—Cunhado! – Seth agitou as mãos e correu até o carro acompanhando por alguns amigos. – Pessoal, esse é o meu cunhado, Edward. – Apresentou e os amigos o cumprimentaram com um aceno de cabeça. – Edward, esses são os meus amigos e o Joe. 

—Eu também sou seu amigo. – O garoto protestou e Seth negou.

—Ele beijou a menina que eu gosto. – Explicou olhando exasperado para o ex-amigo.

—Quem mandou você ir viajar? – Joe provocou e Seth cerrou os punhos tentando conter a raiva. Edward colocou a mão no ombro dele.

—Deixa para lá. Não vale a pena.

—Você é mesmo um caubói? – Um garoto perguntou e Edward assentiu.

—Seth disse que um touro quase te matou. – Outro comentou.

—O que aconteceu? 

—Acho melhor vocês assistirem o vídeo. – Seth pegou o celular do bolso.

—Espera, tem um vídeo? – Edward imaginava que alguém tivesse gravado, mas não que tivessem publicado e muito menos que Seth iria achar.

—É muito legal. – Seth deu o play e os garotos se acomodaram em volta dele para assistir.

Foi como se Edward estivesse lá de novo. Apesar da má qualidade do vídeo ele conseguia ver tudo com clareza. Ele estava concentrado, o vídeo não mostrava, mas ele estava suando muito. Era a final do torneio e ele era um dos favoritos. Apesar do nervosismo, ele estava confiante. Tinha treinado muito e já enfrentará desafios piores.

Estava tudo indo bem e ele ainda não sabia como aquilo aconteceu, mas num segundo estava firme em cima do touro e no outro estava no chão. Tentou se levantar e foi atingido pelo animal. Ele se desequilibrou e foi atacado mais uma vez. O touro o atingiu primeiro na barriga e depois na cabeça. Ninguém tinha contado o que aconteceu depois, mas agora ele podia ver. Ele foi jogado duas vezes e pisoteado pelo menos três vezes. Foi difícil conter o animal e quando finalmente conseguiram, Edward estava coberto de sangue e inconsciente. Afastou o olhar da tela do celular.

—Como você sobreviveu? – Edward foi trazido de volta a realidade.

—Foi um milagre. – Ninguém sabia como ele sobreviveu. Todos achavam que ele estava morto antes mesmo de chegar ao hospital. – A recuperação foi dolosa. – Ele ainda sentia dores. - Ei, Seth, não quero que a Bella veja esse vídeo. – Ele queria poupar a namorada daquela brutalidade.

—Ela surtaria se visse isso. Você poderia ter morrido, cara.

—Montou de novo depois disso? – Joe perguntou.

—Não. – Edward queria voltar e montra naquele touro e vencer, como forma de provar que ele era mais forte. Mas a mãe havia pedido para que ele prometesse nunca mais chegar perto de uma arena de rodeio.

—Eu teria medo de montar de novo.

—O Edward não tem medo de nada. – Seth saiu em defesa do cunhado. – Ele poderia enfrentar esse touro e acabar com ele. Não é mesmo?

—Acho que sim. Mas o meu ombro não é mais o mesmo e já deixei essa vida de lado.

—Sabe, eu já tive um encontro com a sua namorada. – Um garoto anunciou.

—Foi uma pegadinha que fizemos com a Bella. – Seth explicou rapidamente. – Tive que trabalhar pra Bella e limpar sozinho um salão de festa. Foi uma bagunça total.

—E meus pais me fizeram lavar todos os pratos do restaurante. Por ter feito eles de bobos. – Os dois garotos achavam que os castigos foram um exagero, mas estavam felizes pela pegadinha.

—Foi bom conhecer vocês, garotos. – Ele acenou e os dois entraram no carro.

—Você sente falta? – Seth perguntou quando Edward estacionou. – De montar, quero dizer. – Seth pegou a camisa do time de dentro da mochila e entregou outra para Edward. – Tem que entrar no clima ou vai ficar parecendo um peixe fora d’água.

—Eu sou um peixe fora d’água. Não gosto de basquete.

—Esqueceu de responder a minha pergunta. – O lembrou e Edward parou pensando na pergunta.

—Sim. Montar era parte da minha vida. Eu amava tudo. A adrenalina, o clima, a emoção... tudo. Queria sentir isso só mais uma vez. Sinto como se precisasse me vingar daquele maldito touro.

—Sabe, ele só estava tentando se defender. Eu também ficaria bravo se fosse o touro.  É legal, mas é meio que crueldade também.

—Talvez você tenha razão. Mas eu ainda queria montar uma última vez.

—Então por que não monta?

—Prometi a minha mãe que não faria isso de novo. E agora tem a sua irmã.

—A Bella te proibiu de montar?

—Não. Acho que a Bella me incentivaria em qualquer coisa que eu fizesse. Eu tenho medo de morrer e deixar a sua irmã sozinha. E se ela tiver um filho e a criança crescer sem um pai? Eu não poderia fazer isso.

—Você pode morrer de outras formas. – Apontou e Edward riu. O cunhado sabia como ser positivo.

—Sim. Mas me colocar em perigoso desnecessário é uma loucura. Eu sinto falta de montar, da competição e de todo o resto. É uma sensação incrível, mas eu encontrei coisa melhor. Uma emoção diferente. Uma paixão diferente. E eu não saberia viver sem isso. Posso continuar com o meu orgulho ferido por ter sido derrotado por um touro.

—Você ama de verdade a minha irmã. – Não era uma pergunta.

—Como sabe disso? – Será que estava estampado na cara dele?

—Qual é, você aceitou vir a um jogo que nem gosta só para agradar a Bella. Isso deve ser amor. O amor está nas pequenas coisas. – Ele parecia muito sábio, então levantou e aplaudiu quando o time entrou na quadra.

[...]

—Bella! – Edward notou as velas espalhadas pela sala e formando um caminho até a porta do quarto que eles dividiam.

—Você demorou. – Bella apareceu vestindo uma camisola muito curta e atraente. – Estava te esperando e...

—Meus olhos! – Seth gritou cobrindo os olhos e Bella correu para o quarto.

—O que ele faz aqui? – Gritou de dentro do quarto.

—Vou precisar de terapia para esquecer isso. – Seth fingiu vomitar.

—Você disse que estava fazendo jantar, então convidei o Seth para vir.

—Um jantar romântico.

—Você não disse essa parte. – Ele queria entrar no quarto e jogar a namorada na cama, mas teria que se livrar do cunhado primeiro. – Vou levar o seu irmão em casa e já volto.

—Por favor, não traga o meu pai para cá. – Avisou e ele bufou.

—Já aprendi a lição. – Ele nunca mais levaria ninguém para casa sem perguntar antes.

—Vamos, Seth.

—Estou com fome. – Apontou para a cozinha. – O cheiro está ótimo.

—Eu compro uma pizza no caminho. – Ele viu uma oportunidade ali.

— Sei não, cara. Passei por um episódio muito traumático. – Fingiu inocência.

—Compro o que você quiser desde que saiamos agora. Preciso voltar logo para me desculpar com a sua irmã.

—Ela nem está chateada.

—Estou sim. – Gritou do quarto se cobrindo com uma manta.

—Diga seu preço. – Edward estava prestes a colocar o cunhado para fora e lhe dar dinheiro para pegar um táxi. Mas achou que isso faria a namorado e os sogros ficarem com raiva dele.

—Uma pizza, dois milkshakes, batatas fritas e brownie.

—Não seja um aproveitador, garoto. – Bella o repreendeu voltando para a sala. Ela pegou uma vela e a apagou.

—Não faça isso. – Edward foi até ela. – Prometo que volto logo e vou te recompensar por isso. Vamos, Seth. – Ele saiu arrastando o garoto.

[...]

—Estou de volta. – Bella estava sentada na varanda, ainda usando a camisola, mas com a manta a cobrindo. – Desculpa por isso. Como posso te recompensar? – Vê-la naqueles trajes o deixaram doido.

—Vamos só jantar e esquecer isso. – Bella não estava com raiva, mas não era só o irmão que sabia tirar vantagem das situações. Ela se levantou e tentou passar por ele e Edward a segurou.

—Faço qualquer coisa, anjo. – Bella pensou em desistir do jogo, mas não poderia perder a oportunidade de provocar o namorado um pouco mais.

—Não estou mais no clima.

—Posso te fazer entrar no clima rapidinho. – Afastou a manta e beijou o pescoço dela.

—Acho que não consigo entrar no clima. – Ela nunca saiu dele.

—Nem se eu fizer isso? – Agachou beijando a barriga dela.

—Nem assim. – Bella levou as mãos ao cabelo dele.

—Talvez se que fizer isso. – Colocou uma perna dela sobre o ombro e beijou a parte interna da coxa dela. – Está ajudando?

—De jeito nenhum. – O segurou com mais força.

—Certeza? – Edward levantou e a ergueu. – Parece que você está entrando no clima.

—Estou longe dele. – Ela soltou um gritinho de surpresa quando ele a tocou.

—Posso afirmar que você está muito, muito perto, meu anjo. – Ele a beijou interrompendo o que ela ia dizer. – Desculpa pelo atraso. – Outro beijo. – Desculpa por trazer o seu irmão e por estragar o nosso jantar. – A beijou de novo e Bella gemeu quando ele tocou em um ponto muito sensível. – Desculpa por te deixar fora do clima.

—Desculpas aceitas. – Segurou o rosto dele entre as mãos. – Para a cama agora. – Ordenou e ele negou.

—Vamos para lá depois. Primeiro quero você aqui e agora. – Ele fechou a cortina para que ninguém visse os dois. – Já está no clima?

—É só te ver que eu fico no clima, baby.

—É bom saber disso, anjo. Agora, chega de conversa.

[...]

—Então, o que achou de Phoenix? – Os dois estavam sentados esperando o voo dele ser chamado.

—Não é tão ruim quanto eu imaginava. – Agora que teve a oportunidade de conhecer melhor a cidade, ele tinha gostado do lugar. Mas ainda preferia o campo. Estava com saudades do rancho.

—Acha que poderia passar um tempo aqui? Umas semanas, talvez?

—Você poderia passar umas semanas no rancho?

—Acho que sim. Vou para lá em duas semanas. Quero estar por perto para finalizar tudo para o casamento.

—Tenho que arrumar um terno. – Ele odiava usar ternos, mas faria qualquer coisa para deixar o casamento perfeito.

—Vou te mandar um endereço e alguns modelos.

—Não é só comprar qualquer um? – Ele nunca entenderia de moda.

—Ainda bem que estou aqui, baby. – Deu um tapinha na mão dele. – É o seu voo. – Apontou com tristeza.

—Ei. – Edward ergueu o queixo dela e pousou um beijo delicado nos lábios dela. – Duas semanas, anjo. E vamos nos falar todos os dias.

—E depois? Me acostumei com você ao meu lado. Apesar de toda a sua bagunça. – Eles tiveram algumas divergências quanto a organização. Bella era muito metódica e Edward não, mas aos poucos eles estavam encontrando um equilíbrio. – E apesar do seu ronco.

—Eu não ronco. – Protestou rindo.

—Só um pouquinho. Bem, apesar de roncar, eu quero dormir ao seu lado todos os dias.

—Eu também quero, anjo. E vamos dar um jeito nisso. Não se preocupe. Quando você for para o rancho, vamos dormir na minha casa.

—Não pode estar pronto. – Ele tinha começado a pouco tempo a construir a casa.

—Nosso quarto estará pronto. Provavelmente vamos dormir no chão.

—Desde que você esteja ao meu lado eu durmo em qualquer lugar.

—Obrigado por essa semana maravilhosa. – Eles tinham ido a vários lugares e Edward amou passar mais tempo com ela e conhecer um pouco mais do mundo dela.

—Amo você. – Bella ficou na ponta dos pés para poder beijá-lo.

—Também amo você, meu anjo de saltos altos. – Ela sorriu. – Vou sentir a sua falta. – A abraçou apertado.

—Duas semanas passaram voando. – Tentou soar confiante, mas aquelas duas semanas seriam uma tortura. Ela sentiria falta dele a cada minuto. – Amo você.

—Contarei os minutos, meu anjo. – A beijou uma última vez e Bella o acompanhou com o olhar até ele sumir de vista. Ela segurou as lágrimas. Era hora de focar no trabalho e torcer para que o relógio estivesse a favor deles.