Além do Fim escrita por Lucca


Capítulo 13
Família


Notas iniciais do capítulo

Ansiosa demais para escrever o casamento. Mas antes existia um detalhe que precisava ser trazido para essa história.

Boa leitura



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Quando voltaram a se juntar a Nat já era quase hora do almoço. Todos os exames mostraram que Sif e o bebê estavam bem. O casal mal podia esperar para compartilhar a notícia com a amiga.

Nat estava em uma das varandas do palácio, deitada confortavelmente numa espreguiçadeira coberta de veludo vermelho, dividindo sua atenção entre a maravilhosa vista de Asgard e alguns pergaminhos antigos com tratados e preceitos asgardianos. Ela havia decidido conhecer tudo que podia sobre esse povo e usar suas experiências milenares para ajudá-la como uma líder na Terra, já que seu mundo enfrentava tanta dificuldade na esfera política desde a história passou a ser contada.

Assim que o casal se aproximou e a cumprimentou, Nat se levantou com o rosto iluminado pela alegria.

— Então, que notícias tão boas vocês dois receberam para estarem sorridentes assim? – questionou logo. Não era apenas o sorriso do casal que a surpreendia, mas a leveza que pairava sobre eles, tão diferente dos momentos anteriores em que esteve com os amigos.

— Bem... – Sif começou – o bebê está muito bem. É forte e saudável. – disse com firmeza e então assumiu uma postura um pouco mais tímida para revelar o final – Também descobrimos que não engravidei durante o sequestro de Surt, sendo assim... – e olhou para Thor.

Com a postura ereta e com o tom de voz mais convencido do universo, o Deus do Trovão declarou de forma quase solene:

— Eu sou o pai!

Nat precisou conter o riso. Soava cômico a imponência colocada naquele feito. Seus olhos correram para Sif, era com a amiga que ela mais se preocupava. O olhar risonho da Deus da Guerra e da Fertilidade mostrava que as duas mulheres compartilhavam a mesma percepção do exagero de Thor. Levantando a sobrancelha, Sif disse:

— É, eu acho que você é o pai sim.

Thor a abraçou por trás e depositou vários beijos em seu pescoço fazendo-a rir enquanto repetia:

— Esse bebê é nosso... nosso... nosso... nosso! – de repente, parou de beijá-la percebendo que precisava dar espaço para Nat se manifestar.

A ruiva estava radiante com a notícia e se aproximou de Sif, abraçando-a:

— Vocês não têm ideia do quanto fico feliz por tudo estar bem. – e após um breve olhar propositalmente desprezante para Thor, continuou – especialmente por você, Sif. Imagino o quanto foi bom ter certeza disso. Além disso, é você quem fará a mágica toda ao gerar essa nova vida!

A morena assentiu sorridente enquanto segurava as mãos da amiga. Thor, inquieto ao lado das duas, precisava falar:

— Ele já tem quase 5 centímetros, dá pra acreditar. É incrível como está crescendo rápido! – e gesticulava com a mão mostrando a dimensão para Nat como se, sozinha, ela não fosse capaz de mensurar. – Está praticamente do tamanho de um morango.

— Então será um menino? – ela perguntou.

— Menino? – Sif questionou. – Oh, não. Isso só saberemos no momento do nascimento.

— Vocês não tem formas de saber o sexo do bebê durante a gestação? – Nat estranhou o comentário de Sif.

— Em Asgard existem muitas magias capazes de revelar ao sexo de um bebê em gestação. Mas essa prática caiu em desuso há milhares de anos. É uma nova vida que chega, não há qualquer necessidade de sabermos se é um menino ou uma menina agora. Só precisamos cuidar muito bem desses pequenino desde já.

— Asgard inteira precisa saber que ele está a caminho! – Thor disse ainda totalmente tomado de empolgação enquanto caminhava pelo varanda. – Precisamos celebrar! Podemos anunciar a gravidez num banquete especial essa noite e decretarei que amanhã o dia todo será de celebração. – aproximando de Sif, voltou a puxá-la para seus braços – E precisamos marcar a data do casamento. Os preparativos já estavam bem adiantados quando tive que partir. Que tal na próxima semana?

Sif olhou carinhosamente para ele e levou a mão até o seu rosto e apertou os olhos como sempre fazia para demonstrar o amor que sentia:

— Hmmm, banquete hoje à noite, celebração amanhã o dia todo e casamento na próxima semana... Acho que damos conta!

— Perfeito! – ele disse com tanta força que sua voz poderia ser confundida com um trovão ao longe. De forma mais suave, se dirigiu a ela: - Tudo é perfeito com você ao meu lado, minha rainha! – e deu um beijo suave nos lábios dela. – Por Odin, Sif, você precisa se alimentar e descansar. Vou pedir que tragam nosso almoço para cá. Está um clima tão agradável aqui em cima. Isso fará bem à você e ao bebê, o que acha?

— Eu acho ótimo.

— Também estou faminto. Seria capaz de comer um boi inteiro e beberia um barril de hidromel para acompanhar! Mal posso esperar por hoje à noite.

— Eu não duvido. Mas vamos deixar os exageros para o banquete, está bem?

Sorrindo carinhosamente em concordância com ela, Thor fez uma reverência e as deixou para providenciar todos os preparativos necessários.

Assim que ele saiu, Sif se virou para Nat revirando os olhos:

— Ele parece um menino próximo da cerimônia de Freya! – e balançou a cabeça.

— Eu nem quero saber que cerimônia é essa! – Nat disse já rindo. – Thor está realmente muito empolgado. O nome disso é felicidade, Sif, e você está proporcionando isso à ele.

O sorriso orgulhoso e feliz no rosto de Sif bastava para Nat saber que a mensagem foi compreendida.

— Mas você está realmente bem para essa agenda cheia de compromissos? – Nat insistiu em perguntar.

— Estou realmente muito bem, Nat. Há semanas não me sentia tão feliz. Não pensei que voltaria a celebrar qualquer coisa durante a minha existência. Mas agora... eu vou viver tudo isso, Nat. Quero me entregar por completo. Estar com ele é tão bom, me sinto tão forte, amada e protegida.

— Isso é ótimo! Tenho certeza que muitas coisas boas os esperam.

Após o almoço, durante o resto do dia, estiveram ocupados com os preparativos do banquete. À noite, tudo correu bem. O salão principal do palácio explodiu em festa quando Thor anunciou que ele e Sif seriam pais selando a declaração com um afetuoso beijo na barriga dela. Logo a comemoração se espalhou por todo o palácio e depois por seus arredores, vilas e aldeias. A música vinha de toda a parte.  Demonstrações de carinho por Sif também.

Já era bem tarde quando todos se retiraram para seus aposentos. O palácio silenciou, mas as ruas da vila lá embaixo ainda tinham música. Aquela alegria parecia tão contagiante que Nat acho que manteriam o ritmo ininterrupto até o dia do casamento.

Novamente Thor foi para o quarto de Sif. Seu quarto agora estava sendo preparado para receber o casal e ele só queria voltar para lá carregando ela nos braços como oficialmente sua rainha, apesar dela já o ser de fato.

Assim que entraram, se prepararam para adormecer, trocando as roupas e fazendo sua higiene noturna. Quando ele saiu do banheiro, viu que ela estava na sacada, encostada numa das colunas, olhando o céu. Devagar, se aproximou, procurando ler o que ela sentia enquanto estava ali. Não havia mais aquela expressão feliz de algumas horas antes no rosto dela. Parou no batente da porta e se recostou, entendendo que precisava alcançá-la de uma outra forma.

— Eu daria uma das jóias do infinito por seus pensamentos, minha doce Sif.

Ela tentou sorrir, mas ainda sim uma nuvem de tristeza continuava cobrindo seu olhar.

— Eu pensei que essa angústia não voltaria depois do dia tão feliz que tivemos hoje...

Thor não precisava ouvir mais nada para saber que era o momento de findar a distância entre os dois e abraçá-la e foi o que ele fez. Após um beijo suave nos seus cabelos, disse:

— Vai passar, eu sei que vai. Pode levar ainda algum tempo, mas a cada dia sua angústia será menor e mais breve. Vamos cuidar para as noites sejam tão felizes quanto os dias.

— Nós vamos seguir as tradições?

— Hmmm, uma vez questionei Odin sobre isso. Achava ridícula essa tradição do casal não fazer amor na semana que antecede o casamento. Ele me disse que era para o sangue do homem permanecer no cérebro e avaliar se queria estar com ela mesmo sem sexo. Depois arrematou que isso também aumenta o desejo para a noite de núpcias.

— Há semanas não fazemos amor...

— E eu continuo querendo me casar com você, Sif. Você acha que fazermos amor ajudaria com o que está sentindo?

— Eu não sei. Só sei que eram momentos tão bons... – e fechou os olhos – unida a você, o som dos trovões, a brisa fresca e o amor queimando dentro de mim.

Thor soltou os cabelos dela que estavam parcialmente presos e deixou que caíssem envolvendo os dois. Feitos do mesmo material de Mjölnir, os cabelos dela eram atraídos por ele. Então, a beijou e deixou sua força e poder correr entre os dois, não da forma explosiva como quando estavam lutando, mas foi calmo e constante. As nuvens foram se formando no céu e o som dos trovões começaram. Eles eram capazes de desencadear tudo isso com um simples beijo.

Olhando para o céu agora escuro pela tempestade, Sif se recostou no peito de Thor se acalmando e sentindo a paz voltar ao seu interior.

— Melhor? – a voz dele ecoou pelo quarto carregada de poder, estremecendo o lugar.

— Sim, muito.

— Então acha que podemos seguir as tradições? – apesar da força, havia algo tão suave na forma como a questionou

Ela estreitou ainda mais o abraço que compartilhavam.

— Se você me manter nos seus braços com os trovões lá no céu, sim! – ela brincou.

Ele beijou o topo de sua cabeça e riu com ela.

— Ah, minha feroz e doce Sif, você faz ideia do bem que está me fazendo? – e desceu a mão até a barriga dela. – Tem um pouco de Odin e de Frigga aqui. E também uma boa dose de mim e de você. Vamos ser uma família de novo, minha rainha!

O amanhecer trouxe uma linda surpresa. Assim que acordou e foi até a janela, Thor viu as ruas da vila estavam decoradas com lindos arranjos de flores brancas e havia algo amarelado entre elas. Correu ao lado da cama onde Sif ainda dormia. Era tão bom vê-la adormecida num sono tão calmo! Mas ela precisava ver isso. Flores brancas eram usadas pelos asgardianos para abençoarem uma nova vida. E a vila estava repleta delas. Ele esperava que houvesse ramalhetes nas portas de muitas casas conforme a notícia de que seu filho estava a caminho se espalhasse, mas não algo assim.

— Sif... – sussurrou enquanto passava delicadamente os dedos pelo rosto dela.

— Hmmm ... – ela resmungou abrindo os olhos.

— Você precisa ver isso!

Aguardou que ela se sentasse e depois a abraçou logo que ficou em pé. Assim caminharam até a sacada. O rosto de Sif se iluminou num sorriso intenso. Era tão lindo!

— Precisamos ir até lá agradecê-los!

Logo o casal estava pronto para a visita. Quando Thor abriu a porta do quarto para receber as servas que traziam o café da manhã, ficou ainda mais surpreso: os corredores do palácio também ostentavam lindos arranjos. Espigas de trigo estavam harmoniosamente presas entre as flores, numa referência clara à fertilidade e à Sif.

As servas entraram sorridentes. Nas bandejas também haviam rosas solitárias adornadas com espigas de trigo. Após arrumarem tudo sobre a mesa, a mais jovem delas fez questão de estender uma das flores à Sif.

— Muito obrigada. Não fazem ideia da minha gratidão. Como conseguiram tantas flores em tão pouco tempo?

— Não é só a vila, Sif. – Thor disse ainda na porta – pelo que vejo aqui, o palácio todo também está assim.

Sif se apressou em chegar à porta e ficou paralisada por um momento com a beleza e com o quanto seu bebê era querido por todos. Thor a abraçou.

A serva fez uma reverência e contou:

— Desde o final da tarde de ontem, conforme os rumores foram se espalhando, começamos a preparar alguns arranjos. Eram simples, mas feitos com todo nosso carinho e gratidão à vocês. Queríamos dar boas vindas ao bebê. Mas quando acordamos hoje, as flores haviam se multiplicado!

Thor e Sif trocaram um olhar alegre e intrigante. Após a saída das servas, enquanto comiam, ela fez questão de abordar o assunto:

— Acho que nossa visita à vila deva incluir um lugar especial.

— Você acha mesmo que foi ele?

— Eu não tenho a menor dúvida. É hora dele saber que o aceitamos aqui. Afinal, foi você mesmo quem disse que seremos uma família de novo.

Os dois saíram pelos corredores do palácio recebendo os cumprimentos de todos que desejavam felicitá-los. Pelas ruas da vila não foi diferente. Após agradecerem o carinho e darem atenção as pessoas, pegaram a rua do mercado até saírem no beco à esquerda, um lugar mais reservado e discreto.

Chegaram finalmente ao local que também se encontrava enfeitado com os arranjos de flores e trigo. A placa esculpida em madeira dizia: Empório de Poções. O lugar era pequeno e um balcão mantinha os fregueses do lado de fora. Na parte interna, corredores de prateleiras reuniam centenas de garrafas com conteúdos que prometiam curar doenças do corpo e da alma.

Um senhor magro, de rosto esguio, cabelos longos brancos e olhos negros logo veio atendê-los:

— Em que posso ser útil ao Rei da Asgard? Será que nossa futura rainha precisa de uma poção para lidar com os enjoos matinais?

Thor olhou para Sif de forma enfadonha e se debruçou sobre o balcão:

— Patética a sua aparência. Devia ter escolhido algo mais jovem. Pelo menos conseguiria algumas mulheres para se divertir. Se bem que as poções devem ajudá-lo nisso.

Sem mostrar qualquer surpresa no rosto, e com um sorriso de descaso, o senhor respondeu:

— Eu esperava que um rei tivesse mais tato para lidar com as pessoas humildes do seu povo. Desculpe-me se minha aparência o desagrada. Quanto às minhas poções, jamais as usaria para ludibriar uma mulher, Senhor meu rei. Elas se encanta muito mais com o interior.

— Ora, vamos. Você acha mesmo que eu não saberia que você estava aqui no exato momento em que pisou em Asgard. E eu não estou dizendo que usaria as poções nas mulheres, estou dizendo que elas usariam você para conseguirem esse tipo de poção para conquistarem outros homens!

— Thor! – Sif interviu. – Não viemos aqui para retomarem suas intrigas. Viemos agradecer pelas flores. Estamos realmente muito felizes que você compartilhe de nossa alegria e demonstre assim sua benção sobre nosso filho.

Em seguida, Thor retirou do bolso um pequeno pergaminho e o abriu sobre o balcão:

— Sif está certa. Viemos aqui para agradecer. Estou realmente muito feliz que tenha voltado e mais feliz ainda por tudo que tem feito por Asgard, cuidando do nosso povo com essas poções e ensinando magia para as crianças. Sei que não foi fácil viver assim na clandestinidade por esses anos. Mas você reconquistou a minha confiança. Por tudo isso, estamos aqui também para convidá-lo para o nosso casamento. Você é a primeira pessoa a receber esse convite. E também a mais especial para nós. Queremos ser uma família de novo, Loki. E você é parte dela. Ficaremos muito felizes com sua presença.

Debruçando-se também sobre o balcão, Loki revelou sua aparência:

— Casamento, filho... Quem diria, o barbudinho do papai que adorava uma farra e uma batalha está se tornando um homem de família. É claro que seu filho tem minha benção, irmão. Mas também fiz tudo isso por nossa mãe. Frigga estaria eufórica com esse neto. E Sif sempre foi o sonho dela para você.

— Eu sei que fez. Soube assim que olhei pela janela essas manhã. Muito obrigada. Ah, você não precisa manter o disfarce durante o casamento. Os Vingadores estarão aí, mas sabem que precisam respeitar nossas leis e estou determinando seu perdão. Celebre conosco, irmão! A paz retornou à Asgard e quero que nosso filho cresça aprendendo de você tudo que nossa mãe te ensinou. – e estendeu a mão ao irmão.

Loki colocou a mão sobre a do irmão e trocaram um aperto forte, carregado de amor fraternal.

— Estarei lá. Mas só me mudo para o castelo depois que seus amiguinhos forem embora. Especialmente aquele verdão. E, por favor, reserve meu lugar bem longe dessas pessoas de Midgard e próximo às mulheres mais bonitas da festa.

— A mulher mais linda da festa estará no altar comigo. Sobre o resto, verei o que podemos fazer, irmão.

Se despediram e saíram. Enquanto caminhavam de volta ao palácio, Thor desabafou:

— Espero que não tenha cometido um erro.

— Ele se redimiu, Thor. Mas nunca é demais estarmos atentos. E já que quer ficar rodeado de mulheres bonitas, vou pedir a Sigyn fique ao lado dele na cerimônia e na festa. Ela é de confiança e nos alertará para qualquer risco.

— É uma ótima ideia. Ei, eu já disse que te amo hoje?


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Notas finais do capítulo

Decepcionados? Espero que não tanto.
Continuo com a esperança de saber o que vocês estão achando dessa história. Por favor, me contem nos comentários. Sugestões e críticas podem me ajudar a melhorar.
Rumo ao casório! Quem segue comigo?



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