Em Cima do Muro escrita por unalternagi


Capítulo 4
É certo pensar que você não vai me afastar?


Notas iniciais do capítulo

Prontxs para alguns reencontros?



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É certo pensar que você não vai me afastar?

A cautela usada de forma quase extremista demais, vinha para Emmett como uma certeza de que não colocaria Rosalie em risco, ao mesmo tempo em que tentava encontrá-la sem a assustar. Sabia que havia traumas difíceis para serem curados e um homem de um metro de noventa, desconhecido, batendo na porta de sua casa não seria uma boa maneira de lidar com eles.

Passara na frente da casa dela na noite em que chegou, depois de deixar Marie na casa que tinham alugado para passar aquela temporada no país.

A casa de Rosalie era pequena, mas muito bonita exteriormente. Apenas um andar, um segurança na porta e, provavelmente, algum tipo de sistema de segurança. Não a viu naquele dia, mas tinha certeza que era seu endereço.

Três dias, sem progresso algum, pensou que estava na hora de entrar em contato com sua grande amiga que – ele sabia – seria a única que realmente o poderia ajudar naquele momento. Marie já estava impaciente e ele mesmo não aguentava mais ficar parado. Cada dia era mais um longe de Claire, mais um com Jasper preso, mais um com Mary na mira de um psicopata.

Dorothea era uma mulher bem determinada e foi quase a única policial mulher com quem Emmett trabalhou em seu tempo no condado de Clallam. Ela, naturalmente, sofreu muito preconceito, mas sempre gostou de trabalhar com Emmett que lhe ofertava a confiança e respeito que eram tão difíceis no meio. Viraram grandes amigos e ela era a parceira dele quando ele primeiro conheceu Rosalie e Marie.

Tia, como gostava de ser chamada, foi quem conseguiu ganhar a confiança de Rosalie à primeira vista, antes dos pais dela chegarem, cuidou dela como cuidaria de uma amiga querida – e foi o que se tornaram depois de um tempo. Quando todo o caso foi abafado, ainda sem pistas sobre o sequestrador, os Hale não pensaram duas vezes em fazer uma oferta irrecusável para que Tia acompanhasse Rosalie para sua nova casa como segurança pessoal.

Emmett achou ótimo quando Tia o contou aquilo e ela foi, por todos esses anos, a ligação direta com a mulher com quem ele tinha forte conexão e quase uma obrigação de proteger.

Fugindo dos devaneios, discou o número conhecido, refletindo que já deveria fazer quase dois meses desde que eles tinham conversado pela última vez.

Pois não?— Tia atendeu educadamente sem reconhecer o número.

—Diz para mim se recebeu a máquina de waffles mais completa que eu consegui achar naquele site estranho de presentes que você me mandou o link? – Emmett falou debochado e escutou a risada da mulher do outro lado da linha.

Eu recebi e devo dizer que é a salvação dos meus cafés da manhã— ela dizia bem humorada.

Tia tinha casado há pouco mais de dois meses.

—Fico contente com isso – Emmett sorriu, verdadeiramente contente em ter acertado no presente – Como está tudo? – ele perguntou sério.

Acho que bem, Rose me deu três meses de licença para que eu pudesse ajudar Benjamin na mudança completa, ele está contente em ir morar num dos países com maior segurança no mundo— Tia falava ainda com o bom-humor exalando.

O marido de Tia morava no Egito atualmente.

Ouvir a amiga tão animada e feliz fez Emmett se lembrar do seu começo de namoro com Angela, mas tinha que assumir que o começo do casamento não fora tão feliz assim. Nada foi tão feliz depois que o fantasma – que voltara atualmente mexer em sua vida – o achou pela primeira vez.

O conhecimento de que Tia não estava com Rosalie desde a última vez em que eles falaram incomodou Emmett.

—Você pode me dar um telefone para eu falar com ela? – Emmett pediu sem rodeios.

Ouviu o bufar do outro lado da linha.

Sabe que não posso, Emmett— ela falou pesarosa – Está no meu contrato e o senhor Hale é muito sério sobre cada singular cláusula daquele contrato.

—Tia, penso que ela pode estar correndo risco de vida – Emmett disse, sério de mais.

Emm...

—Deixe-me terminar – ele pediu – Não falei nada para não estragar seu momento de lua de mel, mas Marie veio atrás de mim – contou baixo.

Era tolice abaixar seu tom de voz para falar aquilo, ele não estava perto de Marie, saíra para encontrar o urso que prometera a Claire.

Marie? Como...

—A primeira e única, parece que há mais do que elas nos falaram. Havia outra garota, uma que elas deixaram de fora do depoimento.

Mary— Tia falou sem muita surpresa na voz e aquilo surpreendeu Emmett.

—Você sabia.

Não faz diferença, Emm, eu a procurei por muito tempo, mas a garota nunca foi colocada no sistema, imagino que tenha sido vendida ou...

—Ou adotada por uma família rica da Nova Zelândia, cresceu para virar noiva de um famoso surfista da Austrália, e desapareceu no Havaí há algum tempo? – Emmett cortou tentando fazer com que Tia desse maior importância às coisas que ele falava.

Parecia que tinha funcionado. Ouviu uma porta fechar com força.

Do que você está falando?

—Do que você está pensando. Marie veio falar comigo sobre Mary porque a reconheceu na televisão quando viu sobre o caso do desaparecimento dessa moça. Você sabe o que isso significa, se ele voltou a agir depois de todos esses anos...

Rose é um alvo óbvio. Eu preciso ir para a Dinamarca-

—Eu estou aqui, Tia. Não preciso que venha, preciso que me coloque em contato com Rosalie – o agente falou já sem paciência.

Emmett, eu não posso te falar— disse a agente aposentada com a voz cansada, Emmett já a ia xingar, mas ela voltou a falar – Mas deixa eu te contar da minha vida dinamarquesa. Eu e uma amiga minha abrimos um centro de cuidados à mulheres que sofrem violência doméstica, eu dou aula de defesa pessoal e ela, que se formou em psicologia, atende as mulheres dando suporte psicológico. É pequeno ainda, mas vamos crescer.

Emmett sorriu com a sagacidade dela.

—Parece ótimo, eu gostaria de visita-lo – Emmett disse rapidamente.

Chama-se Mary Marie – ela contou e Emmett sorriu com a simbologia – Minha sócia trabalha todos os dias das dez às quatro da tarde — ela contou e ele pensou que era quase como um hobbie, sabia por fatos que a mulher não precisaria trabalhar para ter dinheiro.

—Obrigado, parceira – Emmett falou entrando em uma loja de lembranças.

Mantenha-me informada. Vou ligar para ela agora mesmo para saber se está tudo bem.

Despediram-se amistosamente e Emmett encontrou um ursinho de tamanho médio, era menor que Met e parecia perfeito, era escuro e os olhinhos eram brilhantes e claros, exatamente como os de Claire. Usava um bonito laço vinho no pescoço e Emmett sorriu, sentindo falta de se embananar ao tentar pender o cabelo de Claire em belos laços, como Angela fazia sem dificuldade alguma.

Voltou para o apartamento de Marie, concentrado em seu celular. Encontrou a página do negócio de Tia em uma rede social e sorriu ao encontrar o endereço, era a vinte minutos de carro da onde estavam, parecia perfeito. Chegou renovado no apartamento e reparou que Marie terminava o almoço.

Ela cozinhava muito bem, Emmett se surpreendeu com aquilo. Na verdade, depois de um pouco de convivência com ela, o agente se surpreendera com muitas coisas. A aparência de uma mulher bem resolvida, seus dotes culinários, sua conversa que parecia simples, mas era bem rica e cheia de opiniões. Marie era, o que Emmett gostaria de chamar, de uma vencedora. Pegou tudo de ruim que acontecera na vida e suprimiu, deixando apenas a parte brilhante aparecer.

Marie não sabia, mas o agente era um grande fã da garota. Ele tinha orgulho dela, como um irmão mais velho o teria.

—Achou o que procurava? – Marie perguntou amistosamente e ele sorriu, balançando o urso perto de seu rosto.

A mulher sorriu para ele, contente que ele tivesse conseguido procurar o que achava, não entendia bem para o que era aquilo, mas tentou não ser invasiva.

Há dias, quando chegaram à Dinamarca, Emmett tentou conversar com Marie, saber quem era Isabella e o porquê dela ter tanto dinheiro para gastar. Odiou pensar que ela tinha se vendido a algum velho rico em troca de dinheiro e proteção. Em nada ajudou que a mulher tivesse ficado nervosa com a pergunta e se negou a responder.

As roupas bem alinhadas, o cabelo bem cuidado, a pele perfeita, e os aspectos intelectuais em adição com tudo o que já fora citado sobre suas conversas e tudo o mais, apenas reforçava a Emmett que alguém tinha investido tempo e dinheiro na garota. Ele estava preocupado, queria saber mais sobre a vida da garota e pensou que, contando a sua, seria um bom jeito.

—Comprei porque prometi à minha filha que o faria – ele disse quebrando o silêncio que se instalou quando Marie voltou sua atenção para o fogão.

Ela ficou surpresa, Emmett reparou a mudança em sua pose, então se aproximou, sentando em um dos bancos da pequena bancada que separava a sala e a cozinha.

—O nome dela é Claire e tem seis anos. Não moro mais com a mãe dela, ela mora na cidade vizinha e não a vejo tanto quanto eu gostaria, foi para lá que eu dirigi antes de irmos para o aeroporto – ele falou tudo rapidamente.

Marie desligou a boca do fogão, colocando a panela com bifes em cima do aparador em cima da bancada.

Emmett reparou que a bancada estava preparada para que eles almoçassem e sorriu, agradecendo a Marie por aquilo. Foi guardar o novo urso e lavou as mãos antes de voltar para a cozinha, Marie o esperava pacientemente para que almoçassem juntos, ele sorriu ao ver aquilo.

—Estou varado de fome – ele falou brincalhão.

Estavam convivendo há tempo o bastante para toda que toda a tensão e o profissionalismo de Emmett perdessem para o seu bom humor e constante piadas.

—Então coma, eu espero que esteja bom – Marie disse sorridente, gostava do agente Swan, se sentia mais confortável com ele conforme os dias passavam.

—Você é uma mestra na cozinha, não se faça de tímida, sua comida sempre é boa e eu sempre falo isso – Emmett disse se servindo.

Marie pegou os talheres e começou a comer a comida que já estava em seu prato. Conversaram amenidades, Emmett se preparava para falar aonde iam à tarde.

—Você tem uma foto dela? – Marie perguntou depois de um momento de silêncio.

Emmett se surpreendeu com a pergunta, como ela saberia?

—Quem?

—Claire – ela falou simplesmente.

Ele sorriu de canto, reparando que se confundiu com as coisas. Ela queria saber mais da vida dele, era um bom sinal.

—Claro – ele sorriu e tirou a carteira do bolso.

Mostrou a foto que carregava com ele, era atual, tiravam fotos anuais na escola dela e, anualmente, Emmett trocava a foto de sua carteira – deixando a do ano anterior guardada em uma caixa de memórias em seu apartamento.

—Ela é linda, parece muito com você – Marie disse sorrindo olhando a foto da garotinha sorridente com um fundo azul.

—Ela é muito mais linda que eu – o agente falou, sua voz entregava o quanto era louco pela filha e Marie sentiu o coração comprimir ao pensar em outro pai que era louco pelo filho.

Quis afastar o pensamento da cabeça, tentou se lembrar de quantos anos o agente disse que Claire tinha e sorriu quando entregou a carteira de volta para ele.

—Seis anos é uma ótima idade, eles começam a ler e o atropelamento para provarem que sabem o que estão fazendo é, realmente, adorável – ela falou sorrindo saudosa.

Marie terminou de comer o que estava em seu prato, mas Emmett ficou pensativo. Ele reparava como ela era cuidadosa, parecia que estava acostumada a cuidar de alguém, tinha instintos maternos aflorados, o fato de sempre cozinhar – mesmo sem precisar –, e sempre colocar a mesa com impedimentos de haver qualquer acidente com as panelas pesadas e quentes fizeram Emmett se sentir um tolo de não ter perguntado antes.

—Você tem filhos? – perguntou, genuinamente, curioso.

Escutar aquela pergunta fez o coração dela acelerar e o rosto perder um pouco de cor, reparou na bola fora que tinha dado, mas pigarreou, terminando de engolir a comida que mastigava tendo que pensar rápido em como sair daquela.

—Não, eu sou professora – ela falou simplesmente.

Retirou o prato vazio da mesa. Emmett se surpreendeu com a resposta, mas sorriu para aquilo.

—É uma profissão admirável – ele falou tratando de terminar de comer.

Marie começou a guardar as coisas que usou e desocupar as coisas guardando na geladeira tudo. Emmett terminou e lavou a pouca louça que tinha na pia, ao terminar, foi atrás de Marie, a encontrou lendo na sala.

—Vamos?

Ela o olhou em expectativa, confusa, mas esperançosa.

—Vamos vê-la? – indagou animada.

—Acho que já está na hora e, bem, não vamos até a casa dela então não será tão invasivo assim.

Marie assentiu rapidamente. Calçou os sapatos e vestiu uma jaqueta antes de seguir o agente para o carro estacionado na rua.

O caminho todo foi preenchido por uma música calma que tocava na rádio. Ele reparou que Marie castigava seu lábio inferior e unhas, parecia estar realmente ansiosa e ele se colocou no lugar dela, imaginava que também estaria ansioso.

Se fosse ser sincero, mesmo não sendo Marie já sentia o coração acelerado por ter a chance de vê-la depois de todo aquele tempo, estava preocupado.

Tinha uma memória simples de Rosalie. Ela machucada, com os cabelos maltratados e curtos, os olhos amedrontados, olheiras de quem não dormia bem há tantos anos.

Estacionou no meio-fio da rua, ficou surpreso ao perceber que era uma área meio residencial, desceram do carro. Marie continuou estalando os dedos depois de terminar de roer as unhas, pensou se Rosalie se lembraria dela, como seria a rever depois de tanto tempo, mas não precisou imaginar mais.

Pararam na porta e Emmett decidiu usar a campainha que tinha ali, satisfeito com o sistema de segurança que tinha no local.

Pois não— ouviu a voz melodiosa soar.

Foi estranho para ele que, depois de tantos anos, nunca tinha pensado realmente na voz dela, mas naquele momento, foi como se nunca a tivesse de fato esquecido. Claro que, atualmente, a voz soava mais receptiva e tranquila do que a primeira vez que a ouviu, quando era rouca e amedrontada, mesmo assim, nunca fora menos que uma bela voz.

—Boa tarde, gostaríamos de conversar com a senhorita Hale – o agente disse formalmente, pensando em como iria dizer, sem olhar para ela, quem eles eram.

Quem “gostaríamos”?— a mulher demandou altiva.

Esperta, Emmett aprovou quando reparou que ela era cautelosa com quem deixava entrar em seu escritório.

—Sou Emmett McCarthy e...

—Rosalie – Marie falou ao sair do transe o qual se manteve desde que ouviu a voz dela novamente, parecia irreal – Rose, é você mesmo? – Marie perguntou ansiosa.

O silêncio do outro lado pareceu ensurdecedor para os que esperavam ansiosamente, Marie deixou os ombros caírem em desanimação, tinha se concentrado tanto na possibilidade de Rosalie não se lembrar dela que esqueceu de se preparar para outra perspectiva:

E se Rosalie não quisesse vê-la?

—Rosalie, gostaríamos apenas de conversar – Emmett reforçou o que havia dito, mas novamente foi tomado pelo silêncio do outro lado do interfone.

Não ouviram o buzz para entrarem e nem a voz melodiosa novamente e, por quatro minutos, ficaram parados encarando o prédio. Não parecia um local conjugado, provavelmente apenas Rosalie trabalhava ali e, com pesar, Emmett começou a aceitar o mesmo que Marie. Ela não os queria atender.

—Desculpe, eu deveria ter ficado calada – Marie falou culpada quando perceberam que Rosalie não falaria de novo.

—Ó, não. Nem pense nisso, a culpa não é sua. Deve ser difícil para ela, ao menos ela tem a opção de nos deixar entrar ou não, o local parece bem seguro-.

O agente foi interrompido pela maçaneta girando ansiosamente e então ouviram um soco na porta.

Confusos, Emmett e Marie tentaram enxergar dentro do prédio pelo vidro lateral, mas era fosco para quem olhava de fora.

—Olá – Emmett falou alto.

Não saiam daí, eu esqueci a chave no andar de cima— a mulher falou do lado de dentro, a voz abafada pela porta grossa que a protegia em seu local de trabalho.

Emmett reparou que a face de Marie se abrilhantou em expectativa. Ela parecia uma criança a ponto de ver o papai Noel e o agente sorriu com a comparação mental que fizera. Não conseguiu evitar pensar em Claire e, como faria se fosse com sua filha, ele segurou a mão de Marie, dando um leve aperto para deixá-la saber que ele também estava ansioso.

Marie percebeu que era diferente segurar a mão do agente. Era reconfortante e se sentia segura, mas de um jeito completamente diferente do que sentia com Edward. Demorou um pouco, mas eles ouviram a movimentação novamente do lado não conhecido da construção.

Uma chave na fechadura, a maçaneta girando.

Emmett perdeu uma batida do coração e Marie perdeu três ou quatro.

É ela?, Emmett e Marie pensaram surpresos.

A pele da mulher parecia feita de porcelana, tinha olhos que pareciam amêndoas, e o cabelo era de um tom quase único de loiro, muito bem cuidados e caiam em leves ondulações pelos ombros e costas dela. Usava roupas simples, mas de ótimo gosto e sorriu timidamente para o agente antes de seus olhos pousarem em Marie.

A mulher pareceu estudá-la por um bom tempo, o sorriso tímido se ampliou e Marie reparou que não conseguia mais a enxergar porque seus olhos ficaram nublados com as lágrimas.

—Marie? – a mulher disse surpresa, só então Emmett reparou que ela parecia esbaforida, provavelmente tinha corrido para pegar a chave – É você, eu sei que é. A sua voz...

Emmett imaginou que elas fossem se abraçar, mas não aconteceu. Elas simplesmente seguraram a mão uma da outra e sorriram. Rosalie beijou a mão de Marie e então os convidou para entrar antes de se soltarem.

O andar debaixo tinha uma recepção, que no momento estava vazia e, na parte de trás, um grande espaço, como uma espécie de academia onde Tia ensinava defesa pessoal para as mulheres. Rosalie os encaminhou para o andar de cima sem os mostrar as instalações, estava muito surpresa.

O andar de cima era amplo, tinha uma sala confortável com poltronas bonitas de cores claras e uma pequena cozinha, Emmett reparou em algumas portas, mas Rosalie os encaminhou para as poltronas, os ofereceu o chá que ela havia feito para si mesma e ambos aceitaram.

Emmett não conseguia tirar os olhos dela, parecia tão bem e feliz. Não se lembrava dela ser tão linda daquela forma e, mais que rápido, se repreendeu pelo pensamento. A primeira vez que a viu ela estava muito machucada e, agora, era apenas inapropriado qualquer tipo de pensamento não profissional direcionado a mulher a sua frente.

Focou-se em Marie que parecia anestesiada. Sorria para a mulher que a entregou uma xícara, entregando outra para Emmett. Rosalie correu na cozinha para pegar a dela, antes de se sentar com eles.

—Estou muito surpresa, não mentirei – Rosalie contou depois de tomar um gole – Parece tão estranho que estejam aqui, ainda mais juntos assim – ela falou.

—Fui atrás do agente Swan quando vi tudo sobre Mary – Marie disse sem pensar, estava tão nervosa.

A feição de Rosalie avisou que ela não fazia ideia do que Marie dizia, Emmett impediu a garota de confundir Rosalie.

—Vamos com calma – Emmett pediu – Te achamos com a ajuda de Tia, ela não foi antiprofissional nem nada, apenas me deu uma dica e estou te contando isso para que não pense que é uma pessoa fácil de encontrar – o agente falou e Rosalie assentiu, devagar, sem parecer realmente se importar com aquilo – Certo, dito isso. Marie me contou sobre uma terceira pessoa que esteve no mesmo... Local que vocês – Emmett falou desconfortável em ter que trazer aquele assunto à tona.

—Eu falei sobre ela para Tia, ela garantiu-me que não conseguira a achar e... – Rosalie desviou o olhar para o seu chá – Aceitei que depois da nossa fuga ele não poderia a ter deixado escapar.

Emmett ficou pensativo, era um pensamento esperto e muito conciso. Era lógico que aquela seria uma coisa que um psicopata faria, se sentia um tolo por ter deixado que Marie entrasse em sua mente. Se Tia nunca a encontrara, o que o fazia achar que teria o que encontrar? E se Marie estivesse errada o tempo todo? E se Jasper fosse, simplesmente, culpado?

—Ou poderia – Marie falou rapidamente, puxou uma revista da bolsa a folheando, não demorou em encontrar o que procurava.

Era a foto mais límpida que achara em revistas e jornais, estava com ela desde que saiu da Austrália, sabia que era a única coisa que precisaria para que Rosalie entendesse o que ela falava.

—Recentemente a noiva de um surfista desapareceu no Havaí – Marie falava mais séria do que já havia estado nesses poucos minutos de reencontro – O nome dela é Alice.

Rosalie franziu o cenho, confusa. Marie entregou a revista para ela que pegou e a jogou na mesa do centro com uma pressa que desestabilizou Emmett, preocupado. A cara de horror na mulher loira fez o coração de Marie se acelerar com as enxurradas de lembranças que a tomou.

—É ela – Rosalie disse tremendo – Meu Deus, é ela. O que ele fez com ela, Marie? – a mulher pedia, claramente, descontrolada.

Emmett se levantou com calma, pegou a revista olhando a foto ali.

—Você tem certeza? – o agente perguntou.

A loira assentiu com pressa, abraçou suas pernas no momento seguinte e fechou os olhos respirando fundo, provavelmente tentava se recuperar do susto.

—Rosalie, você está morando sozinha? – Emmett perguntou e ela voltou a assentir – É provável que ele não te tenha encontrado, Mary pode estar sendo usada de isca e por isso eu e Marie viemos atrás de você.

—Temos que ajudá-la – Rosalie disse rapidamente – Ele não pode ficar sozinho com ela, ela é pequena – ela falava com o desespero impresso em cada palavra.

Emmett encarou Marie que parecia igualmente assustada. Os onze anos se transformaram em onze segundos, ele sentiu que estava na pequena cabana no meio da floresta de Forks, voltado à estaca zero.

Os dias começaram a passar mais leves depois que Rosalie e Marie se encontraram. Rosalie tinha clientes e passava um tempo do dia as atendendo, mas sempre almoçava com o agente e Marie, contando as coisas que fizera desde a última vez que se viram. Não entraram muito no mérito do que aconteceu antes, apenas no depois do cativeiro.

O agente Swan aprendeu muito sobre Rosalie e quase nada sobre Marie, a mulher ainda era desconfiada, mas ele tinha esperança de que Rosalie a desvendaria e ele estaria com elas para escutar.

Conversou com os seguranças de Rosalie e estavam em contato direto.

Constantemente Marie e Rosalie demandavam dele respostas que ele não tinha, mas que tentava descobrir. Junto com Tia ele voltou a estudar o caso delas, era uma quarta-feira à noite, Emmett e Marie deixaram Rosalie em casa, depois de prometerem se encontrar no dia seguinte, e voltaram para a casa que dividiam.

Emmett foi contando o que tinha que fazer, mentalmente:

Ligar para Claire;

Ligar para Tia;

Inocentar Jasper;

Ligar para Charlie;

Descobrir se tinham mais partes perdidas da história;

Bolar o plano de resgate de Mary/Alice;

Achar o infeliz.

Não necessariamente nessa ordem, mas era uma lista. O dia de amanhã seria cheio.

O silêncio entre ele e Marie não tinha necessidade de ser quebrado, os dois estavam concentrados em seus próprios pensamentos e ideias. Ele estacionou em frente a casa. Marie estava distraída procurando as chaves em seus bolsos, tão distraída que não reparou no homem que se aproximava deles.

Emmett, consciente, se virou ao mesmo tempo em que o homem a chamou:

—Isabella.

O sotaque, a voz, o nome, tudo foi um combo e Marie, simplesmente, o encarou em reflexo. A chave caiu no chão quando ela o viu.

Emmett ficou incomodado. Os dois se encaravam, um parecendo mais surpreso que o outro. Pela falta de palavras, Emmett tentou simplesmente guardar as características do homem: alto, esguio, pele pálida, cabelo num tom de loiro diferente do de Rosalie, mais puxado para o castanho, olhos claros, barba rala, fortes olheiras acusando noites insones, a roupa era simples e igualmente alinhada a que Emmett mesmo usava. O homem não parecia ser um perigo e Emmett observou que Marie não pareceu nervosa, pelo contrário, estava surpresa, mas parecia mais relaxada que nunca.

O homem então olhou para Emmett, Emmett deu dois passos em sua direção.

—Emmett McCarthy – se apresentou, esperando descobrir quem era a figura desconhecida em sua frente.

O homem encarou a mão esticada de Emmett antes dele mesmo tirar suas mãos do bolso e apertar a do agente, que sentiu a mão direita do homem apertar a sua com firmeza, ao mesmo tempo em que reparava no aro dourado em seu dedo anelar da mão esquerda.

—É um prazer, senhor McCarthy – o homem falou com o forte sotaque inglês – Sou Edward Cullen, marido de Isabella – ele falou simplesmente.

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Filho, Meu Filho


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Notas finais do capítulo

Rosalie entrou e, bem, o Edward avisou na fanfic dele que - já que a Bella/Marie não o deixava entrar, ele iria arrombar a porta hahaha promessa é dívida.

O que acham que vai acontecer? O que a Bella vai fazer? E o Emmett?

Próxima história a ser atualizada é "Filho, Meu Filho". Quem eu vejo por lá?

Espero que estejam gostando, não esqueçam de deixar suas opiniões nos reviews.

Um beijo