Sangue de Arthur escrita por MT


Capítulo 9
9- Capítulo, Areia e rochas


Notas iniciais do capítulo

Sertão! Terra do sol quente!
E aqui encerramos a primeira temporada, torço para ter feito ao menos algo razoavelmente bom. Obrigado pelos comentários e por ter lido! Foi uma honra escrever para seus olhos e mente!
Ah, se quiser que eu bote a segunda temporada para preparar é só dizer.



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— Não vou dizer uma segunda vez. - apontou a lâmina para o garoto de cabelos loiros. - Solte-o agora e deixarei que viva. Negue-se e morra.

— Não precisamos chegar a tanto, ouça-me servo da classe Saber, meu desejo é… - Mordred não esperou que terminasse e avançou.

Assassin se interpôs entre ela e o rapaz que raptara seu mestre com a faca robusta em mãos. Um homem magro, alto e de membros compridos. Vestia o mesmo uniforme de couro laranja desbotado da ocasião em que se encontraram pela primeira vez e o chápeu ainda tinha a marca em ´´v`` que Clarent deixara antes de se despedirem.

  Ótimo, pensou, era mesmo minha intenção cortar você primeiro. 

A espada da cavaleira ergueu-se e caiu. O som das armas se encontrando preencheu o galpão fazendo parte do pó acumulado levantar-se. Ela viu o sujeito ranger os dentes e tremer abaixo das lâminas. 

Gostou daquilo. Tinha consigo lembranças da derrota para o Emiya e o esquisito dourado. Aquele sujeito alaranjado e o rapaz loiro bem a frente haviam raptado seu mestre. Mordred sentia o peito saturado por algo ruim e corrosivo, um monstro adormecido que voltara a despertar e pedia para sair e lavar o chão com sangue. 

Ele a fez sorrir. Queremos a mesma coisa!

Clarent recuou e volta a morder como um borrão branco e vermelho, de novo e de novo. Cada dentada arrancava um pedaço da arma inimiga e fazia faíscas voarem.

— E-espere! Não precisa chegar a isso, me ouça! - o facão foi atirado das mãos do servo que lutava contra a cavaleira, apenas uma sombra do que fora antes de defrontar seu oponente, e quase decepou a cabeça do garoto loiro.

Mordred não hesitou mesmo após desarmá-lo e lançou uma estocada. Uma mancha negra surgiu no campo de visão dela, que parou o ataque e pulou para esquerda. A bala acertou o portão ao fundo causando um estrondo metálico.

Aquilo a deu um instante para recuperar um pouco de fôlego e pensar. Mas estava com raiva demais e com vontade demais de satisfazê-la. Apenas voltou a investir.

Dessa vez seu avanço era sobre disparos rápidos de projéteis. Ziguezagueou, balançou a cabeça, partiu balas enquanto prosseguia e seu oponente recuava.

Aquilo começava a irritar. Observou, enquanto continuava tentando diminuir a distância de combate, o palco. Havia materiais de construção em ambos os lados. Canos, cimento, telhas. Alguns disparos abriram buracos nos sacos e deram novos furos a canos. O mestre dela e  do homem contra qual lutava estavam ao fundo. Nenhum dos dois parecia particularmente capaz de lutar ou fugir, principalmente o amarrado.

Forçou o oponente aos canos e após cortar uma bala suas pernas se dirigiram até a dupla de garotos que assistiam a luta.

Projéteis continuaram a chover. Ela deixou Clarent emitir energia e os disparos foram engolidos. Com o canto do olho viu o servo inimigo avançar para a frente dela. Sem atirar, notou.

— Mestre permissão pa…- Assassin fora interrompido por Clarent que forçara-o a lançar o tronco para trás a fim de não ser dividido em dois. - Nobre fantasma.

— Mas… - o garoto loiro hesitava.

Mordred desceu sua lâmina que pairava acima do inimigo, não conseguiu acertá-lo. Assassin girara pro lado escapando outra vez da morte. A cavaleira deixou uma praga escapar por entre os lábios, ergueu o joelho e enterrou a bota nas costelas do sujeito fazendo-o alçar voo e acertar violentamente os sacos de cimento sob o crack de osso sendo quebrado. Esperou alguns segundos quieta, observando a silhueta sob o manto cinza. 

Quando ele não levantou, as íris verdes da cavaleira encontraram as azuis do jovem loiro. 

— Não vou repetir. Ande, decida. - começou a andar na direção do mestre inimigo cujos joelhos tremiam e a face entregava seu nervosismo com lotes de suor.

— Assassin, tem sua permissão! - gritou ele. - Faça, faça agora!

Mordred correu, o garoto recuou indo para a direita e o cenário começou a ser tingido de branco. A cavaleira agarrou seu próprio mestre que jazia amarrado no chão, mas não havia mais nada além da cor alva para onde quer que olhasse.

Aos poucos enormes rochas surgiram e areia amarela e seca preencheu o chão. O céu formou-se sobre eles, azul e com quase nenhuma nuvem, com um sol tão grande que fazia erguer o semblante ser uma tarefa árdua.

Em pouco tempo, abaixo da pesada armadura, Mordred cozinhava e suas roupas ficavam encharcadas de suor. Tatsuo não parecia muito melhor sob as cordas prendendo seus braços.

Com um balanço de sua espada desfez as amarras.

— Nada de conversas desnecessárias antes de sairmos daqui, entendido? - falou o garoto enquanto se erguia. - Isso é uma redoma de realidade, ou pelo menos é o que acho. Um lugar que existe na imaginação de seu convocador e que não deve ser visto de forma alguma como algo menos do que real. Nenhum de nós conhece um meio de sair daqui alternativo a confrontar o servo inimigo, então isso é o que certamente faremos. É provável que venha ao nosso encontro, mas também há chances de que possa nos manter aqui tempo o suficiente para morrermos desidratados. E ainda há uma possibilidade de termos sido teletransportados até um deserto qualquer no mundo.

Mordred assentiu e  removeu a armadura. Ele pensa rápido, percebeu, talvez eu o tenha subestimado demais. Com o canto do olho a cavaleira reparou que o mestre fitava os arredores. 

— Procurando algo?

— Uma anomalia ou pessoa, mas não estou realmente esperançoso. - disse enquanto puxava a gola da camisa para frente e para trás na tentativa de criar uma brisa. - Na verdade começo a rezar para que aquele maluco em trajes laranjas apareça reclamando nossas cabeças.

A cavaleira, não muito após aquilo, notou os projéteis se aproximando. Atirou o garoto ao chão e repeliu um deles com a espada.  Seu corpo foi empurrado alguns centímetros para trás pela bala.

Mordred mordeu o canto inferior dos  lábios. Os disparos haviam tornado-se mais fortes e rápidos, aquilo não lhe passara despercebido.

— Mestre, fique no chão.

Ele assentiu com a cabeça.

— Mostre-se, covarde! Vamos terminar isso! 

Outra saraivada de balas respondeu ao chamado visando a parte superior do corpo da cavaleira. Ela correu para a esquerda saindo da trajetória delas e desferiu seu golpe de média longa distância. A rajada vermelha destruiu duas das enormes rochas que infestavam o local e deixou um rastro cilíndrico por onde passou.

Mais disparos soaram, voltados à posição anterior de Mordred.

Por um instante não entendeu. Mas ao olhar para direita seu coração bateu tão rápido que quase não podia escutar nada além do som que fazia. Colocou toda sua mana para fortalecer as capacidades fisicas e moveu-se de encontro aos projéteis.

Cortou cinco, um a fez gemer ao acertar sua coxa e outros quatro passaram por ela.

 — Mo-san, você tá… - o garoto a olhava com lágrimas se formando nas íris.

— Está tudo bem, isso não é nada, vê? - balançou a perna atingida. - Mais importante, você está bem?

Antes da resposta mais tiros vieram. Da esquerda e direita, do norte ao sul. Clarent brilhou com mana carmim transbordando de si e Mordred a girou desintegrando os projéteis e as rochas próximas. Uma neblina pairou no ar. Quando baixou, a silhueta do servo assassin em seus trajes de couro surgiu. A cavaleira apontou sua lâmina para ele e estava prestes a persegui-lo quando Tatsuo se pronunciou.

— Se for eu morro. - as palavras a fizeram sentir um frio arrepiar-lhe o corpo. - E mesmo que chegue perto, julgando pela forma como as balas vieram, não seria estranho se ele simplesmente pudesse ir para qualquer lugar nesse deserto num piscar de olhos ou que aquilo seja uma cópia. 

— Então o que eu deveria fazer?

— Por agora? - a voz soou tranquila, mas a fala seguinte foi um grito que pareceu usar toda a força de seus pulmões e cordas vocais. - Admitimos derrota!

De trás da figura de trajes alaranjados o garoto loiro deu-os a possibilidade de vê-lo. Havia livrado-se da jaqueta marrom e a calça fora dobrada até os joelhos.

— Ótimo, ordene que seu servo faça um novo contrato comigo e se livre dos selos de comando. Feito isso deixarei que fique com sua vida. 

Tatsuo puxou de leve, mas firme, a manga vermelha, independente de camisa, que Mordred trajava. Ela o fitou com o canto do olho e viu sua mão com a palma para cima. 

Ajudo-o a erguer-se.

— Pergunte qual o desejo dele. - pediu a cavaleira.

— Por que não pergunta você?

— Não gosto de gritar.

— Pensei que homens gostassem de falar alto. 

— Nem todos.

— Mas acabou de gritar.

— Só faça, tá bom? - disse após esfregar o rosto.

Mordred fitou a dupla inimiga e falou o mais alto que podia.

— Que desejo vai fazer ao graal?

O garoto loiro fitou seu servo que permaneceu encarando-os indiferente ao olhar carregado de suspeita que o rapaz lançava-lhe. Segundos depois respondeu.

— Fim para todas as guerras presentes e futuras, um adeus a qualquer violência. Pedirei pela paz mundial.

Aquilo soava bom, gentil e digno. Pensou a cavaleira que por um momento deixara de lado a ideia de decapitá-lo.

— Bom, confirmamos que é um idiota ou um cara mais cruel do que a maioria das pessoas julgaria. - Mordred fitou o mestre sem entender o significado daquelas palavras. - Paz mundial, sem nenhuma espécie de violência em todo o globo, só pode ser alcançada erradicando a vida ou tornando toda ela despida de livre arbítrio, sentimentos, liberdade. Torço para que não seja sadista, só um tolo. Tolos são simples de serem enganados.

— Bom confirmamos que é… - a cavaleira começou a repetir as palavras do rapaz, mas ele interveio agitadamente.

— Não é para dizer aquilo, ainda quero viver sabe?! 

— Então o que digo?

— Esta contraproposta:...

 

KOJI, Tatsuo

Suas roupas estavam empoeiradas e, Tatsuo não conseguia parar de notar, Mordred mancava. Aquilo manteve-se junto ao silêncio enquanto as ruas passavam diante deles. Quando chegaram as escadas da estação de metrô não aguentou mais.

— Apoie-se em mim. - quase não conseguiu esconder o tremor na voz e o quanto seu corpo era inundado por sensações de calor e frio. 

Mordred o fez sem dizer uma palavra e assim seguiram até sentarem-se num assento no trem subterrâneo. 

— Não vai perguntar aonde eu estava no tempo em que estive sumida? - a cavaleira quebrou o silêncio.

— Não importa, prefiro evitar o passado tanto quanto posso. - respondeu, mas logo percebeu que aquilo poderia zangá-la de algum modo. - Contanto que esteja aqui comigo, sinto que tudo ficará bem. Não ligo para o passado.

Mentiroso.

— Faz bem. As vezes gostaria de simplesmente deixar o passado para trás e poder olhar para o meu pai sem ressentimentos. - ela se moveu no banco e praguejou por causa da perna. -  Conversamos antes de eu ir atrás de você e desabafei um pouco com ela, mas acho que apesar de ter entendido que errei feio e a machuquei, não consigo esquecer que me matara e do quanto parecia desdenhar da minha existência. Sinto… medo? Eu não sei, só estou inquieta com a ideia de voltar a conviver junto ao meu pai. 

— Se quiser ir para outro lugar é só falar que vamos.

— Certo. - e a cabeça dela recostou-se no ombro do garoto por um segundo antes que se afastasse num movimento súbito. - Errr… vou lembrar disso.

A viagem terminou num piscar de olhos e logo estavam diante do portão que guardava a residência Emiya. Bateu na porta. Eli os recebeu sorrindo.

— Koji-san! One-san! Venham, mamãe e papai fizeram muita comida e decorações e até presentes! - a criança puxo-os pelo braço, mas parou ao notar Mordred reclamar.

— Desculpa, quer que eu peça pro meu pai te carregar? - perguntou os olhando com pálpebras bem erguidas.

Mordred a fitava com a boca um pouco aberta e as íris sem qualquer pedaço de pele a cobrindo. Irmã, disse consigo mesmo a olhando, por esse título você não esperava, não é?

— Não precisa. - respondeu Tatsuo. - Avise que já estamos indo, por favor.

— Certo. - e se foi até a construção principal, correndo.

Voltou a observar Mordred. A face dela estava suja de grãos de areia, o dourado cabelo ficara bagunçado e arrepiado em alguns pontos, a pele… muito exposta, ele decidiu que a situação ficaria estranha se olhasse demais.

— Aquela garota me chamou de irmã, isso é tão… - murmurou a cavaleira.

— Ela é filha do seu pai e eu meio que contei para Eli sobre você então, bom, acho que vai ser chamada assim a menos que a convença a não fazê-lo.

Mordred negou com um aceno de cabeça.

— Não, isso não me incomoda tanto. Talvez seja um bom modo de começar as coisas por aqui.

Ela sorriu e Tatsuo não pôde agir de outro modo que não acompanhando-a naquele gesto.


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Notas finais do capítulo

Ainda têm o capitulo Ex. Então este não é o último capitulo apesar de o ser... tá ficou confuso. Simplificando tem mais um capitulo.



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