As Criações de Stark escrita por Srta Poirot


Capítulo 4
O Refúgio


Notas iniciais do capítulo

- Os Vingadores são derrotados ao se encontrarem com Ultron novamente e vão atrás de um refúgio.



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Tony Stark estava frustrado. Ele dedicou muito tempo e não mediu esforços em uma criação que não deu certo, que tornou tudo pior. Ele se sentia culpado pela equipe ter sido atacada, pelas suas armaduras da Legião de Ferro terem sido destruídas no combate, por um andar inteiro da Torre Vingadores estar em ruínas. É tudo culpa dele. Maldito estresse pós-traumático.

Era por isso que ele estava sozinho no laboratório nesse momento. Manter distância para não encarar os fatos e as caras de decepção de seus amigos.

“O que quis dizer com ‘eu mesmo lidarei com ele’?”

A voz do garoto o despertou de seus pensamentos. Tony olhou para ele com surpresa porque achava que estava sozinho no laboratório.

Como se estivesse lendo os pensamentos de Tony, Peter falou: “Eu estava no meu quarto quando decidi vir falar com você. Eu realmente quero saber: O que faria se eu fosse um espião da HIDRA?”

“Te colocaria em uma cela.” Tony simplesmente respondeu.

“Não muito diferente de Strucker então.” Peter puxou uma cadeira e se sentou nela ao lado de Tony.

“Eu te colocaria em uma cela melhor e mais confortável.”

“Não faz diferença se você está preso.”

“Olha, garoto, eu realmente duvido que você seja estúpido suficiente para se infiltrar na sede dos Vingadores para nos espionar.”

“Eu não me infiltrei, eu fui trazido para cá.” Peter falou, mas percebeu Tony o encarando com curiosidade. “Okaay, isso não ajuda muito meu caso porque dá no mesmo. Mas, eu nunca trabalharia para o Strucker. Por causa dele, nunca tive uma vida normal, uma família ou amigos. Só acreditei que existe bondade nas pessoas quando vi notícias através da televisão dos cientistas sobre um grupo de pessoas que salvaram milhares de outras. Eles se autodenominaram de Vingadores. Pessoas que foram salvas por eles os elogiavam, os agradeciam e diziam o quanto eles se sacrificaram para salvar milhares. Claro que Strucker ficou doido quando soube que os Vingadores estavam derrubando bases da HIDRA. Mas foi... impressionante.”

Tony ficou emocionado. Há poucos minutos, ele estava se lamentando e se sentindo culpado pelos seus erros e agora veio Peter e o fez se lembrar de que ele também era herói. Quase se matou por Nova York.

Tony deu um sorriso de lado para Peter. “Você também foi impressionante ontem à noite. Teve um bom instinto e muita força.”

Peter ficou ruborizado. Nunca recebeu um elogio na vida e por isso ficou desconcertado. “Eu-eu chamo de sensor-aranha. É como um sexto sentido que me avisa do perigo iminente.” Peter ficou brincando com seus dedos nervosamente. “Você é... você é mesmo meu pai?”

Tony ficou pensando se revelava ou não. No momento em que falar pra ele, vai se tornar mais real, porém, Tony não queria mentir. “De acordo com o exame de DNA, sim, você é meu... filho.”

Agora é oficial.

“Então você é a única família que eu tenho.” Disse Peter.

Tony quase ficou de coração partido por ele. “Isso faz dois de nós.”

Houve alguns segundos para absorverem os pensamentos antes de Peter falar de novo, “Como posso te chamar, então?”

“Tony está bom.”

Peter acenou e nesse momento eles ouviram a voz de Steve Rogers.

“Stark! Vamos nos reunir! Temos novidades!”

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Steve reuniu a equipe. Ele tinha um tablet na mão que passou para o Thor que passou para o Tony.

“É uma mensagem.” Avisou Steve. “Ultron matou o Strucker.”

“E deixou um recadinho na cena do crime só pra gente.” Tony comentou vendo a foto de Strucker morto com a palavra ‘paz’ escrita com sangue na parede.

“É uma cortina de fumaça. Por que enviar uma mensagem quando acabou de discursar?” Natasha raciocinou.

“Strucker sabia de alguma coisa que Ultron não quer que vejamos.” Disse Steve.

“Eu aposto que-” Natasha pesquisou no computador, mas não encontrou nada. “É, o que tínhamos sobre o Strucker foi apagado.”

“Nem tudo.” Tony se lembrou dos arquivos impressos que ficaram estocados e guardados. Tinham todas as informações sobre os associados e conhecidos de Strucker. Meio retrô, mas os ajudou naquela hora.

Eles pegaram várias caixas contendo os arquivos e começaram a vasculhá-las.

“Quando encontrarmos o Ultron, devemos ter cuidado com os Maximoffs.” Steve comentou para a equipe. “Eu sugiro aprendermos um pouco sobre eles. Stark, chame Peter. Quero saber o que ele sabe sobre os gêmeos.”

Tony fez o que o Capitão lhe pediu. Ele deixou o garoto no laboratório vendo o Youtube (novidade para o garoto) em um tablet. Em poucos minutos, Peter estava diante da equipe de Vingadores respondendo sobre os Maximoffs.

“Eles me odeiam.” Peter lhes contou.

“Por que eles te odeiam?” Steve perguntou, mas não recebeu a resposta. Ao invés disso, ele notou Peter lançar um olhar para Tony Stark e depois baixar a cabeça. “Por causa de Tony? O que Tony fez?”

“Eles falavam de um míssil que destruiu a casa deles. E tinha o nome Stark no míssil, algo assim.” Peter brincou com os dedos das mãos enquanto falava. “Eu não fiz nada, mas Wanda usou o poder dela em mim uma vez. Ela entra na cabeça das pessoas. Manipulação mental, pelo que ouvi dizerem. Pietro me defendeu, entretanto. Ele é muito veloz e foi mais amigável comigo.”

“E o que eles querem com Ultron?”

“Eles se aliaram ao Ultron? Aquele robô que controlou as armaduras e atacou todo mundo? Eles realmente estão planejando ajudar Ultron a destruir os Vingadores. Mas eles não são maus como Strucker.”

“Nós vamos impedi-los.” Steve parou o interrogatório e se voltou para a tarefa atual: encontrar pistas sobre possíveis interesses de Ultron. “Acharam alguma coisa?” Perguntou para a equipe.

“Só um monte de pessoas horríveis.” Bruce murmurou enquanto olhava um arquivo.

“Espera! Eu conheço esse cara.” Disse Tony apontando para o arquivo nas mãos de Bruce. Ele pegou o arquivo e distribuiu as fotos para Thor e Steve. “Faz tempo que ele negocia na costa africana. Mercado negro de armas.” Steve lançou um olhar julgador para ele. “Existem congressos, tá? Lá se conhecem pessoas. Não vendi nada pra ele. Ele queria encontrar uma coisa nova, que virasse o jogo. Estava numa vibe muito louca.”

“O que é isso?” Thor perguntou.

“É uma tatuagem. Acho que ele não tinha antes.” Respondeu Tony.

“Não, essas são tatuagens. Isto é uma marca.” Thor apontou para uma marca específica no pescoço do tal sujeito.

Bruce se voluntariou para fazer a pesquisa da marca no computador. Ele encontrou uma combinação. “É uma palavra que significa ‘ladrão’ no dialeto africano. De uma forma muito menos amigável.”

“Que dialeto?” Steve perguntou.

“Wakanada... Wa-wa-Wakanda.”

Tony e Steve congelaram e se entreolharam.

“Se esse cara saiu de Wakanda com alguns produtos...” Tony ia dizendo.

“Seu pai não disse que ficou com o último?” Steve perguntou e Tony deu de ombros.

“Não entendi. O que saiu de Wakanda?” Bruce perguntou.

“O metal mais forte da Terra.” Tony respondeu.

“E onde está esse sujeito agora?” Foi Steve que perguntou, mas era o que todos queriam saber nesse momento.

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Os Vingadores chegaram ao estaleiro do traficante de armas Ulysses Klaw e Ultron já estava lá, decepando o braço de Klaw em seu novo corpo de metal.

“Não me compare com Stark.” Ultron demonstrou grande fúria e deu um chute em Klaw que o derrubou escada abaixo.

Thor, Capitão América e Homem de Ferro estavam prontos para se aproximarem, enquanto que Viúva Negra e Gavião Arqueiro se mantiveram longe de vista. Bruce ficou no jato escondido e longe da confusão.

“Isso me ofende. Stark é uma doença.”

“Ah, Junior.” Tony Stark pousou com seu traje e Thor e Capitão América estavam ao lado dele. “Vai partir o coração do papai.”

“Talvez eu faça isso.”

“Ninguém tem que partir nada.” Disse Thor.

“Com certeza nunca fez um omelete.”

“Tirou as palavras da minha boca.” Tony comentou.

“Ah, que engraçado, Sr. Stark.” Pietro Maximoff disse. “Tá confortável? Como nos velhos tempos?”

Tony adivinhou sobre o que ele estava falando porque ele disse: “Minha vida nunca foi isso.”

O Capitão deu um passo à frente. “Vocês dois ainda podem sair dessa.”

“Oh, nós vamos.” Wanda desdenhou.

“Eu sei que sofreram-”

“Ah, Capitão América.” Ultron o interrompeu. “O homem santificado. Fingindo que consegue viver sem uma guerra. Olha, eu não consigo vomitar, infelizmente, mas...”

“Se você acredita em paz, deixe-nos mantê-la.” Thor falou.

“Acho que está confundindo paz com silêncio.”

“Para quê quer o vibranium?” Perguntou Tony.

“Que bom que você perguntou, porque eu queria mesmo esse tempo para explicar o meu plano maligno.”

Com uma explosão de energia, Ultron puxou o Homem de Ferro para si através do centro da armadura e o lançou contra a parede. Em seguida, começou o combate dos Vingadores contra as armaduras de Ultron e contra os homens de Klaw.

O Homem de Ferro combateu Ultron ele mesmo. O embate os levou para fora do navio cargueiro em uma luta aérea entre armaduras.

Ainda dentro do navio, a equipe derrubou o primeiro aprimorado: Pietro Maximoff. A irmã dele foi difícil de encontrar. Thor foi o primeiro a vê-la. Depois foram o Capitão e Viúva Negra.

Gavião Arqueiro ficou em alerta e conseguiu evitá-la com uma flecha elétrica bem no meio de sua testa. O choque elétrico a deixou paralisada, mas o irmão dela a resgatou e fugiu com ela nos braços.

O Gavião Arqueiro encontrou três de seus amigos em um transe profundo e em estado catatônico. A luta estava acabada para eles.

Mas não para o Homem de Ferro.

Ele perseguiu Ultron pelo estaleiro e o derrubou no porto.

“Ah, o vibranium está indo embora.” Ultron disse vitorioso apesar de estar derrubado e na mira do Homem de Ferro.

“E você não vai a lugar algum.” Disse Tony mirando um míssil para ele.

“É claro que não. Eu já estou lá. Vai entender, mas primeiro, tem que dar um jeito no Dr. Banner.”

Essa não!

Tony atirou o míssil nele e destruiu o que sobrou do corpo metálico. Ele imediatamente foi procurar pelo Bruce.

Ele sabia que não era uma simples ameaça. O plano de Ultron era muito complexo e nada fácil para os Vingadores. Eles não deviam ter trazido Bruce Banner, mas era tarde demais.

“Procure notícias. Palavra-chave: Hulk.” Tony Stark ordenou ao seu sistema da armadura que logo encontrou as informações via Internet. Uma cidade estava sendo atacada e Tony voou para lá. Como estava sem apoio da equipe, Tony chamou Verônica.

Foi. Um. Desastre.

Verônica era uma superarmadura criada pelo Stark e pelo próprio Banner. Ela foi extremamente útil, mas a luta brutal destruiu metade da cidade que eles estavam antes que Stark pudesse deter Hulk.

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Wanda Maximoff fez o maior estrago na mente dos Vingadores. Ela aterrorizou os membros da equipe através de alucinações, dúvidas e medos, sem nem precisar tocá-los.

Eles voltaram para o jato e retornaram à Torre para buscar algumas coisas. Precisavam fugir, se esconder. Precisavam de um refúgio.

Só Tony se lembrou de Peter.

“Eles me odeiam.” Tony lembrou que Peter disse isso a eles. E se Wanda voltar para atacar Peter por causa dele? O garoto não estará seguro se ficar sozinho. Clint prometeu um refúgio seguro e escondido, e Tony queria que o garoto ficasse lá pelo tempo que fosse preciso.

Mas, de onde vem esse sentimento de superproteção? Ser pai é ser sempre assim? O garoto o cativou desde o primeiro momento que o viu. Será que era instinto paterno, antes mesmo de saber?

O que fez Tony pensar: E se fracassar em protegê-lo? E se estiver errado em levá-lo para só-Deus-sabe-onde?

Clint concordou com a ideia de levá-lo e protegê-lo também. Talvez Peter também o tenha cativado.

Horas após o embargue no jato rumo ao refúgio, nenhum membro da equipe havia falado ainda. Peter notou a tensão e medo em alguns colegas, mas não comentou nada, nem se quer perguntou algo. Ele sabia ficar quieto quando tinha que ficar.

A viagem foi longa, mas nem todos os membros conseguiram dormir – apenas Tony, Peter e Bruce conseguiram – e eles nem tiraram os uniformes. Quando o jato pousou, já estava nas primeiras horas da manhã e Tony acordou com raios de Sol em seu rosto.

Clint abriu a rampa do jato para eles descerem e um-a-um foi se levantando e saindo.

“Garoto, acorda.” Tony mexeu nos ombros dele. “Chegamos.”

“Onde, exatamente?” Peter perguntou com voz sonolenta.

“Nem eu sei, mas vamos descobrir.” Tony saiu do jato seguido pelo Peter. Ele ficou surpreso que viu uma fazenda bem aconchegante.

Ficou mais surpreso ainda quando entraram e Clint chamou: “Amor, cheguei.”

Uma mulher grávida de cabelos morenos apareceu e ela também parecia surpresa.

“Oi, temos visita. Desculpe não ter avisado.” Clint disse se aproximando dela e beijando-a.

“Ela deve ser uma agente nova.” Tony comentou.

“Senhores, essa é a Laura.” Clint apresentou.

“Sei o nome de vocês.” Laura disse sorrindo pra eles.

Passos rápidos foram ouvidos vindos do andar de cima e descendo as escadas.

“Ooh, lá vem o ataque.” Clint se posicionou em direção aos passos e recebeu duas crianças, um garoto e uma garotinha, animados com a chegada do pai.

“Esses são agentes mirins.” Tony comentou de novo.

“Você trouxe a tia Nat?” A garotinha perguntou ao pai.

Natasha foi de encontro a ela. “Por que não me dá um abraço e descobre?” Natasha a pegou nos braços.

“Desculpe termos vindo assim.” Steve disse.

“Teríamos ligado, mas estávamos ocupados não fazendo ideia de que existiam.” Tony ironizou.

“Pois é, o Fury me ajudou a escondê-los quando entrei. Manteve ocultos dos arquivos da SHIELD.” Clint explicou.

“E quem é esse?” Laura perguntou apontando para Peter. “Não me falou dele.”

“Ah, ele... Ele é novidade.” Clint disse vagamente e deixou que Tony explicasse.

“Esse é Peter.” Tony respondeu, mas sentiu que não adiantaria evitar a verdade. “Ele é meu filho.” Tony logo notou os olhares dos outros Vingadores nele. “O que foi? Vocês já sabiam disso!”

“Eu sei, mas é que é estranho ouvir você falar.” Steve disse.

“É estranho, sim.” Thor concordou.

“Cooper!” Clint chamou seu filho. O garoto atendeu ao chamado prontamente. “Mostra ao Peter sua coleção de brinquedos.”

“Vamos, Peter. Tenho uns jogos legais.”

Peter hesitou, mas aceitou o convite e o acompanhou ao quarto do garoto.

Tony viu Peter desaparecer em outro cômodo, mas não deixou de notar que Thor e Steve também saíram. Alguns segundos depois, Tony ouviu um som de trovão e suspeitou que foi Thor levantando voo e indo embora.

“Vocês não vão ficar parados. Há muito trabalho para se fazer aqui”, disse Clint para Tony e Bruce, o restante que ficou na sala. “Depois de um bom banho, claro!”

“Sem problemas. Diga o que eu devo fazer.” Tony disse.

Clint levantou os lábios em um sorriso de lado. “Sabe cortar lenha, Stark?”

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Depois de banho relaxante e uma troca de roupas, Tony pegou um machado e acompanhou Steve Rogers ao lado de fora da casa. Steve passou um tempo sozinho no jardim, envolto em pensamentos, mas concordou com a ideia de ajudar.

Havia bastante lenha para cortar e eles queriam ser úteis em alguma coisa, depois do fiasco que foi contra Ultron.

Tony se aproximou de Steve com seu machado. “Cadê o Thor?”, perguntou.

“Ele disse que quer respostas e se mandou daqui”, respondeu Steve.

Eles pegaram lenhas e foram cortando-as, uma a uma. Steve era mais forte e fez com mais agilidade e rapidez do que Tony, fazendo uma pilha maior de lenha cortada.

Depois de meia hora, Tony já estava cansado do trabalho, mas não parou. E ainda queria saber mais do Thor. “Thor não disse onde ia procurar respostas?”, perguntou ao Steve.

“Às vezes, meus colegas não me contam as coisas”, ele respondeu. “Eu esperava que Thor fosse a exceção.”

“Dá um desconto. Não sabemos o que a garota Maximoff mostrou para ele.”

“Os heróis mais poderosos da Terra... Desfeitos como algodão-doce.”

“Mas eu acho que você se saiu bem dessa, não é?”, Tony intrigou.

Steve tirou sua atenção da lenha e encarou Tony. “Algum problema?”

“Não confio em um cara sem um lado sombrio”, Tony disse antes de dar uma machadada na lenha, “Me chame de antiquado.”

“Digamos que você não tenha visto ainda.” Steve respondeu com sinceridade, mas em forma de aviso.

“Sabe que o Ultron tá tentando nos separar, né?” Tony largou o machado e se concentrou na discussão.

“Acho que você já sabia. Quando ia nos contar é que é a pergunta.” Steve bateu o machado, provavelmente com mais força que o necessário.

“Banner e eu fizemos uma pesquisa.”

“Algo que afetaria a equipe!”, Steve aumentou seu tom de voz.

Tony continuou contra-argumentando, “Que acabaria com a equipe. Não é essa a missão? Acabar com as guerras para podermos ir pra casa? Não é por isso que lutamos?”

Steve pegou um pedaço de tronco e o rasgou no meio sem ajuda de machado, descarregando um pouco de raiva. Steve respirou fundo, “Sempre que alguém tenta vencer uma guerra antes que ela comece, pessoas inocentes morrem”, ele disse, “É sempre assim.”

Tony ficou calado fitando Steve até ouvir passos atrás.

“Com licença. Sr. Stark...”, era a voz da Laura, “O Clint disse que não se importaria. Nosso trator não funciona. Será que poderia...”

“Vou dar uma olhada”, Tony disse prontamente e acenou para Steve, “Não pega na minha pilha.”

Tony se retirou da tarefa de cortar lenha, visto que tinha uma tarefa mais interessante para fazer. Ele vestiu sua camisa xadrez – cortesia de Clint – que estava amarrada na cintura e chegou ao galpão onde havia um trator velho parado.

“Oi, lata velha.” Ele saudou o velho trator. “Me conta tudo. Tá sentindo o quê?”

“Me faz um favor”, soou uma voz de alguém familiar e não tão aguardado. “Tenta não dar vida a isso aí.”

Tony se virou para a voz e ficou indignado ao ver Nick Fury. Ele caiu em um velho truque. “Já sei, Maria Hill te ligou, não é? Ela deixou de trabalhar pra você?”

“Inteligência artificial.” Nick Fury deu passos pra frente, não ligando para as perguntas de Tony. “E você nem pensou duas vezes.”

“Olha, foi um dia longo demais, daqueles com mais de 24 horas, então vai logo pra parte em que você se torna útil.” Tony retrucou.

“Olha no meu olho e diz que você vai desligá-lo.”

“Você não é meu diretor.”

“Nem seu nem de ninguém mais. Sou só um velho que se importa muito com você.”

Tony desviou o olhar e deu um suspiro. “E eu sou o homem que matou os Vingadores. Eu vi e não contei pra equipe. Como poderia? Vi todos mortos, Nick. Eu sofri. E o mundo todo. Culpa minha. Não estava pronto. Fiz tudo o que pude.” Tony não sabia porque, mas sentiu a vontade de confessar.

“A garota Maximoff mexeu com você, Stark. Brincou com seu medo.” Nick disse não muito surpreso com as revelações.

“Não fui enganado, tive uma revelação. Não era um pesadelo, era meu legado. O fim do caminho no qual os coloquei.”

“Você já apareceu com umas invenções bem impressionantes, Tony. Guerra não é uma delas.”

“Eu vi meus amigos morrerem. Você acha que isso foi o pior que aconteceu, né?” Tony pegou uma ferramenta qualquer para distrair seu nervosismo. “Não, não foi a pior parte.”

“A pior parte é que você não morreu.”

Tony olhou para Fury sabendo que ele compreendeu tudo e estava certo. A pior parte foi que Tony ficou vivo para ver toda a destruição e morte.

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Depois do jantar, o clima ficou mais leve. Nick Fury se revelou aos demais membros e todos se reuniram amistosamente. Só faltou o Thor, que sumiu em sua jornada individual.

Eles conversavam animadamente enquanto as crianças se divertiam em um espaço reservado a elas. Lila, a filha de Barton, fazia pinturas em papel, e Cooper e Peter brincavam com legos. Peter descobriu que construir coisas de legos era sua atividade favorita.

Tony olhou de relance para o canto das crianças. Ter esposa e filhos era um pensamento muito distante para ele, embora não impossível. Mas, como criar uma família em paz e segurança se ele era um Vingador? Um sonho distante para o Homem de Ferro.

Tony concentrou seu olhar em Peter e pela primeira vez viu o garoto sorrir, relaxar e socializar. Muito diferente daquele garoto que ele encontrou em uma cela menos de uma semana atrás. Tony nunca imaginou, mas ele quer ver esse garoto sorrir mais vezes, pois ele tem o mesmo sorriso de quando Tony era jovem.

Stark foi cortado de seus devaneios quando Laura Barton anunciou que era hora das crianças irem dormir. Lila deu uma de suas pinturas para a tia Nat e os rapazes fizeram pequenos protestos, mas obedeceram.

Foi quando as crianças deram boa noite que os adultos puderam falar do Ultron. Não era um assunto agradável, mas era inevitável. Eles expuseram tudo que sabiam.

“Ultron está em todo canto. Ele se multiplica mais do que um coelho”, Nick Fury ia explicando para a equipe, “Mesmo assim, ainda não temos uma ideia de quais são os planos dele.”

“Quer os códigos nucleares?” Perguntou Tony entretido em lançar dardos.

“Ele quer, sim. Mas não está fazendo nenhum progresso.” Nick respondeu.

“Eu invadi o firewall do Pentágono no colégio, sabiam?” Disse Tony.

“Fiz contato com nossos amigos da Nexus a respeito disso.”

“Nexus?” Steve perguntou curioso.

“É a central mundial da Internet em Oslo”, Bruce lhe respondeu. “Cada byte passa por lá. É o acesso mais rápido da Terra.”

“E o que disseram?” Clint quis saber.

“Que está focado nos mísseis, mas os códigos estão sendo mudados constantemente.” Respondeu Nick.

“Por quem?” Tony perguntou.

“Um grupo desconhecido.”

“Eu posso visitar Oslo e encontrar nosso desconhecido.” Tony sugeriu.

“Olha, está sendo um encontro ótimo, chefe, mas esperava que tivesse um pouco mais do que isso.” Natasha comentou.

“E tenho. Eu tenho vocês”, Nick disse e viu os colegas se entreolharem, então iniciou um discurso, “Eu costumava ter olhos e ouvidos em todos os lugares. Vocês tinham toda a tecnologia que pudessem imaginar. Aqui estamos nós, de volta à Terra, só com nossa inteligência e vontade de salvar o mundo. O Ultron disse que os Vingadores são a única coisa entre ele e esta missão. E mesmo que ele não admita, a missão dele é a destruição global. Seria o fim de tudo isso aqui. Então, levantem-se e acabem com o safado de platina.” Nick terminou de falar e sentou em uma cadeira.

“O Steve não gosta desse linguajar.” Alertou Natasha.

“Sério mesmo, Romanoff?” Steve brincou, mas voltou a ficar sério. “Ultron quer ser melhor do que nós. Ele fica construindo corpos.”

“Corpos humanoides”, completou Tony, “A forma humana não é suficiente, biologicamente falando estamos ultrapassados, mas ele insiste nela.”

Bruce caminhou lentamente para o lado de Natasha, ele se concentrou em uma pintura feita por Lila, filha de Clint. A pintura era de uma borboleta amarela, mas ele sabe que uma lagarta precisa passar pelo processo de evolução antes de virar borboleta. Natasha falava algo sobre proteção da raça humana e Bruce a interrompeu, “A raça humana não precisa ser protegida. Ela precisa evoluir.” Bruce olhou sério para todos, “O Ultron está evoluindo.”

“Como?” Perguntou Nick.

“Alguém aqui fez contato com Helen Cho?”

Ninguém respondeu.

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Peter ficou instalado no quarto de Cooper, mas os dois garotos ficaram tão animados com a companhia um do outro que não conseguiram dormir. Laura os deixou na cama – Peter ficou na cama extra –, foi para o quarto de Lila e depois ela foi para o próprio quarto.

Os garotos ficaram conversando por bastante tempo, deitados em suas camas e de pijamas.

“Que legal ter você aqui! Mesmo que seja por algum tempo, mas é que eu só tenho minha irmã, então...”, Cooper disse ao Peter.

“Deve ser legal ser irmão mais velho.” Peter disse e Cooper sorriu brilhantemente.

“Sim,” Cooper disse, “mas Lila é menina e nem sempre brincamos das mesmas coisas. Você tem irmãos, Peter?”

“Não”, Peter se entristeceu um pouco. “Minha vida é bem diferente da sua.”

“Mas temos algo em comum.” Peter ficou curioso em saber o que era. “Nossos pais são super-heróis. O meu é o Gavião Arqueiro.”

Peter voltou a sorrir. “E o meu é o Homem de Ferro.”

“Podemos formar um clube.” Cooper riu com a própria ideia e Peter fez o mesmo. “Então, quantos anos você tem?”

“Treze.”

“Eu tenho onze e minha irmã tem oito. Nosso irmãozinho ainda vai nascer.” Cooper disse. “Aposto que os adultos estão falando de assuntos dos Vingadores.”

“Com certeza”, concordou Peter, “Era o que eles mais falavam quando estávamos na Torre.”

Os olhos de Cooper brilharam com o que Peter disse. “E como é lá na Torre?”

“É tudo incrível! Eu vi robôs!”

“Shh, vem vindo alguém.” Cooper avisou e logo a porta do quarto deles se abriu.

Tony Stark abriu a porta do quarto dos rapazes e a fechou quando entrou. “Peter? Está acordado? Ótimo, preciso falar com você”, Tony olhou para Cooper, “Se importa?”

“Sem problemas.”

Tony se sentou na beira da cama de Peter, que era a mais próxima da porta, e Peter se sentou. “Eu e meus colegas vamos, hãã... continuar a missão. Deter Ultron.”

“Você vai partir”, Peter disse compreendendo a situação.

“Sim”, Tony disse. “Tenho que consertar alguns erros que fiz.”

“E eu? Vou ficar aqui?” Peter perguntou e Tony acenou.

“Você ficará seguro aqui. Só queria que você soubesse por mim. Claramente este lugar é seguro, então...” Tony suspirou, pois ele sabia o quanto era difícil ser deixado aos cuidados de outra pessoa. “Seja bonzinho com a Sra. Barton e eu verei você assim que possível, ok?”

Peter acenou e Tony pôs a mão no ombro dele em conforto. Peter era um bom rapaz e se mostrou apto a aprender e a se adaptar rápido. Inseri-lo na sociedade não vai ser um problema e Tony vai fazer isso por ele.

Tony se levantou e deixou o quarto.

Peter logo ficou de pé. “Faz um favor pra mim?” Peter pediu ao Cooper. “Fala pra Sra. Barton que fiquei agradecido pela hospitalidade, mas que precisei ir embora.”

“Ir embora? Mas seu pai acabou de dizer que você vai ficar!”, Cooper ficou confuso.

“Eu sei, mas eu preciso ir. Demorei 13 anos para conhecer meu pai e ele é a única família que tenho. Eu preciso estar lá por ele.” Peter disse. “Vou entrar no jato escondido.”

Cooper acenou compreendendo. Se pudesse, ele também iria com seu pai para uma missão, só para estar perto dele. Mas era muito perigoso.

Peter rapidamente trocou de roupas – vestiu de volta as roupas que usou antes – e deu a volta na cama de Cooper próxima a janela. Ele abriu a janela e acenou um adeus ao seu novo amigo. Peter desceu facilmente pelas paredes e correu ao Quinjet.

Seu pai vai ficar tão surpreso!


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