A Variável Não Planejada escrita por Miss Oakenshield


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Pfv comentem o q estão achando :)



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Alby, Newt e Katherine andavam em volta dos clareanos, enquanto eles dormiam, para verificar se estava tudo bem. Assim que os irmãos desejaram boa noite para Alby, Katherine acompanhou Newt até sua rede.

— E então, o que conversou com o novato?

— Nada demais, só sobre como estamos tentando achar uma saída daqui e... sobre você.

— O que vocês falaram sobre mim?

— Ele quis saber porquê era a única garota e o que aconteceu pra ter essa cicatriz.

Katherine parou de andar imediatamente, Newt se virou pra ela.

— Você contou o que aconteceu?

— Não. Achei que seria melhor se você contasse.

Katherine só assentiu e continuou andando, ao chegarem onde Newt dormiria, ele sentou na rede e tirou os sapatos em seguida se deitou.

— Acho que vou ter uma conversinha com nosso novo amigo Thomas.

— Depois você direto dormir.

— Pode deixar mandão.

Antes que Katherine pudesse ir Newt pegou seu pulso a fazendo olhar pra ele, estava sério.

— Estou falando sério, você tem que dormir. Se em 15 minutos você não estiver deitada na sua rede eu vou mandar o Gally atrás de você.

— Ta bom, ta bom. – levantou os braços em rendição – Eu vou estar lá em 15 minutos, não se preocupe.

Newt respirou fundo acariciando a mão dela.

— Te amo Kit Kat.

— Também te amo.

Katherine deu um beijo na bochecha dele e se afastou. Ela odiava mentir pra ele, mas ela supunha que pelo dia cansativo que ele teve não demoraria muito para dormir, ele nem iria perceber se ela dormiu ou não. Não conseguiria dormir hoje, não com esses sentimentos estranhos em relação ao novato, sentia que se fechasse os olhos coisas ruins apareceriam e ela não queria dar trabalho para ninguém.

Encontrou onde Thomas estava deitado, perto da rede de Chuck, o qual estava dormindo todo torto, ela deu um pequeno sorriso com aquela cena. Foi se aproximando para ver se Thomas estava dormindo, mas viu que seus olhos ainda estavam bem abertos.

— Oi.

Mesmo que ela tenha sussurrado ele se assustou um pouquinho.

— Desculpa, não queria te assustar.

— Não, tudo bem...

Katherine sentou-se ao lado da rede dele de modo que ele não precisasse levantar para que olhasse pra ela.

— Newt disse que você queria saber sobre como ganhei isso. – ela levantou um pouco a manga da blusa branca que tinha colocado novamente

— Ele disse que você foi a única daqui a ver um verdugo, então fiquei curioso pra saber... mas, se você não quiser falar sobre isso tudo bem.

— Não, tudo bem. Você não é o primeiro que fica curioso sobre isso. Na verdade às vezes o Alby me usou de exemplo para que outros clareanos, que não fossem corredores, não ultrapassassem as portas. Já estou acostumada.

— Então foi mesmo uma daquelas coisas que fez isso com você?

— Eu vou te contar tudo nos mínimos detalhes, você vai escutar tudo e depois pode fazer alguma pergunta se ainda tiver uma.

Thomas até se sentou direito na rede para poder ouvir tudo o que ela tinha a dizer.

— Nós não éramos muitos ainda, talvez fossemos em apenas 5. Então, nós nos reunimos e eu dei a ideia de que fossemos explorar o que tinha além daquelas portas, no começo ninguém concordou, mas eu insisti e disse que se ninguém quisesse ir eu iria sozinha. Então depois de muita discussão ficou combinado que eu e um garoto chamado George iríamos e tentaríamos desvendar o máximo que pudéssemos.

“Nós calculamos o tempo que as portas ficavam abertas, por quatro dias para ter certeza que o tempo era o mesmo. Então, depois de prepararmos nossas provisões, nós nos despedimos e corremos para o labirinto.

Por metade do dia nós corremos marcamos o caminho cortando a hera e deixando no chão para podermos saber por onde voltar. Paramos um momento para comermos, e foi quando tudo aconteceu, um verdugo apareceu. Ele era enorme, o corpo é como de uma lagarta com dentes nojentos, patas parecidas com as de aranha e uma calda como de um escorpião, um monstro.

Nós começamos a correr, até que o George tropeçou e eu voltei pra ajudar ele, mas antes que eu pudesse chegar até ele o verdugo deu um salto e caiu encima de mim. Eu ainda estava com a meu facão pra cortar as heras, então toda vez que ele tentava me perfurar com a cauda eu conseguia impedir, mas aí acho que ele perdeu a paciência e me atacou no braço com uma das patas.

Eu soltei a faca gritando, mas antes que ele me atacasse de novo, George conseguiu chegar a tempo. Ele tinha pegado um pedaço de hera, jogou no verdugo e tentava puxar ele p longe de mim, mas aquele bicho não parava de se debater e me acertou mais vezes.”

Katherine levantou a sua calça na perna esquerda, outra enorme cicatriz passava por sua coxa e acabava um pouco depois do joelho. Depois levantou um pouco suas blusas mostrando seu abdômen, ali havia mais uma cicatriz, mas tão ruim quanto às outras. Ela arrumou sua roupa e continuou sua história.

— Como ele percebeu que não teria força pra tirar o verdugo de cima de mim ele atirou o facão acertando ele nas costas. O monstro tirou sua atenção de mim e partiu pra cima dele. Eu tentei levantar o mais rápido possível, mas eu estava cheia de cortes, não conseguia mexer direito minha perna esquerda, estava coberta de sangue.

“Quando consegui me levantar eu tentei ajuda-lo, mas ele gritou pra que eu fosse embora, que conseguisse fugir. Ele estava pior do que eu, mais sangrento, quando tentei me aproximar pra ajuda-lo o verdugo ia se preparar pra me atacar, mas George continuou chamando a atenção dele. Ele gritava pra que eu fosse embora, e foi o que eu fiz.

Eu tentei correr o mais rápido que podia, tinha certeza que quando o verdugo acabasse com George ele viria atrás de mim. Já estava quase na hora das portas fecharem e eu comecei a me desesperar porque não encontrava a saída, então reconheci um dos caminhos que fizemos com a hera, assim que vi a porta gastei o resto de energias que tinha.

Quando alcancei as portas me joguei na grama, estava com as roupas resgadas, ensanguentada, com dor no corpo todo, sem ar e quase desmaiando. Os outros vieram correndo até mim desesperados, alguns segundos depois as portas começaram a se fechar e quando o fizeram eu apaguei.”

Thomas estava chocado, não sabia o que dizer nem o que pensar sobre isso, ficaram alguns minutos em silencio até a voz dele voltar.

— Então... o garoto, George... ele...

— Morreu. – disse Katherine secamente – No dia seguinte, quando as portas se abriram, as roupas dele estavam lá, como se os criadores desse lugar estivessem zombando da gente.

— Depois disso acredito que mais ninguém quisesse ir até lá. Quando decidiram criar os corredores?

— Nós já éramos um número maior, mas eu nunca mais voltei pra lá. Nem pretendo fazê-lo, a não ser por um motivo muito importante.

— Entendo.

Thomas não conseguia olhar pra ela, imaginava como devia ter sido a experiência. Ele olhava para o chão à sua frente, mas podia sentir o olhar dela queimar nele. Olhou pra ela e ficaram se encarando por alguns segundos.

— Você também sente algo estranho quando olha pra mim? – perguntou ela

— Co-como assim? – gaguejou

— Como se não fossemos estranhos um para o outro. – ele negou – Por algum motivo você me passa uma sentimento de felicidade, como se eu estivesse feliz por te ver de novo, mas ao mesmo tempo me sinto decepcionada com você por algo.

— Acha que nos conhecíamos antes de nos colocarem aqui?

— Talvez. – ficaram em silêncio novamente

Thomas se sentia bem perto dela, mesmo não sabendo o porquê já que se conheciam há tecnicamente um dia.

— Muito bem, acho que já passou da hora de dormir. Espero que ainda consiga depois da história de terror que te contei.

— Acho que vou ficar bem.

Katherine se levantou e Thomas se ajeitou na rede para tentar dormir.

— Se precisar da minha ajuda, ou só quiser conversar um pouco, não hesite em me procurar. Estarei aqui pra te ajudar a qualquer hora.

— Obrigado.

Katherine se abaixou, deu um beijo na testa dele e remexeu em seu cabelo, logo foi se afastando.

Katherine esperava que Thomas conseguisse dormir tranquilamente essa noite, mesmo com tanta coisa rodando a cabeça dele. Mas uma coisa ela tinha certeza, não iria dormir, pelo menos não tão cedo.

 

 

 

Katherine estava sentada perto da fogueira, agora já estava bem menor do que no começo da festa, mas ainda podia iluminar muito bem. A garota devia estar ali fazia quase meia hora, seus pensamentos estavam naquele dia horroroso, mesmo depois de tanto tempo conseguia ouvir os gritos de seu amigo.

Arrependia-se de tê-lo deixado pra trás, mas se tivesse ficado não teria conseguido salvá-lo. Sentia-se culpada, afinal a ideia tinha sido dela, se não tivesse proposto aquilo George estaria ali. Com os joelhos abraçados perto do peito ela olhava fixamente para o fogo consumindo a madeira. Seus olhos começaram a lacrimejar.

— Então era aqui que você estava.

— Ai que susto Gally. – disse colocando a mão no coração

— Desculpa, não queria te assustar. – ele sentou-se ao lado dela

— Newt falou sério mesmo não é?

— Ele está preocupado com você, já faz um tempo que você não dorme direito, eu também percebi isso.

— Fica me espiando enquanto durmo é? – ela deu um sorrisinho malicioso

— Nã-não, não é nada disso... é que... eu...

— Tudo bem Gally, estou só brincando.

Eles voltaram a ficar em silêncio, Katherine se perdeu em pensamentos enquanto olhava a fogueira fixamente. Lembrava-se do dia em que perderam o George com todos os detalhes, às vezes sonhava com aquilo, o som dos gritos do garoto nunca mais saíram de sua memória e ela temia que nunca iria esquecer.

Muitas vezes já tinha sonhado que tinha perdido Newt, Gally, Chuck... sempre acordava ofegante e às vezes até gritando, o que era muito constrangedor já que acabava acordando todos os outros.

— No que está pensando? – perguntou ele

— Que se não fosse por mim George ainda estaria aqui. – disse com um fio de voz

— Você não deveria se culpar desse jeito, a culpa foi de quem nos colocou aqui e mandou aquele monstro atrás de vocês.

— Eu fico repassando aquele dia na minha mente, revendo todos os detalhes, e tenho cada vez mais certeza que aquela coisa estava atrás de mim, eu era o alvo Gally. – ela olhou pra ele com os olhos cheios de lágrimas, sua voz estava embargada

Gally colocou um dos braços nos ombros dela a trazendo para mais perto dele.

— Não vale a pena você ficar se martirizando agora, já passou, já aconteceu, não tem como mudar.

— Eu sei que o Newt te chamou pra me convencer a ir dormir, mas eu não posso Gally... sinto que assim que fechar meus olhos todos os acontecimentos daquele dia vão surgir na minha cabeça e me atormentar a noite toda. Eu realmente não quero dormir Gally... – ela olhou pra ele com as lágrimas já caindo – Por favor.

— Tudo bem, você não precisa dormir, não agora. Vou ficar aqui com você até que você caia de sono.

— Mas, se eu dormir os pesadelos...

— Eu vou estar aqui pra te mostrar que são só isso, pesadelos, e nada vai te fazer mais nenhum mal.

Katherine concordou e voltou a olhar para o fogo, aconchegou-se melhor em Gally, enquanto uma das mãos a segurava pelos ombros a outra ele segurava uma das mãos dela, acariciando-a.

Gally fez o máximo para ficar acordado, depois de umas 3 horas, ele percebeu que Katherine caiu no sono. Com muito cuidado ele a pegou no colo e foi em direção à rede dela, assim que a deitou na rede e foi se afastar para ir dormir, sentiu um puxão no braço. Ela estava segurando a manga da sua blusa com muita força, suas sobrancelhas estavam franzidas, ela estava com medo.

Gally sentou-se no chão ao lado dela, entrelaçou uma de suas mãos com a dela. Tentou aguentar mais um pouco, mas estava exausto, apoiou sua cabeça no ombro e caiu no sono.

Naquela noite Katherine não teve pesadelos, talvez seria até uma das melhores noites de sono dela. O que não pode ser dito o mesmo de Gally que talvez acordasse com uma dor horrível no pescoço.


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