13 & Team 1: Sem Rumo e Sem Vida escrita por Cassiano Souza


Capítulo 12
O Apocalipse da Doutora - parte 2


Notas iniciais do capítulo

"O nosso senhor está nas trevas, mas elas estão dentro de nós. Vasug, que seja louvado o nome da besta! E ele será"



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A tribulação da Doutora ardia a sua alma, seus olhos não queriam acreditar, mas precisavam, caso ela não quisesse perder definitivamente o que parecia já ter perdido. Estava encurralada! Na esquerda, Graham fora de si, a segurando por um braço, na direita Ryan, segurando por outro, e em sua frete, Yasmin e Sonya a encarando. Sonya, a grande mente cruel e onipotente sobre todos, reconhecida como o Anticristo pela Doutora, e dona do sorriso mais vil do universo:

— O que disse mesmo sobre chance, Doutora? 

— Por favor, deixe os meus amigos em paz! 

Sonya gargalha, mas para, sentindo incômodos no peito:

— Já implorando Doutora? Lembra do que eu disse que faria eles fazerem a você? Cumprir promessas é um dos meus talentos particulares. 

— O subconsciente deles irá lutar! Acordem! Yaz, Graham, Ryan! 

— Não, Doutora, não vão! - riu. - Seu último amigo a lhe assassinar acho que se chamava… Turlough.

Na face da Doutora, o mais puro terror. Seus amigos seriam mesmo capazes? Sonya ficou cara a cara da loira:

— Você não tem mais nada. Este, é o seu apocalipse. 

Não tinha mais nada? Então por que os alarmes de segurança da prefeitura começaram a berrar tão intensamente? Os sinos do claustro também! A Anticristo olhava atordoada para os lados:

— O que você fez?

— Ah, a pergunta clássica, adoro ela. Mas, eu?! Eu nada! 

— Então o quê?

— Se o claustro toca, estamos todos realmente no mesmo barco, e pelo que sei ainda precisa de mim, para destravar o truque da Rose. 

— Então explique!

— Que tal correr! Já olhou pela janela?!

Na janela, um feixe de energia enorme descia dos céus em direção de onde estavam, fervente e reluzente, como um laser azul esmagador e pulverizador de tudo e todos, eliminando pessoas, carros e construções pelo caminho. Faltavam muitos poucos metros! 

— Sem tempo! - berrou a Doutora. Graham e Ryan se impressionaram e baixaram a guarda, onde a loira sacou a chave de fenda sônica e fez os manipuladores de vórtex dos 3  teletransportarem os 5, direto à TARDIS. – Segundo o monitor, é um jato de um desvio de energia, de um Olho da Harmonia! A Rani…

— Destrave logo! - exige Sonya.

— Uma palavra que somente eu e Rose sabemos. Mas, que não faço ideia. 

— Ande logo!

— Obedeça a abençoada. - disseram Graham, Yan e Ryan ao mesmo tempo.

A Doutora fez uma careta indignada, e disse, clicando em vários botões, enquanto o jato começava a desabar toda a construção:

— Caligari! O doutor que nos uniu. Bem, espero estar certa…

— Espera?!

As luzes da nave se ascenderam, e a alavanca foi puxada, a cabine rumou para o vórtex, e as energias roubadas no truque de Rose começaram a retornar. Já a prefeitura de Sheffield, foi completamente e absolutamente demolida, com tudo e todos os restantes. A loira toma o manipulador de Yaz, a empurra contra Graham e Ryan e aponta a chave sônica. O trio, some em um flash de luz, e a loira avisa:

— Em casa e travados, pulas pulas espaciais. Longe de sua crueldade. - vestiu o manipulador tomado

Já Sonya, começou a operar o console:

— Agradeço a gentileza, Doutora. 

— Pare de mexer em meus botões! 

— Foi bastante eficiente.

— Bastante?! Sou muito eficiente! Pare!

Sonya puxou outra alavanca, e de repente, a Senhora do Tempo foi desmaterializada para fora da máquina do tempo, onde caiu vórtex abaixo, gritando desesperada, sujeita aos ventos temporais lhe queimarem até a última molécula. Entretanto, foi rápida, como sempre! Deu algumas coordenadas no manipulador, e salvou-se mais uma vez. Rumo a onde? Sonya a jogaria fora novamente. Abriu os olhos, e estava em outra TARDIS. A piloto chacoalhou o indicador, indignada:

— Ah, é assim agora?! Me engana, me trai, me abandona, e aí invade a minha TARDIS?! Seu bicho de estimação quase me fez um churrasco solar, mas, como sempre, minha inteligência supera tudo! Não preciso de você. 

— Não, Rani! Por favor! - se ajoelhou. - Me ajude, não me desmaterialize.

— Levante-se! Que ultraje, tão miserável. Já foi melhor do que isso. 

Se levantou:

— A Anticristo está a solta, fora de controles, e com a TARDIS! E precisando de 666 planetas fanaticos para poder invocar uma criatura ainda presa no outro universo! 

— Avisos não lhe faltaram. - cerrou os olhos cínicos.

— Sim, sinto muito. Estava certa o tempo inteiro.

A outra ergue uma sombrancelha: 

— O truque da falsa concordância? 

— O truque de admitir estar perdida, enganada e sem saber o que fazer ou como agir, ou pensar. 

— Não tem mais 16.

— Sei onde Lucio está. - mostrou uma conversa no telefone, com um contato desconhecido, mas o endereço já deletado. Agora, apenas a loira sabia. – Vamos até lá, e encerrar de vez.

— Não caio no mesmo truque duas vezes.

— É desespero! - berrou se descabelando. 

— Não teria pulsos.

— Mas terei. - soou com a maior angústia e amargura já nunca sentida antes. O que a fez até mesmo recordar da queda de Gallifrey.

A Rani sorriu cheia de luxúria, mas ao mesmo tempo dúvidas e teste, clicou em alguns botões, e avisou depressa:

— Contudo, na primeira gracinha, querida, vira ração de Tetrap. Não imagina o quanto te odeio. Te desejando a morte, a todos os instantes, por meus 500 anos de humilhação em Tetrapyrus. E você vai me ignorar, não vai? Vai fingir que não fez nada. 

A Doutora tinha de ignorar, precisava, e era assim que sempre seguia em frente, dando então atenção ao console, onde começou a digitar as coordenadas. 

***

 

NASA/ SALA DE CONTROLES

 

A cabine azul se materializa no ambiente, os humanos presentes encaram curiosos, e Sonya retírasse de dentro. Logo, as palavras de Vasug todos eles começam a narrar, diante da presença de sua mestra e guiadora à gloria do caos. Sonya parte até os computadores, os sincroniza com o sistema de transmissões da TARDIS, para amplificar as transmissões e facilitar o rastreio de planetas. Por fim, digita os seus comandos. Um dos humanos avisa:

— Sonda Voyager sincronizada, oh abençoada. 

— Hubble também.

— Sonda New Horizons e Pioneer 9. 

— Mais 6. 

Sonya gargalha malévola:

— Assim sendo, que o universo ouça as belas palavras da salvação. 

Os humanos começaram:

— A luz traz vida, a luz traz morte, o fogo queima, mas Vasug queima o fogo. Vasug, que seja louvado o nome da besta, que seja louvado o nome da besta, que seja louvado o nome da besta. A luz traz vida, a luz traz morte, o fogo queima, mas vasug queima o fogo. Vasug, que seja louvado o nome da besta! 

— E assim será. - retornou a Anticristo à máquina do tempo. – Agora, onde está o meu corpo?

— Abençoada? - chamou um dos cientistas. 

A abençoada olhou impaciente. O homem explicou:

— Falha nos sinais.

A Anticristo voltou aos computadores, cujo em suas telas estava escrito "Ushas, beijos". Ela então percebeu se tratar dos bloqueadores de sinal, cujo a Rani mandou Graham e Ryan espalharem. Ela respirou fundo, e outra ideia veio em sua mente:

— É claro, não somente aqui há tecnologia apropriada. 

— O que podemos fazer, abençoada?

— Repasse à Àrea 51.

Assim fizeram. No monitor da TARDIS, eram registrados em tempo real o número de planetas alcançados pelas palavras do fim, e deste começo de fim, eram 100! Em menos de 10 minutos… 

***

 

SHEFFIELD/ RUA DIEBT SWORD 8

 

O homem careca de 71 anos e barbado, andava de janela em janela, no andar debaixo daquela casa recém comprada. As ruas estavam desertas, já que as massas se reuniam nas praças para adorar Vasug. E tampões ele usava nos ouvidos, pois seu maior medo era se juntar a manada. Olhou para a foto em família, e imaginou se ainda seriam libertos daquela estería, sem nem saber por onde andavam. O homem temeu aquele dia por toda a sua vida, já que segundo a sua mãe, seria o dia da verdade, mas, uma que ele precisava enfrentar. Porém, não somente enfrentar, vencer principalmente. Olhou seu relógio de pulso, e respirou mais ansioso ainda, já que segundo uma estranha que esbarrara na rua a um dia atrás, seria naquela hora que ele reencontraria quem tanto buscava. Eram 16:30, e um som como um rangido ou rugido metálico melancólico soou, junto a imagem fantasmagórica de uma geladeira enorme, dos anos 60. Geladeira? Era o que parecia. A face de felicidade mudou para estranhamento. Uma loira e uma senhora asiática se retiraram da máquina.

— Lucio?! - veio a loira contente. 

— Nathan. 

— O quê?!

— Mudei meu nome. Desde que mamãe contou-me a história, minha vida tem sido uma fuga constante. Novos endereços a cada ano, mudanças de visual, de emprego, como um criminoso. Quase tão reprimido quanto a vida de um homossexual.

— Humanos. - revirou os olhos a Rani.

— Mas ainda tenho filhos, uma esposa, netos e bisnetos! E… Você é a Doutora, não é? - estendeu a mão. – Esperei tanto.

A loira olhou para o gesto, mas o que fazer? A Rani não concordaria em poupar o pobre, e mais mortes a Doutora não pretendia admitir. A loira então estendeu a mão, contudo, foi surpreendida com uma coronhada na nuca, que a fez cair no chão, fazendo careta. Lucio ficou sem reação, e a Rani lhe apontou a sua arma:

— Tchau, tchau.

Incorreto, já que a Doutora se jogou contra a Rani, o que as fizeram cair sobre o sofá, e fazer a Rani puxar o gatilho, mas que graças ao empurrão o disparo errou o alvo, e estourou um vaso de flores sobre uma mesa. As mulheres disputavam a arma, até que rolaram do sofá até o chão, e a Rani estava por cima da Doutora, a enforca-la:

— Tão previsível. - cerrou os dentes.

— Corra, Lucio!

— Não! - negou o homem, indo até a parede da lareira, onde várias armas de fogo posavam penduradas. – Não me preparei como mamãe queria, mas tive tempo de arrumar minhas próprias bugigangas. - Apontou um fuzil.

— Não! - repreendeu a Doutora, onde rolou mais uma vez e ficou ela agora por cima e a enforcar a Rani. – Largue isto, Lucio!

— Eu tenho a documentação! 

A loira revirou os olhos, e a Rani perguntou:

— Seu manipulador ainda é um dos meus, certo? Que pena. - clicou em seu próprio manipulador de vortex, o que fez a Doutora desaparecer em um flash de luz.

Nathan ficou boquiaberto sem entender, e a Rani em um salto, se levantou junto a sua arma. Nathan dispara, mas a Senhora do Tempo se jogou por de trás do sofá, e puxou o gatilho! Laser vs balas. 

 ***



SHEFFIELD/ RUA WORLDEND

 

Um flash de luz surge por entre uma praça, onde dá origem a uma loira desorientada, olhando confusa para tudo:

— Ah, não! - bateu o pé. - 5 quilômetros do Lucio. Rani traiçoeira! - clicava nos comandos do manipulador de vórtex, mas nenhum resultado davam, como quando a Doutora deu o anel a Yaz e foi sequestrada pelo Rani. - Nunca vou salvá-lo… - apontou a chave sônica, mas ainda nada. – Não é justo! - berrou puxando os cabelos. 

A tristeza veio nos olhos da mulher, e a decepção em sua energia, o que a fez sentar-se em um banco, abatida, mas ainda mexendo no aparelho. 

— Dia difícil, soldado? - perguntou uma voz Feminina e madura.

A Senhora do Tempo se levantou,  virando-se em direção. A sujeita era a cara da Sophie Okonedo, porém um pouco mais velha. A loira ficou pasma:

— Lily?! 

— Olá.

— Ah, mas por que estou alegre? - discutiu com si mesma. - Você é do mal!

— Senhoras do Tempo não são como jogos da velha, Doutora. E o tempo corre. Eu sabia que estaria aqui. 

— Como poderia? E por que não estava com a Rani?

— Sem tempo. Precisa de uma ajuda, certo? - tomou o manipulador, começando a manejá-lo.

— Agora entendo… Sempre você! A última Sacerdotisa do Tempo. A mulher do cemitério com o Ryan, a pessoa que mandou Lucio estar naquele exato lugar, que me mandou mensagem, e sabia exatamente como o Rani cairia! Veio nos manipulando.

— Pelo bem do universo. - devolveu o aparelho à Doutora. - A Rani quase me destruiu. Fugi para cá, vivi por 100 anos, me formei, trabalhei, e por anos fui professora de faculdades e universidades. A vida como uma humana me abriu os olhos, e acho que… Que eu sou outra pessoa, mesmo sem mais regenerações.

— E todo este tempo foi o suficiente para aprender a entender os seus dons, não é? Você é a última coisa decente que restou do que um dia já foi a minha amiga. 

— Não a última.

— Como?

— Apenas; o que é a estranha casa que nunca para de piscar na ferrovia Deathman? 

— Como assim?

— Sem tempo! - deu as costas e partiu pela rua, apressada. - Continuarei a minha missão, agora termine a sua. Rápido! E quando voltar a Utah, não se esqueça de olhar para o chão! - terminou, e virou a esquina. 

A Doutora respirou fundo, queria entender, queria acreditar naquela ajuda, mas eram tantas armadilhas sofridas naquele dia, que até o seu raciocínio parecia comprometido. Porém, engoliu a seco e teletransportou-se para o destino sugerido pela sacerdotisa.

Na ferrovia, havia uma casa bem em frente a linha, toda em madeira branca encardida, janelas quebradas, e teto furado. Parecia escuro dentro, e as luzes não paravam de piscar. 

— Eu já vi essa casa antes!

***



A CIA, FBI, MA6, UNIT e demais corporações de investigação e crimes de ameaças de alertas globais, pertenciam agora ao culto da besta, obedecendo Sonya cegamente, a Anticristo, que buscava seu verdadeiro corpo, correndo contra o relógio biológico da humana. Um tiroteio é registrado na rua Diebt Sward 8, e isto não poderia. Se todos no mundo agora adoravam a besta e faziam exatamente o que Sonya pedisse, então quem estaria em conflito naquela casa?

— Primitivo! - a Rani disparou, se jogando depressa atrás da bancada.

— Megera! - se esquivou no canto da lareira, também disparando.

— Resistente, para um humano.

— Bonita, para uma marciana. 

— Gallifreyana! - deu mais dois tiros, e Nathan se espremeu mais. Agradeceu pela magreza que tanto odiava. 

Ele se jogou no chão, novamente atrás do sofá, disparou sem medias, onde um tiro de raspão até mesmo queimou um dos antebraços da Senhora do Tempo. Ela voltou para trás da bancada, e de repente, viu todas as janelas sendo cercadas por carros, helicópteros e homens armados de preto, todos ao redor da casa:

— Pelo buraco negro do Omega! 

— Querem a mim? - Nathan olhou chocado pela janela.

— Entende? Por isso precisa morrer. 

— Ninguém quer morrer! 

— Será pego e tomado por sua versão Senhor do Tempo. Nathan morrerá de qualquer forma. 

Morrer? Nathan havia lutado tanto em sua vida, por vidas, feito de tudo para ajudar quem precisasse, sendo enfermeiro, sendo veterinário, se juntado a grupos voluntario e de preservação ambientais, doado para caridade, e então aceitar que era apenas a casca do Anticristo se vestir? Era este o seu maior pesadelo, e todas as suas ações eram a sua fuga. Agora, com a casa cercada, poderia fugir? Uma lágrima lhe escorreu pela bochecha…

A porta da frente e fundos foram arrombadas, a Rani viu a sua TARDIS já envolta de homens, e Nathan por as mãos para cima, ela começou a atirar em quem podia, e os demais também fizeram, em uma tiroteio de pega pega. Quando então, a máquina do tempo começa a se desmaterializar, e a imagem de Nathan igualmente. Ele viu os seus arredores desaparecerem, e de repente, estava em outro ambiente! 

— Segure-se - a Doutora ordenou, agitada no console. 

— É isso viagem no tempo? Mamãe sempre contava.

— Viagem no espaço e tempo, dentro do tempo e espaço. 

— E a Rani?

— Tem um manipulador, vai nos atrapalhar aqui, e o sistema de segurança está no máximo. Sem invasões agora. 

— Para onde vamos?

— Já foi nos Estados Unidos?

— Sempre evitei. 

***



UTAH/ RESTAURANTE DA ESTRADA

 

A geladeira se materializa no velho ambiente, Nathan saí atordoado e a Doutora apressada. Tinha um aparelho enorme nos braços, muito parecido com um liquidificador, porém cheio de cabos. Pôs sobre uma mesa, e deu uma chave de fenda humana ao humano:

— Sua missão! Faça conexões até as luzes se acenderem.

— Eu nem sei o quê que é isso!

— Um micro acelerador de tempo. Lily me deu, e será útil.

— Mas é loucura acreditar que sou capaz.

— Eu sei, mas não temos tempo.

Nathan se calou, detido. A loira continua:

— Não temos tempo, e preciso ir encontrar a Anticristo. Então, você precisa conseguir consertar. Acredite em você, é só ligar os cabos e ajeitar a placa.

— "Só"? Fui avisado sobre o seu jeito.

— Como Rose se casou com um O'Brien?

— Sem tempo. - começou a mexer na geringonça. - Corra, garota esperta. Salve o mundo.

— Nem parece que um dia foi aquele pequenino chorão. - sorriu. - Estou feliz por te reencontrar. 

— Tudo o que eu mais quero é sair disso, Doutora, não quero ser aquele monstro. Minha vida inteira foi uma fuga, uma negação. Tudo o que quero é estar em casa. Abraçar a Lizzy e as crianças, fazer pães caseiros, e ser infernizado pelos bisnetos. É pedir demais?

— A aventura que eu jamais poderia ter.

— Nem quer.

— Nem quero!

Riram. A Senhora do Tempo revela:

— E eu estou com medo. Muito medo.

Nathan tinha compaixão nos olhos, já a outra, uma sufocante ansiedade:

— Não quero perder os meus amigos. Estavam zumbificados, bem em minha frente, e aqueles olhos vazios… Eu não serei mais a Doutora depois das loucuras que passam em minha mente. E a verdade é… Não estamos vencendo.

— Pode ter o mesmo destino deles?

— Posso. Senhoras do Tempo tem uma alta resistência psíquica, porém… Nada é inquebrável.

Então Nathan não soube mais o que dizer ou como reagir, apenas… Se recordou de uma coisa que a sua mãe lhe dissera:

— Minha mãe disse que Graham disse pra ela que você disse pra ele, que medo é um super poder.

A loira sorriu triste, precisava acreditar nisso, mas com seus amigos deitados em sua frente… Toda e qualquer fé que tinha havia sido abalada. Ela dá as costas rumo a TARDIS geladeira:

— Nathan, então que usemos o nosso super poder. 

Nathan assentiu, e a alien desmaterializou-se com a máquina do tempo. 

***

 

EUA/ NEVADA/ AREA 51

 

Sonya encarava a contagem de planetas no monitor da TARDIS, e 660 já narravam as doces palavras de Vasug. Contudo, os seus seguidores do pentágono, FBI, CIA e MA6, lhe avisaram sobre o rastreio de Nathan, mas a não captura, e mais nenhuma informação, já que pareciam ter sido eliminados os captores. A Anticristo precisava urgente de seu corpo, já que apenas 6 planetas restantes seria muito fácil de se conseguir, antes de se conseguir o próprio Nathan. Assim sendo, a Anticristo utilizou a tecnologia híbrida da própria base, as sondas de alta velocidade e precisão, que os leigos chamavam de OVNIs. As sondas foram espalhadas pelo mundo, e caso não localizassem o humano, pelo menos a Doutora deveriam. 

A Anticristo respirou impaciente, suando e mergulhando-se em sua própria ansiedade. O ser tão legendário teria sentimentos como o medo? Ou era o puro mal estar devido a deterioração do corpo? Sua cabeça latejava.

Quebrando a ansiedade, o telefone falso da caixa de policia tocou. Sonya estranhou, mas foi sorridente atende-lo:

— Para se conseguir este feito você tem de ser extremamente inteligente. 

A Doutora estava no vórtex, abriu os motores da nave, e ligou a absorção de energia. Voltando ao console, pôs o telefone na escuta:

— Sonya? É a Doutora. 

— Já convencida, espero. 

— Convencida de que nunca vou desistir? Com certeza. 

— Você não tem mais nada, Doutora. 

— Tenho a mim, tudo o que preciso, a fé em mim.

— Em breve em Vasug.

— Cairá bem antes.

— Não vai falar o que quer?

— Quero um acordo.

Sonya gargalha malévola e sem medias. A loira pigarreia:

— Já contei piadas melhores e esta não foi engraçada. Vá embora para o próximo universo, ou fique e eu irei pessoalmente exterminá-la. 

— Exterminar? Que revolucionaria. 

— Te entrego o Nathan, e você parte. Promete que não volta, e parte para sempre. - exigiu. - Ou fica, e eu me chamarei de outra coisa. 

Sonya sentou-se em uma cadeira giratória, e o cordão do aparelho ia se esticando até ela:

— A Doutora jamais faria esta troca?

— Mesmo? Não me conheceu durante a Guerra do Tempo, suponho. - os olhos se avermelharam. 

— Pobre Nathan, não acha?

— Acha que é fácil?! Que está sendo ou será?! Porque não é! Eu sou a Doutora, e eu estou à beira do precipício. - calou-se por alguns segundos. -  Às vezes, a pior escolha é a última que resta. 

— De fato. Mas caso eu negasse, como me venceria?

— Eu estou no vórtex! A TARDIS está em absorção de energia, e nem precisa. Sabe onde vou extrapolar ela? Bem na sua cara! - os olhos guardavam apenas ódio.

Sonya gargalha, e suspira plenamente calma: 

— Sabe qual o seu maior problema, Doutora, em todas as realidades que queimei? 

— O fardo de ser eu mesma. 

— Errado. O fardo de ser convencida. - encerrou a ligação.

A Doutora encarou indignada ao telefone, e de repente, todas as coisas triangulares nas paredes começaram a expelir faíscas, chamas e se quebrarem, o chão a se rachar e o console a cuspir fogo. Todas as paredes também se contorciam e a Senhora do Tempo estava tão perdida quanto a Alice no país dos Daleks, um conto de Gallifrey. 

No lado de fora da TARDIS, a caixa azul rodopiava próxima, e dentro dela Sonya gargalhava insana. O que teria feito? Segundo as informações no monitor, teria usado o campo magnético de sua TARDIS tipo 40 contra o da TARDIS que a Doutora estava, pertencente a Rani, e tipo 30, já que roubou o Olho da Harmonia ultrapassado da Bruxa Roxa. 

Lá dentro, a Doutora não sabia o que pensar, para que lado ir, ou para onde entrar e sair, pois estava tudo um completo inferno. De repente, altas labaredas encobriram o seu corpo. E aquela nave, despencou vórtex adentro, rumo ao desconhecido e perverso vazio do tempo. Já a Anticristo, retornou a Terra:

— Tão patética. - disse saindo da cabine, em direção aos computadores da base novamente. 

Porém, a loira havia chegado antes:

— Você que é convencida. - manuseava os computadores. 

Estava em farrapos a loira, roupas rasgadas, chamuscadas, descabelada, suja de fuligem, sangue escorrendo da testa, e o manipulador de vórtex cheio de fios descapados. Sonya a olhou dos pés a cabeça em repulsa:

— Restam apenas 3 planetas. 

— Mais um motivo para aceitar a minha proposta. 

— É impossível.

— Costumo discordar bastante dessa palavra.

— Vasug não pode sair do universo anterior sem antes termos 666 planetas fiéis. Se eu for ao próximo, sem ele neste, serão dois universos de diferença, e a distância impossibilitará de eu o trazê-lo. 

— Ótimo! Assim você se tornará decente. 

— O que você e eu fazemos é exatamente o mesmo, Doutora.

— Nem comece! 

— Já que sei que venci, que você está acabada e tão desesperada quanto eu, te responderei a dúvida deixada na prefeitura. 

A Doutora se mostrou curiosa. A outra prossegue:

— Perdi a contagem de quantas realidades arruinei. Mas, sei que sou velha e venho dos primórdios, dos Tempos Negros do universo.

— Como se juntou aos Senhores do Tempo?

— Conhece os Artesãos Cósmicos?

— Não. 

— Me rebelei contra eles.

— Desconheço. 

— Moldadores de universos. Espalham matéria, química e energia, a manipulam, e criam de acordo com as suas vontades, por puro prazer em conhecer e ver.

— Cientistas?

— Irresponsáveis. - o semblante de prepotência tornou-se caído. - Diga-me, Doutora, quando ratos em um laboratório saem sequelados, e a experiência concluída, quem ajuda o rato após a salva de palmas e o espumante?

A Doutora respirou cheia de amargura, desviou o seu olhar, e não ousou responder. Sabia a resposta, entretanto, seria capaz de pronunciá-la? Ela disse:

— Eu sinto muito. 

— Já passou por isso?

— Pelo que sei de mim até então… Nunca. 

— Não tenho nome, mas me chamavam de experimento 6.

— Realmente, eu sinto muito. Muito mesmo. 

— Não, Senhores do Tempo não são diferentes. Seus testes doíam, me queimavam, e enchiam-me de medo. Eu era apenas uma criança… E os meus dias e noites, todos iguais, em ambos salas escuras, e todas aquelas agulhas e macas gélidas. 

— Queriam ser deuses? Foram demônios apenas.

— Mas quando eu já estava grande, forte, e inteligente o suficiente… Encontrei o experimento 66. 

— Vasug?

— Aprendi como manipulá-lo, e influenciá-lo, e agora… Ele é meu. Ou melhor, somos um do outro. Foram milênios de extrema ligação, entende?

— Se tornou uma simbiose! - entendeu. 

— Enquanto Vasug viver, eu vivo, e vice versa. Suas asas… Tremem as estrelas, seu rugido, despedaça planetas, e o seu simples olhar… Detona galáxias e os seus corações em bilhões de pedaços, em bilhões de fogueiras. - brilhou os olhos.

— Isto é cruel, é insano! 

Sonya ri, e o semblante triste retornou ao de arrogância:

— Queimei os Artesãos, vivos! Vaguei de realidade em realidade, e todas as suas obras eu juro acabar. Era apenas vingança, mas com o tempo… Tornou-se divertido. Minha vida é um jogo perigoso, porém, quanto mais o jogo, menos consigo deixá-lo. Foge pela aventura? Eu também. Se eu perder este jogo, eu realmente perco. 

— Escolha. Fujo porque existem muitas Sonyas por aí. Sempre irão, e sempre irei para-las. Você quer viver, mas tudo o que consegue fazer é matar! Não percebe, sentir a luz do sol em sua pele e o ar em seus pulmões é um privilégio. 

— Aí encontrei você, muitas e muitas vezes, sempre persistente, sempre imponente, mas nunca invencível. 

— Então conheceu os Senhores do Tempo e viu a vantagem na regeneração. - concluiu. – Você poderia ser tão brilhante, se não fosse tão perversa. Realmente nunca se cansou, após este ciclo monótono de cinzas e ossos? 

— Por que me cansaria? - riu. - É tão belo quando as estrelas se estraçalham e toda a sua fúria faz tudo aos seus entornos virarem poeira. O caos lhe assusta? 

— O caos é morte, medo, dor, e pura crueldade. Já imaginou quantas crianças você já fez passarem o que você passou?

— Já.

— E?

— E fazem parte de tudo o que abomino e mais odeio. Não restará pedra sobre pedra.

— E elas escolheram fazer parte de tudo o que você abomina? Você escolheu ser um experimento? 

Sonya abriu a boca, mas engoliu as palavras. Seria a mesma lógica, mesma realidade, não? Ela estava agindo como um dos Artesões, e criando mais experimentos 6? Sonya respirou fundo, e disse lembrando-se de tudo o que já havia visto:

— Uma das coisas que aprendi enfrentando você, Doutora, foi; não lhe dar ouvidos. Você manipula, envenena, nos faz sairmos de nossas próprias mentes, e abraçarmos outras histórias, como se a nossa não fosse digna.

— E jamais será.

— A missão do 66 é julgar. Tudo o que trago é justiça. 

— A justiça de um carrasco?

— Não são todas cores da mesma paleta?

Eram? A Doutora discordava, e discordaria eternamente. Ela voltou a dar atenção ao computador, e avisou:

— Mudei todas as instruções de sua lavagem cerebral, os planetas não receberão mais seu lixo psicológico.

— Restam apenas 2 agora. - estava na tela. - Não somente na Terra há formas de alta comunicação, logo, logo as palavras de Vasug sairão de um planeta a outro, e neste momento… Eu sinto muito. 

— Então você precisa morrer.

— Quem vai me matar? - gargalhou, e estalou os dedos.

Os funcionários da base vieram com o seu coro de adoração a besta, e ressoavam envolta da loira:

— A luz traz vida, a luz traz morte, o fogo queima, mas Vasug queima o fogo. Vasug, que seja louvado o nome da besta, que seja louvado o nome da besta, que seja louvado o nome da besta.

— Parem! - a loira tampou os ouvidos. - Fiquem quietos! 

— Está tão arruinada, Doutora, sua mente sente o abalo. - diz Sonya.

— Preciso ser forte. - lacrimejou. - Pela Yaz, pelo Graham, pelo Ryan, e Sonya. - caiu de joelhos. - Pela Terra! Por todo o universo! 

Sua cabeça começava a doer, e realmente ter um dia tão agitado e visto e passado tudo o que passou, mexeria com qualquer mente. A Doutora precisava ser forte, mas conseguiria? Nem suas antecessoras paralelas resistiram, fosse por morte ou hipnose. A Senhora do Tempo precisava ser forte! 

Em seus pensamentos, tinha a memória dela e do seu time em Gatuun, lanchando e brincando nas praias, correndo e até se aventurando a mergulhar. Mas, de repente, aquela tarde se tornou uma noite absoluta, e o calor foi embora, deixando o frio que petrificou o mar. Yaz vem sorridente até a alien:

— Hoje foi tão divertido! Queria que durasse para sempre. Mas podemos sempre voltar, já que temos uma máquina do tempo, não é, Doutora?

— Tenho areia em lugares impronunciáveis. - comunica Graham. - Mas sem arrependimentos.  

— Quase virei jantar de tubarão! - avisa Ryan. – Só que lembrei de levar um sanduíche, foi subornado. 

A Doutora olhou para a sua mão, e viu ela começando a se apagar fantasmagoricamente:

— Amigos… Eu sinto muito.

O sorriso do time murchou, e tudo e todos desapareceram em um piscar de olhos….

— A luz traz vida, a luz traz morte, o fogo queima, mas Vasug queima o fogo. Vasug, que seja louvado o nome da besta, que seja louvado o nome da besta, que seja louvado o nome da besta. - narrou a Doutora, de olhos mortos e tom de voz pior ainda. 

A Anticristo se aproximou sorridente, e estendendo a mão:

— Dê-me o manipulador de vórtex.

— Sim, abençoada. - entregou.

— A chave de fenes sônica.

— Sim, abençoada. - entregou sem impedimento algum.

— Onde o meu corpo se esconde? 

— Utah, restaurante Moonday, abençoada.

— Muito bem. - sorriu largo. - Agora, continuem a glorificar Vasug. - deu as costas, rumo a TARDIS.

Enquanto a Doutora e os humanos, apenas continuaram o coro.

***

 

UTAH/ RESTAURANTE MOONDAY

 

O humano continuava a enfiar a chave de fenda dentro do micro acelerador de tempo, fazer ligações de fios, e desencaixar partes quebradas. Não sabia o que fazia, mas queria acreditar haver um propósito. Nenhuma luz se acendeu, como a Doutora avisou, então não achou estar fazendo direito. Parou desistente um instante, mas em seguida retornou a atenção:

— Não vou virar um psicopata.

De repente, o som da TARDIS começou a ranger, e o homem olhou sorridente em direção, mas a imagem que começava a se formar era a de uma cabine de polícia inglesa antiga, e não a de uma geladeira frost free. A testa se franziu, e as portas da caixa se abriram. Não era a Doutora, era?

— Ninguém foge para sempre, sinto muito.

— Você não é a Doutora.

— Sou o que você precisa.

— Não mesmo. - entendeu de quem se tratava. Seus olhos tremeram. – Não quero ser você! E não vou! Vamos vencê-la.

A Anticristo gargalha, e se ajoelha pressionando o peito: 

— Consciências de Senhores do Tempo não duram muito em corpos de 1 coração.

— Vai matar esta garota! 

— Não mais. Lhe encontrei, meu belo eu.

— A vida como humano foi esplêndida. Você realmente se arrependeria de tudo se tentasse.

— Você é um acidente, apenas isso. Não haviam escolhas.

— Pois este acidente é vivo, consciente e teimoso o suficiente, para lutar. E ele vai lutar.

— Não mais. - um brilho alaranjado ofuscante começou a cintilar por envolta de Sonya.

Porém, logo um som como um disparo foi escutado, e Sonya cai no chão estirada.

Nathan ficou atónito, e olhando envolta, deu de caras com a Rani, aproximando-se com uma pistola a laser:

— A minha vida girou em torno de vocês por décadas. - sorriu cheia de repulsa. - Sabe o que isto significa?

— Piedade. - pediu, levantando as mãos.

— Significa que não sou a Senhora do Tempo Vitoriosa.

— Devo lamentar?

— Devia pedir perdão por existir. Entretanto, de certa forma já venci… - posicionou a arma na testa humana.

— Como?

— A espécime rara da Doutora introduziu uma neurotoxina psíquica na mente da irmã. Nunca conte toda a história! Todos os hospedeiros que a Anticristo possuir… Vão precisar de uma pá e uma boa lápide. É lenta, mas precisamente corrosiva. O que faço agora é apenas precaução.

— Mentirosa!

— Adoro. E eu teria vencido antes, mas a minha coleguinha enxerida veio atrapalhar tudo, como sempre. Espero que esteja bem morta e estirada agora. 

— Claro que não! Estou consertando o acelerador de tempo que ela me deu, e venceremos todos vocês.

A Rani riu quase roncando, e parou tentando manter a postura:

— Isto é um liquidificador gatuuniano, querido. Nada de acelerador, apenas… O jogo da Doutora. Entreter, enganar, e lhe apunhalar pelas costas. 

— Ela nunca faria isso! 

Outra risada a Rani deu:

— Muito otário. 

— Você quem é!

— Últimas palavras? 

Últimas? Na verdade foram as da Rani, já que ela quem desapareceu, em um flash de luz. Nathan ficou novamente desentendido, e olhando para Sonya, estava ela estirada no chão, porém com uma mão erguida a apontar a chave de fenda sônica da Doutora:

— Fora de alcance, e travada, estamos a sós.

— Jamais! - se virou correndo à porta.

Mas, o brilho alaranjado junto a consciência do Anticristo enfim se retiraram da jovem, e flutuaram rapidamente pelo ar, rumo ao velho, que parou agonizando, e sentindo aquele cruel ser a lhe possuir.

As memórias foram se organizando naquela mente, e as suas células começaram a se refazer, onde todo o seu ser brilhou dourado e laranja, como uma fogueira infernal de glória e terror, cujo as chamas queimariam o mundo.

O brilho se apagou, e um sorriso malévolo tomou a face que antes esbanjava mansidão e benevolência, igualmente os seus olhos. No peito que antes batia apenas um coração, agora residiam dois:

— Enfim, livre. - alisou a barba, e encarou o corpo da humana já provavelmente falecida. - Foi bom lhe conhecer, mas a sua existência era medíocre demais, querida. Agora, rumo à vitória. - ergueu as mãos para cima. - Que o nome da besta seja louvado! 

O Anticristo então se direcionou à cabine, precisava saber quantos planetas já os adoravam, e os que faltassem, ele mesmo iria pessoalmente espalhar os seus versos de luxúria, ódio e desgraças eternas. O velho universo cujo a Doutora sempre protegera estava com os segundos contados, e 666 eram agora os caracteres mais perversos de toda a existência. Vasug viria, o universo arderia, se quebraria, murcharia, e o próximo não seria dificuldade com uma TARDIS a disposição. Porém, quando tocou a porta da caixa azul, o homem desapareceu, também em um flash instantâneo de luz. O que aconteceu?

Abriu os olhos, e estava em um compartimento metálico de poucos metros, como um banheiro. A porta também metálica parecia resistente, e ele não parava de a forçar, mas nenhum resultado tinha. 

— Tire-me daqui! Obedeçam, o abençoado! 

— Não, não. Abençoado?! 

— Você?!

— Euzinha. - era a voz da loira, saindo por um interfone. - Sabe como é, nunca demonstre vantagem. Eu realmente estava perdida, mas entendi que se você já me deteve tantas vezes, significa que eu deveria parecer mais perdida ainda, se quisesse ter uma chance.

— Não há como tudo ter sido uma mera encenação! 

— Claro que há! Já conheci Shakespeare. E a propósito, não tocou a TARDIS, tocou o Vagante Branco, beijos da Lily. Após a deletação na TARDIS do Rani, o Vagante se desconectou, se perdeu desorientado, esperando uma nova mestra, que a propósito é muito inteligente e bonita. E Você não tomou a minha mente, não por completo, apenas uma parte dela, que baixei a guarda intencionalmente. 

— Ninguém é capaz!

— É sim, quando se quer, é. E eu precisei, eu fui. Todas as Doutoras te mostraram algo novo, não? Esta tem isso. Mas realmente eu tive medo, e tudo poderia ter dado errado, muito errado. 

— Que lugar é este?

— Você conhece, você quem bancou. 

O Anticristo então recordou-se das câmaras de gás que mandou instalar nas praças públicas, para matar os ateus. Berrou:

— Não! Tire-me daqui! 

— A saída está diante de você.

No meio da câmara, o arco camaleão do Anticristo. Ele comenta:

— Estava comigo. Quando o roubou?

— Quando desmaiou na prefeitura. Distraído. 

— Mas eu sou o abençoado de Vasug! O príncipe do caos… Eu não posso perder!

O gás começou a vazar, o homem berrou estapeando a porta:

— Tirem-me daqui!

— Ninguém lá fora, foi mal.

— Vai mesmo sacrificar quem um dia foi Nathan?

— Entre no relógio, e viva, ou continue neste corpo, e morra. Não tenho mais tempo, e não vou mais retroceder.

— Resta com certeza apenas 1 planeta, Doutora. Sobrevivo até ele ser meu.

— Com o gás vazando? 

O Anticristo começou a tossir, e a se segurar nas paredes. O que faria? Realmente seria capaz de esperar, ou cederia, afinal, caso não entrasse no suporte de vida camaleão, sufocaria, e Vasug sendo alma de sua alma… Teria comum destino. 

— Um dia eu voltarei! - berrou, onde pareceu estar desistindo, já que apanhou o arco camaleão, e todo o brilho dourado ofuscante começou a emanar para ele. 

A consciência estava toda no relógio novamente, e a carapaça humana caiu atordoada. Morreria sufocado? Talvez não, já que a porta se abriu, e uma mulher de preto e roxo estava ali. Ajudou Nathan a se retirar, e apanhou o arco.

O homem tossia:

— Como cheguei aqui?

— Trapaça.

— É amiga?

— Entregue a Doutora. - estendeu o relógio. - E isto, é para você. - era uma pílula dourada.

— Quem é você? É outra Senhora do Tempo?

— Quase, Sacerdotisa. - partiu apressada. 

— Não deixa nenhum recado?

— Diga apenas que foi um grande prazer. 

— E essa pílula?

— Engula! 

Era a cara da Sophie Okonedo. 

*** 



NEVADA/ AREA 51

 

A Doutora monitorou todo o processo da derrota do Anticristo através de um dos supercomputadores híbridos da base, e que aliás, receberam um toque pessoal, sendo que ela possuía uma chave de fenda sônica oculta, de sua terceira vida. Anticristo preso, povo liberto. Mas, ela era um alienígena naquele lugar, barra intrusa. Os humanos não a poupariam. Um alerta vermelho soou, e a loira não teve escolha, vendo aqueles homens enormes e armados vindo ao seu encontro. Ela correu para a galeria de catalogação de artefatos espaciais, uma espécie de depósito de naves e restos, abatidas ou encontradas, e assim adentrou em uma, semelhante a um disco voador clássico, mas bem pequeno. 

— Uma nave de turismo reptiliana? Fantástico! -  operava os comandos apressada. 

Os homens chegaram, miraram as suas metralhadoras, e puxaram os gatilhos. As balas não surtiam efeito, onde batiam e apenas faíscas saíam da lataria. Os motores ligaram, a lataria vibrou, e o impulso da decolagem fez os homens beijarem as paredes, grosseiramente. O teto foi rompido, e em uma velocidade quase perto da velocidade do som, a alien partiu rumo a Utah.

Em Utah, o disco voador estacionou após frear tardiamente e bater no teto do restaurante, mas deu certo no fim. Saindo da nave e entrando no recinto, uma visão desoladora a loira teve:

— Sonya?! - checou o pulso, temperatura e batimentos, mas não havia mais nada. - Não pode ser… Não pode morrer! Como vou contar a Yaz? - lacrimejou, sentindo-se derrotada. - Como?

Após salvar o multiverso, talvez este tenha sido o preço. Às vezes nem ela ganhava, e ela sabia disso tão bem quanto  o próprio universo. Em batalhas há perdas, e em vitórias há sacrifícios. Quando então, ali ajoelhada cara a cara com a cadáver, notou algo aleatório rabiscado no piso ao lado do rosto de Sonya. Estava escrito; "na geladeira".

— Oh, brilhante! - lembrou-se do aviso da Lily.

"Quando voltar a Utah, não se esqueça de olhar para o chão". 

Assim, correu a loira rumo à cozinha, e lá, estava uma geladeira anos 60, bem acabada e empoeirada. Já dentro dela, um borrifador de nono-genes, semelhante ao que ela havia usado para salvar Graham e Ryan. Ela apanhou o aparelho, e borrifou imediatamente na jovem. Imediatamente, a garota foi envolta em um brilho bem claro, e despertou-se puxando fôlego, como se saísse de um afogamento:

— Yaz?! - chamou assustada, mas percebeu estar com a amiga da Yaz e não com ela. - A médica?

— Sim, longa história. Se sente bem?

— Estranha. Estou formigando.

— Se reconstruindo.

— O quê?

— Sem tempo. Que tal entrarmos na TARDIS, somos praticamente criminosas aqui, soldados estão vindo, e não pouparão munição.  

— Eu não fiz nada! E aliás, que lugar horroroso é esse? E esse chão, por que eu me deitaria em um salão onde as baratas dão bailes?! - fez careta limpando os cabelos.

— Te conto no caminho! - puxou a humana pela mão, onde correram para a cabine. – Vamos!

Do lado de fora do restaurante, os homens acabavam de chegar de helicópteros, já a caixa azul do lado de dentro, a se desmaterializar. 

 

 


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Notas finais do capítulo

amei esse capítulo, muita reviravolta pois afinal é o clímax. Na antiga ideia lá antes do hiato sofrido, tudo se resolveria com a colaboração de todos, de uma forma que eu ainda teria de inventar, e não assim só a Doutora sofrendo. Mas quando tive a ideia de ser o Anticristo a estrela, era uma ameaça muito poderosa, e queria muito ver ele por medo na loira. Queria deixá-lá perdida, impotente, e com incertezas, então para um capítulo se chamar de O Apocalipse da Doutora teria de ser realmente apocalíptico. Aí próximo capítulo fecha a aventura. Ou continua?

A Rani eu amei escrever e a fiz com o pouco que vi dela na série clássica. Não escutei os audiodramas dela, então não sei quem ela é 100% mas essa última versão da Margaret Cho é a minha mais próxima, pois o do Idris foi intencionalmente feito para fugir da persona, já que não era uma regeneração mentalmente equilibrada. Serviu para representar o falso cidadão de bem, os falsos profetas, e os moralistas religiosos que acham que a sua arrogância é uma missão divina.

Enfim, a atriz da Sonya teria de se superar numa aventura dessas se fosse ep de TV não acha? Kkk Bhavnisha Parmar o nome da atriz.

E a personagem da Lily mega evoluiu né? Era uma esposa submissa e terminou como a diretora do próprio "episódio" kkk amei ele aqui.

E as sondas da NASA citadas são nomes reais de sondas no espaço ainda ativas.

Gostei muito também de escrever a Doutora e ver todo este esforço dela desde o começo. Enfim, próximo capítulo nos despedimos e até mesmo pontas soltas talvez restem, e respostas a perguntas ainda não respondidas.

Obrigado pela leitura!



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