Ninguém nunca sugerira para Yoon Bum abrir seus olhos, infelizmente eles sempre estiveram bem abertos para todos os terríveis cenários que eram colocados a sua frente, e que mais ninguém se dava ao trabalho de sequer notar - perder seus pais e passar anos sendo abusado pelo próprio tio parecia ser uma ideia completamente passável aos olhos dos outros.

E sem amigos com quem contar ele sempre fora tão solitário, ninguém nunca ouviria sua voz ou notaria sua presença e quando Oh Sangwoo surgiu sorrateiramente em sua vida tudo ganhara um tom diferente - agora existia um motivo para ele, mesmo que pequeno.

Porém, fora tarde demais que ele entendera cruelmente que nem tudo que reluz é ouro de fato, e que por mais incrível que aquele homem pudesse lhe parecer, havia uma outra face dele que Bum nunca deveria querer conhecer.

Suas cicatrizes eram renovadas sempre que fazia algo que Sangwoo julgava ser errado e não haveria escapatória para ele naquele momento - acredite ele já tentara - agora aquela era sua vida, sua realidade. A mesma de sempre. Nada mudara.

A diferença talvez estivesse na paixão que enevoava sua vista sempre que aquele homem manchado em sangue aparecia a sua frente. Seu maior sonho se realizara, ele conseguira Sangwoo somente para si, não havia o que temer. Ele sempre poderia se dispersar na presença aterradora dele, mesmo que a realidade sempre se fizesse presente em meio a cadáveres e sangue. A confusão que sua mente fazia retorcia qualquer sanidade que houvesse dentro dele. Seu corpo também não era um amigo, tremendo sempre que as carícias de Sangwoo se tornavam mais ousadas - mesmo que sádicas.

Yoon Bum já estava tão mergulhado naquela rotina mordaz que, quando retirado dela por uma força impiedosa quanto ao seu grande objeto de adoração, ele perdera a noção da sua real realidade.

A pergunta que se fazia todas as manhãs em frente ao espelho se multiplicava e se dividia em diversas sub-seções. "Quem sou eu?", "O que faço aqui?", "E agora?", "Como seguir?", "O que sou eu?", "Como eu lido com o mundo ao meu redor?"

"O que farei agora que já não tenho mais você, Oh Sangwoo?"

Haviam aqueles que tentavam ajudá-lo nessa nova fase, mas quem diria ser algo tão difícil de se conseguir com as sombras tão persistentes do passado.

Ele gostaria de poder rir disso porém seu reflexo dizia outra coisa.

"Você é livre para decidir, Bum"

Para obterem mais informações a respeito dos arcanos maiores (e outras cartas do tarô), leiam esses links: Former Fujoshi que fez uma análise incrível do baralho que a Kohske desenhou para os personagens de Gangsta, Tarot Meanings que na minha opinião é o site mais completo sobre o assunto. Ambos estando em inglês!