Em Cima do Muro escrita por unalternagi


Capítulo 3
Eu estou tentando não pensar sobre isso


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente

Capítulo de hoje é um pouco triste, mas também trás alguns avanços para a história.

Eu espero que gostem!



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Eu estou tentando não pensar sobre isso

O belo prédio sempre era um ponto de paz a Emmett, sempre chegava ali com a pessoa que mais amava na vida, então ele quis se bater por estar manchando a imagem de seu santuário, mas sabia que era preciso para que tudo pudesse ficar bem, verdadeiramente bem.

Dentro do elevador ele começou a sentir o coração pesar, pensando no que Claire pensaria sobre ele, se ela conseguiria entender que não era porque haviam coisas mais importantes do que ela, ela tinha que saber que nada era mais importante do que ela, mas Emmett também queria encontrar a sua verdadeira paz de espírito. Queria se entregar cem por cento para sua filha, e matar aquele fantasma de seu passado era um passo importante em sua entrega.

Começou a refletir em como seria aquilo tudo depois que ele conseguisse resolver aquela pendência. Pensou como seria morar naquele prédio, como seria viver tão perto de Claire, poder dormir com ela mais do que dois dias por semana, aprender a cozinhar seus almoços favoritos, não precisar esperar até o final de semana para sentir o abraço forte dela ou ao menos sentir seu cheiro. Pensou que seria um sonho estar em seu lar, que Angela saberia dividir Claire como quase ninguém saberia. Os dois se davam tão bem e viviam em função de deixar as coisas mais simples para Claire, a guarda igualitária provava aquilo.

O sino do elevador não o deixou continuar a fantasiar sobre seu local ideal.

Em seu andar ele destrancou a porta e foi direto para a cozinha checar coisas próximas à data de validade pelos armários, na geladeira tirou as coisas que estragariam e juntou tudo numa sacola grande. Foi ao seu quarto e pegou uma mochila colocando umas roupas mais confortáveis para que ele conseguisse passar um tempo sem ternos, quase não tinha roupas casuais em seu apartamento na Virgínia. Depois daquela tarefa, andou até o quarto de Claire, o admirou por um curto período de tempo vendo tudo o que ele e Claire tinham escolhido para fazer daquele o quarto dela.

Met estava em cima da cama. O urso de pelúcia que Emmett dera a ela no primeiro final de semana que eles dormiram separados. Ele carregava o apelido que vovô Charlie dera a Emmett quando ele era apenas um bebê, Claire adorava aquele apelido.

Com Met embaixo do braço, a mochila nas costas e a sacola em mãos, Emmett voltou para o estacionamento depois de trancar o apartamento, prometendo que logo voltaria.

Enfiou tudo no porta-malas de seu carro e se apressou para seu próximo paraíso: a escola de Claire. Ligou para Angela naquela manhã avisando que pegaria Claire na escola para conversar com ela e, depois, precisava falar com Angela. A ex-esposa do agente ficou contente que ele tivesse ido fazer aquela surpresa para Claire, mas conhecia Emmett e o tom sério não era parte dele. Aquilo a fez pensar quanto aquela visita repentina custaria à sua filha.

No portão da escola de Claire, Emmett se sentia ansioso. Ao mesmo tempo que queria ver logo a filha, pensava que não queria ter que ser tão rápido, queria ter mais tempo para estar com ela, mas não era um de ficar reclamando.

O sino avisou o final das aulas e Emmett já sorria antes mesmo de ver Claire aparecer no pátio. Ela estava rodeada de colegas de classe e eles riam sobre algo que a garota contava. Angela sempre dizia que a personalidade de Claire era uma impressão exata a de Emmett e, ele não negaria, assistir ela se portar como ele o fazia sentir um orgulho absurdo.

A moça que controlava a saída das crianças chamou a atenção de Claire avisando que já a esperavam. Emmett viu as mãozinhas gordas se agitarem no ar, se despedindo de todos os amiguinho de uma vez só, antes dela andar apressada até a moça que ficava no portão, ele ria contido ao reparar que ela ainda não o tinha visto. A mulher apontou para onde Emmett estava e ele percebeu o choque de Claire seguido de lágrimas presas nos olhos azuis que eles dividiam com a avó paterna de Claire, Renée.

Emmett sentiu o bolo na garganta ao ver a emoção da filha, mas ignorou aquilo quando ela começou a correr para ele, que se abaixou para conseguir recepcioná-la em seus braços sem vacilar, a girou no ar escutando a gargalhada gostosa de sua filha, então colou o corpo dela ao seu, apreciando o cheiro de shampoo infantil que emanava do cabelo bem penteado dela.

—Papaizinho, não acredito que veio me ver hoje. Nem é o meu aniversário – ela dizia e Emmett riu da colocação.

—O papai sente muitas saudades de você quando não estou aqui – ele falou e ela sorriu, depositando um beijo estalado no rosto dele – Vim levar o meu amor para tomar um lanche, o que acha disso? – perguntou e ela assentiu apressadamente, alguns fio caindo em seu rosto e Emmett riu.

Alcançou a mochila que ela jogou no chão ao correr para alcançar ele e, com o seu bem mais precioso nos braços, seguiu para uma cafeteria que sabia que Claire gostava.

Eles eram conhecidos de todos os atendentes do local e, naquele dia, optaram por se sentar em uma mesa próxima da janela.

—A minha dupla favorita – uma senhora bem humorada disse chegando perto deles com o uniforme rosa claro e um bloco de notas – O que posso lhes ofertar hoje? – ela perguntou.

—Vamos ver, dona Cece – Claire dizia pensativa e Emmett sorriu, piscando para a senhora que riu da menina independente – Eu vou tomar um milk-shake do rosa e o papai do branco, né papai? – ela perguntou e Emm concordou, mesmo que sequer sentisse fome – E eu vou comer panquecas com sorriso e gotas de chocolate, o papai vai comer aquele pão com o queijinho derretido.

—O sol feito com morangos, querida? – a senhora perguntou e Claire concordou, rapidamente.

Emmett e Claire sorriram o mesmo sorriso para mulher quando ela lhes avisou que logo voltava com os pedidos deles.

Enquanto esperavam o pedido Emmett pediu para que Claire contasse sobre os dias que ficaram sem se ver, ela o fez rapidamente, tagarelando e entrando em detalhes que faziam Emmett rir de suas travessuras, mas também a repreender quando ela confessava alguma malcriação. Naquela conversa, não foi demorado esperar pelo lanche deles.

—Bom apetite – a senhora disse ao colocar seus respectivos pedidos em frente a eles.

Emmett comeu auxiliando Claire enquanto a garotinha ainda contava alguma história ao pai que escutava com atenção completa.

Terminaram de tomar os milk-shakes em momentos semelhantes e Emmett reparou que não teria mais como evitar o assunto que rondava aquela tarde tão boa. Suspirou se virando para a filha e limpando a boca dela, da forma mais delicada que podia, com o guardanapo que colocou no pescoço dela para não se sujar.

—Pois bem, mocinha, é a vez do papai de falar – ele anunciou e Claire ficou curiosa com o que ele teria a dizer para ela.

—Certo – ela sorriu, aguardando.

Emmett acariciou os cabelos lisos da filha, tirou uma mecha da frente de seu rosto e suspirou, tudo sob o olhar avaliativo de Claire.

—Se lembra antes quando o papai viajava muitão?

A menina fez careta.

—Não gostava disso.

—Sei que não, meu bem, mas se lembra, não? Se lembra que o papai sempre voltava e nós ficávamos juntos por alguns dias até eu ter que voltar para o trabalho? – ele perguntou enrolando.

—Sim, papai, mas gosto mais agora que não viaja.

Ele engoliu em seco, desviando o olhar dela por um segundo, antes de voltar a encará-la.

—O papai vai viajar, filha.

—Não – ela falou rapidamente – Papaizinho, não quero que vá, vamos ao cinema, se lembra? Você disse que me levaria – ela falou com os olhos já ficando vermelhos com as lágrimas que começavam a se formar.

Emmett se odiou.

—Amor, eu tenho que ir, mas prometo, será a última vez – ele falou, sério. Era uma promessa real.

—Tem que ir, papai? – ela perguntou chorando.

—Desculpa, ursinha – ele sussurrou e Claire o abraçou deitando a cabeça em seu ombro.

—Não tem outro policial para ir?

Emmett sorriu castamente.

—Não tem, meu amor, tem que ser o papai. Mas vai ser rápido e o papai vai voltar com um presente, o que você quer? – ele perguntou, querendo animar a menina que chorava.

—Que não vá – ela falou com a voz abafada no ombro largo do pai.

—Isso não posso te dar, princesa, mas posso comprar um novo urso para fazer companhia para o Met, o que acha disso? – perguntou e ela fungou, assentindo para a sugestão.

Ficaram um tempo abraçados. Claire chorando e Emmett se controlando para não fazer o mesmo.

—Podemos chamar de Claire Bear— ela disse depois de um tempo acariciando o braço do pai e o mesmo riu da sugestão.

—Acho que Met amará a amiga dele – Emmett falou e ela sorriu.

—Será a filhinha dele, papai – ela disse e ele assentiu.

Pagou a conta antes de pegar a filha no colo e sair com ela. A prendeu na cadeirinha e a levou para a casa de Angela, onde foi recepcionado pela ex-esposa. Ela o mandou entrar e se preocupou ao perceber o rosto inchado da filha.

—Querida, tio Ben a esperava para que pudessem escolher o lugar da balança, ele está lá no jardim – a mãe disse para ela, vendo que Emmett estava inquieto.

—Mamãe – a garota reclamou ao ter que soltar o pai.

—Vá, meu bem, rapidinho, deixa a mamãe falar com o papai e depois pode voltar para falar com ele – Angela pediu pacificamente – Seja boazinha, amor – ela pediu.

A garota foi a contragosto atrás do tio Ben que fez festa quando a viu, Angela tinha contado que Emmett estava estranho ao telefone.

—O que houve?

—Preciso viajar – ele disse sem tempo.

—Como? Mas por quê? – ela perguntou confusa, fazia muito tempo que ele não tinha missões de campo.

—É algo sério, mas não penso que vou demorar – ele falou, não dizendo a completa verdade, ele não fazia ideia do tempo que levaria para conseguir resolver aquele quebra-cabeças tão complexo.

—Claire ficará arrasada – Ang disse, não para atingi-lo, foi mais como uma constatação para si mesma, mas se repreendeu ao ver o rosto de Emmett cair.

—Eu não queria a fazer passar por isso de novo, Ang – ele falou com pesar e a ex-esposa o abraçou rapidamente.

—Desculpe, eu sei que não quer isso. Ela vai ficar bem, faça o que tem que fazer, Emm.

Ele devolveu o abraço sentindo o peito pesado. Contou a ela sobre as comidas que tinha na casa dele e ela aceitou ficar com elas. Emmett as pegou no carro junto com o urso Met e voltou para a casa de Angela, a entregou a sacola e então suspirou com as lágrimas já embaçando a visão do agente.

—Eu tenho que ir – ele avisou.

—Ó, mas já? – Angela perguntou surpresa.

Ele assentiu e ela segurou sua mão antes de gritar por Claire e Ben.

—Emm, sempre um prazer vê-lo - Ben disse ao aparecer na sala com Claire.

—O mesmo, mas preciso ir – ele contou.

O beiço inferior de Claire, instantaneamente, se projetou para frente numa clara feição de desgosto, Angela a pegou no colo enquanto Emmett apertava a mão de Ben, o deu um abraço rápido.

—Cuide delas, Ben, com tudo o que tem – Emmett suplicou e Ben ficou surpreso, mas concordou com o pedido do amigo antigo.

—Prometo-lhe, Emm – ele falou com certeza e Emmett sorriu para o amigo ao se separar.

—Nos vemos logo, Ang, cuide da ursinha – ele pediu e Angela riu, concordando.

Emmett então pegou Claire do colo da mãe e beijou a cabeça da garota que já chorava, quebrando o coração do pai.

—Eu te amo, mais do que todos e tudo. Nada nunca vai mudar isso, minha vida. O papai volta jajá, está bem? – ele disse e Claire apenas chorava, mas assentiu diante do questionamento dele. Emmett pegou Met da mesa e entregou a ela, com um sorriso simples – Met vai estar aqui para cuidar de você enquanto o papai não puder, boneca. Quando sentir saudades, o abrace bem forte, e o papai vai sentir e te abraçará de volta – ele falou e Claire chorou abraçando o pai com um braço e Met com outro.

—Abrace Claire Bear, eu também vou sentir – Claire chorou e ele concordou com aquilo, sorriso para a simplicidade da mente dela.

—Eu te amo. Te amo. Te amo – ele falava beijando o rostinho rechonchudo da filha, sem parar.

—Amo você, papaizinho.

Ao virar a esquina da casa de Angela e Ben, Emmett desabou de chorar. Teve que parar para se recompor e, então, se concentrou no que tinha que fazer a partir de agora, o modo agente mais ativo que nunca. Quanto antes resolvesse toda a questão, antes voltaria para Claire.

Parou na frente do prédio do prédio de “Emmett McCarthy”, o agente solteiro. Não pôde deixar de reparar como aquele prédio se destoava do qual tinha o apartamento dele e de Claire. Logo reparou em Marie se aproximando, o cabelo estava castanho e ele franziu o cenho assim que ela entrou no carro.

—Por quê? – ele perguntou apontando para o cabelo dela e ela deu de ombros.

—Não quero ser reconhecida no aeroporto – ela falou e ele franziu o cenho, mas não disse nada.

Marie carregava a mesma mala que levou para a casa de Emmett e parecia impaciente para saber para onde o agente a levaria. Emmett foi até o contato que tinha e ele logo conseguiu os encaixar num voo.

—Seu passaporte – Emmett pediu.

Marie mordeu os lábios, mas o entregou. Ele não deixou de reparar o nome impresso no bilhete de embarque:

Cullen, Isabella.

Resolveu não comentar nada. Entregou o documento para ela junto com os bilhetes de embarque, foi a vez dela de ficar surpresa.

—Toronto? – ela perguntou confusa.

—É só uma parada para conseguirmos pegar um voo direto – ele falou a encaminhando para o portão de embarque, já que o check-in já estava quase fechando.

—Para onde vamos? – ela perguntou ainda sem entender o plano do agente.

—Dinamarca – ele falou frio.

Marie começou a pensar em tudo e uma luz se acendeu na cabeça dela.

—Estamos indo encontrar Rosalie – ela disse e o agente apenas a olhou, antes de a fazer parar em um balcão.

Ela ficou ansiosa com o reencontro, não sabia o que esperar, mas sentia a ansiedade a corroer. Fazia tanto tempo.


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Notas finais do capítulo

E aí? Qual acham que é a conexão de Rosalie com tudo?

Quero muito escutar as teorias de vocês.

Logo logo posto "ENTRE NÓS" uma história que vai contar toda a ligação de Marie (Bella) com Rosalie e Alice (Mary).

Não esqueçam de comentar!

Um beijão