Ensaios escrita por Vanilla Sky


Capítulo 3
Capítulo Três - Natal


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Quanto tempo!
Esse capítulo está parado desde o dia 24 de dezembro do ano passado, juro que demorei um ano para atualizar só pelo capítulo ser temático, ahauahsuhsa. Podem ficar tranquilos que não vou mais demorar tanto assim -qq
Espero que gostem, e um feliz Natal a todos! ♥ desejo muita saúde e paz!



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(Três semanas antes do primeiro beijo)

Jingle bells, jingle bells, jingle all the way…

 

A voz de Tony Stark ecoava pelo hall principal, enquanto ele pegava um enfeite de Natal dentro de uma grande caixa, pendurando-o não em uma árvore, mas em Visão.

— Senhor Stark, tem certeza de que isso é necessário?

O sintozóide estava em pé ao lado do sofá, todo enrolado por luzes natalinas e bolas para uma árvore de Natal. Todo o salão estava perfeitamente decorado para o feriado, causando nos habitantes da Base uma sensação boa de clima festivo.

— Lógico que tenho, Visão. Você tem as exatas cores de um enfeite. Acha que eu fiz isso por acaso e vou deixar passar propositalmente?

Wanda deixou a cozinha e atravessou a porta do cômodo com uma xícara fumegante em mãos, deixando-a na altura do rosto para o calor da bebida esquentar seu rosto gelado naquele dia frio de inverno. A peça vermelha, cor que a representava dentre as xícaras dos demais companheiros, quase caiu de suas mãos quando viu o robô com quem fora ao cinema na semana anterior totalmente envolto por arrumações douradas, vermelhas e verdes, com a Joia do Infinito em sua testa representando uma estrela. Ela disfarçou uma risada bebericando o conteúdo da xícara, até que sentiu Natasha chegar ao seu lado:

— Você pode rir, querida. Não há nada de errado, até porque a cena é muito engraçada...

Antes mesmo que ela terminasse a frase, ambas explodiram em risadas, preenchendo o quarto com suas vozes. Visão sorriu ao ver o lindo sorriso de Wanda, feliz por tê-la alegrado. Ela parecia um pouco triste na hora do almoço, talvez por estar sem a companhia de seu irmão, e por ficar sozinha na Base durante a noite de Natal. Dedicando mais tempo a pensar sobre isso, Visão teve uma ideia.

Após algumas fotos tiradas por Stark, inclusive de Wanda com seu chocolate quente coberto de marshmellows ao lado da “visionária árvore de Natal” (palavras de Tony), os Vingadores começaram a se ajeitar para seguirem seus caminhos naquele dia. Natasha iria para a casa de Clint, visitá-lo após sua aposentadoria. Steve e Sam iriam visitar Peggy Carter, enquanto Rhodes, Tony e Pepper iriam para uma festa do outro lado da cidade, Visão acompanhando-os.

— Tem certeza de que não gostaria de ir comigo? Podemos dividir um quarto e voltar amanhã pela manhã. – Disse Natasha, passando os braços ao redor dos ombros de Wanda.

— Tenho, sim, Nat. Agradeço o convite, mas prometo que vou ficar bem sozinha! Não precisa se preocupar.

Com um suspiro, Natasha abraçou a amiga, pegando sua bolsa e deixando o prédio. Steve acariciou os cabelos da moça e desejou um feliz Natal, e Sam beijou-a na bochecha, antes dos dois também partirem, prometendo retornar no dia seguinte. Wanda estava parada na soleira da porta de saída, olhando a neve cair e o dia adormecer. Tony já estava dentro de seu carro com Pepper e Rhodes, até fazer um movimento de mão chamando Visão, o qual estava elegantemente vestido, parado na soleira ao lado dela. Ele surpreendentemente passou as mãos ao redor da cintura de Wanda e manteve-se no lugar.

— Acho que não irei, Tony. Irei ficar com a Wanda, para ela não ficar sozinha na Base. Pode ser perigoso.

Tony Stark arregalou os olhos, abrindo a janela do carro para observá-lo, incrédulo.

 

— Visão. – Começou Tony, virando o corpo no carro. – A Wanda vai ficar bem. Você não precisa ficar de babá dela.

 

— Jamais pensaria isso da Senhorita Maximoff. – O sintozóide aumentou o volume vocal, para Tony poder escutá-lo com clareza, apesar da distância e das ignições do carro ligado. – Apenas quero fazê-la companhia, e vocês já estão em muitos. Estatisticamente, ela tem mais chances de se sentir sozinha na noite de Natal que vocês, que estão em grupo, e...

 

— Tudo bem, eu entendi. Não precisa continuar. – Tony parecia legitimamente frustrado, mas Pepper colocou a mão sobre seu ombro, uma maneira de reassegurar que estava tudo bem. – Feliz Natal para vocês dois!

 

E, em seguida, arrancou o grande carro em direção à saída da Base, deixando uma Wanda e um acuado Visão parados na porta da frente. Batendo as mãos uma na outra, Visão deu seu melhor sorriso, voltando-se para dentro do complexo e convidando Wanda para segui-lo.

 

Ela não sabia dizer por que estava nervosa na presença solitária de Visão, subindo devagar as escadas em sua frente, enquanto a própria sentia as mãos trêmulas a cada passo. Eles tiveram um encontro incrível na semana anterior, e ela se sentia confortável nas vezes em que ficavam juntos; mas, por algum motivo que ela ainda não era capaz de compreender, seu coração bateria rapidamente por todo o feriado.

 

— Como você costumava comemorar o Natal em sua cidade natal, Wanda?

 

Uma longa pausa precedeu a fala de Wanda à medida que eles se aproximavam da sala de estar e ela se acomodava no sofá.

 

— Em verdade, nós não comemorávamos o Natal em Sokovia, pois somos de origem judia. Em vez disso, nós celebramos o Hanukkah. – Percebendo que a caneca estava vazia, ela levantou e se aproximou da cozinha, enquanto Visão pegava alguns utensílios para iniciar os pratos da Ceia. – Minha família comemorava acendendo as velas tradicionais nos 7 dias e 8 noites da celebração, eu jogava dreidel feito de argila com o Pietro... Sempre era muito divertido.

 

Wanda respirou fundo enquanto se servia novamente da bebida quente que preparara mais cedo, perfeitamente quente dentro de uma garrafa térmica, e pegando marshmellows no armário sobre sua cabeça. Visão escutava e absorvia cada palavra dita por ela, sem fazer qualquer barulho que pudesse atrapalhar seus pensamentos.

 

Ele genuinamente gostava de saber mais sobre ela. Conhecer sua história, suas origens. Wanda era uma pessoa fechada, que dificilmente se abria com as pessoas ao seu redor; até mesmo com Natasha, em quem mais confiava em toda a equipe. Observando o livro de receitas, algumas ideias começaram a pipocar na mente sintética de Visão.

 

— Mas não me importo de celebrar o Natal! – Wanda fez um adendo, após tomar um curto gole de seu chocolate quente e se sentar na bancada de granito ao lado de Visão, enquanto este separava os ingredientes com o máximo de concentração. – Eu morava um pouco afastada do centro, e lá havia uma grande árvore de Natal com luzes pelas ruas principais da cidade. Meus pais nos levavam anualmente para vê-las.

 

— Parece ser uma memória maravilhosa. – Visão parou o que estava fazendo para observar Wanda por um momento, e o rosto dessa adquiriu um tom rubro.

 

— Meus pais sempre ensinaram que, independentemente de se ter uma menorah ou uma árvore de Natal, eu e Pietro jamais deveríamos esquecer a nossa origem.

 

Visão continuou observando-a com cautela, quase como se ela fosse um ornamento de cristal exposto em um pedestal. Ver Wanda sentada tão próximo, com roupas quentes o suficiente para esquentar seu corpo pequeno no inverno, trazia tranquilidade para aquele ambiente e, sobretudo, para os sistemas internos de seu corpo robótico. Lembrou-se do colar que havia comprado na semana anterior, em um pacote ornamentado e escondido em seu quarto, e pensou que deveria entregá-lo para Wanda em breve.

Com um pulo, a feiticeira deixou o lugar em que repousava, tomando o restante de sua bebida e deixando a xícara sobre a pia, aproveitando para observar os ingredientes sobre a bancada. Ela não fazia ideia do que Visão iria preparar – e, inclusive, não fazia questão de comer nada especial, apenas pensou em pedir uma pizza, mas apreciava o gesto de seu amigo –, a curiosidade praticamente matando-a por dentro. Ele, contudo, manteve-se em segredo sobre o que iria cozinhar. Percebendo que não conseguiria respostas, disse:

 

— Eu vou tomar um banho. – Ela sorriu, afastando-se devagar.

 

— Quando a senhorita terminar de se arrumar, me encontre na sala de estar.

 

O ar frio tocou o nariz de Wanda tão logo ela se despiu e ligou o chuveiro, a água quente tocando seu corpo como um abraço quente. Observou o banheiro pequeno da suíte em que dormia, totalmente branco com azulejos pretos. Aquele lugar, espaçoso demais para um banheiro de suíte, fazia parte do conjunto que Wanda conhecia como “casa”.

 

Sentindo os pingos de água quente sobre sua cabeça (e que se danem os fios quebradiços), ela lembrou-se de Pietro. Lembrou-se dos momentos que passaram juntos, de como queria estar com ele naquele dia. Ao mesmo tempo, pensou em Visão, que abdicara de viajar na companhia de Tony para fazê-la companhia, e inclusive estava preparando um jantar. Era reconfortante saber que, mesmo estando sozinha, alguém no mundo ainda se preocupava com seu bem-estar, além de seus colegas de trabalho mais próximos.

 

Wanda não fazia questão de vestir-se bem para a ocasião, por isso, terminando o banho, pegou um pijama quente para usar. Blusa e calça de flanela, pantufas, e um casaco de soft para completar o visual, deixando o quarto em seguida.

Quando Wanda chegou na sala de estar, não acreditou no que viu: sobre a bancada em frente ao sofá, Visão havia montado uma pequena ceia, com direito à uma toalha natalina e pratos típicos da festividade judia que Wanda estava acostumada. Visão terminava de cozinhar uma sopa enquanto servia as refeições.

 

— Wanda. – Ela ainda não havia se acostumado com ele chamando-a pelo primeiro nome, sentindo um arrepio na espinha. – Desculpe os pratos não estarem tão elaborados quanto a receita solicitava, apenas não tinha tanto tempo.

 

— Vizh, isso é... – Wanda encontrava-se sem palavras. – ... Isso é o ato de gentileza mais bonito que alguém já me fez.

 

Quando ele terminou de servir alguns dos pratos fritos, a moça correu em sua direção e o abraçou com carinho, gesto surpreendentemente correspondido pelo robô. Visão estava satisfeito de trazê-la um pouco de alegria em um dia difícil.

 

Após Wanda servir-se de sopa e comer um pouco dos pratos fritos, tradição no Hanukkah, Visão aproximou-se com uma única vela, despertando a curiosidade de Wanda.

 

— Por favor, não se incomode. – Com um fósforo na mão, ele acendeu o pavio da vela. – É meramente um gesto simbólico. No próximo ano, irei providenciar um candelabro para você, no estilo correto, celebrar a festividade como deve ser.

 

Levando as mãos à boca, Wanda sentiu-se emocionada. Por um momento, não lembrou da morte do irmão, somente dos momentos felizes que passaram com seus pais. Há muitos anos ela não comemorava nada no final do ano, somente agradecia por mais 365 dias que se passaram; naquele momento, porém, ela tinha um motivo para agradecer.

 

Enquanto comiam, Wanda e Visão assistiram a um filme chamado “A Felicidade Não Se Compra”, filme natalino lançado nos anos 1940 com duas horas de duração, a mensagem de esperança e amor à vida estampado em cada cena. Nos trinta minutos finais, Wanda caíra no sono, deixando um Visão curioso assistindo às interações humanas.

 

Em cada gesto, Visão tentava ao máximo imitar as emoções humanas com as quais lidava diariamente. Era complicado entender a esperança, a vontade de viver, a compaixão; mas ele gostava de agir da maneira mais próxima que conseguia daquelas pessoas. Vendo uma Wanda dormindo pacificamente ao seu lado, seu primeiro instinto foi passar a mão ao redor de seus ombros, deixando-a aconchegada pelos próximos minutos.

 

As louças estavam sujas em sua frente quando os créditos finais rolaram na tela, mas ele não conseguia pensar em mais nada. Silenciosamente, Visão desligou a televisão e pegou Wanda em seu colo, flutuando pela Base dos Vingadores com ela abraçada em seu tronco, segurando a gola de sua blusa quando ele tentou colocá-la na cama, deixando-o em uma posição de dúvida entre deitar-se ao lado dela e deixar seus sistemas em modo de repouso, ou deixá-la dormir sozinha; ao final acabou optando pela segunda opção.

 

O tempo passava mais devagar quando ela não estava ao lado dele, conversando animada sobre qualquer coisa. O sintozóide lavou a louça e guardou-a de volta nas cabines, ajeitou o sofá e a mesa antes que o pessoal voltasse na manhã seguinte, e lentamente esperou a noite passar para ver Wanda no primeiro momento possível.

O sol raiava com todo seu esplendor quando Wanda acordou na manhã seguinte, coberta até o pescoço por cima do já quente pijama. Sentado na ponta da cama de casal, Visão estava taciturno, observando com um sorriso quando ela se sentou, sem se importar com seu cabelo bagunçado e os olhos inchados.

 

— Feliz Natal, Wanda. – E entregou-lhe um bonito embrulho.

 

Wanda sorriu, sem jeito por não lhe ter comprado qualquer presente. Em verdade, ela nem esperava comemorar a data com outra pessoa. Ela perdeu o ar quando abriu o pacote e viu o lindo colar de ouro branco com rubi, suspirando profundamente enquanto abraçava a caixa de veludo.

 

— Vizh, isso é lindo. Feliz Natal para você também!

 

Ela engatinhou até ele e abraçou-o com carinho, e Visão apenas sorriu, colocando uma mão sobre o braço dela para retribuir o gesto. Logo, os outros Vingadores chegariam, mas aquele dia e aquela festividade era somente deles;

 

E Visão sentia-se especial por isso.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥ esse capítulo é mais curto que os demais, por isso, estou aberta a críticas e sugestões!



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