The Bravest One escrita por Isolt Sayre


Capítulo 4
She's made of stones... or stars


Notas iniciais do capítulo

Ei, pessoal!

Primeiramente, quero agradecer a todos que estão acompanhando a história. Um agradecimento especial a Anita, que me arrancou bons sorrisos com seus comentários maravilhosos.
Esse capítulo ficou enorme, confesso, mas não queria dividi-lo. Deu um bocado de trabalho para terminar, mas gostei do resultado.
Comentários sempre bem vindos!

Abraçoss



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Capítulo 4 - She's made of stones... or stars

 

Hannah Abbot Longbottom definitivamente precisava de férias. Já havia perdido a conta de quantas vezes, apenas naquela semana, ela havia separado uma briga no bar. Conseguia fazer isso com certa maestria — conhecia ótimas azarações — após mais de seis anos como proprietária, mas não negava que estava desgastada. Se não lhe rendesse tantos galeões, ela provavelmente já teria parado de vender vodca de dragão, bebida que se alguém lhe dissesse que o próprio Voldermort havia inventado, ela com certeza acreditaria. Os bruxos começavam a ficar alterados depois das onze da noite, horário que Hannah fazia questão que todos os menores de idade saíssem do bar. A partir dali era complicado e a varinha dela já ficava de prontidão no bolso da veste. Ela não compreendia como seres humanos conseguiam ser tão estúpidos, enfeitiçando uns aos outros por conta de quadribol ou qualquer outro assunto mais fútil. Não era como se não gostasse de quadribol, só não enxergava sentido em discutir algo que estava totalmente fora do controle deles. Era imensamente grata por ser bem casada com um homem inteligente e sensato, que diferente daqueles bêbados, acrescentava algo para a sociedade bruxa.

Apesar de tudo isso, Hannah gostava de trabalhar no Caldeirão Furado e ela realmente levava jeito para o negócio. Transformara o lugar em um dos melhores bares do Reino Unido, sempre recebendo boas recomendações em jornais, revistas e propagandas no rádio. Talvez por isso o bar estava sempre cheio. Era sempre muito trabalho e ela praticamente fazia tudo sozinha, ignorando os conselhos de seu marido, que insistia que a bruxa precisava e merecia mais ajuda. Ah, seu marido... Hannah sentia tanta falta de Neville que chegava a doer. Desde que ele se tornara professor em Hogwarts, se viam apenas nos finais de semana, ou eventualmente nas segundas feiras, quando Hannah fechava o bar e aparatava em Hogsmeade. Sabia que não podia reclamar de sua vida, mas a moça se sentia muito sozinha boa parte do tempo, mesmo estando sempre rodeada de clientes no bar.

O único trabalho que a bruxa aceitava dividir, era o serviço na estalagem, do qual nunca gostou muito. Duas jovens bruxas organizavam os quartos para ela e recebiam os hóspedes, o que ela precisava admitir que era uma grande ajuda e já a aliviava bastante. Apreciava muito quando Hadley aparecia durante os verões, pois ela sempre a auxiliava a servir as mesas e lavar a louça. Hannah nunca exigira nada disso dela, mas sabia que a garota fora criada trabalhando desde pequena e mesmo com a moça protestando, Hadley achava que lhe devia algo em troca por estar ali.

Hannah amava Hadley como filha, aquilo era um fato. Lembrava-se muito bem da primeira vez que a menina ruiva fugira para o Caldeirão Furado. Estava um tanto confusa e muito desconfiada com o que encontraria, mas os olhos âmbar revelavam uma menina valente, que não se assustaria com qualquer coisa. O olhar daquela pequena Hadley era tão intrigante quanto sua história. Ela tinha apenas onze anos, mas algo nos olhos mostravam que a alma devia ser mais velha. Hannah não precisou de muito tempo para se encantar com a garota. Percebeu, sim, que havia uma barreira construída pela própria Hadley que a protegia das pessoas. Talvez porque já a tinham feito muito mal e ela conhecia poucos em que verdadeiramente podia confiar. Não foi difícil quebrar esse escudo, apesar de tudo, era perceptível que Hadley queria deixar ser conquistada. Desde então, Hannah se sentia inteiramente responsável por aquela garota. Escrevia-lhe cartas e tentava ser para ela um refúgio. Nunca chegou a contar, mas a moça de fato tentara adotar Hadley, mas foi impedida por Minerva McGonagall. De acordo com a bruxa, era de fundamental importância que fora de Hogwarts, ela vivesse no meio dos trouxas. Não parecia fazer sentido a menina estar mais segura naquele orfanato, mas Hannah conhecia a diretora e a confiaria sua vida se precisasse. No lugar disso, confiou a de Hadley, mesmo não entendendo porque deveria ser daquela maneira.

Estava feliz que finalmente a garota estava em suas mãos novamente. Hadley havia sido forte aquele ano, resistiu ao familiar impulso de fugir durante as férias inteiras, fato que não aconteceu nos anos anteriores. Hannah achava saber o motivo da garota ter “quase” obedecido as ordens de Minerva, embora ela não conversasse sobre o assunto. No verão anterior, Hadley aparentemente quis defender alguns órfãos mais novos dos mais velhos, e acabou sendo violentamente agredida. Em um acesso de raiva, ela não conseguiu controlar a magia e mesmo sem varinha, a garota abriu um gigantesco buraco no quintal do orfanato, levando vários órfãos a caírem dentro. A memória de todos foi alterada, mas ainda assim, Hadley precisou comparecer a uma audiência no Ministério da Magia na qual milagrosamente ela se safou. Mas a partir daquele momento, Hannah teve a sensação — pois era muito intuitiva — que as coisas mudariam. As previsões da bruxa estavam corretas, a visita de Harry Potter poucos dias atrás eram uma prova, assim como o estranho encontro marcado para aquela noite, o qual Hannah estava incerta do que deveria esperar. Já passava de uma da manhã, Hadley estava na cama após um longo dia com os amigos e Hannah esperava impacientemente no bar, agora fechado e totalmente vazio.

Um estalo fez sua capa esvoaçar discretamente e o deslocamento do ar revelou a figura de uma velha bruxa, que não esboçou muita surpresa ao ver a moça.

— Boa noite, Hannah. — cumprimentou ela, cordialmente.

— Noite, Minerva. — respondeu Hannah no mesmo tom da diretora.

Instantes depois, o segundo bruxo materializou-se no ar diante de Hannah. Também não precisou de tempo para reconhece-lo. Conhecia Harry Potter há várias primaveras, e tirando uma ruga aqui e outra acolá, o homem não havia mudado muito nos últimos anos. A expressão exaurida demonstrava que o dia não parecia ter sido fácil e estava longe de terminar.

— É bom revê-la, Hannah. — saudou, esboçando um educado e discreto sorriso.

A moça retribuiu o gesto, sentindo-se incapaz de formular alguma palavra, o olhar estatelado na figura desconcertante que acabara de aparatar em seu escritório. Não saberia dizer a última vez que havia visto uma bruxa com aparência e presença mais chocantes que ela, de forma que em um cenário diferente, Hannah provavelmente já teria sacado a varinha. A atmosfera pareceu ter mudado subitamente, o ar frio como brisa de outono provocou-lhe um calafrio e naquele momento sentiu-se vulnerável, como se pudessem roubar-lhe tudo, inclusive os pensamentos. A sensação lembrava a presença de um dementador, mas o invés da alma, a bruxa parecia capaz de tomar-lhe a mente.

Os olhos turquesa eram intensos e sinistros como um pesadelo, e Hannah queria poder  não focá-los, mas não conseguia. Parecia que a mulher provocava aquele efeito propositalmente. Como se não bastasse a aura da bruxa, o restante de sua aparência também era de fato feroz. Desde os cabelos curtos e platinados, até o corpo esguio cor de cobre. Se mais tarde perguntassem a Hannah, ela diria que a mulher era uma mistura de orientais — devido aos olhos repuxados e os cabelos lisos — e australianos — devido a cor da pele e o sotaque carregado. Ela usava uma jaqueta por baixo da capa, mas podia enxergar marcas nas mãos de tatuagens, que pareciam estender pelos seus braços. Hannah não percebera que ainda estava com os olhos vidrados na figura da bruxa.

— Queira por favor parar com isso, Bardach — pediu McGonagall rispidamente. — Você não está lidando com seus artefatos perigosos.

A bruxa desviou os olhos de Hannah, e de repente ela pareceu voltar a si. Piscou diversas vezes, indignada com o efeito que a tal Bardach havia provocado nela.

— Hannah, acredito que não conheça Delfina Bardach, auror do Ministério da Magia. — apresentou Minerva, sem entusiasmo e não parecendo tampouco afetada com a energia que a bruxa emitia no escritório. — Naturalmente você deve ter percebido que Bardach é legilimens.

— Perdoe-me, Minerva. Força do hábito. — falou a bruxa, no entanto não parecia arrependida. — É um prazer finalmente conhecer a esposa de Longbottom.

Hannah estreitou os olhos. Como seu marido conhecia uma mulher tão sinistra como Delfina e nunca mencionara?

— Estive no jantar de formatura de Hogwarts ano passado. Fui cordialmente apresentada ao seu marido. — comentou ela tão rapidamente quanto Hannah havia tido aquele pensamento. — Ele provavelmente deve ter esquecido de mencionar.

Ela imaginava porque o marido esquecera de mencionar. O efeito ruim que a presença de Delfina provocava, provavelmente fez com que Neville quisesse apenas esquecer um encontro tão inusitado e perturbador.

— Encantada. — falou Hannah, tentando não parecer cínica. Queria apenas esconder sua intimidação. — Aceitariam uma xícara de chá? Ou algo mais forte talvez?

— Apenas se não for incômodo, Hannah. — respondeu Harry, retirando a capa de viagem e sentando-se no sofá diante da mesa de centro. — Aceito o chá.

— Chá, por favor. — pediu Minerva, postando-se ao lado de Harry.

Hannah assentiu e virou-se para Delfina, receava que ela lesse sua mente de novo, mas insistiu em encará-la da mesma forma. A bruxa arrancou a capa negra que acompanhava perfeitamente sua silhueta e largou-se no assento defronte aos outros. Seu corpo inteiro parecia exalar sarcasmo.

— Aceitarei algo mais forte, por favor.

Hannah reprimiu o impulso de arquear uma sobrancelha e ao invés disso, apontou a varinha para uma cristaleira no canto do escritório. Um conjunto de jogo chá, acompanhado por uma garrafa de uísque de fogo e taça, flutuaram graciosamente até a mesa de centro. Com um movimento preciso, Hannah movimentou a varinha e encheu as xícaras e taça com conteúdos.

— A que devo essa visita, Minerva? — perguntou Hannah, bebericando o líquido quente.

A velha bruxa endireitou-se no sofá, rodando os olhos pelo escritório.

— Um momento... — pediu a diretora e em seguida murmurou com clareza, a varinha encaixada entre os dedos: Abaffiato.

— Você deve imaginar que nossa pauta é sobre a menina Hunt. – continuou ela.

— Ela não foi convidada a mais uma audiência, foi? — indagou Hannah. A garota não havia dado muitos detalhes do verão, mas realmente temia  que estivesse escondendo alguma coisa. A visita dos três era no mínimo inusitada.

— Não. — respondeu McGonagall.  — Embora ela mereça uma detenção por ter me desobedecido mais uma vez. Mas não viemos aqui por esse motivo. Acho que já passou da hora de contar a verdade a você, Hannah, já que tem olhado por Hadley durante todos esses anos.

Hannah franziu o cenho, certamente estava prestes a ouvir algo inesperado. Sim, havia muita coisa que não conhecia a respeito de Hadley, mesmo porque a própria garota não sabia nada a respeito de sua família ou origem. A vida dela estava restrita a Hogwarts e ao orfanato Portas do Amanhã. Não teria muito mais a saber, ou teria?

A diretora limpou a garganta e bebeu um gole de chá. O ar ainda tinha o mesmo clima frio de quando Delfina aparecera, mas havia algo mais naquele momento, a silenciosa pausa de Minerva era carregada de tensão. Então Hannah soube que as próximas palavras dela mudariam tudo.

—  Você por acaso já se perguntou por que Hadley é uma bruxa que possui magia tão incontrolável? — perguntou Minerva, não parecia realmente estar esperando uma resposta. Obviamente Hannah achava tal fato muito intrigante, mas sempre achou que fosse apenas uma dificuldade da menina em controlar a si mesma. Não suspeitava de algo mais. — Infelizmente não é uma mera coincidência. Talvez azar, afinal, não escolhemos nosso sangue, certo?

— A senhora está dizendo que sabe quem são os pais da Hadley? — a pergunta de Hannah saiu quase como uma acusação. A garota crescera sem saber nada sobre si mesma e de repente Minerva aparecia insinuando que sabia tudo.

— Hadey foi deixada no Orfanato Portas do Amanhã aos cinco anos de idade. Estava absolutamente confusa e não tinha ideia de como havia vindo parar ali. — contou McGonagall, ignorando a pergunta da moça.

Hannah balançou a cabeça, incrédula. Não era auma informação certa.

— Hadley foi abandonada quando era apenas um bebê. — corrigiu Hannah.

McGonagall deu um suspiro profundo e abriu um sorriso triste. Hannah sentiu o corpo gelar, havia algo ali que ela não sabia.

— O pai de Hadley Hunt queria que a filha acreditasse que ela havia passado a vida inteira no Portas do Amanhã. Ele apagou as memórias da menina para que não se lembrasse dele ou de onde tinha vindo. Também foi perspicaz em alterar as memórias das governantas do orfanato, assim como das crianças, para que todos achassem que a menina havia sido abandonada quando bebê.

 — Por que ele faria isso? — perguntou Hannah de forma seca. Não estava acreditando naquelas palavras, a menina não podia ter vivido uma mentira.

— Porque ele queria esconder a Hadey.

— Esconder de quem? — perguntou mais exaltada.

— A avó de Hadley Hunt era uma ninfa, um espírito das árvores que conseguia assumir a forma humana. Ninfas são criaturas da natureza poderosas, habitam árvores, rios, prados, montanhas. Elas tem uma mágica um tanto singular, contam com as forças do céu e da terra. O problema é quando se relacionam com bruxos e tem filhos. A mãe de Hadley Hunt era meio ninfa e foi uma bruxa com poderes além de toda a compreensão.

“O nome dela era Catrina e foi escondida pelos pais por anos, porque nasceu pouco antes da queda de Lord Voldermort. Ninfas podem se proteger virando espíritos da natureza, mas não os meio sangues. Catrina podia ser chave para uma vitória do Lord, e ele sabia de sua existência e estava caçando-a. A bruxa meio sangue foi escondida pelos pais por anos, mas conheceu um homem em uma viagem para a França. Os dois se apaixonaram e quando alcançaram a maioridade, fugiram. Uma característica que parece que a pequena Hadley herdou. E como os seres humanos parecem esquecer rápido dos erros que cometem, no início da primavera, Catrina deu à luz a uma menina. Como se não bastasse já ter sangue mais mágico que o normal, Hadley nasceu exatamente no momento em que a Lua, Vênus e Marte se alinharam, fato que com certeza potencializou seus poderes”.

Tanto Hannah quanto Harry ou Delfina, ouviam tudo sem interromper. A pausa da professora deu origem a um silêncio em que Hannah pensou poder ouvir o compasso de todos os corações ali. A história era tão surreal que ela não podia acreditar que era a de Hadley. Não conseguia aceitar que a aquela menina que dormia poucos cômodos de distância, que fugia todos os verões, que frequentaria o sexto ano em Hogwarts, era dona de uma história tão peculiar.

— E o que aconteceu aos pais? — balbuciou Hannah, assimilando todas as palavras.

— Sabemos apenas que Catrina Hunt for torturada e assassinada. O pai dela, Lorenzo Hunt, escreveu uma carta para mim, antes de deixar a filha no orfanato, contando toda essa história. Desde bebê, Hadley já apresentava ter uma magia fora do comum. Lorenzo sabia que a garota podia ser perseguida e obrigada a fazer coisas terríveis. Afinal, sabemos que ainda existem bruxos das trevas por aí. Ele escreveu implorando para que Hadley soubesse de tudo apenas quando fosse mais velha, e que se mantivesse escondida no mundo dos trouxas enquanto não estivesse em Hogwarts. Ela é muito parecida com a mãe, e poderia ser facilmente reconhecida por alguns bruxos.

Minerva olhava diretamente para Hannah, esperando por uma reação, mas a moça não conseguiu emitir palavra alguma. Estava triste pela história de Hadley, garota que considerava como parte de sua família. Os pais dela tiveram destinos cruéis e ao que parecia, a menina poderia ir para o mesmo caminho. Não era justo que, uma criança que já havia sofrido tanto, merecesse esse desfecho.

— Mas apesar de Hadley já ter idade para saber de tudo, não acho que seja a melhor hora para contar. — acrescentou Minerva.

— Ela irá atrás do pai. — emendou Hannah com o olhar sem foco. — Se Hadley tiver alguma esperança que ele está vivo e andando por aí, ela irá procura-lo.

— Acho que preciso discordar de vocês duas — interrompeu Harry Potter. — Eu sei como é terrível ter uma história omitida. Ela merece saber quem foram os pais.

— A garota está vivendo sem rumo. Não podem tirar isso dela. — argumentou Delfina.

— Ela é uma criança! — protestou Hannah, indignada que aquela bruxa quisesse se intrometer na vida de uma menina que nem mesmo conhecia.

— Você sabe que isso não é verdade, Hannah. — falou Harry, calmamente. — Em dezesseis anos ela tem sofrido mais do que muitos bruxos sofreram a vida inteira. Não tenho bem certeza se ela já realmente foi criança algum dia. Não a conheço como você e Minerva, mas sei que a verdade pode responder muitas perguntas que ela guarda sobre si mesma.

— Preciso concordar com o Harry. Mas o ponto de Hannah também é importante e é o que me preocupa. — comentou Minerva, uma ruga formada entre as sobrancelhas. — Eu temo pela segurança de Hadley e vocês dois sabe muito bem o por quê. — ela trocou olhares sugestivos e severos com Delfina e Harry.

— Estou perdendo mais alguma coisa? — quis saber Hannah, a sobrancelha arqueada e tom desconfiado na voz.

— Também existe um motivo de eu ter trazido esses dois aurores aqui hoje. Você quer explicar, Harry?

O bruxo assentiu vagarosamente e bebeu um gole de chá, como se tivesse tomando algum tipo de fôlego.

— Faz um ano que estamos investigando alguns casos esquisitos no Ministério. Sempre soubemos que que após a queda de Voldermort ainda existiria bruxos das trevas escondidos, esperando talvez o momento certo para reaparecerem. Começamos a interceptar artefatos esquisitos na alfândega, varinhas contrabandeadas, vassouras enfeitiçadas, livros amaldiçoados. Alguns endereçados a funcionários do ministério, outros com destino a lojas e até mesmo Hogwarts. Temos sorte de Delfina ser uma legilimens fora do comum, caso contrário coisas horríveis poderiam ter acontecido. Paralelamente a isso, tivemos também alguns desaparecimentos esporádicos de velhos bruxos e criaturas mágicas. No início pensamos não ter relação alguma com os artefatos amaldiçoados, mas aí então houve o incidente de Hadley com a cratera.

“Surpreendentemente, os desaparecimentos cessaram, mas não o contrabando de artefatos mágicos. Ainda com uma certa frequência recebemos carregamentos estranhos. Ainda há poucas semanas atrás recebemos um carregamento de vassouras chinesas que estava coberto por magia negra. De acordo com a Delfina aqui, qualquer um que subisse na vassoura seria arremessado com força para o chão”.

— Onde estão querendo chegar? O que isso tem a ver com a Hadley? — perguntou Hannah, impaciente.

— Sempre estivemos de olho na Hadley, porque ela sempre foi uma certa ameaça para a lei de sigilo do mundo mágico. Só nunca pensamos que ela pudesse ser a causa dos desaparecimentos ou do tráfico de artefatos amaldiçoados.

— Como é?

— Capturamos um suspeito no início do ano e o interrogamos. Ele não foi tão resistente ao uso do Veritaserum ou das habilidades de Delfina. O bruxo confessou que estavam atrás de uma bruxa com sangue de criaturas mágicas, que poderia ajuda-los a conquistar o que Voldemort não tinha conseguido. Os artefatos enfeitiçados eram para matar aurores do ministérios e suas famílias. Mas preciso dizer que eles foram bem amadores nessa última parte. Nosso controle de mercadorias mágicas tem sido muito bom...

— E vocês acharam que era a Hadley quem eles procuravam? Ora, como se não existissem outros meio sangues por aí. — falou Hannah num tom cético.

— Na verdade, é bem possível que ela seja uma das únicas, senão a única. — rebateu Delfina.

Hannah voltou o olhar para Minerva, como se esperasse que a bruxa contradissesse Harry ou Delfina, mas isso não aconteceu. A moça então se levantou da poltrona e começou a andar de um lado ao outro, sentindo os olhares dos três a acompanhando.

— Estão me dizendo que existem bruxos perseguindo a Hadley?

— Eles acreditam firmemente que o fato de Voldemort não ter conseguido capturar Catrina Hunt, foi o que o impediu de ter vencido anos atrás. — explicou Harry, os olhos verdes pesarosos, parecia sentir muito por estar revelando tudo aquilo. De fato ele sabia a gravidade da história e em como as coisas poderiam mudar.

— Eles pegaram a mãe dela, certo? — lembrou Hannah.— Se ela fosse realmente poderosa poderiam tê-la mantido viva.

— Acredito que na época, os bruxos que a assassinaram não tinham consciência disso. — explicou Minerva. — Mataram-na sem saber que Lord Voldemort a teria usado viva. Mas Lorenzo Hunt não entrou nesse ponto em sua carta para mim, apenas formulei essa hipótese.

— Ele está vivo mesmo?  — perguntou Hannah cautelosamente.

— Eu não sei — respondeu Minerva com sinceridade. — Se estiver, deve estar fora do país. Ele sabe demais, sabe coisas sobre Hadley que nós provavelmente desconhecemos.

Mais uma vez o silêncio pairou no escritório. Eram surpresas demais para apenas uma noite e Hannah não sabia o que pensar. Agora compreendia porque a diretora sempre quis manter Hadley afastada do mundo bruxo. Entendia porque a menina não tinha lembranças de seus cinco primeiros ano de vida. Era triste pensar que ela demoraria a descobrir tudo isso, mas talvez, fosse melhor. Uma história tão sombria, longe de ter um final feliz. Hannah nunca sentira tanta compaixão de Hadley como naquele momento.

— Queremos que Hadley saiba controlar a magia que existe nela. Ela vai se tornar uma bruxa muito poderosa, talvez mais até do que a mãe foi. Ela precisa entender como conectar corpo e mente e como se sintonizar com a natureza. Hadley tem sangue de ninfa, e essa criaturas estão entre as mais velhas do mundo, sabem usar magia antiga, uma ramo da magia que está muito além da compreensão dos bruxos. Delfina, como legilimens e oclumente, vai ensiná-la a controlar a mente e tornar os poderes dela voluntários.

— Não estão treinando-a para combater bruxos das trevas, não é? — quis saber Hannah.

— Bom, primeiramente vamos treiná-la para combater ela mesma. — falou Minerva sem rodeios. — Para que não entre em combustão interna. Combater bruxos das trevas seria uma consequência.

Hannah não teve outra opção senão concordar com a cabeça. A verdade era que Hadley não era sua, não tinha poder algum para impedir ou não as decisões dela. Precisava confiar em Minerva, em Harry e por mais que lhe causasse arrepios, em Delfina.

— Sei que é muito a ser absorvido, Hannah. — falou Minerva se levantando e descansando a xícara de chá na mesa de centro. — Mas é a vida dela. Infelizmente ou felizmente cada um tem seu destino, alguns mais fáceis outros mais dolorosos. — a diretora trocou um olhar triste com Harry, que retribuiu com um sorriso amargurado. — Resistir e lutar são sinais de vida. Ao contrário do que pensa, Hadley Hunt não nasceu para sofrer. Ela  nasceu para ser forte.

Os outros dois bruxos se levantaram, imitando Minerva. Harry aproximou-se de Hannah e pegou sua mão, apertando-a gentilmente.

— Estamos com ela, Hannah. E com você também.

Ele acenou com a cabeça para Minerva e Delfina e desaparatou. Delfina murmurou um “boa noite” e o acompanhou, deixando a diretora e Hannah a sós.

— Hannah, mais uma coisa. Hadley alcançará a maioridade em pouco tempo, não poderá ficar para sempre escondida no meio dos trouxas. Entendo que não é tão simples assim acolher uma adolescente mais velha, acho que não será por muito tempo. Eu a manteria em Hogwarts comigo caso...

Hannah interrompeu a professora, sabendo perfeitamente o que a mais velha sugeriria.

— Está sempre foi e sempre será a casa de Hadley, diretora.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por chegarem até aqui!

See ya



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