— Eu cheguei atrasado, ou foram vocês que se adiantaram? – Chat Noir questionou ao chegar no local aonde estavam todos os heróis reunidos. Só estavam esperando por ele.

— Eles se adiantaram. – a azulada respondeu. – O que não é ruim. – disse logo.

— Eles tudo bem, mas agora você? – riu, sendo acompanhado de Luka e Alya, que sabiam a verdadeira identidade da heroína, logo, entenderam a referência.

— Engraçadinho! – fez careta e colocou as mãos na cintura, fazendo o sorriso de Adrien aumentar ainda mais. Ele sabia que sua namorada estava nervosa, afinal, hoje era o dia em que a equipe descobriria quem ela era por trás da máscara. Embora também soubesse que Marinette não tinha motivos para se preocupar.

— É, sou mesmo uma graça. – piscou e ela revirou os olhos. – Desculpe, você sabe que eu não posso perder a oportunidade de fazer um trocadilho, my lady.

— Sei disso. – balançou a cabeça em negação – Enfim, podemos começar a reunião? – os seis assentiram – Bem, os chamei aqui porque eu e Chat Noir decidimos que seria importante a equipe saber as identidades entre si. Afinal, não podemos correr muitos riscos com essas várias versões nossas circulando por Paris.

— E sabendo as nossas identidades podemos detectar possíveis impostores, nos comunicar com mais rapidez e melhorar o trabalho em equipe. – Adrien completou.

— O que acham?

— Que vocês têm razão!

— Incrível!

— Ótimo!

— É uma ótima ideia! – Rena Rouge disse – Vamos desfazer as transformações, ou apenas dizer?

— Acho que apenas dizer. É melhor não correr nenhum risco de sermos vistos. – Chat Noir sugeriu e Ladybug assentiu – Bom, a minha vocês já sabem, então... Quem quer começar?

***

— Wow! A Marinette... E o Adrien... Mas a Marinette... Wow! – Alya riu da reação do seu namorado assim que chegaram no quarto dela depois da reunião onde finalmente, todos descobriram as identidades.

— Loucura né? Mas acho que a minha surpresa maior foi quando descobrimos sobre o Adrien. – admitiu – Nada contra, mas ele não tem jeito de ser um super-herói. Tipo assim, ele mal podia sair de casa por causa do pai.

— Sim. Assim como o pai dele não tem jeito de ser um super vilão. Quer dizer... Ele era meio mala, mas agora um vilão? – ela concordou com a cabeça – Mas a Marinette... Acho que ninguém nunca suspeitou por que ela é meio distraída e desastrada. Pois fora isso, se parar pra pensar, ela age exatamente como a Ladybug.

— Tem razão. – Alya cruzou os braços, refletindo – Nunca parei pra analisar, até porque não imaginava ela conseguindo esconder um segredo assim de mim. – os dois riram – Só depois que eu virei a Rena Rouge e não pude contar nem pra ela, nem pra você, foi que eu entendi o peso de uma identidade secreta.

— Pois é. Digo o mesmo.

— E o Luka como Viperion... Não imaginava.

— Nem a Alix como Bunnix. Mas sinceramente, a Chloé eu meio que esperava.

— É, ela age como uma abelha rainha.

— Verdade. – Nino riu.

— O que foi?

— Não é irônico? Por um bom tempo a Marinette e o Adrien lutavam lado a lado sem nem fazer ideia. – Alya também riu, acompanhando o moreno. – Eu imagino eles descobrindo as identidades. Deve ter sido tenso.

— Bom, por um momento você não soube que eu era a Rena Rouge também. – se aproximou dele com um sorriso, ficando com seus lábios a apenas alguns centímetros dos de Nino.

— É, mas isso é detalhe. – riu finalmente beijando a namorada.

— Humanos e seus hábitos estranhos de ficar encostando as bocas! – Trixx se manifestou, interrompendo o beijo e arrancando uma risada do casal. – É tão esquisito!

— Se tem uma coisa que eu aprendi em todos esses anos, é não questionar os humanos. – foi a vez de Wayzz dizer – Eles são seres extraordinários.

— Não tanto quanto vocês, carinha! – Nino tocou na barriga do seu kwami, o que fez ele rir e recuar.

— É, serei obrigada a concordar.

— Alya! – as gêmeas invadiram o quarto, fazendo Trixx e Wayzz se esconderem o mais rápido possível – Queremos ir ao parque!

— A mamãe disse que só podemos ir se você nos levar. – Ella segurava o seu braço direito, enquanto Etta segurava o esquerdo.

— É, por favor! – Alya estava prestes a dizer não, pois tinha combinado de assistir um filme com seu namorado.

— Vamos sim, mas antes vocês precisam ir até o quarto de vocês e pegar um casaco. – disse Nino, então as gêmeas assentiram e saíram correndo.

— O quê? Mas e o filme?

— Ah, fica pra depois. – balançou a mão e passou o braço por cima dos ombros da namorada, beijando a bochecha dela em seguida – O dia tá bonito, vamos curtir um sol. – ela riu.

— Só você mesmo.

***

— Isso... Isso que você está dizendo é realmente fascinante! – o homem ajeitou os óculos, enquanto mil coisas se passavam na sua cabeça. Um leque de possibilidades tinha sido aberto nesse instante, tornando quase impossível organizar seus pensamentos no momento – Eu disse que não era louco! Eu disse que tinha algo acontecendo! – falou mais para si mesmo, com um sorriso largo.

— E é por isso que mandei contatar você. Fiz uma pesquisa e descobri que você é o melhor da área. E acredito que só não fez mais avanços, porque não tinha o... Capital necessário. – dizia com cuidado, escolhendo as palavras minuciosamente – Mas isso pode mudar. – o homem encarava Gabriel atentamente. – Posso dar o que você precisa, se... Me ajudar.

— Está falando sério? – o de cabelos brancos sorriu ladino.

— É claro. Mas antes de tudo, você precisa saber que eu prezo pelo completo sigilo. Ao menos até eu conseguir o que quero. Depois disso, pode fazer o que quiser com o projeto. Será todo seu. – o cômodo foi preenchido pelo silêncio – E então, o que me diz?

— Eu aceito.

***

— Não notei nada de diferente. – Adrien disse, pensando. – Acha que pode ter acontecido algo com ela?

— Bem, o Miraculous estava danificado. – a azulada lembrou – Mestre Fu disse que seria bom perguntar ou ao menos observar. – afinal, um Miraculous danificado não era comum. Todavia, não quis frisar isso, porque conhecendo o seu namorado, ele iria ficar ainda mais preocupado. E não seria uma boa no momento.

— Entendi. Vou fazer isso. – suspirou e se escorou nos travesseiros cor-de-rosa de Marinette. Era tão aconchegante. Desejou poder ficar ali para sempre – E sobre o que o Mestre disse do meu pai ter o Miraculous por um propósito, eu também fico pensando nisso. Meu pai não faz nada sem um objetivo.

— Pois é. Apenas ser um vilão não me parece o estilo dele.

— Exatamente. – deu de ombros – Mas ele não me diz nada de qualquer forma. E agora ainda estendeu essa licença, o que é muito suspeito.

— Você acha que ele pode estar tramando alguma coisa? – Adrien não disse nada, mas Marinette soube a resposta apenas pela sua expressão. – Mas o que ele poderia fazer?

— Não sei. – falou ainda com o olhar distante – Mas preciso ficar de olho.

***

Chloé voltou para a sua casa completamente chocada, depois da reunião com a equipe de super-heróis.

Como assim a sua heroína favorita, Ladybug, não era ninguém menos do que Marinette Dupain-Cheng, a garota pela qual ela passou uns bons anos implicando na escola?

Tudo bem que não se orgulhava do que tinha feito para Marinette, e obviamente tinha mudado. Mas ainda assim era completamente surreal o fato da garota tímida e desastrada ser a heroína corajosa e destemida da cidade. Se bem que poderia ter desconfiado, depois de saber que Adrien era Chat Noir – o que também ainda não tinha caído completamente a ficha.

Alya e Nino serem Rena Rouge e Carapace, não foi uma completa surpresa. Os dois pareciam ter o perfil exato para serem super-heróis e seria surpreendente se eles não fossem. Alix ser a Bunnix e Luka ser o Viperion, ela sequer imaginava, porém não tinha muita afinidade com ambos, então a descoberta não fez muita diferença de fato.

— Você parece pensativa. Aconteceu algo, Chloé? – Sabrina questionou preocupada.

— Não, nada demais. – sorriu. – Que filme você escolheu?

— Achei que você fosse escolher. – a ruiva imaginou, visto que todas as vezes eram assim. Chloé Bourgeois sempre tinha o maior poder de decisão na amizade das duas.

— Não, pode escolher você. – Sabrina sorriu, se surpreendendo com a atitude. Porém, não reclamou.

Era bom ver que alguns velhos hábitos estavam mudando.

***

Adrien entrou em casa meio distraído e quase esbarrou em um homem com uma pasta, saindo apressado.

— Perdão! – disse ele, mesmo sem ter encostado no loiro.

— Tudo bem... Eu acho. – murmurou a última parte, pois o homem já tinha se afastado e agora estava esperando que Gorila abrisse a porta para sair.

Adrien acompanhou os movimentos dele com o olhar. E se voltou para Nathalie assim que ele saiu da mansão.

— Quem era aquele? – questionou curioso.

— Aquele é o novo psicólogo do seu pai. – disse depois de alguns segundos.

— Psicólogo? – Adrien arqueou a sobrancelha, estranhando.

— Sim. Ele está procurando tratamento psicológico.

— Por conta própria? – a mulher assentiu – Nossa! Isso é inesperado. – de fato não imaginava que seu pai fizesse algo do tipo. Procurar ajuda psicológica era quase que admitir que errou, o que era surpreendente vindo de Gabriel Agreste – Ele está no escritório? Acho que vou falar com ele. – fez menção de ir até o local, porém foi impedido por Nathalie.

— Seria bom se você não comentasse com ele sobre, ao menos agora. Sabe como seu pai se sente com tudo que aconteceu. Ele está... Constrangido. – o loiro parou, refletindo. – Demorou até ele aceitar que precisa fazer terapia. Uma discussão pode fazer com que ele desista antes mesmo de começar.

Suspirou. Sabia que Nathalie estava certa. Já era bom demais que seu pai tivesse procurado ajuda sozinho. Não queria ser o culpado da desistência dele.

— Entendo. De qualquer forma, gostaria que você me mantivesse atualizado.

— Certo, farei isso. – Adrien desviou do caminho, subindo os primeiros degraus da escada para ir para o quarto. Mas antes de ir, virou na direção da mulher.

— Nathalie?

— Sim?

— Como... Tem se sentido? – ela estranhou a pergunta.

— Como assim?

— Você sabe, o Miraculous do pavão estava danificado e você o usou. – decidiu abrir o jogo, afinal, surtaria se guardasse um segredo do tipo. Fora que Nathalie tinha o total direito de saber sobre – Então, você tem se sentido bem? Não notou nada estranho? Nenhuma mudança?

— Nada. Estou perfeitamente normal. – Adrien assentiu.

— Tudo bem, que bom. Mas me mantenha informado sobre isso também. Ok?

— Ok.