A Variável Não Planejada escrita por Miss Oakenshield


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Pfv me digam se estão gostando! ♥



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Já havia anoitecido na clareira, os preparativos para a festa na fogueira já estavam prontos, envolta de uma enorme pilha de madeira cada encarregado junto com Alby e Newt estavam com uma tocha acesa, o líder se preparou para jogar a sua.

— Podem acender!

Com isso todos jogaram ao mesmo tempo, a enorme fogueira estava acesa e a festa iria começar. Todos da clareira comemoraram e começaram a gritar.

— Clareanos, clareanos, clareanos.

Alguns batucavam em potes no chão, a música da clareira, um dos garotos se empolgou e deu uma estrelinha. Por todo lado via-se garotos comendo e bebendo algo esquisito. Todos estavam se divertindo, dando muitas risadas, bem... talvez nem todos.

O novato ainda se sentia deslocado daquele lugar, se afastou dos outros e foi se sentar num tronco um pouco distante de tudo e de todos. Ninguém prestou muita atenção nisso a não ser Katherine. Ele estava na mira dela desde o ocorrido mais cedo nas portas do labirinto, queria que ele se sentisse melhor.

— Ei Newt.

— Que foi?

— Por que não ter uma palavrinha com o novato?

— Por que eu deveria?

— Ah olha só pra ele.

Newt olhou para a direção que ela indicava, um garoto solitário com a cabeça abaixada, parecia lamentável.

— E por que tem que ser eu?

— Porque você é o segundo no comando.

— Mas você é a mãe da clareira.

— Para de dizer isso, não sou mãe de ninguém. Vai logo lá, você sabe que é o melhor entre todos daqui pra falar com ele agora.

Katherine estava de frente para Newt com os braços cruzados, o maior revirou os olhos ainda não estando convencido.

— Por favor. – ela fez uma carinha de cachorro sem dono – Ou acha melhor que eu mande Gally até lá?

— Tudo bem, tudo bem, eu vou. Me dá uma dessas jarras com a bebida do Gally.

— Não vai matar ele, é só pra ser amigável.

— Eu sei.

Newt já se afastava até o novo clareano solitário, Katherine só ficou observando, decidiu que perguntaria depois para Newt o que eles conversaram, agora ela só queria se divertir um pouco, arrancou os sapatos e foi derrubar alguns garotos no círculo em que lutavam.

Newt sentou-se ao lado do novato e ficou um tempo em silêncio só observando a escuridão com ele, percebeu que o outro não abriria a boca então começou a falar.

— Mas que belo primeiro dia hein fedelho.

Mesmo assim o outro só assentiu e olhou pra baixo.

— Aqui. – ele levantou a jarra na direção do outro – Toma uma coisa mais forte.

O coitado foi tranquilamente beber o líquido estranho, não levou nem um segundo para cuspir tudo no chão e começar a tossir.

— Ai meu Deus, o que que é isso?!

— Não faço a menor ideia. – disse Newt rindo – É receita do Gally, segredo industrial.

O novato deu uma olhada no garoto que tinha o empurrado mais cedo, ele estava lutando com um garoto com quase metade de seu tamanho, não levou muito tempo para que vencesse.

— Ah, mas ele ainda é um idiota.

— Ele salvou a sua vida hoje. O labirinto é um lugar muito perigoso.

Mais um momento de apenas silêncio.

— Estamos presos aqui, não é?

— No momento sim. Mas... ta vendo aqueles caras? – virou-se apontando para um dos grupos ali formados - Lá, perto da fogueira, aqueles são os corredores, e aquele cara lá no meio é o Minho. – referia-se ao menino asiático - Ele é o encarregado dos corredores. Todas as manhãs quando aquelas portas abrem eles correm pelo labirinto, mapeando, memorizando e tentando achar uma saída.

— Há quanto tempo tão procurando?

— 3 anos.

— E eles já acharam alguma coisa?

— É mais fácil falar do que fazer. Escuta. – ficaram em silêncio para perceber um barulho alto de algo pesado se arrastando - Ouviu? É o labirinto... mudando. Muda todas as noites.

— Como isso é possível?

— Ah, pergunta pra quem colocou a gente aqui se você encontrar os desgraçados. Olha só, a verdade é, os corredores são os únicos que sabem o que tem lá. Eles são os mais fortes e os mais rápidos de todos nós e isso é uma coisa boa porque se eles não voltarem antes que as portas se fechem então eles ficam lá presos durante a noite. Ninguém sobreviveu a uma noite no labirinto.

— O que que acontece com eles?

— Nós chamamos de verdugos. Só uma pessoa sobreviveu a um pra contar como eles são.

— Quem?

— A Katherine.

Newt se virou para onde a garota estava, agora ela derrubava um garoto bem maior que ela no círculo, tinha um grande sorriso no rosto, estava se divertindo a beça.

O loiro percebeu que o novato não parava de encará-la.

— Gostou dela?

— O que? Não, não... eu só... estou curioso.

— Bom mesmo porque não quero saber de você com gracinha pra cima dela.

— Vocês estão juntos?

— Sim.

Seguiu-se um silêncio constrangedor, mas foi quebrado pela risada escandalosa de Newt.

— Eu to só brincando fedelho. Devia ter visto a sua cara. Ela é minha irmã.

— Ah, nunca iria imaginar isso, vocês são bem diferentes.

— É todo mundo diz isso, mas mesmo assim eu tomaria cuidado, Gally não iria gostar nadinha de você perto dela.

— Por que? Eles estão juntos?

— Não, apesar de que eu tenha minhas suspeitas de que eles se gostam, ele sempre é muito protetor em relação a ela.

— Eu só fiquei curioso pra saber... o que aconteceu no labirinto.

— Isso eu acho melhor perguntar pra ela, ela vai te contar melhor do que qualquer um.

— Aquela... aquela cicatriz... tem algo a ver com isso.

— Sim.

Ficaram em silêncio novamente, era muita informação para ele digerir, mas ainda queria fazer mais uma pergunta.

— Por que ela é a única garota por aqui?

— Isso nem ela mesma sabe, por algum tempo pensamos que poderiam mandar mais garotas, mas nunca aconteceu.

Eles voltaram a encará-la, por algum motivo ela passava uma boa sensação para o novato.

— Ela é como uma mãe para alguns, uma irmã mais velha pra outros, um amor platônico para muitos, mas todos a respeitam, caso não aconteça pode ter certeza que vai virar comida de verdugo. Era suposto que ela fosse uma socorrista, mas ela acaba fazendo isso e mais um pouco, você vai ver ela por todo lugar na clareira sempre ajudando alguém e fazendo coisas diferentes.

Newt percebeu que o garoto estava tentando digerir todas aquelas informações.

— Então tá né. Já foram muitas perguntas pra uma noite. Vem cá, ó, você devia ser nosso convidado de honra.

— Ah, não que isso...

— Não, não, não. Vem eu vou te mostrar o lugar. Vem logo.

Os dois foram mais para perto de onde ocorria a festa, agora Katherine não estava mais lutando, estava sentada em uma pilha de troncos ao lado de Caçarola, com um copo na mão cada um, eles conversavam e riam, também assistiam a Gally.

Agora ela estava sem a blusa de manga branca, parecida com a de Newt, usava uma regata preta, sua cicatriz parecia ainda mais macabra a luz da fogueira, ela viu os dois e acenou dando um grande sorriso.

O novato retribuiu com um sorriso tímido, o que não passou despercebido por Gally. Newt começou a explicar as funções da clareira.

— Lá nós temos os construtores, são ótimos com as mãos, mas não são tão inteligentes. E ali temos o Winston, ele é o encarregado dos retalhadores. E esses são dois dos nossos 3 socorristas, Clint e Jeff, eles passam a maior parte do tempo enfaixando os retalhadores.

— E se eu quiser ser um corredor?

— Você não ouviu uma palavra do que eu disse? Ninguém quer ser um corredor. E, além disso, você tem que ser escolhido.

— Escolhido por quem?

Newt não teve tempo de responder, Gally atirou o garoto com quem estava lutando onde o novato se encontrava, o mesmo quase esborrachou a cara no chão, mas conseguiu se equilibrar e continuar em pé.

— Como é que é novato? Vamos ver do que é capaz? – desafiou Gally

Jeff começou a incentivá-lo, em poucos segundos todos estavam gritando ‘novato’ para fazê-lo aceitar o desafio, e assim aconteceu, agora os dois estavam no círculo, prontos para a luta.

— Tá legal, as regras são simples calouro. Eu vou tentar te jogar pra fora do círculo e vai tentar ficar por 5 segundos.

Katherine estava ao lado de seu irmão, ela sorria e revirou os olhos com o que Gally disse, ele sempre fora convencido quando o assunto era força.

— Pronto? – perguntou Gally

O outro mal teve tempo de assentir e já estava sendo atacado, Gally o pegou nos ombros e o empurrou se não fossem os garotos em volta, ele teria caído de costas no chão.

O coitado assim que ficou em pé foi pego novamente e jogado ao chão, dessa vez ele caiu de cara e ficou com um pouco de areia na boca.

— Anda calouro, não acabamos ainda. – provocou pulando de um pé para o outro

— Para de me chamar de calouro. – disse já em pé

— É pra parar? Do que quer ser chamado? Trolho? – provocou fazendo os outros rirem – O que acham garotos, ele tem cara de trolho?

O garoto avançou, mas Gally o pegou num braço e num ombro, rodaram um pouco até ele o maior pegar impulso e jogá-lo no chão novamente.

— Quer saber, acho que vai passar a ser trolho.

Ele levantou e agora parecia furioso, avançou em Gally e agarrou a cintura do mesmo tentando empurrá-lo, mas Gally era mais forte, quando Gally estava quase empurrando o outro para fora do círculo o moreno soltou a cintura do loiro virou e empurrou suas costas. Gally caiu no chão de barriga.

Todos estavam surpresos, as bocas faziam a forma de um O, Gally ainda não tinha levantado.

— Nada mal pra um calouro né?

No momento que ele terminou essa frase Gally virou rapidamente e deu uma rasteira nele, o calouro caiu de lado batendo a cabeça com força na areia gemendo de dor, até ficar em total silencia por alguns segundos.

— Thomas... – ele disse baixinho – Aí! Thomas! – ele levantou rapidamente, parecia um louco

— Eu lembrei do meu nome! Eu sou Thomas!

Todos estavam em silêncio, Alby foi o primeiro a reagir.

— Thomas! – gritou e apontou pra ele sorrindo

Todos começaram a festejar e foram para perto dele o cumprimentar, somente Katherine ficou paralisada por um momento. Por algum motivo aquele nome fez com que sentimentos confusos surgissem, sentiu felicidade, mas ao mesmo tempo um pouco de decepção, quando se deu conta seus olhos estavam marejados.

“Mas que diabos está acontecendo?” indagou a si mesma. Ela decidiu esquecer aquilo por enquanto, depois de Thomas ter cuspido todo o líquido que Caçarola tinha lhe dado, Kathy se aproximou dele.

— Seja bem-vindo. – os dois se encararam – Thomas.

Katherine se adiantou e o abraçou fortemente, agora sentia algo como saudade, como se não fizesse isso há muito tempo, mas não entendia como isso era possível já que nem o conhecia. Assim que ela se afastou Gally se aproximou para cumprimenta-lo.

— Bom trabalho. – apertaram as mãos – Thomas.

Um grito altíssimo e animalesco foi ouvido, o coração de Katherine acelerou e seus punhos se fecharam.

— O que foi aquilo? – perguntou Thomas

— Aquilo meu amigo, era um verdugo. Não se preocupa, tá seguro com a gente. Nada passa por esses muros. – dizendo a última frase Gally encarou Kathy como que dizendo aquilo para tranquilizá-la

— Tá legal gente, hora de dormir. Foi uma ótima noite. – disse Alby batendo palmas

Katherine saiu de seu transe.

— Isso mesmo, uma noite muito produtiva, durmam bem pessoal.

Todos se despediram e cada um foi em direção a sua rede.


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