Além do Fim escrita por Lucca


Capítulo 12
Afogados em Hel


Notas iniciais do capítulo

Thor retornou à Asgard levando a mortal consigo. Sif está partindo.
Será que os caminhos deles irão se separar?
Ou será que, mesmo em meio as maiores adversidades, o amor será mais forte?

Por favor, não desistam até vencerem todas as linhas desse capítulo.

Boa leitura



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—  E não é que você voltou? Seu apresso por Midgar é lendário, mas eu realmente achava que você retornaria mais cedo. Bem vindo, Thor. – Valquíria cumprimentou seu rei e fez a reverência devida.

— Acredite, voltei o mais breve que pude. Já pude notar que fizeram um ótimo trabalho na minha ausência. A propósito, essa é minha amiga, Natasha Romanoff, conhecida como a Viúva Negra, uma guerreira de valor inestimável de Midgard.

As duas se cumprimentaram.

— Estou encantada com Asgard. É incrível o que vocês fizeram em tão pouco tempo. Mais incrível ainda as mudanças que ele relatou terem sido feitas nas últimas semanas, durante sua ausência.

Valquíria se sentou num dos bancos do salão e espetou um petisco servido aos recém-chegados levando-o a boca:

— Eu podia ter me cansado menos e me divertido mais, mas você sabe o quanto Sif é detalhista.

— Falando em Sif, onde ela está? – Thor questionou podendo finalmente verbalizar a aflição que sentia.

Valquíria engoliu o petisco que mastigava enquanto se preparava para o que viria a seguir. Seria a porta-voz de uma notícia que, com certeza, não agradaria Thor. E sentiria as consequências disso apesar de não ter qualquer envolvimento na história dos dois. Ela se endireitou no banco, limpou a garganta e disse da forma mais natural que podia:

— Sif partiu ainda há pouco.

— Como assim, partiu? Sem falar comigo ou dar as boas vindas à Nat? Deixe de brincadeiras. Pra onde ela iria? – Thor já estava visivelmente abalado.

— Entrei no quarto dela para avisar de sua chegada. Ela estava sentada no sofá, assim - Valquíria assumiu a posição delicada com a qual Sif costumava se sentar, típica da realeza asgardiana e imitou também a forma de falar da Deusa da Guerra e da Fertilidade – e disse: “Por favor, diga à Thor que parti para a Floresta Tunan. É tudo que ele precisa saber.”

— Floresta Tunan... Lá é um território selvagem... E você não fez nada para impedi-la? – Thor dava claros sinais de raiva

— O que você queria que eu fizesse? Que trancasse ela no quarto? – Valquíria disse revirando os olhos.

— Eu vou atrás dela. Não posso deixá-la fazer essa loucura. Ela perdeu a cabeça! – Thor disse já saindo da sala, mas foi interceptado por Nat.

— Thor, espere. Você precisa se acalmar. Lembre-se do que conversamos. Se chegar até ela nesse estado, vai fazê-la se fechar ainda mais!

— Você não entende, Nat. Se eu deixá-la partir, posso perdê-la pra sempre! Não há tempo para paciência agora.

Deu ordens aos guardas para pararem Sif e exigir que ela se apresentasse à ele no palácio. E saiu pelos corredores com Nat em seu encalço.

— Thor, por favor, me escute. Isso só vai piorar as coisas.

Mas ele parecia não ser capaz de ouvi-la. Passou pelo quarto de Sif que estava vazio. Alcançou a janela e saiu voando empunhando Mjornir.

Nat se sentou arrasada e aguardou. Era tudo que ela podia fazer no momento. Os minutos passaram parecendo horas. Aflita, ela foi até o corredor para ver se avistava alguém. Nada. Quando retornava ao quarto, ouviu as vozes vindo de lá de dentro.

— Eu não acredito que você ordenou que os guardar me parassem! – Sif rosnou com raiva e decepção.

— Eu passo seis semanas em Midgard e, quando finalmente volto pra casa, você está partindo? E nem me disse nada. – ele explodiu. – o que está acontecendo com você?

— Você sabe o que aconteceu comigo! – ela gritou de volta. E, fechando os braços ao redor de si mesma, com a cabeça abaixada, continuou – Eu aguardei seu retorno. Queria te dizer pessoalmente, mas tudo mudou de repente. Você deveria entender que é meu dever partir.

— O seu lugar é aqui! – ele disse ainda mais alto do que desejava.

— Não mais. Eu falhei como guerreira e falhei como sua noiva. Surt sabia que eu falharia. Tudo está acontecendo da forma que ele planejou. A única forma de terminar com isso é partindo.

— Do que diabos você está falando? Eram quatro gigantes de fogo, Sif. Você defendeu as crianças e as colocou em segurança. Depois matou dois deles usando um lança de madeira improvisada. Foi fantástico! Você os venceu!

Ela ainda não levantou a cabeça.

— Por favor, não faça isso. – disse baixo. – Você sabe que não foi só isso que aconteceu. Surt venceu e você sabe.

— Nós os derrotamos e voltamos pra casa. Nada mais do que aconteceu importa pra mim, Sif.

— Mas importa para mim, Thor! Surt queria que a vergonha se instalasse na casa de Odin. Ele sabia que você me traria de volta e que seu código de ética te obrigaria a me aceitar ao seu lado.

— Eu não acredito que estou te ouvindo dizer isso... Ética é tudo que você acha que me manteve ao seu lado por todo esse tempo? Você não está conseguindo ver as coisas com clareza, Sif. Eu não me envergonho de você por nada do que aconteceu lá. Além disso, ninguém além de nós sabe a verdade. Os anciãos da sala de cura são sigilosos, você sabe. Acalme-se...

— A verdade sempre vem à tona, Thor. Se eu partir será melhor para todos nós. Jamais te obrigaria a ficar comigo depois de tudo. Também não vou oferecer qualquer empecilho para que você seja feliz com a mortal.

— Pare de dizer que estou com você por obrigação. Você nem me permite estar com você desde que tudo aconteceu! Trouxe Nat de Midgard para tentar te ajudar...Parece que você não consegue viver mais nada além daquilo. Ainda é uma prisioneira de Surt. Não consegue ver que te amo e que ainda estou tentando te tirar de lá. Não consegue sequer ver o quanto o povo de Asgard te ama e sentirá sua partida.

Sif estava trêmula e presa demais em sua determinação de partir para ouvir tudo o que ele disse, inclusive sobre Nat.

— Se eu ficar, será só para sentirem vergonha de mim.

— Você não vai a lugar algum! – Thor gritou fazendo todo o palácio tremer.

Percebendo que aquele diálogo não ajudaria o casal, Nat resolveu entrar e intervir. Mas a confissão da voz rouca e cansada de Sif que a fez tremer:

— Eu estou grávida. Estou carregando um filho daquele monstro...

Nat se viu no meio do casal no momento mais complicado.

Sif olhou pra ela um pouco surpreendida por sua presença. Mas então se recompôs e a cumprimentou usando a reverência que os asgardianos trocavam entre guerreiros.

— Seja bem vinda a Asgard, Natasha Romanoff. Por favor, perdoe-me por não ter te recebido da forma adequada. Farei todo o possível para corrigir isso.

Nat se comoveu ao ver como Sif parecia firme diante dela, mesmo estando tão instável internamente. Retribuiu a reverência e disse:

— É uma honra estar aqui, Sif. Vim especialmente para te reencontrar. Sentimos muito sua ausência nessa última missão que Thor fez no meu mundo.

Nesse momento, Thor que observava a cena tentando assimilar a notícia da gravidez de Sif se aproximou:

— Eu vou deixar vocês duas a sós. – e se voltando para Sif – Por favor, me prometa que estará aqui até o meu retorno.

Sif assentiu com a cabeça ainda baixa. Thor passou por ela e foi rapidamente até a cômoda onde a aliança estraçalhada ainda estava. Tomou o objeto discretamente e saiu.

Assim que a porta se fechou atrás dele, Sif desabou no sofá olhando para o nada. Nat ocupou o lugar ao seu lado e envolveu suas mãos nas dela:

— Você tem sido muito forte, Sif. Eu já sabia o que tinha acontecido. Thor me confidenciou de forma bem discreta. Ele estava muito preocupado com você e não sabia como agir. Dei muito conselhos, mas acho que ele não ouviu nenhum deles. Pedi que ele me trouxesse aqui pra te ver porque eu já passei por isso que você está passando. Quer dizer, por parte disso.

         O final da fala fez Sif finalmente olhar para ela. Nat aproveitou para continuar:

         - Diversos banhos num único dia e aquele cheiro horrível parece que não deixa a nossa pele. Crises de vômito sempre que está sozinha, especialmente no meio da noite. E a sensação de culpa que não te deixa. Tá treinando bastante? Socando, chutando... Lembro que isso me ajudava.

Sif olhou para ela com empatia:

— Sinto muito que tenha passado por isso.

— Eu sei. Sinto o mesmo com relação a você. E preciso te fazer uma pergunta. Não sei como são suas tradições, leis e valores, mas quanto à criança que você carrega, deseja realmente continuar essa gestação?

— Sim, eu quero. Tenho cuidado da fertilidade de Asgard. Acompanhei sementes germinarem em meio à violência de tantas intempéries e se tornarem árvores que abrigaram pessoas e animais à sua sombra, ou os alimentaram com seus frutos. Sei que parece incompreensível...

— Não. Tudo bem. Eu só precisava ter certeza de que se tratava de uma escolha sua.

Nat falou muito mais do que planejava. Sif permaneceu em silêncio, com as mãos grudadas às dela. Bastava esse sinal para prosseguir mesmo que precisasse descer ao inferno para buscar o que dizer. Pela primeira vez em sua vida, Natasha Romanoff era capaz de voltar àquele momento tão sombrio de seu passado sem tanta repulsa. Ela tinha a chance de encontrar ali o que era necessário para ajudar a amiga e poderia estar lá por Sif como gostaria de ter tido alguém por ela quando foi a vítima dessa forma de violência.

Parou por um momento precisando de água.

— Vou beber um pouco d’água. Você quer?

— Sim. Que anfitriã horrível estou sendo. Vou pedir para trazerem algo para você comer. Deve estar com fome. – Sif disse se levantando e indo até a porta onde chamou um guarda e passou instruções.

Ao retornar, seus olhos perceberam a falta da aliança sobre a cômoda. Foi até ali e procurou pelo objeto. Nada. Voltou, sentou-se no sofá e levou a mão para secar as lágrimas que corriam.

— O que houve, Sif? O que está faltando?

Ela só se entregou ao choro. Nat sentou-se ao seu lado e acariciou suas costas. Não era fácil vê-la chorando, mas a russa sabia que era uma vitória. Então deixou que a amiga chorasse tudo que precisava.

Minutos depois Sif se acalmou e serviçais do palácio serviram a comida antes de deixarem o quarto. Não passou despercebido por Nat a proximidade entre Sif e os serviçais. Uma das mulheres chegou a pegar a mão dela e sorrir em solidariedade demonstrando que percebeu que tinha chorado.

Enquanto comiam, Sif finalmente começou a falar:

— Ele levou minha aliança de noivado...

— Se estava sobre a cômoda, você tinha a deixado para trás. – Nat respirou fundo decidida a adentrar em assuntos mais complicados – Você é muito importante pra ele, Sif. Mas a parte complicada é que você tem sido o pilar sobre o qual ele se sustentou para se reerguer todas as vezes que caiu. Te ver ferida, o quebrou. Ele está tentando juntar os cacos de si mesmo para te ajudar, mas toda vez que te vê sofrendo, tudo se quebra de novo e ele se perde sem saber o que fazer.

— Me tornei um fardo...

— Não! Não foi isso que eu disse. Thor passou as últimas seis semanas aflito para retornar pra cá. Ele quer fazer por você o que você já fez por ele, mas não sabe estar ali atrás, quieto, apenas com sua presença e sorriso esperando como você fez por anos. Quer resolver tudo já. Quer te ver sorrindo com ele. Nessa última missão que esteve na Terra, trabalhamos com Jane Foster.

Sif olhou para ela atônita. Nat continuou:

— E ela se aproximou dele e deixou bem claro que deixaria rolar uma segunda chance para os dois. Mas o coração dele estava em você. A escolha dele foi você mesmo sem saber o que aconteceria ao retornar para cá.

Sif abaixou a cabeça entre as mãos. Nat apertou o braço dela em solidariedade:

— Ele vai entender qualquer decisão que você tomar. Mas você precisa escutar o que ele tem a dizer. – a ruiva concluiu.

Thor demorou muito a voltar. Enquanto estava ausente, as duas andaram pelo palácio e por outros lugares de Asgard. Sif evitava a vila onde costumava ouvir histórias com as crianças. 

Quando o rei da Asgard retornou, o jantar foi servido no grande salão de festas. Após terminarem a refeição, o casal acompanhou Nat até seus aposentos e então seguiram em silêncio pelo longo corredor até o quarto de Sif.

Chegando na porta, ele parou desajeitado sem saber o que ou como dizer. Esse jeito dele a comoveu.

— Se você quiser conversar...podemos entrar... – ela sugeriu

Imediatamente, ele abriu a porta para ela e a seguiu para dentro do quarto.

Os dois se sentaram desconfortavelmente no sofá. Não sabiam como começar. Thor se reclinou apoiando os cotovelos nos joelhos e finalmente falou:

— Eu pensei muito sobre tudo que você disse. – e fez uma breve pausa – Entendi como você está vendo tudo isso. Não vejo da mesma forma...

— Por favor, não vamos discutir tudo isso de novo... – ela disse com um tom de voz tão cansado que ele sentiu vontade de desistir.

— Não quero tornar as coisas mais difíceis pra você, mas preciso te dizer algumas coisas que estão entaladas na minha garganta.

Ela fechou os olhos, era um direito dele e deveria ouvi-lo, então se preparou para o que viria.

— Diga... – foi o fio de palavra que saiu dos seus lábios

Thor se remexeu, esfregou o pescoço e, de repente, se virou para ela:

— Eu preciso que olhe pra mim, Sif. – implorou e já se arrependeu ao ver que ela estava de olhos fechados e seus lábios tremiam. Mas ao vê-la abrindo os olhos e virando a cabeça lentamente em sua direção, sentiu que ainda existia um fio de esperança. Seus olhos se encheram de lágrimas ao se reencontrarem com os dela. – Oi... – disse baixinho. – Ao longo de nossas vidas, suas mãos tem me amparado seja empunhando a espada seja segurando as minhas. Como pode ser a última vez que farei isso, por favor, posso segurar suas mãos? – e leu a expressão no rosto dela como uma permissão. Ela estava trêmula e isso o deixou ainda mais desesperado com tudo. – Eu preciso dizer o que sinto por você.  Sei que muita coisa mudou nas últimas semanas, mas o que eu sinto não mudou. Ainda te amo. Eu olho pra você e vejo coragem, determinação, empatia, força, tudo que eu via antes. E também vejo dor agora. E isso me desespera porque quero tirar isso de você e não sei como.

— Não há nada que você possa fazer...

— Você disse que Surt vence se você ficar aqui porque a vergonha se abaterá sobre a casa de Odin. Eu não concordo. Sua presença aqui é orgulho para esta casa e sempre será. Surt vencerá a partir do momento que você partir porque ele terá conseguido nos separar e foi a força da nossa união que tem o mantido afastado do que ele quer em Asgard.- e pegou a aliança restaurada e mostrou pra ela: Então, vou te pedir mais uma vez: fique, Sif! Fique pelo nosso amor. Se não for o suficiente, fique para não deixar Surt vencer. Ou então, me leve com você

As lágrimas cobriam o rosto dela, mas ainda tentava se manter firme:

— Você tem e terá meu amor e minha lealdade eternamente, Thor... Mas se soubesse de tudo que se passas dentro de mim, não se orgulharia assim.

— Então divida isso comigo e me deixe decidir.

Havia ainda mais dor no olhar dela ao dizer:

— Eu quero gerar essa vida. Mas não sei se posso amar essa criança...

Thor soltou um breve suspiro de lamento, compartilhando a dor que ela sentia. Então apertou suas mãos mais forte e ousou perguntar:

— Posso tocar? - indicando a barriga dela.

Diante da concordância dela, ele se ajoelhou a sua frente e depositou suavemente a mão em sua barriga enquanto a outra ainda segurava uma de suas mãos:

— Você já a ama, Sif. Do contrário, essa criança já não estaria mais aqui.

Ela suspirou e permaneceu em silêncio presa a tantas dúvidas. Ele continuou:

—  E eu também já a amo por que tem metade de você aqui dentro e isso é suficiente pra mim. Mas se algum dia isso se tornar um fardo pesado demais pra você, estarei ao seu lado para decidirmos juntos como garantir que essa criança receba todo amor e proteção que merece. Eu prometo.

Ela se atirou nos braços dele soluçando e seus braços a envolveram com todo cuidado e carinho que podia. Choraram juntos por um bom tempo. Quando se acalmaram, ele beijou seus cabelos e se negou a soltá-la. Delicadamente, tomou sua mão e recolocou a aliança. A dor ainda estava ali, mas sentiram-se a um passo de superá-la.

Havia uma dúvida que povoava seu pensamento diante do quanto ele a percebia presa na violência que sofreu. E Thor sabia que era preciso colocá-la para Sif por mais difícil que fosse.

— Eu preciso te perguntar algo que sei que não vai ser fácil pra você me responder, mas preciso saber.

Sif assentiu com um aceno enquanto se aninhava ainda mais contra o peito dele.

— Você tem certeza que esse bebê não é nosso? Nós nos amamos toda manhã, inclusive naquele dia. E eu me lembro que cometemos alguns deslizes.

Sentiu que o corpo dela se enrijecia nos seus braços, mas ele a apertou com mais força para que se sentisse segura. A voz dela veio baixa e trêmula:

— Por favor, não alimente ilusões quanto a isso. Só me faria sofrer ainda mais.

— Tudo bem. Não vou mais tocar nesse assunto. - e voltou a beijar os cabelos dela. - Você já procurou as anciãs que cuidam das grávidas? Ou então a sala de cura pra saber de tudo está bem com vocês?

— Ainda não. Eu não consegui. Acho que não estou lidando muito bem com tudo isso.

— Podemos ver isso amanhã, se vc quiser.

Ela balançou a cabeça em concordância. Ali nos braços dele tudo parecia mais fácil, sentia-se tão protegida e amada.

Vendo o quanto ela parecia menos tensa e também pelo medo que sentia em se afastar e perdê-la de novo, Thor perguntou:

— Posso ficar aqui com você essa noite? Acho que não tenho forças pra me afastar por hoje. Não me importo de dormir no sofá.

— Se ficar comigo for o que você realmente quer, pode ocupar seu lugar na minha cama.

Afastando o cabelo que estava sobre o rosto dela, tocou delicadamente seu queixo direcionando seu olhar até o dele:

— É o que eu quero, Sif. – e tocou os lábios dela com os seus num beijo casto e delicado.

Os dois dormiram abraçados e dormir foi a melhor benção que receberam nas últimas semanas. Separados não conseguiam realmente descansar.

Acordaram cedo e tomaram café com Nat. Depois disseram que procurariam os especialistas para avaliarem a saúde de Sif antes de uma decisão final sobre ficar no palácio ou partir para a Floresta Turan. Como as mãos deles estiveram entrelaçadas o tempo todo, Nat sentiu que o casal estava no caminho certo.

Rodeados pelos especialistas na sala de cura, foi Thor quem falou:

— Nós gostaríamos de uma avaliação geral da Saúde de Sif. Ela concebeu e precisamos saber se tudo está bem.

A euforia tomou conta de todos nas sala. Com sorrisos nos rostos, transmitiam felicitações aos casal.

Sentada na cadeira ao lado de Thor, Sif ficou completamente imóvel e olhando para o nada enquanto apertava a mão dele o mais forte que podia num pedido de socorro. Isso o fez silenciar todos na sala:

— Senhores, por favor. - todos acataram o silêncio e aguardaram o que ele diria intrigados.

Mas foi Sif quem falou fazendo a frase explodir entre eles:

— Eu devo ter concebido dos gigantes de fogo.

A anciã mais velha e líder do grupo se aproximou rapidamente dela. Parecia muito preocupada, por isso segurou suas mãos ao falar:

— Minha querida, por favor, olhe pra mim - Sif obedeceu - por quanta aflição você deve ter passado nos últimos dias. Devia ter nos procurado logo. Acredite, essa criança não foi concebida ali. Se aquele monstro tivesse ejaculado dentro de você, nenhum de nós poderia ter feito nada para te salvar. Dificilmente teria saído daquele planeta com vida. O sêmen deles é como lava e te destruiria por dentro. Essa criança tem outro pai.

E se afastou aguardando que ela processasse a informação.

Sif procurou os olhos de Thor desesperadamente. Encontrou no seu rosto o sorriso mais lindo que já o viu ostentar. A mão direita dele foi até seu rosto e a segurou:

— Você ouviu isso, minha rainha? Entendeu o que eles disseram?

Ela assentiu com movimentos rápidos da cabeça. Ainda não era capaz de articular palavras. Thor continuou parecendo muito preocupado com ela:

— E como você está se sentindo?

Sif se permitiu se perder no azul dos olhos dele. Ela não teve a percepção disso, tão mergulhada que estava nas emoções daquele momento, mas Thor viu se formar no rosto dela o sorriso do qual ele se lembraria por toda a eternidade. As palavras dela vieram calmas e suaves:

— É como sair de Hel, direto para o Walhala.

Sem esperar mais nada, a puxou para um beijo e depois se levantou e a ergueu para o alto girando sob uma chuva de aplausos de todos na sala.


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Notas finais do capítulo

Se você sobreviveu a esse capítulo, alegre-se, pode se considerar muito forte!

Obrigada pela leitura.

Comentários seja com críticas, sugestões ou simplesmente para expressar a impressão que estão tendo dessa história serão muito bem vindo. Também aceitos desabafos, inclusive contra a decisões da autora acerca desse arco insano.



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