Laços escrita por Kaline Bogard


Capítulo 4
Nem todo herói usa capa


Notas iniciais do capítulo

ヽ(`⌒´メ)ノ

XABLAU!



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— Não posso ceder mais tempo, porque você não tem moradia fixa e eu não vou ficar brincando de gato e rato para te achar. Estou fazendo um favor, Inuzuka-kun — a esse ponto Kabuto parou de sorrir — E é assim que me agradece? Me evitando? Me enrolado? Pais que moram na rua são incapazes de cuidar dos próprios filhos. Preciso fazer o que é melhor para essa garotinha, não leve para o lado pessoal.

Kiba sentiu o suor juntar na fronte. Ali estava o momento que mais temeu até então. Teria que enganar o homem um pouco mais. Então entraria no carro e voltaria para a casa da mãe. Fez o que pôde para defender seu orgulho como pai. Mas preferia perder esse orgulho a perder a amada filha.

— Parece que está havendo um equívoco aqui.

A voz grave e séria surpreendeu tanto Kabuto quanto Kiba. Ambos se viraram na direção do homem que chegava. Kiba reconheceu Aburame Shino, o misterioso bom samaritano que secretamente esperou rever no passar dos dias.

— Desculpe-me? — Kabuto assumiu um ar que era pura simpatia. Como todo bom vigarista sabia quando esbarrava em algo perigoso.

Shino enfiou a mão no bolso interno do casaco e puxou um pequeno cartão.

— As visitas do Serviço Social devem ser agendadas com antecedência. A não ser em caso de desconfiança de maus tratos, fato que não se aplica aqui — entregou o cartão para Kabuto — Os próximos contatos devem ser tratados através da Firma Uchiha, que representa os interesses de Inuzuka.

Kabuto sentiu o sangue gelar e nem tentou disfarçar. Os Uchiha eram uma família de advogados renomada por todas as vitórias que alcançavam nos tribunais. E pelo preço exorbitante que cobravam.

Era óbvio que Kiba não tinha a menor condição de pagar por algo assim. Mas Kabuto não era bobo. Sabia que era hora de tirar o time de campo e tentar entender o que acontecia. Uma coisa era assustar um pé rapado e arrancar alguns trocados. Outra, bem diferente, era levar a chantagem a pessoas entendidas no assunto. Não arriscaria a carreira nem a liberdade por tão pouco.

— Excelente. Fico muito feliz em saber que Inuzuka-kun e Sumire-chan estão bem assessorados. Manterei contato com o advogado, obrigado.

Tudo aconteceu tão rápido, que Kiba teve certa dificuldade para processar a cena. Apenas assistiu Kabuto dar meia volta e ir embora. Foi acometido por uma sensação de alívio e certa urgência.

— Caralho, cara — sussurrou voltando-se para Shino — Você me salvou de uma encrenca… vou ficar te devendo uma das grandes.

Fez menção de se afastar. Ia aproveitar aquela intervenção para pegar o carro e sumir rumo ao interior do país para pedir abrigo na casa da mãe. Todavia não conseguiu completar o seu intento. Shino o segurou pelo cotovelo, impedindo-o de partir.

— Gostaria de falar com você — não foi exatamente um pedido.

Por um breve instante Kiba pensou que tinha saído da frigideira direto para o fogo. E se fosse chantageado de novo?! Sensação que logo passou, nem todo mundo era mau caráter como Kabuto. E aquele quase desconhecido o ajudou pela segunda vez. Merecia ser ouvido. Depois podia ir embora de uma vez. Adeus Tokyo!

— Tudo bem. Pode falar — consentiu.

— Preferia fazer isso em um lugar reservado.

A oferta fez Kiba sorrir. Pensou que seria uma ótima ideia conversar em um restaurante e de quebra comer algo! Talvez o convencesse a ir ao Ichiraku, onde Teuchi-san sempre tinha uma mesa disponível e o dobro de carne no lamen.

— Por mim tudo bem!

Shino moveu a cabeça, satisfeito. E tomou a direção de onde seu carro estava, o que surpreendeu Kiba. O automóvel luxuoso intimidou um pouco. Pareceu uma péssima ideia entrar naquele veículo com um estranho. Muito pior do que ser chantageado por Kabuto. E se de repente fosse vendido como escravo ou roubassem seu rim? Talvez Aburame Shino vendesse criancinhas na Deep Weeb

— Olha, acabei de lembrar que eu tenho um compromisso… fica pra outro dia… — tentou se esquivar quando Shino abriu a porta.

O receio estava estampado no rosto do rapaz, que era péssimo em disfarçar os sentimentos. Shino compreendeu o mal entendido e se culpou por não deixar claro suas intenções.

Repetiu o gesto de puxar um cartão e entregou para Kiba. Dessa vez com seus dados empresariais, não da firma de advogados.

— Sou coproprietário da “Aburame & Yamanaka TechControl”. Fiquei sabendo sobre sua história e tudo me impressionou. Quero te oferecer um emprego e uma vaga na creche para a criança.

O queixo de Kiba caiu. Ele sabia que a vida não era um conto de fadas e milagres assim podiam ser um truque para algo terrível. Podia ser inocente e cair no conto do vigário, contudo não teve coragem de virar as costas para a oportunidade. Rezou para não se arrepender, porque a oferta era tentadora demais para não engolir a isca com anzol e tudo.

Apertou Sumire contra o peito de leve, com carinho. A menina resmungou algo ininteligível. Então Kiba entrou no carro.

—--

O percurso foi todo feito em silêncio. Quando ficava nervoso, Kiba costumava falar sem parar. Na atual situação, preferia focar todos os sentidos no caminho que faziam e manter-se atento caso precisasse agir rápido para algum tipo de defesa.

Quando o veículo estacionou em frente ao grande edifício, sentia os músculos doloridos de tensão e surpresa mal contida. O letreiro elegante dizia “Aburame & Yamanaka TechControl” e Kiba sentiu que não era golpe ou alguma maldade obscura. Fez bem em seguir o instinto e pagar para ver.

— Minha empresa atua no ramo da tecnologia — Shino foi explicando ao abrir a porta. Era ótimo em ler o clima, não tentou forçar conversa no carro porque o rapaz estava visivelmente na defensiva. Agora a face relaxada indicava toda a precaução caindo por terra — Nosso principal produto é um nano robô inteligente, que usamos para ajudar na substituição das abelhas em clara extinção. Venha comigo.

Assim que entraram na recepção, Kiba notou como se tornaram o centro das atenções. A mulher atrás do balcão cumprimentou com um aceno de cabeça, tentando disfarçar a curiosidade. Sumire também atraiu olhares.

Entraram no elevador e Shino apertou o botão do oitavo andar.

— Caralho, que prédio bacana — Kiba não era de se segurar. Divertiu o homem, que acompanhava as reações espontâneas com interesse.

Quando a porta se abriu e eles adentraram o novo espaço, Kiba percebeu que se tratava de uma ampla sala que tomava todo o andar. As janelas eram grandes e ocupavam quase a parede inteira, bem de frente para o elevador.

O ar condicionado estava ligado, tornando o ar agradável. Reinava o cheiro de limpeza, como se o carpete felpudo tivesse sido lavado recentemente.

Kiba não entendeu bem como poderia trabalhar ali. Mas se Aburame Shino realmente queria lhe oferecer uma vaga, aceitaria! Até mesmo de officeboy ou faxineiro! Queria agarrar a oportunidade. Porém havia um empecilho.

— Eu… hum… no momento não tenho residência fixa. Espero que isso não atrapalhe, sabe…? Conseguir a vaga?

No Japão era tradição: para conseguir um bom emprego era preciso ter um endereço residencial. Por isso Kiba vivia de arubaitos, de modo informal. Como andava morando no carro nenhuma empresa o contratava. Pagar uma creche estava fora de cogitação. O problema gerava um ciclo inescapável: sem casa não conseguia emprego, sem emprego não conseguia alugar uma casa!

Antes, sonhava com uma carreira fabulosa. Terminaria a faculdade de Psicologia, distribuiria alguns currículos e escalaria rumo ao topo, numa vida de sucesso e cheia de bons frutos. Queria que a mãe e a irmã sentissem orgulho por tudo o que conquistou.

Mas o destino pregava peças dolorosas. E ali estava ele, desesperado para conseguir qualquer emprego mais estável, que desse alguma segurança para si e para a menininha que carregava aconchegada contra o peito, indiferente a toda dificuldade que existia ao redor dela.

Shino observou enquanto Kiba ninava a filha de leve. A cena trouxe um calor agradável ao peito e a certeza de que fazia a coisa certa.

— Eu sei que estão morando no seu carro — falou sem grande afetação.

O outro ergueu a cabeça e o analisou por breves segundos. A expressão até então de deslumbramento tornou-se um tanto desconfiada.

— Quem é você? Como sabe tanto sobre mim? E por que está fazendo isso?


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Notas finais do capítulo

Kiba perdendo a Sumire...? Tipo:

15 leitores enganados, grita o Chaves. Hauhsaushaushaus

TROLLEI! Mas vocês ainda me amam, né? ♥

Até mais!!



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