happily ever after. escrita por unalternagi


Capítulo 34
Tudo que não deu para consertar por culpa do depois


Notas iniciais do capítulo

Oláááááá

Continuamos no seguimento Alisper aqui para compensar todos os capítulos que os mantive separados.

Será que os dois se acertam?

Espero que gostem do que vem aí.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/780926/chapter/34

Capítulo 34 – Tudo que não deu para consertar por culpa do depois

|JASPER|

Desde que Alice voltara para Nova Iorque, as coisas começaram a caminhar de forma mais natural, se eu poderia chamar assim.

Parecia que ela era o pedaço que faltava e as coisas foram mais simples desde então. Comecei a dormir na cama do corredor na casa de Edward e Bella enquanto ela se apossou do sofá-cama. Meus pais ainda me ligavam diariamente e eu os encontrava quase todos os dias, mas com a aproximação do aniversário de Henri, resolvi deixar-me mais disponível para Rosalie.

Fomos deixar as coisas de organização do aniversário na casa dos amigos deles. Rose me contou toda a história de Tony e seus pais e eu estava ansioso para conhecê-los.

Chegamos à bela e imponente casa, claramente um local que abrigaria uma família, consideravelmente, grande de um neurocirurgião bem sucedido em Nova Iorque. Alice estava com Henri no colo e eu cheio de sacolas grandes e pesadas de decoração. Rosalie segurava da melhor forma possível suas sacolas e apertou a campainha, parecendo ansiosa.

—Finalmente chegaram – uma mulher bonita atendeu a porta com roupas casuais – Ó meu Deus, uma italiana que esqueceu seus amigos americanos sem pena – a mulher disse ao enxergar Alice.

A baixinha passou por mim e Rosalie e abraçou a mulher, ainda com o bebê no colo que parecia conhecer a desconhecida também, já que fez festa ao se aproximar dela.

—E você, pacotinho – a mulher disse carinhosamente – A titia está muito feliz que sua mãe finalmente aceitou minha ajuda, a parte que eu mais gosto são os aniversários – ela disse sorridente.

—Obrigada, mesmo, por estar fazendo isso – Rose disse meio ofegante.

—Ah, desculpem, entrem logo e deixem as sacolas na garagem para não pegar chuva – ela instruiu pegando Henri do colo de Alice.

Minha irmã guiou o caminho e deixamos as sacolas lá, senti o alívio quase imediato e então reparei que a mulher desconhecida me encarava, curiosa.

—Ele, realmente, não parece com você, mas acho umas coisas de Henri nesse rosto – ela comentou simpática para Rosalie – Prazer, sou Julia – ela disse estendendo uma mão para mim.

—Jasper Hale, irmão de Rosalie – falei cordialmente.

—E o noivo de Alice – ela comentou alegremente, sem reparar no choque em meu rosto ou Alice travada – Eu escutei muito sobre você e estou muito feliz em estar tendo a oportunidade de conhecê-lo – ela tagarelava – Você é muito amado, Jasper.

Sorri de canto, agradecendo.

Alice e Rosalie me encaravam, sérias, talvez esperando qualquer coisa, mas eu fiquei quieto, decidindo absorver as coisas quando eu realmente precisasse fazê-lo.

Julia nos ofereceu um lanche da tarde, enquanto esperávamos as crianças chegarem da escola já que Alice queria revê-los. Alice contava diversas coisas para Julia sobre sua viagem, algumas histórias que eu já havia escutado, mas não importava-me em escutar de novo, porque ela sempre parecia muito feliz em compartilhá-las.

Perto das três e meia da tarde, a porta foi aberta sem delicadeza nenhuma e três crianças apareceram apressadas.

—Calma, calma – Julia dizia acima da gritaria que se instalou.

Alice foi soterrada por abraços e beijos. O garoto mais alto era mais quieto, estava no canto esperando os dois menores encherem Alice de beijos e abraços saudosos. Sorri para a imagem a minha frente.

—Quanta saudade – Alice brincou.

—Finalmente você veio nos ver, Lili – o garotinho loiro falava animado.

—Ei, muito bem, vocês cumprimentaram a Alice, agora deem espaço para o irmão de vocês e olhem ao redor, Rose, Jasper e Henri também estão aqui – a mãe falou repressiva.

A garotinha estava aninhada no colo de Alice e não fez menção de se movimentar, claramente uma grande fã. Mas o garoto se soltou das duas quando a mãe mencionou o meu nome e me encarou surpreso.

Ele parou um tempo, ficou me estudando, ao que parecia, e eu mantive o meu sorriso educado para ele, querendo que ele soubesse que eu era um amigo.

O garotinho andou a passos curtos até mim, sorriu para Rose que estava ao meu lado amamentando Henri, mas sua atenção era minha por completo e eu quis saber o que ele estava pensando.

—Sabe, eu não deveria gostar de você – o garoto falou.

—Anthony! – Julia repreendeu e eu aprendi que o garoto era a razão de toda aquela amizade que meus amigos tinham com o casal dono daquela bela casa na qual estávamos.

—É que eu sou o namorado de brincadeira da Lili – ele explicou, ignorando a mãe -, mas ela o ama muito, sabe? Ela sentiu sua falta e eu a amo também, então rezei todos os dias para o meu anjo da guarda para cuidar de você também, já que tudo deu certo na minha cirurgia, pensei que com o problema no avião, seu anjo poderia estar machucado, então pedi ao meu para ajuda-lo. Acha que isso o ajudou a voltar? – perguntou inocentemente e eu sorri amplamente.

Entendi minha irmã e meus amigos naquele momento, porque me rendi a Anthony rapidamente.

—Com certeza, eu sentia-me mais protegido mesmo – falei docemente – Obrigado por isso, Tony, por dividi-lo comigo. Acha que pode agradecê-lo essa noite por mim? Deixá-lo saber que eu aprecio o cuidado?

—Claro que sim – ele falou sorridente e se jogou em meus braços me dando um abraço apertado.

Fiquei emocionado com a pureza de seus gestos e palavras e reparei que as outras três mulheres encaravam nossa interação, também com lágrimas nos olhos.

Foi um excelente fim de tarde e, apesar de ter ignorado a informação por todo o momento em que estivemos na casa de Julia e Tony, eu simplesmente não consegui continuar ignorando toda a descarga de sentimentos que tive quando descobri que quem deu o lindo anel que adornava o dedo anelar da mão esquerda de Alice havia sido eu.

Sinceramente? A última coisa que eu lembrava sobre a minha vida amorosa era estar perdidamente apaixonado por Leah Clearwater, irmã mais velha de Seth, por quem Alice tinha uma paixonite.

Onde as coisas haviam mudado? Por que meu coração reconhecia com facilidade aquela verdade?

Guardei as dúvidas para mim, porque gostaria de receber a resposta apenas de uma pessoa e eu sabia que momento seria bom para perguntar. A noite passou rapidamente entre nós e nossos irmãos e amigos e, no dia seguinte, quando Bella e Edward saíram de casa para trabalhar, eu apressei-me para a padaria que tinha perto de nosso prédio e comprei um café da manhã simples com o cartão de crédito em meu nome que meu pai tinha me entregado.

Ajeitei a mesa com cuidado e zelo, Alice ainda ressonava na sala, mas não deveria demorar em acordar.

Esperei, pacientemente, sentado à mesa, apenas amedrontado com a possibilidade das bebidas quentes esfriarem, mas o micro-ondas cuidaria daquilo se fosse o caso. Não?

Por todo o tempo que fiquei sozinho, imaginei o porquê causou-me tamanha surpresa o que Julia falara ontem. É claro que eu tinha reparado o anel na mão de Alice, um ou dois dias depois dela voltar para os Estados Unidos, a joia tomou minha atenção, já que não me lembrava de tê-la visto usando aquilo quando foi me visitar na Inglaterra, então, naturalmente, eu imaginei que havia sido algum namorado do intercâmbio e, a quantidade de vezes que ouvi a conversa de nossos amigos e irmãos sobre ela, um nome se repetia com maior frequência. Lucca.

Alice apareceu na cozinha, bocejando e pareceu surpresa ao me ver sentado a frente de uma mesa cheia.

—Bom dia – ela disse parecendo insegura.

—Bom dia, eu comprei o café, estava esperando você acordar para desjejuarmos juntos... Se quiser, é claro, não sei se tem planos-

—Eu não tenho. E claro que quero – ela sorriu docemente para mim, sentando-se a minha frente.

Chequei a temperatura dos recipientes com bebidas quentes, elas estavam mornas, acho que daria certo.

—Comprei chocolate quente, chá e café, também tem suco – falei e ela sorriu de canto, parecendo perdida em pensamentos – É que eu não sabia do que você gostava...

—Eu gosto de tudo, mas hoje vou tomar um pouco de chá e suco – ela disse se levantando para pegar xícaras.

Que idiota que eu era, esqueci-me de pegar os utensílios que precisaríamos. Alice cuidou daquilo sem se importar, logo voltou a se sentar, dessa vez ao meu lado e não de frente para mim.

—Queria conversar com você – falei ao vê-la se esticando para alcançar um croissant, deixando sua aliança bem visível.

Ela reparou o meu olhar por sobre o anel e logo escondeu a mão embaixo da mesa.

—Imaginei que teria algumas perguntas – ela murmurou – É sobre o que Julia falou ontem?

Assenti.

—Bem, desculpe. Nós acabamos não comentando com ela sobre a falta de memórias. Tem sentido alguma dor ou...

—Eu estou bem, não se preocupe com isso – falei sinceramente.

Foi a vez dela de anuir, mordendo o croissant logo em seguida, sem fazer menção de dizer mais nada, provavelmente me dando tempo para me encontrar.

—Apenas, estou confuso. Por que você se apresentou como irmã mais nova de Edward? Por que não me contou quem realmente era?

Ela manteve a cabeça baixa.

—Eu não sabia como abordar o assunto, você sequer se lembrava do meu rosto, imagine do nosso relacionamento – ela falou suspirando – Não quis lhe forçar a nada e, bom, depois de tudo o que o médico disse sobre sua memória e quando descobri sobre o coma, acho que apenas senti medo... Eu não posso perder você – ela falou seriamente, escutei a voz falhar, mas não consegui encarar seus olhos, já que ela ainda parecia sem graça demais para levantar a cabeça e me encarar.

Calculei muito bem meus movimentos e, com delicadeza, segurei seu queixo para obrigar ela a olhar em meus olhos.

—Agora entendo o porquê eu tenho tantas desculpas para pedir – falei realmente sem graça.

Que tipo de amor era aquele que me deixava esquecer quem era, talvez, a pessoa mais importante de minha vida? Será que eu não amava Alice? Então por que meu coração batia descompassado toda a vez que ela chegava ao recinto, ou sorria, ou eu sentia seu perfume no ar? E como eu sabia que aquele era o perfume dela?

—Não é a sua culpa – ela murmurou.

—Também não é a sua – falei e ela suspirou.

O silêncio recaiu na cozinha do apartamento de república – apelido carinhoso.

—Você leu meus e-mails? – ela perguntou, de repente, e eu franzi o cenho, confuso.

—Como?

—Eu lhe enviei e-mail toda a semana, como prometemos fazer – ela contou e aquilo me surpreendeu.

—Toda a semana? – perguntei contente e ela sorriu, anuindo.

Então lembrei-me do pequeno grande problema que a amnésia havia me trazido.

—Eu, ahm... Eu não me lembro da senha de nada. Nem do meu celular, ou do e-mail. Meu pai comprou um telefone novo para mim desde que cheguei para que ele consiga se comunicar comigo, novo número e tudo.

—Você tem um novo número?

—Desculpe – falei rapidamente – É que, bom, vivemos na mesma casa, não imaginei que você fosse precisar dele – constatei dando de ombros.

Ela suspirou, parecendo meio chateada, mas também, não realmente triste.

—Onde está o seu celular? – ela pediu.

—Na minha mochila? – a afirmação saiu como uma pergunta, porque eu não sabia de que celular ela falava.

—Os dois?

Ah...

—Sim – falei tolamente.

—E tem bateria? O antigo...

—Eu penso que sim. O carreguei e ao ver que tinha senha e tudo, decidi deixa-lo desligado até eu lembrar e eu tentei tudo, tentei meu aniversário, os dos meus pais, uma sequência de números que eu lembro sem razão...

—Pega o aparelho lá – ela pediu e eu franzi o cenho, então bateu em mim.

É claro que sim, ela era minha noiva, claro que ela deveria saber a minha senha.

—Você se lembra? – perguntei animado, me levantando.

—Sim – ela sorriu de canto – Pega lá para vermos se funciona – voltou a pedir.

Andei apressado até minha mochila embaixo da cama no corredor e procurei o celular o encontrando e ligando enquanto voltava para a cozinha.

Alice comia as coisas ali, despreocupadamente e eu segui seu exemplo, enquanto o celular iniciava. Finalmente a tela brilhou e ela sorriu, pegou o celular da mesa e colocou a senha ali, virando-o para mim com um sorriso de canto de boca.

—A senha é 022317 – ela contou – Minha data de aniversário e então o dia do seu.

Fiquei surpreso, mas não muito, estava mais aliviado do que qualquer coisa, eu sentia que chegaria mais perto de quem eu era.

Desviei o olhar da linda mulher a minha frente para o celular que estava aceso com uma foto minha e de Alice, sorrindo e claramente alterados. Fiquei encarando aquela foto por um tempo, querendo me lembrar daquele momento, parecíamos realmente íntimos e, se qualquer dúvida de que eu a amava perdurasse – o que nem era o caso – ela teria sido extinta naquele momento enquanto eu via a intimidade de nossa pose ali.

—Estou horrível nessa foto, não acredito que foi a que escolheu como papel de parede – ela murmurou e eu ri, percebendo que meu nariz pinicava e minha garganta parecia obstruída.

—É uma boa foto – murmurei.

—É péssima – ela voltou a dizer e eu ri, Alice remexeu-se e tirou o celular do bolso de sua calça de pijama, ela mexeu um pouco e então mostrou o seu papel de parede.

Era uma foto de nós dois, sorrindo para a câmera, eu afundado em seu cabelo que estava mais curto do que agora, não parecia uma foto tão antiga assim.

—Bem melhor – ela sorriu de canto, encarando a foto também.

Virei para ela, meu rosto próximo demais ao seu, respirei seu aroma e sorri, ela olhou para mim, o olhar preso um no outro.

—Claro que está melhor, metade do meu rosto está escondido no seu cabelo e você é linda demais, a foto é sua – falei sentindo meu coração quente, aconchegado, qualquer que fosse aquela sensação.

Alice soltou uma risada e desviou o olho de mim, voltando a comer e eu segui o exemplo, deixando o celular dela ao lado de meu.

—Mas minha foto é mais espontânea – defendi.

—Claro, a gente estava mais bêbado que não sei o que – ela revirou os olhos e eu ri.

—Não temos idade para beber legalmente – eu apontei e ela riu.

—Victoria e Aidan são os próprios anticristo, você já os conheceu? – ela perguntou curiosa e assenti, lembrando do casal engraçado que jantara conosco há um tempo – Então já sabe que os dois são malucos, era aniversário de Aidan, eu acho, fomos em um pub novo e era uma festa open bar, não lembro como chegamos em casa – contou e eu ri.

O resto da manhã foi simples entre nós dois. Achei estranho Rosalie não vir nos perturbar e, como se ouvisse os pensamentos, por volta do horário do almoço ela entrou em casa falando alto, reclamando que não tínhamos ido visitar ela e que ela ficou a manhã toda com cólicas menstruais, que ela poderia ter morrido e nunca saberíamos.

O resto do dia seguiu simples.

À noite, quando deitei para dormir, alcancei o meu antigo celular e o liguei novamente, já que o havia desligado depois do café, para poupar a bateria dele. Quando iniciou, peguei o papel com a senha que Alice tinha escondido na capinha de proteção do aparelho e o iniciei.

Tinham algumas mensagens da operadora e poucas ligações perdidas, nada que me impedisse de encontrar o aplicativo do e-mail e clicar nele, ansioso. Percebi a quantidade exorbitante de e-mails não lidos e, sabendo que eu não conseguiria lê-los todos de uma vez, fui sincero comigo mesmo. É claro que eu poderia abrir algum da minha irmã, ou dos meus pais, mas eu tinha acabado de conhecer a minha noiva, saber sobre ela. Eu precisava ver algo que comprovasse aquilo, que mostrasse que era real.

Desci um pouco e parei em um e-mail que estava como assunto “Apostas

De: Alice Cullen

Para: mim

Assunto: Apostas

Acabei de desligar a ligação semanal com nossos irmãos.

Sempre soube que, de uma forma ou outra, o inquebrável bonde dos Swan-Cullen-Hale nunca seria fragmentado, mesmo assim, é estranho vê-los bem e juntos da forma que estão. As coisas estão tão diferentes, tudo parece tão sóbrio.

Príncipe, não me julgará se eu assumir que senti uma pontada de inveja, certo? Você entende? Não é sobre não querer que eles tenham aquilo, mas sim almejar a exata mesma coisa que hoje eles vivem. A família de Rosalie e Emmett, o companheirismo de Isabella e Edward, entende onde quero chegar?

Se fosse apostar, há um ou dois anos atrás, minha certeza seria que iríamos morar juntos e nos casar muito antes do que os nossos outros dois casais de irmãos, mas não foi assim que o universo quis.

Lembra que costumávamos brincar que eles complicavam o simples? Talvez nós que estivéssemos simplificando o complexo.

Acha que isso pode ser um castigo por nossa falta de sensibilidade?

Eu já não sei o que pensar. Ou sentir.

Eu amo você.

E sinto sua falta. Todo o maldito dia.

 

Para sempre sua, A. Cullen.

Meu coração comprimiu dentro do peito e, apesar do desconforto de ver tudo o que tirei dela, de ler tudo aquilo sem saber bem o que pensar ou sentir, passei boa parte da noite e começo de madrugada lendo os mais diversos e-mails de Alice e, até mesmo, alguns dos que eu mandei para ela para tentar me encontrar.

Dormi perdido em lembranças que eu não tinha.

.

Há poucos dias para o grande evento do ano, que seria o evento de Henri, comecei a sentir certa urgência de querer lembrar coisas e, de fato, a terapia vinha me ajudando muito mais do que qualquer tratamento ou remédio que o neurologista havia me passado, ou talvez era a combinação das duas coisas, eu não saberia dizer, mas me lembrei de mais.

Lembrei que Rosalie e Emmett namoraram, mas tinham brigado e que Emmett morou na Itália. Lembrei que Bella e Edward também tinham brigado, mas os dois foi bem depois de Bella ter ido também para a Itália. Lembro-me de sentir a falta dela. Lembro da decisão de entrar no exército e imaginei um pouco da gravidez de Rose, mas também poderia ser apenas reflexo dos e-mails todos que eu lia, diariamente, antes de dormir.

Um e-mail chamou-me a atenção naquele período, um sobre o nome que não tinha uma face em minha mente, apesar de causar-me certo desconforto sempre que era citado.

Lucca.

Naquele dia, encontrei um e-mail exatamente com aquele nome como assunto e o abri, temeroso.

De: Alice Cullen

Para: mim

Assunto: Lucca.

Você se lembra desse amigo de Bella, não é? Ele faz parte da Italian Pack e, bom, eu sei que venho o citando por alguns e-mails agora, mas é porque ele está sempre comigo, cuidando de mim e disposto a entregar-me qualquer coisa que eu precisar, emocionalmente falando.

Seria considerado traição eu precisar de outra pessoa que não você?

Deus, não pense que ele é mais que você em nenhum sentido, porque não é o caso, vocês ocupam espaços diferentes em meu coração e a urgência que eu tenho pela sua presença, nada atrapalha na necessidade que encontrei em ter Lucca por perto.

O cheiro dele me acalma, quase como um antídoto para toda a dor da sua ausência.

Príncipe, se chateará ao ler esse e-mail? Pensará que eu sou algum tipo de egoísta ou qualquer coisa? Você vai estar disposto a me escutar quando eu estiver pronta para realmente falar ou tentar explicar o que essa pessoa faz dentro de mim? Que diferença ele trouxe para a minha vida, como as coisas ficaram mais simples desde que ele fez morada em mim...

Eu amo você.

E sinto sua falta. Todo o maldito dia.

 

Para sempre sua, A. Cullen.

E foi o início de toda a minha paranoia e comecei a ler todos os e-mails nos quais ele era citado. Desde o início do intercâmbio dela quando ela assumiu certo desconforto com o amigo de Bella que aparecia em tal foto, que eu não sabia qual era, mas que causava ciúme em Edward, então como Bobby, ele e Alice fizeram um trio inseparável, li cada linha percebendo quando o amigo começou a ganhar mais espaço, a conseguir mais linhas e mais palavras destinadas a si.

Minha mente trabalhou ao redor daquele assunto, procurando qualquer fragmento sobre como ela falava de mim, como me olhava, como pareceu chateada em Suffolk quando eu não a reconheci, como – mesmo depois disso – ela ficou disponível para passar todo seu tempo livre comigo nos três dias que fomos apenas nós dois na Inglaterra e como ela se esforçava para me ajudar agora que estávamos em Nova Iorque.

Mesmo assim, pareceu estranho. Conversei com o psiquiatra sobre isso e, como sempre, ele me encorajou a entrar em contato com meus sentimentos sobre aquilo e, por fim, assumi que senti ciúme.

Os dias passaram, o aniversário de Henri seria no sábado.

Reencontrar meus tios foi diferente. Eles estavam mais velhos do que me lembrava, mas todos eram tão carinhosos quanto eu lembrava-me e os quatro estavam bem emocionados ao me reencontrar, imaginei o quão amado eu era e o quão injusto era forçar a dor àquelas pessoas que se lembrava de mim enquanto eu não me lembrava de nada.

Meus pais começaram a me pressionar querendo que eu voltasse com eles para Forks, mas algo não encaixava, algum canto do meu peito queria ficar, sabia que aqui era o meu lugar e onde eu conseguiria me realocar, mas então dois eventos simultâneos aconteceram, anulando minha vontade de permanecer em Nova Iorque e, mais que aquilo, perto de Alice.

O primeiro foi dolorido.

Todo café da manhã de Alice era comigo e, naquele dia, ela acordou mais cedo, pediu para conversar comigo e eu senti o frio do abandono no rosto grave dela.

—Não quero que entenda-me mal.

—Estou lhe escutando – falei simplesmente.

Ela então fez a última coisa que eu esperava. Ela tirou a aliança de noivado de seu dedo e colocou em minha frente.

—Não acho correto manter isso – ela disse.

Ela estava terminando comigo.

—O que...

—Jasper, o anel é seu e pagou caro por isso e eu não quero que se sinta preso a mim por memórias que você sequer possui – ela disse séria – É injusto.

Contra fatos, não há argumentos.

—Eu não quero o anel. Eu o dei a você – falei seriamente, mas ela negou com a cabeça.

—Eu não o quero nessas circunstâncias.

E então eu o guardei no bolso porque entendi que ele era uma lembrança ruim para ela. Uma lembrança sobre minha mente desmemoriada e não era justo de minha parte a forçar a mantê-lo só porque era doloroso demais para mim o pegar de volta.

O anel era de Alice, representava tudo o que eu queria lembrar.

O guardei em um bolso especial da minha mochila, pensativo sobre o que fazer com ele e então pensei que seria um bom momento e assunto para eu discutir com Rosalie, que sempre se mostrou super disposta para me ajudar a lembrar das coisas. Ela quem me ajudou a ter conhecimento de muitas fragmentos e, uma delas, sobre a história do pedido de noivado e como eu fiquei nervoso antes dele, mesmo que Rosalie houvesse achado completamente incoerente o medo já que, como esperado, Alice chorou e amou cada parte dele e disse "sim" no momento em que a pergunta saiu de meus lábios.

Andei até o apartamento da frente, ao reparar que o meu estava vazio e, chegando lá, escutei a voz de Rosalie, Alice, Emmett e Bella na cozinha, parecendo que comemoravam algo.

Você é a porra de uma gênia — escutei Emmett dizer.

Eu sabia que conseguiria— Bella comemorou meio simultaneamente.

Quando você vai?— Rose perguntou parecendo mais contida.

Parei na porta ao escutar aquilo. Ir? Aonde?

Eu passei, não sei ao certo se é o que eu quero...

Alice, é uma oportunidade e tanto, imagine o seu currículo como vai ficar. Um semestre na Itália e mais um mês todo na Espanha nesse curso que sua professora mesmo disse que é excelente e tão concorrido. Você tem que ir— escutei minha irmã dizer.

E foi quando eu decidi voltar para a casa dos meus pais.

Não apenas em Nova Iorque, mas, de fato, voltar para onde eu deveria estar agora. O início de tudo, minha chance de ter minha memória de volta. Forks.

.

Encarava ansioso os meus amigos e irmã, Alice estava andando de um lado para outro, parecia nervosa e eu apenas me mantive impassível, ou fiz o meu melhor para parecer daquela forma, eu não poderia mostrar insegurança.

—Forks? Acha que isso vai trazer suas memórias de volta? – Edward perguntou descrente.

—Claro que sim, é a minha vida...

—A sua vida está em Nova Iorque – Rosalie me cortou – Sua irmã, seu sobrinho, seu cunhado, amigos e sua noiva estão aqui – ela falou rude.

—Ex-noiva – corrigi e os quatro ficaram surpresos com a frieza em minha voz – Ela me devolveu a aliança – contei.

Alice parou de andar e me olhou, chocada com a minha colocação.

—Mamãe falou que tio Carlisle tem bons colegas em Washington que podem me tratar e talvez eu me lembre de tudo.

—E você vai parar o seu presente atrás de seu passado? – Emmett perguntou se levantando do sofá.

—Não é como se eu estivesse desistindo de algo – dei de ombros.

—O mesmo egoísta que conheci em Suffolk— escutei Alice murmurar.

Travei meu maxilar. De todos, ela era quem mais facilmente mexia com meu temperamento. Se ela estava animada eu absorvia aquilo com facilidade e, o mesmo acontecia quando ela estava irada, como era o caso agora.

—Egoísta por ir atrás do que é importante para mim? – ironizei.

—Egoísta que não deixa as pessoas que o amam lhe ajudar – ela respondeu rapidamente, as palavras ácidas contrastavam com sua voz.

—As pessoas que me amam vão me ajudar... Meus pais.

—Claro, os mesmos que desistiram de você no momento que descobriram sobre o acidente. Que bom time você tem ao seu lado – ela rosnou.

Fiquei parado, tentando me conter. Eu já sabia daquela história. Li no e-mail que Rosalie me mandou, não me chateava com aquilo, cada um lidou como a notícia da forma que poderiam no momento.

—Alice – Bella falou meio surpresa, se levantando tentando conter a cunhada, mas de nada adiantou.

Alice continuava me encarando raivosa, seus olhos tinham chamas quase visíveis demais e eu poderia me retrair, mas não a deixaria ter tamanho controle sobre mim, não era justo, ela estava sendo ridícula.

—O que acha que vai encontrar em Forks? – ela perguntou raivosa.

—Por que você se importa?

—Porque eu quero lhe ajudar.

—Via Skype? – perguntei irritado.

Ela franziu o cenho, desmanchou um pouco a pose.

—Como assim?

—Você vai estar na Espanha, que diferença lhe faz se eu moro em Nova Iorque, Washington ou no raio que me parta?

E foi a vez de Edward levantar, surpreso, virou com o rosto grave.

—Você foi aceita? – ele perguntou em tom acusatório.

—Eu fui, mas...

—E não ia me contar? – ele a cortou, ofendido.

—EU NÃO VOU PARA LUGAR NENHUM – Alice gritou irritada, batendo o pé com firmeza no chão – Não ia te contar porque não me importa. Rose, Bella e Emm estavam comigo quando recebi o e-mail e por isso eles acabaram descobrindo, mas não faria diferença alguma porque eu vou continuar em Nova Iorque – falou séria.

E foi minha vez de me desarmar.

—Você vai ficar aqui?

—Era o plano – ela murmurou.

—Por quê? – perguntei confuso – Escutei Rose falou como vai ser importante e bom para o seu currículo – apontei surpreso.

Alice deu de ombros.

—Não importa, eu não vou.

—Mas você estava na Itália – apontei – Você deve se interessar por cursos em outros países. Por que você não vai? – voltei a forçar irracionalmente já que, no fundo, eu estava é muito satisfeito por ela ter decidido ficar.

—Porque não me interessa o curso.

—E por que você se inscreveu se não te interessa?

Ela ficou me encarando por um bom tempo, a sala toda sumiu, nossos irmãos não estavam mais aqui. Era apenas Alice e eu.

—Porque eu pensei que era o que eu precisava no momento – murmurou abaixando a cabeça.

Andei até ela, abaixando, tentando deixar meu rosto na altura do seu antes de a obrigar a me encarar, eu estava confuso e mexido.

—Não parece correto.

—Que inferno – ela brigou batendo em minha mão para eu soltar seu queixo – Por que te interessa os meus motivos se você mesmo decidiu ir embora sem se importar em conversar conosco antes?

Conosco— escutei Emm ridicularizar.

E segurei a falta de coerência naquela palavra. Porque ela realmente não se importava de eu não ter falado com meus amigos e irmã sobre aquilo, o problema era eu não ter falado com ela.

—Não pensei que estava em posição de discutir com você sobre as coisas – confessei.

—O que caralhos isso quer dizer? – ela demandou altiva vindo me peitar.

O que era ridículo se pensar que ela era alguns bons centímetros mais baixa que eu, mas na verdade, realmente me fez recuar.

—Que você decidiu acabar com tudo porque isso foi demais para você e, agora... Agora você pode voltar para a Europa e ficar com Lucca e estudar na Espanha, eu não acho que é realmente muito distante para vocês, vocês podem fazer funcionar – falei rapidamente e ela arregalou os olhos para a minha colocação – Porque ele a ama, não é? Como ele poderia não o fazer? E você, você gosta dele, ele te faz bem e se lembra de você e está disposto a ir até o fim para fazer você gostar dele também. Eu sei que ele está, mesmo que ele nunca tenha te dito as palavras, apenas um idiota não o estaria – falei tentando fazê-la entender o que eu dizia em entrelinhas.

Eu não era idiota. Eu estava disposto a lutar com ela, se eu fosse sua melhor escolha.

—Você é um idiota – ela falou – Não discordo disso – suspirou se virando de costas para encarar a janela da sala.

Dei dois passos em sua direção, mas parei quando ela se virou me encarando.

—Quer saber a verdade? Então a conheça: a verdade é que eu estou cagando para o intercâmbio na Espanha porque, para mim, é indiferente onde eu vou estudar. Minha faculdade aqui em Nova Iorque é referência em moda e eu dou o meu melhor em qualquer que seja o instituto que me entregue o diploma no final de tudo – ela falou, séria, as palavras saindo claramente de seus lábios, apesar de seu nervosismo aparente – mas eu escolhi ir para a Itália, certo? Quer entender o porquê? – anui mesmo tendo certa consciência de que a pergunta tinha sido retórica – Eu fui porque era insuportável viver o antigo sem você. Estar em casa sem o meu lar— ela começou a chorar naquele ponto e eu mesmo sentia meu rosto molhado – Era mais fácil morar longe, ser a forasteira em algum lugar... Mas agora, agora você está aqui e a sua presença é o bastante para mim. Não me importa se você se lembra apenas de parte do que vivemos ou se vai recuperar toda a singular memória, você pode nunca mais se lembrar de nada... Eu estou disposta a lutar por você e o reconquistar se necessário, mas preciso que você fique e é por isso que vou ficar.

Abaixei na sala sentindo minhas pernas fracas porque a verdade é que eu estava cansado a ser forçado a tentar lembrar de tudo quando eu não sabia o porquê eu tinha esquecido. Meu psiquiatra disse que poderia ser um trauma, que eu poderia estar bloqueando propositalmente as memórias, e eu tinha medo de descobrir o por quê.

—Por que você me devolveu seu anel? – chorei abaixado e então senti suas mãos levantando o meu rosto com carinho e encarei seus olhos vermelhos e inchados como o meu.

—Porque eu quero te reconquistar, não quero que nosso relacionamento seja uma obrigação porque ele nunca foi, príncipe, é tudo natural e correto. A forma como o nosso relacionamento passou de amizade, para irmandade até chegar no amor romântico... A gente passou por tudo com graça e simplicidade, eu quero aquilo de volta – ela contou e eu respirei fundo, tentando evitar os soluços – Eu quero você, mas quero do jeito certo. Quero você quando você me quiser também, entende o meu ponto?

Fiquei encarando o rosto lindo a minha frente, a mulher forte que estava se dispondo para mim, para me ajudar a lembrar, disposta a esperar o meu tempo, qualquer tempo que fosse e eu fiz o que senti, porque pensar demais não me ajudava em nada. Eu puxei o rosto de Alice para o meu, tomando os lábios dela em um beijo calmo e cheio de significado, porque eu queria que ela entendesse que eu queria o mesmo que ela.

Estávamos vivos e ficaríamos bem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Entenderam por que o Jasper estava um cuzudo? Achei muita graça de vocês comentando que estavam com ranço do Jasper hahahaha erradas não estavam.

Bem, obrigada Sabs e Nanda por comentarem no último capítulo, espero que tenham gostado e continuem acompanhando.

E, para os outros leitores, espero que também gostem e se animem para deixar um comentário sobre o que esperam nessa reta super final.

É isso, não vai mais ter grandes problemas, prontxs para o refresco? A partir daqui vamos apenas aprender como eles fazem para chegar no "felizes para sempre"

Ansiosa por suas opiniões.

Nos vemos logo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "happily ever after." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.