Laços escrita por Kaline Bogard


Capítulo 6
Depois da tempestade...


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/783672/chapter/6

Assinar um contrato transformou a vida de Kiba. E isso ele fez no mesmo dia, durante o almoço tardio no restaurante conveniado. Não resistiu ao convite de Shino e foi com o homem experimentar a refeição ali, pois Kabuto o interpelou bem na hora em que se dirigia para o Ichiraku. Pouco antes de terminar a refeição, um dos funcionários de Aburame Shino se apresentou com o contrato redigido.

Umino Iruka juntou-se a eles e explicou com detalhes cada clausula, mesmo não sendo necessário. Os itens eram redigidos em termos claros e de fácil compreensão. Mesmo um leigo em Direito compreenderia fácil. Falava sobre deveres e benefícios associados ao cargo que receberia dentro da empresa. Assinou sem pensar duas vezes.

E sua vida mudou por completo.

A diferença que aquelas três folhas impressas fazia era imensurável.

Aceitou um último favor de seu novo chefe quando ele se ofereceu para levá-lo de volta ao lugar em que o carro estava estacionado. Despediram-se com formalidade (e gratidão empolgada por parte de Kiba) e aquele foi o fim da interação pessoal pelo futuro próximo.

Ao sentar-se no próprio carro, com Sumire bem acomodada no bebê-conforto, o rapaz respirou fundo atrás do volante sem poder acreditar em tudo o que aconteceu. Até os resmungos da filha pareciam transmitir incredulidade. Precisou olhar duas ou três vezes para o contrato colocado com cuidado no banco do carona. Era real. Era muito real.

Tinha um emprego! Começaria na segunda-feira! Era um homem assalariado com todos os direitos e prerrogativas que o maço de papel lhe garantia.

A empolgação era tanta que resolveu arriscar um passo ousado. Ainda era prematuro, mas não havia mal algum em espiar uma ou outra imobiliária para ver quais as condições para alugar uma casa. A sexta-feira ia pelo meio da tarde. Não custava nada investigar as opções.

Não se arrependeu nem um pouco.

Para as casas maiores, como desconfiava, teria que bancar uma caução no valor de seis meses de aluguel antecipado. Mas o agente lhe falou sobre uma quitinete que não precisava disso. Mostrou fotos do lugar, um espaço minúsculo com um cômodo que servia ao mesmo tempo de sala, quarto e cozinha e um banheiro. Só. E ficava em Saitama. Apesar do preço acessível, estava difícil de alugar.

Para quem vinha dormindo no carro pelos últimos meses parecia como um verdadeiro palácio.

Kiba marcou uma visita para o dia seguinte. Queria dar uma olhada no lugar antes. Se tudo continuasse dando tão certo, seria a última noite que sua família passaria dentro de um carro.

—--

E tudo continuou dando muito certo para a dupla de pai e filha.

A quitinete estava longe de ser uma casa magnifica. Era pequena, o banheiro minúsculo. A parede apresentava alguns pontos de mofo e o teto era baixo, dando a impressão de tornar o local ainda mais apertado. Era cercado por casas de bom tamanho que impediam o sol de entrar pelas janelas. Um verdadeiro desastre arquitetônico atrapalhando a configuração da área. Mas ficava perto da estação de trem e de uma konbini que funcionava vinte e quatro horas por dia. O agente estava louco para alugá-la, na mesma medida em que Kiba estava desesperado para sair das ruas. Eles fizeram um acordo de seis meses mínimos de locação que agradou a ambos. Era tempo suficiente para Kiba se organizar financeiramente antes de procurar uma residência melhor. E o funcionário da imobiliária conseguiria o feito de desencalhar algo que só dava dor de cabeça.

—--

A primeira semana de trabalho foi corrida e empolgante. Kiba passou esses dias conhecendo os setores da empresa e os funcionários que deixariam os filhos aos seus cuidados. Gastou bastante tempo visitando o setor financeiro, que seria responsável por cotar orçamentos dos produtos, móveis e itens que ele pedisse para equipar a nova creche. Também conheceu bastante do setor jurídico, pois havia burocracia para acoplar aquele espaço na empresa. Não bastava simplesmente inaugurar uma creche. Havia leis a respeitar e seguir.

No decorrer dos dias Kiba interagiu bastante com Iruka do Departamento Pessoal, que lhe apresentou uma variedade de currículos que se encaixavam no perfil para trabalhar junto com ele. Receberam um número grande em poucos dias. Aquela empresa era uma das mais cotadas para se trabalhar, as pessoas acompanhavam com atenção. Quando anunciou a vaga nos meios de comunicação usuais, atraiu interessados de várias áreas.

Depois de debaterem alguns pontos, marcaram uma entrevista com Hayate Gekkou, pedagogo formado há dois anos.

Sumire conquistou afeição de todos os funcionários da “Aburame & Yamanaka TechControl”, assim como Kiba. Era impossível não se encantar com a menininha dócil de bochechas coradas e olhos cálidos. A criança se comportava sempre tão bem, geralmente aconchegada nos braços do pai, era como se tentasse ajudar do jeito que lhe fosse possível. Claro, tal pensamento era fantasioso, bebês novinhos assim não tinham como ler o ambiente. Mas as pessoas tem tendência a romancear os variados tipos de comportamento quando fogem ao esperado.

Conforme os dias foram passando, Kiba se deu conta de que Shino cumpria a promessa de não interferir em sua vida. Desde que começou a trabalhar ali, o viu de relance apenas uma vez. Por outro lado, conheceu Yamanaka Ino, segunda acionista e dona da empresa. Uma mulher sofisticada, bonita e elegante, que o examinou com atenção e certa aprovação, com algo de enigmático brilhando nas íris escrutinadoras que intrigou o rapaz. Todavia ele não teve muito tempo para pensar nisso. Colocar a vida nos trilhos demandou sua atenção exclusiva.

Precisou abrir conta no banco para receber os pagamentos mensais. Graças a isso recebeu a antecipação de crédito para poder comprar coisas básicas: um futon para não dormir mais no chão. Agora ele e a filha tinham um lugar adequado para repousar! Alguns utensílios de cozinha, um fogão portátil, mantimentos, sobrou algum dinheiro para comprar roupas novas para Sumire e um estoque de fraldas que não o fizesse caminhar sobre a corda bamba.

E o mais importante: ainda sobrou um pouco para comprar três pequenas caixas de macarrons importados, que ofereceu para Teuchi-san, Chiyo-san e o pessoal do setor de carga e descarga de caminhões; numa forma humilde de demonstrar toda a gratidão que sentia pela ajuda que eles lhe ofereceram. Passou por maus bocados, sim. Sabia que sem o apoio daquelas pessoas não teria conseguido enfrentar as atribulações. Foi doloroso despedir-se deles, não mais haveria os dias corridos e incertos, cheios de camaradagem. A despedida emocionou, trouxe apertos de mão enfáticos e olhos marejados, cujas lágrimas se recusaram a cair. Inuzuka Kiba estava vencendo um período de luta e dificuldade, sua vida e de sua filha melhorariam de um jeito sem medida. Não era motivo para chorar. Só queriam comemorar.

—--

Na segunda semana Hayate começou a trabalhar. O rapaz passara pouco dos trinta anos, vinha com uma grande vontade de mostrar seu melhor na carreira que escolheu abraçar. Seus conhecimentos em Pedagogia somariam aos de Kiba e os resultados seriam ótimos! Isso era o planejado!

Por essa época se apossaram do espaço em que seria montada a creche. Discutiram estratégias, como deveriam dispor os móveis, os brinquedos a comprar, a divisão com os biombos de escritório. A turma do setor de Informática colaborou bastante. Havia um rapaz chamado Shikamaru Nara, que resmungou sobre “pedidos problemáticos”, embora ajudasse com um software de ambiente virtual construindo plantas 3D. Isso facilitava a visualização de como tudo ficaria quando pronto.

Finalmente a parte burocrática foi finalizada. Fiscais da prefeitura avaliaram o espaço, as plantas e o projeto que Kiba e Hayate rascunharam em conjunto. A creche foi aprovada e eles puderam por as mãos na massa!

Enquanto o Financeiro fazia compras para instalar a creche em definitivo, Hayate e Kiba passaram a entrevistar as crianças e conhecê-las melhor. Assim como ao pai ou mãe que trabalhava na “Aburame & Yamanaka TechControl”. Conseguiram montar perfis e fichas de cadastro facilmente. Sumire se aproximou das crianças, sobretudo de uma dupla de irmãs gêmeas de idade equiparada a da pequenina.  Todos os dias saiam depois do expediente, acumulando horas extras, nem de longe eram os finalistas a sair. Kiba notava ao deixar o edifício que mesmo sendo tarde, uma janela do último andar ainda ficava com a luz acesa.

Nada a se criticar. Ele próprio fazia hora extra com alegria, sem mau humor. Quando era algo que gostava, trabalhar a mais era até prazeroso! E Kiba estava muito empolgado com suas ocupações!

Aquilo daria certo. Muito certo!

—--

Com tudo devidamente organizado, fixou-se uma data para inaugurar a creche e começar as atividades: exatamente um mês depois de Inuzuka Kiba ser contratado. No dia em que ele recebeu  seu primeiro salário.

O expediente acabou uma hora mais cedo. Shino e Ino reuniram os funcionários no oitavo andar para apresentar o novo espaço que estaria a disposição de quem precisasse. A creche encantou a todos: da decoração caprichosa ao papel de parede infantil. O conjunto era harmonioso, podia-se ver o esforço e dedicação dos responsáveis em montá-la.

Hayate recebeu os cumprimentos com muito mais timidez do que Kiba, que não via problema algum em levar os méritos pelo que tinham feito, oras.

A pequena confraternização aconteceu numa terça-feira. Na quarta-feira as crianças frequentariam efetivamente o espaço e aí sim, a real ocupação de Kiba e Hayate começaria para valer!

Aquele período passou como se fosse um sonho, sensação que se intensificou conforme a festa ia se esvaziando, com os funcionários se despedindo. Sumire logo voltou para o colo do pai –depois de ter sido mimada e acolhida pelos braços de várias pessoas, ela era uma das heroínas aos olhos de todos, já não era segredo que conhecê-la trouxe o impulso para criar a creche– e Kiba decretou que era hora de voltarem para a pequena quitinete.

Assim sendo despediu-se dos poucos que ainda continuavam por ali e foi em direção ao estacionamento silencioso. Colocou a filha no bebê-conforto, notando como ela estava alerta. Sumire gostava de festas! Aquela noite dormiria rápido depois de tantas emoções.

Manobrou o carro pelo espaço quase vazio, à exceção de três ou quatro carros. Ganhou a rua e lançou um derradeiro andar para o prédio elegante e ostensivo naquela área comercial de Tokyo, onde jamais sonhou que trabalharia um dia e apesar disso lhe proporcionava uma abençoada segunda chance.

Foi quando notou a solitária janela acesa no último andar. A mesma de sempre...

Então Kiba diminuiu a velocidade do automóvel esportivo até pará-lo no meio fio em uma rara vaga disponível, se afastando poucos metros da “Aburame & Yamanaka TechControl”. Aquela sala era a de Aburame Shino.

Esteve tão ocupado que a percepção do que aquilo significava lhe escapou.

Seu chefe sofria de Transtorno Obsessivo Compulsivo. Estaria enfrentando uma crise e ficar até mais tarde na empresa era um jeito de lidar com isso?

Uma vez que a desconfiança se instalou Kiba não pôde partir. Deu meia volta no carro e voltou para o estacionamento. Queria tirar a prova e descobrir a verdade sobre a solitária pessoa que ficava até tarde no andar mais alto da cobiçada empresa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

IMPORTANTE: semana que vem tenho uma pequena cirurgia marcada, não vou poder att as fanfics por esse motivo! Sinto muito pelo hiatus forçado.

Vejo vocês em breve!

(。╯︵╰。)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Laços" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.