronunciamento de Aima, se voltou na direção da esposa, irritado.

— Como ela se atreve...?

— Vamos prestar atenção, está bem? — aconselhou Yandina, apreensiva.           

O casal de idosos aguardou, em silêncio, ansiando por uma oportunidade de contar a todos, a sua verdade. Quando o mediador chamou pelo próximo conferente, os dois levantaram as mãos, ao mesmo tempo, pedindo permissão para falar.

— O que essa.... mulher disse, não representa a realidade dos fatos. — discursou Áquila, entre dentes — Kalik é um rapaz bondoso e altruísta. Ele ajudou milhões de pessoas inocentes, em suas missões com o deus do Sol. Nós vimos quando Aima e Émile tentaram executá-lo, em Tinensia, nossa terra natal, até chegamos a registrar uma denúncia que pode confirmar tudo o que estamos dizendo! Não permitam que elas o convençam com essas mentiras ridículas...

Nayeli apertou a mão do companheiro, para tranquilizá-lo.

— Nossa vida era muito diferente, antes de decidirmos partir em viagem com Kalik... — a sacerdotisa afirmou — Os últimos meses que passamos juntos...foram os melhores da minha vida! É claro, nós nos desentendíamos as vezes, mas ele nunca se mostrou, realmente, violento. Mesmo quando eu disse coisas que não devia, ele apenas decidiu partir, sozinho. Foi quando encontrou Adélia e ela utilizou seu dom para manipular suas lembranças, assim como está fazendo agora, com Kanna.

Os repórteres que a ouviam, arquejaram, em surpresa.

Aima e Adélia se abraçaram, fingindo estar aterrorizadas.

— Como podem ser tão ingênuos? — disse a mulher de longos cabelos loiros — É Kalik, quem está manipulando vocês! Ele tem poder sobre todos os animais, até mesmo os seres humanos, e está usando isso em prol de seus interesses egoístas. Eu nunca utilizaria meus poderes para controlar alguém! É verdade que nos conhecemos, enquanto vocês estavam brigados, mas tudo aconteceu, naturalmente. Acham mesmo que eu conseguiria impor minha vontade sobre os desejos de uma divindade?

Os homens, armados com câmeras fotográficas, não pareciam, realmente, interessados em encontrar respostas para aquelas perguntas. Enquanto a cena se desenrolava, diante de seus olhos, centenas de espectadores assistiam ao debate, no conforto de suas casas, em seus televisores robustos.

A imagem transmitida, em tons de preto e branco, que exibia Landon, Jada e Kayla se apresentando, foi, bruscamente, apagada, quando Simbo desligou o aparelho. O conselheiro espiritual passou direto por Kalik e se dirigiu a cozinha.

— Vou preparar algo para comermos. Me dê apenas um minuto, está bem?

— Não sou uma criança! — resmungou o pescador, enquanto se acomodava no sofá.

Passados alguns segundos, alguém bateu à porta.

— Kalik... — Simbo tentou impedi-lo, mas era tarde demais.

Quando o conselheiro espiritual retornou para a sala, encontrou o amigo de pé, com os lábios completamente selados. Seu olhar, tomado pela emoção, estava fixado em um homem de cabelos negros, cortados na altura do queixo, que estava parado a sua frente.

— Silla?

— Kalik! — o homem o abraçou, enquanto se desmanchava em lágrimas — Eu não posso acreditar que finalmente, te encontrei!

— O que...? O que você está fazendo aqui?

— No início, eu disse para mim mesmo, que estava disposto a cruzar o mundo, para ajudar os deuses. Mas isso não é verdade. Eu vim por você!

Simbo, rapidamente, se deu conta de que Kalik não estava apenas surpreso em vê-lo, estava sorrindo. Ele tocou os ombros do homem e disse:

— Sente-se, por favor!

Enquanto Kalik e Silla confabulavam, o conselheiro espiritual se dispôs a preparar algo para comerem. Embora estivesse totalmente dedicado a tarefa, Simbo notou, com grande aborrecimento, que havia queimado o arroz.

— Eu pensei que você não quisesse mais me ver. — o pescador confessou, com os punhos cerrados, sobre o colo.

Silla esfregou os dedos, visivelmente constrangido.

— Eu nunca quis que nos separássemos! — sua voz estava embargada — Mas depois que brigamos, você, simplesmente, foi embora! Aima partiu logo depois. E então ficamos sabendo que você era mesmo um deus e tudo começou a fazer sentido. Era ela quem estava te vigiando, não era?

— Você...era como um pai para mim! — Kalik engoliu em seco — E depois de tudo o que passamos juntos...

— Eu não acreditei em você. — ele concluiu, envergonhado — Sinto muito por isso! Estou disposto a consertar as coisas, se você também estiver. Eu ainda posso testemunhar ao seu favor. As pessoas precisam saber que você é inocente!

— É tarde demais para isso. — o pescador se levantou — Quando Adélia e Aima terminarem, eu vou para a prisão, e elas sairão impunes. Não há mais o que fazer...

— Independente do que aconteça, você sempre pode recomeçar!

Silla se aproximou de Kalik e o abraçou. O rapaz afundou o rosto em seu ombro.

Simbo surgiu, logo depois, com dois pratos de comida nas mãos. O conselheiro espiritual estava tão distraído, que acabou tropeçando nos próprios pés e sujando todo o carpete

— Minha cabeça... — ele resmungou, massageando a testa — Minha comida...

Silla e Kalik se entreolharam e começaram a gargalhar.

— Tem razão. — o pescador fixou o olhar em Silla — Eu não vou desistir, tão facilmente!

Um trovão sacudiu os céus. Nuvens de tempestade cobriram o Sol, projetando sombras por toda a cidade. Em outro lugar, Kanna se preparava para o que iria dizer.

— Apenas fale a verdade, querido. — Adélia o tocou no rosto, uma última vez — Você se lembra do que aconteceu. Conte a eles!

Aima assentiu, concordante.

O tabelião respirou fundo e deu o primeiro passo, em direção aos holofotes.

— Kalik e eu não começamos bem. Às vezes nós nos desentendíamos, pelos mais diversos motivos. Ele sempre invejou a maneira como as outras pessoas me tratavam, e eu fui tão ingênuo que demorei a perceber, pois estava vislumbrado por sua força e sua determinação...

O rapaz umedeceu os lábios, estavam secos, devido ao nervosismo. Adélia e Aima gesticularam com a cabeça, indicando que deveria continuar.

— A verdade é que eu nunca acreditei que ele fosse ruim, e para falar a verdade...  — Respirou fundo — .... ainda não acredito. O deus da Lua está doente e por isso é tão perigoso. Durante uma de suas crises, ele tirou a vida de Émile...

De um segundo para o outro, raízes gigantescas romperam o asfalto, formando uma muralha ao redor dos espectadores do evento. Kanna se virou na direção de Aima e Adélia, apenas em tempo de vê-las, completamente, imobilizadas por cipós.

— É você! — o tabelião observou, com atenção, enquanto Kalik se aproximava, voando — Eu sabia que tentaria me enganar, com suas palavras vazias e lágrimas de crocodilo...

O pescador moveu os braços e um turbilhão de pétalas envolveu Kanna, elevando-o no ar. Imediatamente, uma explosão de luz fez chover cinzas para todos os lados.

— Alguém precisa parar Kalik! — Rizvan gritou, desesperado — Ele enlouqueceu!

— Eu....não acho que seja esse o caso. — Yandina semicerrou os olhos — Ele escolheu Kanna como alvo, mesmo sendo o mais poderoso entre nós...

— Ele está planejando algo... — Veve complementou — Mas o que seria?

Áquila chamou sua atenção.

Adélia e Aima haviam se libertado de suas amarras, com a ajuda de Darrion.

— Façam alguma coisa! — Adélia se voltou para seus subordinados — Kalik é uma ameaça! Ele não pode vencer!

Mesmo distante, Isandro desenhou um conjunto de símbolos no ar, e seu nome, em letras garrafais, foi grafado na pele do pescador, abrindo ferimentos superficiais. Forçado a recuar, Kalik tentou se proteger, erguendo um escudo de madeira.

Todavia, isso não impediu que Kanna continuasse avançando em sua direção, com uma raios de luz percorrendo os dedos.

Yandina golpeou Isandro, com o ombro, derrubando-o no chão.

O escudo de Kalik começou a queimar. Ele abriu um buraco na superfície e se arrastou para longe.

— Eu sei por que vocês decidiram ajudar Adélia. — Yandina tentou argumentar, se esquivando das investidas de Isandro — Ela também mexeu com a sua cabeça, não é? Se libertarmos Kanna, ele pode curar vocês....

— Mentirosa!

A agricultora se abaixou e desferiu um soco no queixo do rapaz, que cambaleou para trás, até cair, inconsciente.

No mesmo minuto, tremores sacudiram a terra, abaixo de seus pés.

Nayeli havia criado uma rachadura no asfalto, em uma tentativa malsucedida de nocautear Darrion. O homem deu vida aos seus cabelos e envolveu os braços e pernas da sacerdotisa.

— Sabe de uma coisa? Somos iguais, eu e você... — ele exibiu uma fileira de dentes podres — Apenas peças pequenas, em um jogo muito maior.

Nayeli agarrou as madeixas escuras que a prendiam e puxou Darrion para mais perto, chocando suas testas.

Com dois de seus maiores aliados, subjugados, Adélia e Aima começaram a suar. As duas mulheres agarram Savon pelos braços e o arrastaram até o interior de sua residência, trancando as portas, em seguida.

— É a nossa chance! — Aima apontou para uma van estacionada sobre o gramado, através da janela — Atropele Kalik!

— O quê? — Savon se engasgou com a própria saliva — Eu não posso fazer isso!

— Não temos outra escolha! — disse Adélia — Ele vai matar todos nós!

Savon arquejou e os faróis do veículo se acenderam.

Veve empurrou a porta e Landon se juntou a ela, depois Jada, e Kayla, por último.

Os trincos rangeram. Aima arregalou os olhos.

— Não temos muito tempo!

Kalik e Kanna estavam de pé, de frente um para o outro, ambos, cobertos por hematomas. O tabelião saltou sobre o oponente, envolvido por uma luz ofuscante.

Há alguns centímetros de distância, um automóvel parecia prestes a dar partida.

Aima agarrou Savon pelos ombros, de costas para a janela. E então, o vidro explodiu.

Estilhaços translúcidos voaram para todos os lados, penetrando a pele da xamã, que passou a se contorcer, agonizando de dor.

Niara estava do outro lado, com as mãos estendidas.

— Agora, acabou!

O alfaiate canalizou seu dom e as vestes de Adélia a arremessaram para o lado de fora. Rizvan finalizou o ataque, atingindo a inimiga, com um chute no maxilar.

— Por favor... — implorou Savon — ...não me machuquem!

Áquila o segurou pelos pulsos. Savon apertou as pálpebras e a van foi de encontro aos deuses.

Em um instante, Yandina e Nayeli estavam chorando, debruçadas sobre os corpos caídos de seus amigos.

No momento seguinte, Kanna abriu os olhos e faíscas cintilantes o envolveram:

— Pessoal...? Eu ainda estou aqui.

— Você se curou! — Yandina observou, perplexa — Isso quer dizer... que está livre do controle de Adélia. Então era esse o plano de Kalik!

Kanna se levantou e rapidamente, se deu conta de que o pescador ainda estava inconsciente.

— Céus!

O garoto usou seus poderes para despertar Kalik. Assim que o pescador recobrou a consciência, um sorriso, de orelha a orelha, ganhou forma em seu rosto.

— Você está bem! Kanna, eu...

— Eu quero toda a verdade, agora!

Kalik respirou fundo e se preparou para o que iria dizer.

Os dois rapazes conversaram sobre Zou Yan e a sua condição, provocada, indiretamente, pela ação de Kanna. No fim, o tabelião apenas assentiu, sem dizer uma só palavra.

— Imagino que você vá querer ajudá-la. — Sugeriu Yandina, arrependida.

— Eu... — Kanna sacudiu a cabeça — Sim. Vocês deveriam ter me dito isso antes. Zou Yan é uma pessoa horrível, mas ela não merecia...

Rizvan se jogou nos braços de Kanna e uniu seus lábios aos dele.

— Eu não acredito! É você mesmo!

O gesto abrupto não surpreendeu a qualquer um dos viajantes, nem mesmo Kalik.

Kanna segurou Rizvan pela cintura e o beijou de volta.


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