A Nau Negra escrita por CarolFeuille


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Escrevi esta história alguns anos atrás na época da minha obsessão por romances policiais. Agora estou retomando, revisando e continuando esta fic que permamece como uma das minhas favoritas até hoje!

Pretendo postar regularmente todos os meses!



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***

A embarcação que se aproximou das docas naquela manhã fria era, com certeza, uma das mais estranhas já vistas pelos moradores da pequena de Dover até aquele estranho ano de 1896. O Parto era completamente negro e apresentava tantas fraturas em sua estrutura que era impressionante como não havia afundado ainda.

Uma pequena plateia se juntou na borda dos ancoradouros para assistir a chegada do estranho barco, mas após algumas horas à deriva em uma distância média de duzentos metros do porto, ficou claro que seus mas seus tripulantes tinham a intenção de ancorar ou estavam passando por sérias dificuldades. 

Olhando de longe, em outra doca, estava Mark Flinter, um rico capitão dono de uma grande quantidade de barcos e navios. Talvez mais da metade das embarcações que ocupavam as docas e ancoradouros naquele dia.

 Estranhando a falta de movimento daquela embarcação bizarra ele ofereceu–se para ajudar os tripulantes daquela nave que, obviamente, “Só podem estar com problemas técnicos ou de competência” e mandou, então, um dos seus empregados navegar com um pequeno barco de reboque para atracar aquela embarcação singular.

— E depois que o fize, chame o capitão aqui! Quero falar com o comandante desta nau! – Gritou para seu subordinado antes que este estivesse longe demais.

O funcionário, que se chamava Bill, franziu o cenho ao receber a ordem, mas a acatou com um gesto afirmativo. Rebocou rápida e eficientemente o navio até uma das docas e o prendeu lá.  A pequena multidão já havia se agrupado novamente na doca onde a nau excêntrica havia sido estacionada.

— Onde está o capitão, Bill? – Disse Mark

— Para falar a verdade, senhor, eu não vi ninguém da tripulação. – Disse o ordenado.

— Mas você os chamou? – Disse o capitão, irritando–se com falta de eficiência de seu marujo.

— Chamei, capitão. Chamei muitas vezes. Inclusive quando ainda estávamos longe do barulho da cidade.

— Curioso. Provavelmente estão escondendo algo ou... – o rosto normalmente duro e rabugento do capitão subitamente passou de irritação para um leve sorriso – Bill, Por favor, verifique a guarda do porto. – Mark disse em um tom inesperadamente educado.

— Você quer que eu chame os oficiais? – Disse Bill, aparentemente aliviado.

— Não... Quero que você veja se eles estão por perto. – Abaixou o tom de voz – E se não estiverem, eu quero que você e mais uns 50 homens meus invadam esta embarcação, e vejam o que está acontecendo.  –  Em seu rosto havia um sorriso malicioso de um homem está acostumado a tirar vantagem de situações como esta. – E também diga ao povaréu que se disperse e que cuidem de sua vida... Que este barco é meu. – Bill arregalou os olhos e abriu a boca para falar algo, mas desistiu sob o olhar de seu capitão.

Alguns oficiais perambulavam na parte mais movimentada do porto, mais interessados em flagrar contrabandos e inspecionar as licenças das embarcações, nenhum próximo o suficiente para notar a movimentação na doca 14, onde estava o navio negro.

Depois de verificar este fato, o pobre Bill chamou o resto da tripulação do Michelle, a embarcação de Mark na qual ele trabalhava, mas em vez de dar a ordem do seu comandante, sugeriu planejar um flagrante policial que colocasse aquela situação em ordem, se alguém estivesse escondendo algum contrabando, a polícia que deveria conferir, não eles.

— Bill, você é um frouxo. – Zombou Maxwell Trainer, um dos seus companheiros do mar e Staff capitain do Michelle. – Nós podemos tomar proveito desta situação, não entende? O capitão não precisa saber de tudo que encontrarmos por lá, não é mesmo? Podemos fazer algumas negociatas com os tripulantes... Oferecer nosso silêncio em troca de um montante... – Max deu um sorriso cúmplice.

— Isso fica por conta de vocês. Eu não vou subir naquele barco. – disse o marujo. Determinado a não entrar naquela nau estranha.

— Problema seu, Bill. – Disse Max. – Tripulação? Temos um trabalho a fazer para nosso capitão.

***

Dentro da embarcação estava frio e escuro. Maxwell e seus ordenados já haviam explorado o convés e nada encontraram, agora exploravam o interior da nau.  O Staff capitain e todos os tripulantes do Michelle naquela empreitada estavam armados de pistolas ou peixeiras, à espera de algum ataque surpresa ou alguma outra recepção não muito amigável vinda dos tripulantes originais daquela embarcação. Mas nada veio.


— Nunca vi um barco como este... Absolutamente coberto de... Isso é fuligem? – Murmurou Clint, um marujo não muito grande que normalmente se encarregava da limpeza do Michelle.

— Piche. E cale a boca, Clint. – Murmurou Max. – Não estou tendo uma boa impressão sobre este local. – Max olhou ao redor, quase não dava mais para enxergar o que os rodeava. – Peça para os homens acenderem os lampiões.

Aos poucos o ambiente onde eles estavam foi sendo iluminado e eles puderam ver a sala que os rodeava. Usualmente, aquele espaço seria a cabine do capitão, mas estava completamente vazio... Não estava coberto de piche como o exterior da embarcação, mas não tinha nenhum instrumento de navegação, mapa, mesas, cadeiras, tripulação... Nada.

— Está vazio, homens. Vamos continuar procurando – Disse Max decepcionado.

E assim por diante, sala por sala... Todas absolutamente vazias. Incluindo o porão e os depósitos da nau.

— O que é isso?! – Gritou Max frustrado. – Não tem nada? Nada?! 

— Aparentemente não, senhor. – Disse Clint.

— Homens, separem-se. Quero que cada um procure em um canto diferente. Não deixem passar nada! Deve haver uma folha de papel, inseto, caneta, bússola, qualquer coisa.

Muitas horas se passaram sem que alguém demonstrasse ter achado qualquer coisa. Interessante ou não.

— Merda! – Disse o Staff capitain. – Deve ser um navio inacabado que acabou se soltando e passando por maus bocados até chegar aqui. – Max suspirou. – Vamos voltar, homens.

Eles voltaram para o convés e três marujos montaram a ponte para a terra firme. Max ia à frente, quando um dos seus homens o chamou.

— Senhor?

Max virou–se para encarar aquele que o chamava. Era Clint, o jovem faxineiro. Ele parecia assustado.

— Diga, garoto. Achou algo de interessante?

Clint apontou hesitante para um canto do convés onde os outros marujos haviam se apinhado e afastou–se com uma expressão de horror. O segundo capitão, Max, andou apressadamente para o aglomerado.

— Saiam da frente! Se acharam algo de interessante, deixe-me ver.  – Ele bradou.

— É um homem, capitão. – disse Joe, um dos marinheiros que estava na borda do aglomerado.

— Um homem?! E o que há de errado com este homem que não nos respondeu quando chamamos pela tripulação?

— E-ele... Ele está morto, senhor.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo :)



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