Evelyn Brown e a Marca Perdida escrita por BestBlondAndBrunette


Capítulo 8
Capítulo 8




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O ambiente que me rodeava era fenomenal. Gargalhadas por todos os lados eram ouvidas, tal como ruído de talheres ao encontro dos pratos e de conversas cruzadas animadas.

Foquei a minha atenção para a mesa em que me encontrava. Os filhos de Hermes podiam ser descritos, sem duvida alguma, como pessoas faladoras. Além da mesa estar cheia, os risos e as piadas não pareciam ter fim. Liam, que estava à cabeceira, chamou-me, afim de me enturmar na conversa. 

— Evelyn, estas são a Gisele e a Ayla, as nossa pirralhas. - apresentou, partindo um pouco de pão. - E o Zac já tiveste a infelicidade de conhecer. - bufou uma risada.

Estava no canto da mesa, com Liam do meu lado direito e outra rapariguinha do meu lado esquerdo. Sorriu-me inocentemente, mas já sabia que uma traquina se escondia por de trás daquelas feições.

— Sou a Ayla Huffman. - introduziu-se. - Presumo que sejas a nova integrante momentânea da nossa cabana.

Tinha cabelos loiros escuros pelos ombros e olhos castanhos a acompanhar. Devia ter cerca de 12 anos, de tão baixinha e pequenina que era. Estava ainda muito longe de um metro e meio. Era tão esguia quanto os restantes irmãos, senão mais ainda. Podia apostar que caberia em qualquer buraco.

Sorri de volta involuntariamente. As suas feições finas realçavam a sua infantilidade e achei particularmente engraçado estar a comer uns nuggets com batatas fritas com um ice tea de pêssego a completar.

— Tal e qual. Prazer, Evelyn Brown.

Do outro lado,  Zac permanecia junto a Liam e a outra criança. Esta jovem parecia estar mesmo na entrada da adolescência, com um claro sorriso travesso sobre os lábios finos. Os seus olhos verdes eram bastante chamativos sobre a sua pele pálida e possuía um enorme cabelo castanho claro. A sua estrutura semelhante à da outra rapariga, embora uns bons centímetros mais alta.

— Prazer só mesmo a fazer umas boas partidas! - precipitou-se para a frente, colocando o cotovelo sobre a mesa e escondendo parcialmente a boca com a mão, sussurrando em seguida. - Gisele Murphy, co-autora dos lindos cabelos rosa.

Apontou para a mesa atrás de mim, fazendo-me olhar sobre o ombro para os filhos de Ares. Conseguia contar seis cabeças afetadas pela audácia destes adolescentes.

Todos riram à minha volta e não consegui não me contagiar pelos seus risos. Bebi um pouco mais da minha bebida, tentando não dispará-la para Zac quando Gisele fez uma valente imitação de um filho do deus da guerra, imitando uma expressão fechada.

— Nem sabes! - continuou Gisele, após mordiscar mais um pouco da sua fatia de pizza. - Semana passada, a Ayla conseguiu entrar na cabana de Afrodite e trocar as bases delas todas por lama. Perdeste as melhores caras de sempre! 

Gargalhou alto, atingindo todos os outros. Ayla esboçou um sorriso vitorioso e lançou-me uma piscadela marota.

— Sim, Liam! - recordou-se Zac exaltado. - Não te estás a esquecer de nada? Temos ainda de tratar dos acordos para a caça à bandeira! Não podemos fazer parte da equipa perdedora!

— Eu sei, eu sei... - levou com pesar uma das mãos à testa, massajando. - Não podemos mesmo deixar isso para a última. 

— O que é a caça à bandeira? - inquiri, não era a primeira vez que ouvia falar isso, parecia importante.

Zac olhou para mim com um brilho nos olhos.

— É uma competição entre duas equipas, uma azul e outra vermelha. Cada uma formada por várias cabanas. Existe uma bandeira para cada equipa, o objetivo é capturar a da equipa adversária. A competição acontece todas as sextas.

— A cabana de Ares ganhou a última, já que a Scarlet conseguiu a bandeira. - contou Gisele um revirar de olhos.

— Por isso também estamos preocupados com alianças que já estão formadas. Felizmente já ficamos com os filhos de Atena, mas ainda não é suficiente apesar de terem sempre um bom plano. - finalizou Zac, abrindo o seu pacote de M&M's.

— Talvez uma aliança com os filhos de Hefesto? - sugeriu Ayla, enchendo mais um pouco o seu copo.

— Era uma boa ideia, mas eles já formaram uma com os filhos de Ares e não estou com paciência para aturar aqueles convencidos que ficam sempre com os louros todos no final como se não fosse um trabalho de equipa. - decidiu o chefe de cabana.

— Mas assim vamos estar em grande desvantagem em relação a essa equipa. -  pressupôs Zac, trincando a sua sandes de ovo. - Com todas as geringonças que eles têm em posse e que poderão vir a criar.

Como se estivessem todos interligados com o mesmo pensamento, viraram-se todos para mim com um sorriso vitorioso e malicioso a tomar as suas faces.

— Ouvi dizer que a Zahara desenhou um holograma de uma bandeira... - comentou Gisele, abrindo ainda mais o seu sorriso.

Olharam uns para os outros sugestivamente e Liam deu voz ao pequeno grupo com toda a sua atenção sobre mim.

— Como conselheiro-chefe da cabana de Hermes, tenho que dar continuidade aos costumes do acampamento. - sorriu ainda mais, fazendo os outros gargalharem ainda mais.

— O que é que preciso de fazer? - questionei já vendo que algo ia sobrar para mim.

— Como tradição, todos os caloiros do acampamento que vem para a nossa cabana têm que passar por um desafio nosso. O teu é conseguires o holograma até ao amanhecer.

Eu limitei-me a piscar os olhos na sua direção como se não tivesse ouvido bem. Como é que ele queria que eu conseguisse isso tão depressa? Ainda mais não fazendo ideia nenhuma do que vou encontrar lá e o que esperar do outro lado.

— O do Dominic Bishop, que depois descobrimos ser filho de Nyx, foi pior. - mencionou Ayla, com um sorriso travesso. - Teve que trocar as roupas do Kane Walker, chefe da cabana de Ares. 

— Não ia acabando muito bem para ele.- riu-se Zac. - A sorte foi que o fez quando estava à anoitecer. Como filho da personificação da noite, num momento de desespero, ficou camuflado nas sombras. 

Franzi o nariz resignada. Ao que parecia, não era uma opção de escolha. Não podia recuar a este desafio. Se Ayla conseguira e era bem mais nova que eu, o que seria de mim se não fizesse? Tinha que começar a criar a minha reputação e não queria que esta começasse sendo medrosa. Não me ia tornar um alvo fácil assim.

— Até ao amanhecer do dia seguinte. - negociei, não me conformando com os termos que me estavam a impor.

— Até ao almoço. - acordou Liam, estendendo-me a mão.

— Fechado. - concordei.

...

Já  rondava a meia noite e quarenta quando eu e a Gisele saímos pelas traseiras da cabana. Ela não perdia uma oportunidade para ir  até território inimigo. Assim sendo, ficou encarregada de ir comigo uma primeira vez e explicar-me onde provavelmente estaria o objeto.

Encostámo-nos à parede e Gisele sussurrou-me.

— O objeto deve ter cerca do tamanho da minha mão. - exemplificou, rondando o seu dedo na sua palma. - Provavelmente é de metal com um botão lateral ou na parte central. Apostaria num formato oval ou circular. Talvez tenhas que testar para saberes se é o certo ou não. O Otto Anderson, filho de Perséfone, nosso aliado, disse que viu Zahara a testar. Em principio não faz barulho nenhum caso experimentes usar.

Anotei mentalmente todas estas propriedades.

— Agora... Vamos precisar de ter muito cuidado para não sermos apanhadas pelas hárpias. - preveniu. - Aí, podes ter a certeza que é cada um por si. - disse com sinceridade. - Usa gestos e assim, pois qualquer ruído pode nos denunciar.

Acenei com a cabeça, concordando com as suas condições.

Isto era uma missão de reconhecimento. Gisele dera-me a opção de fazer o trabalho agora ou não, mas eu já estava decidida. Não ia roubar nada, que Deu- que os deuses me livrassem disso. Os filhos do deus do fogo, pelo que pudera perceber ao longo do dia, eram quase maiores que os filhos de Ares. Não possuíam rostos muito bonitos, mas a sua estrutura física, no geral, assemelha-se a um armário. Um armário bem grande. Por isso não era uma boa ideia roubá-los com eles lá dentro.

Preparar terreno. Sim. Esse era um bom nome para esta pequena " visita". Eu não podia entrar simplesmente na cabana, tinha que analisá-la primeiro. Pelo que me contaram, a audição das harpias era péssima em comparação à sua visão, o que nos obrigava a esconder. Pelo menos, as cores escuras com a falta de luz faziam-nos camuflar mais facilmente.

Agachamo-nos e dirigimo-nos com capuchos sobre os rostos entre os arbusto. A cabana do deus do fogo era-nos vizinha, pelo que facilitava um pouco a nossa visita. Porém as hárpias, ou monstro-pássaro como preferia chamar-lhes, pareciam estar por todo o lugar.

O ruído dos galhos a chocarem levemente contra os nossos corpos, aumenta a tensão que me rodeava. Mas desistir estava fora de questão, ainda mais já tendo deixado para trás a cabana que me acolhera e estando tão próxima da seguinte.

Eu seguia atrás da rapariga, que parecia saber guiar-se muito bem. A sua confiança era notável. Os seus movimentos mostravam destreza: ela movia-se como uma animal à ronda da sua presa. Quase que nada se ouvia quando colocava novamente uma das suas mãos no chão, ou quando o seu pé tinha o azar de tocar num galho caído.

Encostamo-nos à parede das traseiras daquela cabana. Uma árvore de grande porte proporcionava-nos um bom esconderijo momentâneo. 

O edifício era pouco visível sobre a luz do luar, pelo que a única coisa que tinha a certeza é que possuía paredes de tijolo e algumas janelas quadradas. 

Gisele olhou para mim, fazendo um gesto com a mão para que espreitasse por segundos pela janela para o seu interior. Desencostei-me do chalé e levantando-me por segundos tendo um pequeno vislumbre. A divisão era bastante desarrumada e era possível visualizar alguns semideuses a dormir. 

Agachei-me novamente e olhei para Gisele, aguardando mais indicações. Ela fez sinal para ambas nos erguermos e, assim que fizemos, apontou para o lado direito, para uma rapariga que estava deitada no beliche mais próximo da nossa janela. 

Aninhámo-nos novamente. Desta vez, não estávamos tão seguras quanto esperava: uma hárpia estava a cerca de 5 metros de nós, com a sua atenção voltada para um local oposto ao nosso.

Direcionei novamente o meu olhar para o lugar onde Gisele se encontrava, mas apenas poeira permanecia. Entrei parcialmente em pânico e procurei algum movimento. Não havia sinais da rapariga que me acompanhava.

Sem saber bem o que fazer, sondei um esconderijo. Fora a única coisa que me ocorrera.

Infelizmente, não havia muitas opções. Tudo o que me surgiu foi subir até ao topo da árvore.

Aproximei-me do tronco e tateei a superfície rugosa com a esperança de que esta tivesse alguns socalcos que auxiliassem a minha subida. Para minha felicidade, as minhas preces tinham sido ouvidas. Sorri interiormente e icei o meu braço até ao ramo que se encontrava mais perto. Espreitei rapidamente e visualizei a criatura mais perto, a uns 3 metros da minha direção.

Investi a minha força e consegui colocar o meu pé na fissura criada pela ramificação do tronco principal. Agarrei-me a um ramo mais acima e subi. Escalei um pouco mais alto até tera certeza de que me encontrava protegida pela folhagem. 

Quando coloquei me agachei, tentando encontrar uma posição mais cómoda, o meu pé falhou. Sustive a minha em desespero e olhei para baixo, aguardando o aparecimento do monstro. 

Uns segundos se passaram até que aparecesse. Tapei a boca para que o mínimo de barulho fosse ouvido. As suas penas reluziam à luz do luar e agora conseguia visualizar a sua figura feminina.

Observei-a olhar para os lados em camera lenta. Porque é que me fora meter neste empecilho? Com certeza, tenho andado com uns parafusos a menos.

Soltei uma lufada de ar, no momento em que a hárpia desapareceu do meu campo de visão. Esperei cerca de 1 minuto até tomar a iniciativa de mover. O que estava feito estava feito, agora é tentar seguir sem ser descoberta.

O meu pé tocou no chão e imediatamente abaixei-me. Depois de uma busca de 360 graus, decidi seguir pelo caminho com que viera. Por sorte, não encontrara grandes problemas a regressar. As hárpias pareciam ter sido atraídas até à cabana 20 por alguma razão desconhecida.

Assim que fechei a porta traseira da cabana de Hermes, respirei fundo e expirei pesadamente. Uma parte já estava feita, mas ainda havia muita que percorrer até alcançar o objetivo.

Gisele dormia que nem uma pedra na sua cama. Nem sabia como aquela diabinha desaparecera tão rapidamente, mas sem dúvida precisava de aprender.

Deitei-me na minha cama esgotada, não esperando muito até cair na inconsciência,

...

— Agora não há como voltar para trás. - murmurei baixinho, agachada atrás de uma árvore.

Todos os membros da cabana de Hefesto estavam numa aula de espadas com os semideuses de Ares. Segundo os horários, tinha pelo menos uma hora livre para encontrar o dispositivo.

Infelizmente, o plano original de entrar pela porta da frente, como qualquer pessoa faria, estava descartado. A minha entrada na cabana era impedida por uma grande porta circular de metal grosso. Pelo que pude observar, enquanto saímos das cabanas para ir tomar o pequeno almoço, a porta fazia bastante barulho ao abrir-se, além de libertar um pouco de fumo.

Por isso, tinha que avançar com o plano B, as janelas.

Quem visse de longe não notava, mas de perto, tinha de se ficar a observar um pouco, percebiam-se que estavam apenas encostadas. Devia ser por causa do ar abafado, já que os filhos de Hefesto estavam sempre a construir equipamentos e a trabalhar com o fogo.

Após algum tempo a inspecionar, cheguei à conclusão que elas não possuíam nenhum mecanismo de alarme caso alguém tentasse abri-las completamente. Provavelmente assumiram que ninguém tentaria, já que as janelas pareciam efetivamente fechadas.

Verifiquei mais uma vez se ninguém estava a ver-me e aproximei-me de uma das janelas na parte de trás, impulsionando-me para dentro.

Parecia que estava presa dentro de um cofre. As paredes da cabana eram de um metal brilhante, porém bastante diferente do da ofuscante cabana de Apolo. Este metal parecia mais bronze.

Se eu achava que a cabana do deus dos ladrões era desorganizada, a de Hefesto era cem vezes pior. Além do leve cheiro a queimado, pelo chão estavam espalhadas várias ferramentas e algum lixo.

Ao meu lado, estava uma porta aberta, onde podia ver que se encontravam as casas de banho.

— Foca-te. Tens pouco tempo até eles chegarem. - relembrei-me e bati com as mãos do rosto para me concentrar.

Estava à procura de um dispositivo pequeno. Se fosse um filho de Hefesto (o que duvidava que fosse o meu caso), onde é que guardaria uma coisa dessas?

Eles eram, sem dúvida, bastante desorganizados, porém, altamente inteligentes.

A caça a bandeira parecia bastante importante, o que significa que eles teriam de ser cuidadosos. Em meio de tanta desorganização e sabendo da importância dessa "competição", eles saberiam que a hipótese de serem roubados era válida.

Teriam que guardar o dispositivo num local seguro, tendo a certeza que nenhum semideus se lembraria de ir lá procurar.

Olhei em volta e analisei melhor o espaço. Haviam beliches. Algumas camas estavam para baixo, contudo as restantes estavam recolhidas nas paredes.

Não eram só as camas! Mesinhas de cabeceira, estantes e até um pequeno frigorifico, quase tudo era recolhido para as paredes, e, pelo que via, cada semideus tinha o seu espaço pessoal com as suas próprias coisas.

Perto da entrada, na parede do lado direito, brilhava o que parecia ser um painel de controlo. Piscava freneticamente com luzes de LED. Optei por não lhe mexer, por mais que percebesse de computadores, as coisas com os semideuses eram sempre diferentes.

Do lado esquerdo, estava uma pequena escada circular de onde vinha uma luz branca fraca.

Um sitio que se calhar um outro semideus não se atrevesse a entrar. Um ótimo sitio para esconder alguma coisa importante.

Aprecei-me para os degraus, que davam a uma espécie de bunker.

Era menos desorganizado que o primeiro andar. Possuía várias estantes, cada uma com vários engenhos, armas e ferramentas estranhas. Lembrava um pequeno armazém.

A probabilidade de o dispositivo estar aqui era enorme.

Comecei a caminhar entre as estantes, porém, à medida que avançava, nada aparentava ser um holograma de uma bandeira. Engenhos de todas as formas e feitios, mas nenhum parecia ser o certo.

Também não podia testá-los. Com certeza, alguns deles seriam armadilhas.

Parei abruptamente quando um som metálico ressoou pela cabana.

— Esqueci-me da minha espada nova! Prometi à Sullivan que lhe mostrava. - ouvi uma voz feminina na parte de cima.

Olhei, em pânico, para os lados à procura de um esconderijo. Havia uns caixotes empilhados no fundo do cómodo.

Corri o mais silenciosamente que pude, esgueirando-me para ficar escondida atrás das grandes caixas à medida de passos pesados a chocarem com as escadas de metal ecoavam. Não era o melhor sitio, mas, se me mantivesse agachada, talvez tivesse sorte.

Tentei espreitar por umas fendas, mas não consegui localizar a rapariga.

Coloquei a mão sobre a boca para não fazer barulho. Era só uma filha de Hefesto. Eles pareciam ser pessoas racionais, não me aconteceria nada se fosse apanhada. Mas eles também eram grandes e fortes, e estava  a invadir o espaço deles, a roubá-los para ser mais precisa.

O máximo que aconteceria era só provavelmente apanhar porrada. Só isso.

Porque raio é que eu fui aceitar fazer isto?!

— Não temos o dia todo, Zahara! - ressoou outra voz do andar de cima, grave, masculina.

— Anda cá a baixo! Fiz umas melhorias no HVCB! - exclamou a rapariga com entusiasmo. Não parecia estar muito longe da mim. Desviei-me um pouco conseguindo um vislumbre da sua posição. - O Hunter tinha dado a ideia de tornar a bandeira melhor, uma surpresa para quem a tentasse apanhar.

Bandeira? Será que era aquilo que procurava?

Fiz um grande esforço para tentar encontrar um melhor ângulo de visão. Zahara, uma rapariga de pele castanha clara, agarrava uma esfera.

— Não temos tempo! - insistiu a mesma voz. - Traz a espada! Logo à noite mostras-me as melhorias.

A mulata não pareceu feliz ao colocar de novo a geringonça no seu local inicial, mas não abriu a boca para reclamar, largando logo o dispositivo e virando-se para outra estante.

Mantive-me quieta até ter a certeza que tinham partido.

Quando finalmente me levantei, não perdi tempo para ir pegar na esfera de bronze. Assim como várias coisas no bunker, não parecia ser nada demais, provavelmente nem teria notado a existência disto no meio de tanta coisa.

— Pelo menos já encontrei. - sussurrei para o nada.

Não perdi mais tempo, saí daquela cabana o mais rapidamente possível.

...

— Olha quem é ela! - cumprimentou-me Zac com aceno de cabeça.

O refeitório estava cheio. Ajeitei as alças de corda do saco de pano que trazia às costas. Roubara esse item na cabana de Hermes, logo que saíra da cabana de Hefesto. Sentia o nervosismo debaixo da minha pele. Lá dentro encontrava-se o dispositivo. Temia que alguém reparasse e fazia figas mentais para tal.

Cumprimentara os gémeos Foster, assim que passara pela mesa de Apolo. O truque para não parecer suspeita de um possível crime era agir com naturalidade. Por isso, fiz questão de acenar a Thíaso, mal o vi a correr apressado para algum lugar.

Forcei um expressão neutra quando me sentei com na mesa 11.

— Já vi que não conseguiste. - adivinhou Ayla, exibindo uma careta desanimada.

— O que aconteceu? - inquiriu Liam, sentando-se ao meu lado, já tinha a sua bandeja cheia de comida.

Só queria me desfazer do peso que tinha sobre os ombros. Retirei as alças e passei o saco impermeável ao chefe da cabana. Liam esboçou uma cara estranha quando o pegou. Logo a sua expressão mudara. Bastou apenas abrir e espreitar para o seu interior. O sorriso chegava até às suas orelhas e os seus olhos brilharam de contentamento. 

Do outro lado de mesa, um rapaz desmazelado com quem nunca falara apercebera-se da euforia do seu líder e logo tratou de tentar entender o que se passava.

— O que é que tem aí dentro?

Toda a mesa tinha agora a atenção voltada para Liam e, acima de tudo, na sacola que tinha sobre as pernas. O representante do deus dos ladrões levantara os olhos e passara-os sobre todos os semideuses até os posar sobre a minha pessoa. O seu sorriso radiante tornara-se num traquina novamente.

— Com que então não foi assim tão difícil! - trocou divertido.

De repente, olharam todos para cima da minha cabeça espantados. Ayla deixou escapar um gritinho agudo e alto de perplexidade. Todo o pavilhão parecia ter se apercebido do alvoroço e todos se calaram, fixando os seus olhares sobre mim.

— O que se passa? - inquiri confusa, começando a olhar naquela direção.

— Foste reclamada! - gritaram Ayla e Gisele ao mesmo tempo.

Uma salva de aplausos e uivos foi ouvido por todo o salão.

Sobre mim brilhava um bastão em torno, do qual se entrelaçam duas serpentes e cuja parte superior era adornada com asas: um caduceu.

— Deus dos pastores, dos oradores, do atletismo, do comércio, dos mensageiros, dos ladrões, das estradas e das viagens- anunciou Quíron - Salve Evelyn Brown, filha de Hermes.


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Notas finais do capítulo

Cá está mais uuummmmm!!! Então, era o que esperavam? Esperemos que tenham gostado, o melhor ainda está para vir!

BestBlondAndBrunette



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