Equinócio escrita por Katherine
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura!
Renesmee.
Meus olhos estavam presos na tela do celular em minha frente, lendo novamente cada palavra da curta mensagem de Edward. Era um comunicado de como Benjamin estava se adaptando a nova rotina dos Cullen... ou melhor, não estava. A nossa condição vegetariana não parecia agrada-lo muito. Fazia exatamente uma semana que o vampiro havia se mudado para Forks e desde então não houve contato com o sangue humano, porém no dia anterior quando fui visita-los Benjamin não reagiu bem ao meu sangue, resultando em um quase ataque. Eu não podia culpa-lo, ele estava fazendo o melhor que podia e estar a tantos dias sem se alimentar devia ser frustrante. Obviamente minha família e Jacob fizeram um grande show sobre o assunto, mesmo que não fosse grande coisa.
— Problemas?
Bloqueei o aparelho em mãos com os olhos sendo desviados para o homem em minha frente.
Como de costume após a aula os garotos me acompanharam até a oficina, Brady disse que precisaria conversar com o Black e ambos se afastaram o suficiente até que eu não pudesse ouvi-los. Nem se quer havia notado sua aproximação.
— Não – murmurei balançando as pernas no ar, sentada na bancada que acumulava ferramentas – Era uma mensagem do meu pai.
Ele voltou sua atenção para o motor do carro em sua frente.
— O que ele queria? – perguntou, sem realmente prestar muita atenção.
Enchi o ar nos pulmões preparando-me para a discussão.
— Benjamin se alimentou hoje.
Automaticamente os ombros dele tencionaram, encarando o vazio. Não parecia respirar naquele momento.
Jacob sempre achou Ben o vampiro menos pior, como ele mesmo havia me dito, porém a volta dele a cidade não o agradava e piorou ainda mais a situação ao saber do ataque mal sucedido.
— Não diretamente da fonte, se é que você me entende – apressei-me em explicar – Mas aconteceu. Talvez a adaptação dele demore um pouco mais do que a de todos os outros.
Os olhos escuros caíram sobre mim, causando-me calafrios.
— Por que insistem nisso? – perguntou-me com a voz afiada como uma navalha – Benjamin é inteligente, tem dinheiro e muitos amigos espalhados pelo mundo. Por que insistem tanto em mantê-lo aqui?
Dei de ombros.
— Devemos isso à ele, Jacob.
Um vinco se formou entre sua testa.
— Isso é uma troca de favores?
— Não – grunhi – Benjamin me ajudou muito, Jacob. Você mais do que ninguém deveria reconhecer isso. Estou feliz em ao menos poder retribuir, mas isso não é uma troca de favores. Nós gostamos dele!
— Sim, Renesmee. Cada sanguessuga valia muito naquela clareira. Eu não me esqueci, pode apostar, não existe um dia se quer que não pense nisso, você entende isso? Quase perdi você naquele dia... e ontem também. Consegue entender o quão assustador é receber a noticia de que foi atacada por um vampiro?
— Eu quase fui atacada por um vampiro – o corrigi.
Ele riu em um tom acido.
— Que enorme diferença, meu amor! Desculpe o meu erro – disse amargamente, fechando o capô do carro com uma força desnecessária – Você está ouvindo o que está dizendo?
Joguei minha cabeça para trás, cortando o nosso contato com o olhar. Eu não queria brigar. Estava me sentindo cansada e estressada. Jacob estava com medo e eu entendia perfeitamente o seu lado, sentiria o mesmo se a situação fosse contrária, mas culpar Benjamin por algo instintivo não parecia o certo a se fazer.
Pulei em um salto perfeito da bancada, trazendo a mochila ás minhas costas.
— Onde você vai? – perguntou.
— Se eu continuar aqui nós vamos brigar, Jake. É tudo o que eu não preciso agora. Conversamos depois, tudo bem?
Seus olhos quase saltaram para fora de orbita.
— Não! Quer ir até a casa de Charlie? Posso levar você. Ou então ir até a minha casa, o velho tem reclamado que você não passa mais tempo com ele.
Sorri sem mostrar os dentes.
— Eu não vou até os Cullen – rolei os olhos – Não precisa me convencer a ir visitar alguém de sua confiança.
Seus ombros relaxaram, ele parecia menos tenso agora.
— Renesmee, a sua família tem a minha confiança, você sabe disso.
— Benjamin também? Você sabe... ele faz parte da família agora.
— Não me provoque – alertou.
— Você que pediu – devolvi.
Ele ia retrucar-me quando Leah adentrou correndo na oficina com um sorriso forçado nos lábios.
— Casal feliz! – cumprimentou esticando os braços na lateral de seu corpo.
— Oi, Lê – sorri sem humor pra ela.
— Quem morreu? – perguntou ao fitar o seu Alfa.
Jacob a encarou mortalmente.
— Não liga pra ele – pedi, tocando a parte dolorida em meu pescoço – Lobos tem TPM?
O sorriso da quileute cresceu ainda mais e ela me abraçou nos ombros.
— Vim busca-la para dar um passeio... – Jacob ia dizer alguma coisa porém ela foi mais rápida – Pela floresta, praia ou sei lá, podemos tomar um sorvete. Ficar por perto... em segurança. Afinal, você está comigo, não? O que poderia acontecer?
— Você não tinha que estar em ronda? – o Black perguntou.
— Tinha. Exatamente como você disse! Estava passando por perto e ouvi os gritos. Achei melhor interrompê-los antes que os Cullen escutassem... sabe, do outro lado da cidade – alfinetou – Vai ser bom darmos uma voltinha, Ness. Acho que você precisa refrescar as suas ideias.
Jacob e Leah trocaram olhares desafiadores até que o Alfa suspirasse por fim, se dando por vencido.
Seus olhos caíram sob mim novamente.
— Toma cuidado – pediu em um sussurro torturado, fazendo com que meu coração doesse dentro do peito.
Tudo o que pude fazer foi concordar com um aceno.
A loba bufou.
— Até parece que você não me conhece, Jake.
— É por isso mesmo que eu tenho medo.
Ela rolou os olhos e me arrastou para fora da oficina. Depois que estivéssemos em uma distancia considerável dentro da floresta ela parou de andar, encostando-se em uma árvore.
— Desembucha, vampirinha.
— Você ouviu, Leah – falei enquanto me encostava em uma das árvores dali.
— Eu ouvi o Jacob brigando e você não. O que está acontecendo?
Dei de ombros.
— Nada. Eu sei que ele tem razão de estar com medo mas não posso evitar... Benjamin fez parte de algo muito importante na minha vida, Lê e Deus sabe que o ataque não foi proposital. Meu pai já me contou de suas imensas recaídas, assim como Jasper, antes de se acostumarem com o sangue definitivamente – lhe contei – E eu me sinto um pouco cansada, por isso não quis brigar. Estava tudo começando a finalmente dar certo... Jacob e eu, minha família e a superproteção, a escola, Charlie... não quero ter que lidar com problemas de novo.
A garota franziu o cenho.
— Você só está olhando pelo lado da sua espécie, Renesmee – acusou-me.
— O que?
— É exatamente isso. Você só viu motivos para defende-los, assim como todos estão fazendo, acham que é algo comum, mas não é... eu soube do que aconteceu. Se Emmett não tivesse segurado o vampirinho você não estaria aqui agora. Jacob não estaria aqui agora, Renesmee. Você entende o quão forte é essa droga de magia?
Engoli seco.
— O Imprinting?
— Ele morreria se você não estivesse viva, não seja tão egoísta – disse – Eu sou sua amiga, Cullen. Posso não ter sentindo exatamente a sensação do Imprinting mas sei como isso funciona. Você não culpa do sanguessuga porque julga ser algo da natureza de vocês, certo? Isso é bizarro, porque estamos falando de cravar os dentes em alguém, mas... enfim. O amor é a nossa natureza, Ness. Não culpe o Jake por estar agindo exatamente de acordo com a nossa natureza.
As palavras de Leah me atingiram como um soco no meio do estomago. Ela estava certa, eu estava mesmo sendo um tanto quanto egoísta, simplesmente por não conhecer o lado de Jacob nessa história.
— Você está certa – admiti, encarando meus próprios pés – Vou conversar com ele.
— Vou esperar o convite do casamento – rolou os olhos, sorrindo de lado.
— Obrigada por abrir os meus olhos, Lê – joguei meus braços envolta de seu corpo, puxando-a para um abraço apertado e mal retribuído – Eu não sei o que faria sem você.
— Renesmee, não se emocione, por favor. Eu tenho uma reputação a zelar!
Comecei a rir apertando-a ainda mais ao meu abraço, quando senti Leah ficar tensa em meu aperto. Antes que eu pudesse me afastar um passo, ela puxou o meu punho para que permanecesse ao seu lado e transformou-se em um lobo gigante. O fato de estarmos muito próximas fez com que eu caísse sentada no chão, a pouca distancia, ela não me lançou um olhar de desculpas ou qualquer outra coisa, tudo o que eu recebi fui um rosnado feroz, enquanto a loba fitava o manto preto sair entre as árvores.
Eu reconheceria aquele par de olhos vermelhos até mesmo no inferno.
Demetri Volturi abaixou o capuz de sua capa, revelando seu rosto de mármore, com um sorriso assustador.
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Não esqueçam de dizer o que acharam!
Beijinhos.