-- Tom? -- chamou Bill preocupadamente ao adentrar o quarto estupidamente branco onde o irmão e a "namorada" do mesmo dormiam
 -- Bill? -- o garoto de tranças chamou, despertando de seu profundo sono -- É você?
 -- Sim, eu soube o que aconteceu -- o garoto parou ao lado do irmão que estava deitado de mal jeito na cadeira do quarto da UTI -- Você está aqui desde aquela hora?
 -- Acho que sim. Que horas são?
 -- São 12h30 já. Você está aqui desde a madrugada?
 -- Cadê a Cass?
 -- Acho que sim. -- ele sorriu aliviado -- Calma Tom, ela está dormindo. O acidente foi feio pelo o que eu soube, mas como você veio para cá?
 -- Acho que eu vim na ambulância com a Cass, não lembro direito. -- o garoto de tranças foi tentar levantar, mas sem sucesso -- Ai minha cabeça
 -- Tom, acho que você não dormiu muito bem. Vamos pra casa. E o que aconteceu com a Katherine?
              O gêmeo de tranças manteve-se com a cabeça baixa, em silêncio, esperando que o irmão entendesse que ele realmente não queria falar a respeito da ruiva porque quando as encontrou, ela estava praticamente destroçada, desfigurada; parecia quase ter sido arremessada pelo painel da frente e o que a segurou provavelmente foi o volante. Chegava a ser traumatizante a cena.
              Quando o mais novo levava o irmão para fora do quarto, encontraram com Jasmine e sua mãe. Bill sussurrou apenas um "Desculpe-me" para a irmã mais nova de Cassandra e esta olhou com um mix de inconformação, tristeza e raiva. Ele tinha dito para ela que iria tomar conta da garota, a menina de 12 anos sabia que a irmã mais velha não estava bem e pediu para ele tomar conta dela e ali estava ela. Em um leito de UTI, após diversas cirurgias para salvar os movimentos da coluna e por causa das dilacerações, e além de todos os estragos físicos ela teria que passar por uma intensa terapia psicológica devido aos traumas que isso a traria. É, os estragos eram grandes.
              Bill que foi guiando o carro na volta para casa, seu irmão estava muito cansado e até que bem atordoado com o acontecimento que presenciara. Isso explicaria a forte dor de cabeça e a latente dor em seu corpo. O Kaulitz de tranças sentia seu corpo latejar, doer, pesar, tudo de pior ele sentia, a cena foi muito forte e ele não estava acostumado a ver tanto sangue e destroços humanos em um só lugar, que sendo bem direto, ele nunca havia presenciado uma cena daquelas, ainda mais incluindo alguem que ele amava e considerava tanto. O garoto de moicano notou o cansaço e as sensações desagradáveis de Tom e avisou-lhe que eles não estavam longe de casa, mas tarde de mais, o outro já havia dormido, e dormia profundamente, exatamente como um bebê.

              Quando eram quase 20h, Tom acordou em um baque em sua própria cama. Sonhara com o acidente, com a cena de Cassandra pendurada, quase inconsciente e Katherine desfigurada. Estava sem cor, suado, ofegante, assustado tudo consequente do pesadelo que teve. Aquele acidente era demais para ele, era mais do que seu psicológico podia aguentar. Simone, sua mãe, passava pela porta no exato instante em que o filho acordou e entrou para ver se estava tudo bem, que pelo estado do mesmo, não parecia estar bem. Sentou-se ao lado do filho e o encarou, estava sem cor, respirando descompassadamente, com a cabeça apoiada nos joelhos dobrados.
 -- O que aconteceu Tommy? -- a mãe perguntou curiosa
 -- Mãe, eu realmente não consigo dormir
 -- Como não consegue? -- ela ergueu ambas as sobrancelhas, franzindo o cenho -- Você estava dormindo desde que o seu irmão te trouxe para cá, mais de seis horas dormindo Tom
 -- Ma o problema mãe é que eu acho que não vou conseguir dormir de novo. A cena do acidente fica se passando vezes e mais vezes na minha cabeça e isso tá me perturbando.
 -- Calma meu filho -- Simone abraçou o filho assustado e afagou seu braço -- O acidente ainda é algo muito recente, é totalmente normal que por alguns dias você vá ter a cena se passando na sua mente. Mas pelo o que seu irmão me disse você passou toda a noite no hospital, acompanhando a Cassandra. É verdade isso?
 -- Acho que sim -- Tom coçou a cabeça confuso e se aninhou ao lado da mãe -- As únicas coisas que eu lembro direito é de ter visto as luzes do resgate e depois o Bill me buscando no hospital hoje mais cedo.
 -- Ligaram do hospital enquanto você estava dormindo e disseram que seria normal você ter esses sonhos por um tempo. E que se eles incomodassem muito, era para você buscar acompanhamento profissional
 -- Tipo um psicólogo? -- o Kaulitz mais velho ergueu uma sobrancelha confuso. Até parece que ele iria em um psicólogo
 -- Sim, se começarem a serem muito constantes, eu vou mandar você no psicólogo. Não pode guardar um trauma desses para o resto da vida Tom. Será melhor compartilhá-lo com um profissional. E talvez até lhe ajude com os problemas que você tem com a Cassandra.
              Simone sorriu e beijou a testa do filho, que estava com uma expressão confusa, tentando compreender o porquê de a mãe dizer isto. E ele pensou e chegou a conclusão de que talvez ela esteja certa, talvez ele precise mesmo de acompanhamento profissional para lidar com essa situação e com todas as coisas que tem acontecido em sua vida desde que ele começou a se interessar por Cassandra.