Need You Now escrita por oicarool


Capítulo 25
Capítulo 25




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Eles chegaram em casa ainda molhados, e Elisabeta precisou exercer toda a sua paciência ao serem recepcionados por Angel. Já passava da hora do jantar e, aparentemente, todos os moradores da mansão estavam muito preocupados que algo pudesse ter acontecido. E Angel correu até Darcy, segurando o rosto dele com as mãos e perguntando se estava tudo bem. Minutos depois surgiram Charlotte, Petúlia, Archibald e Cecília.

Elisabeta, porém, não ousou reclamar com Darcy. Não após ouvir as palavras dele, sentir a sinceridade delas. Não após um momento de loucura em meio a uma estrada deserta. Naquela noite quis apenas um banho quente – e não reclamou quando Darcy se juntou à ela, e adormecer ouvindo a respiração dele. E foi exatamente o que fizeram, em uma serenidade que contrastava com a semana turbulenta.

Na manhã seguinte, Darcy levou muito mais tempo do que ela para descer para o café da manhã. Apareceu quando Elisabeta estava quase no final de sua refeição, os cabelos dele estavam úmidos, e a camisa dele tinha dois botões abertos. Ele sentou-se de frente para Charlotte e Angel, as únicas ocupantes da mesa além de Elisabeta.

— Me desculpem pelo atraso. – ele suspirou. – Parece que todas as minhas camisas estão com os botões caindo.

Elisabeta levou a xícara aos lábios para esconder um sorriso.

— É mesmo? – Charlotte ergueu a sobrancelha. – O que você anda fazendo?

— Nada. – Darcy respondeu, pegando um pedaço de pão. – Eu devo estar lavando as camisas como se fosse um ogro.

— Você não parece mesmo muito jeitoso. – Elisabeta comentou, com um sorriso pequeno.

— Darcy, eu posso costurar os botões para você. – Angel deu de ombros. – Eu tenho o dia livre hoje.

— Você faria isso? – Darcy pareceu genuinamente grato. – Eu faria, se soubesse.

— Acabaria com os dedos furados. – Angel riu.

— E provavelmente sem nenhuma camisa. – Charlotte juntou-se à ela.

— Seria uma grande pena. – Elisabeta comentou.

E tentou respirar profundamente, ignorar o incômodo, a familiaridade e a naturalidade com a qual Darcy e Angel interagiam. Tentou lembrar-se das palavras dele – era passado, era parte do passado.

— Eu não entendi direito o que aconteceu ontem à noite. – Charlotte mudou o assunto. – O carro estragou?

— Sim. Acredito que foi superaquecimento. – Darcy deu de ombros.

Elisabeta o observou com cuidado, e havia completa seriedade no rosto dele, denunciada apenas pelo olhar que lançou em sua direção.

— Eu não entendo nada de carros. – Elisabeta comentou. – Estava confortável no banco de trás, sem preocupações.

— O carro de Elisabeta tem esse problema. – Darcy permaneceu sério. – Está sempre com problemas no aquecimento.

— Deve ser porque você passa o dia focado nas peças. – Elisabeta deu um sorriso aberto, inocente.

— Eu não posso evitar. – ele também sorriu. – Eu gosto de entender como as coisas funcionam.

— Não lembro de você ter interesse especial em carros. – Angel comentou.

— Nem eu. – Charlotte encarou o irmão. – Fico surpresa que saiba diferenciar as peças.

Elisabeta segurou uma gargalhada pela expressão ofendida de Darcy. Não importava que sua irmã estivesse efetivamente falando de motores.

— Não me subestime. – disse, com ares de indignação. – Pergunte à Elisabeta se não sou excelente no que faço.

Elisabeta dessa vez não segurou o riso.

— Não fala muito a seu favor o carro ter estragado ontem, Darcy. – disse, graciosa.

— Essa parte não foi culpa minha. – Darcy ergueu a sobrancelha. – As máquinas tem vontade própria, as vezes.

— Provavelmente você fez alguma coisa errada. – Elisabeta deu de ombros.

— Talvez você devesse parar de mexer nessas coisas, Darcy. – Charlotte comentou. – Você não teria dinheiro pra pagar se estragasse o carro.

— Isso eu não teria mesmo. – Darcy sorriu, e então olhou para Elisabeta. – Mas você teria coragem de me cobrar?

— Cada centavo. – ela riu, e quando nenhuma das duas estava olhando, lançou uma piscada para Darcy.

O resto da refeição seguiu sem maiores transtornos. Havia algo positivo em fazer um exercício para não ficar incomodada com Angel. Elisabeta sabia que gostaria genuinamente dela, caso não houvesse tanta insegurança envolvendo Darcy. Mas parecia ser um dia para testar sua paciência, uma vez que bastou anunciar que trabalharia em casa para que Charlotte abrisse um grande sorriso.

— Darcy está de folga? – ela olhou para Elisabeta.

— Bem, acredito que sim. – Elisabeta a encarou, curiosa.

— Então você poderia nos levar para dar uma volta, não é? Eu poderia chamar Cecília e então mostraríamos a cidade à Angel. Ela mal teve tempo de passear. – a mais nova dos Williamson parecia empolgada.

— Eu não acho uma boa ideia. Elisabeta pode precisar de mim e... – Darcy olhou para Elisabeta, preocupado.

Foi aquele olhar, uma preocupação genuína, que dizia muito mais do que qualquer um podia compreender, que fez com que o coração de Elisabeta desse um pulo. E não havia nada diferente a ser dito, nada que Darcy merecesse mais do que um voto de sua confiança, uma garantia de que ela ouvira suas palavras no dia anterior.

— Ora, que bobagem. Eu posso sobreviver um dia sem você. – Elisabeta sorriu. – Vá passear com as meninas. Vocês podem usar o carro.

E é claro que ela não pensaria sobre o passeio. Forçaria a si mesma a não imaginar Darcy passeando alegremente com Angel pela cidade. Mas também não entraria em nenhum tipo de paranoia sobre isso.

— Mesmo? – ele perguntou.

— Ela já disse que sim! – Charlotte empolgou-se. – Eu vou chamar Cecília!

Charlotte e Angel estavam fora do cômodo antes que Elisabeta piscasse mais uma vez, e então Darcy olhou para ela.

— Não é nenhum teste, é? – perguntou, desconfiado.

— O que? – Elisabeta riu.

— Você não está testando minha reação, não é? Porque se isso for um motivo pra você se afastar de novo, eu juro que ensino Charlotte a dirigir para que ela passeie sozinha. – Darcy manteve-se sério.

Elisabeta não resistiu à levantar-se, aproximando-se dele. Olhou para os dois lados antes de achar um espaço no colo dele. Passou os braços em volta do pescoço de Darcy.

— Isso tudo é medo de ficar longe da minha cama? – perguntou, com um sorriso.

— Estou viciado em dormir sentindo seu cheiro. – Darcy afundou o rosto no pescoço dela, dando um beijo leve no local.

— Você pode aproveitar seu passeio. – ela acariciou os cabelos dele. – Só não fique muito cansado.

— Não posso ficar cansado? – Darcy sorriu malicioso.

— Não. Quero sua energia mais tarde. – Elisabeta piscou.

— Você tem certeza que eu preciso levar Charlotte para passear? – ele perguntou. – Eu poderia atrapalhar o seu trabalho.

— Você me deixa muito distraída. – Elisabeta o beijou de leve nos lábios. – E eu preciso trabalhar.

Darcy não permitiu que ela se afastasse, juntando seus lábios novamente. A língua dele pediu passagem e Elisabeta sentiu seu corpo responder ao toque dele. Darcy a beijou com lentidão, cheio de promessas. Elisabeta quase pediu que ele ficasse, mas afastou-se lentamente, levantando-se em seguida.

— Bom passeio. – disse, saindo do cômodo. – E Darcy?

— Sim? – ele a encarou.

— Confira o carro antes de deixar as meninas entrarem, sim? – sorriu com malícia. – Não seria fácil explicar porque seus botões estão caídos no banco de trás do carro.

Darcy sorriu, balançando a cabeça, e Elisabeta foi para o escritório, onde passou a maior parte do dia. Não perdeu tempo demais pensando no passeio, afinal, ainda que Charlotte parecesse especialmente partidária de um revival entre Angel e Darcy, Cecília estaria lá. E Elisabeta não admitiria que Cecília não estivesse torcendo por ela.

Ainda assim, já era noite quando os quatro retornaram. Elisabeta os ouviu do escritório e foi até lá. Estava exausta do trabalho e qualquer distração era bem vinda. As meninas conversavam sem parar e Darcy parecia completamente exausto. Ainda assim, sorriu abertamente ao vê-la, e Elisabeta resistiu ao impulso de se aproximar e acariciar seu rosto. Céus, seria possível que Darcy tivesse tanto efeito nela?

Angel parecia completamente encantada com a cidade, e Elisabeta viu-se sorrindo com as narrativas. Não demorou à Archibald juntar-se à eles e então os passeios do dia foram explicados passo a passo. E Elisabeta inclusive suprimiu o ciúme quando Cecília contou que foram ao cinema. Preferiu duvidar que Darcy escolheria as mesmas atividades da vez anterior, e como se lesse seus pensamentos, ele comentou que passou o filme inteiro conversando com Charlotte.

Nenhum deles estava com fome, e por isso Elisabeta jantou apenas com Petúlia e Archibald, como nos velhos tempos. E foi então que ela percebeu quanta diferença todas aquelas pessoas faziam. O quanto havia se acostumado, mesmo que em pouco tempo, a ter refeições barulhentas, conversas infinitas, risadas, discussões. Os Williamson e Cecília traziam vida ao ambiente, e até mesmo Angel dava suas contribuições.

Após o jantar, Elisabeta organizou os últimos documentos no escritório e subiu as escadas. Charlotte, Cecília e Angel conversavam na sala quando Elisabeta passou por elas, mas não havia sinal de Darcy. Os cachorros pareciam pouco interessados em sua companhia, os dois deitados aos pés de Cecília. Então Elisabeta subiu as escadas em silêncio. Petúlia e Archibald já deveriam estar recolhidos.

Praticamente esbarrou em Darcy quando passava pelo quarto dele. Darcy tinha duas ou três camisas brancas nas mãos, e Elisabeta ergueu a sobrancelha. Ele olhou para as peças, e então para ela.

— Você costuma pedir para as mulheres arrumarem suas roupas? – Elisabeta cruzou os braços, uma expressão de divertimento em seu rosto.

— Bem, Angel ofereceu. – Darcy coçou a cabeça com a mão livre. – Você se importa?

— Que a sua ex-namorada, além de um doce de pessoa, um anjo caído na terra, também saiba costurar e arrume suas roupas? – Elisabeta sorriu. – Por que me importaria?

— Eu mesmo faria se soubesse. – Darcy disse, um pouco constrangido. – Mas se você não quiser eu posso pedir à outra pessoa. Ou você quer fazer isso? – Darcy perguntou, desconfiado.

— Eu? – Elisabeta gargalhou. – Eu jamais faria isso. Eu compraria camisas novas.

Darcy abriu um sorriso de lado, dando um passo em direção à ela.

— Esnobe. – ele provocou.

— Estou sendo sincera. – Elisabeta passou as duas mãos pelo peito dele, tocando o tecido. – Essas suas camisas já estão andando sozinhas.

— Eu acho que estão boas o suficiente. – Darcy passou a mão livre pela cintura dela.

— Não é a toa que os botões estão caindo. – ela fingiu analisar os botões.

— Os botões estão caindo porque você os arranca, princesa. – Darcy a encostou na porta do quarto dele. – Mas você não quer que eu fale isso para a minha irmã, quer? Que você fica tão desesperada para arrancar as minhas roupas que esquece de mantê-las inteiras.

— Eu não sou a única. – Elisabeta sorriu. – Já tenho alguns vestidos precisando de reparos. Sem contar no estrago que você faz nas minhas roupas íntimas.

— Seria mais fácil se você não usasse nada. – Darcy encostou o corpo no dela. – Eu teria menos trabalho.

— Mentiroso. – Elisabeta passou a mão pela barba dele. – Você gostar de tirar minhas roupas.

— Eu gosto. – ele admitiu. – Foi constrangedor ir ao cinema sem você, sabia?

— É mesmo? – ela sorriu. – Eu não posso imaginar o motivo.

— Precisei pensar em todos os santos para evitar pensar em você. – Darcy se aproximou, mordendo o queixo dela. – E depois entrei no carro e não conseguia não pensar em você em cima de mim.

— Parece que foi um passeio interessante. – Elisabeta afundou os dedos nos cabelos dele.

— Eu vou precisar mudar sua personagem, princesa. – ele a mordeu novamente. – Você lançou algum feitiço em mim.

— Eu sempre achei as princesas muito boazinhas. – ela deu de ombros, e Darcy pressionou o corpo ainda mais contra o dela. – E você não parece nenhum príncipe.

— Assim você me ofende. – Darcy riu contra a pele dela, descendo as mordidas por seu pescoço.

— Você não parece ofendido. – Elisabeta esfregou-se contra ele.

— Eu preciso levar essas camisas para Angel. – ele resmungou. – Você pode deixar essa porta aberta, porque você não vai ter um minuto de sossego essa noite.

— Ah, não vou? – Elisabeta puxou os cabelos dele. – E você precisa levar as camisas para Angel?

— Alguém precisa consertar esse seu estrago. – Darcy beijou os lábios dela, afastando-se um pouco.

— Meu estrago? – Elisabeta ergueu a sobrancelha.

— Você entendeu. – ele tentou beijá-la novamente, mas Elisabeta o empurrou de leve.

Darcy a encarou confuso, e Elisabeta o empurrou um pouco mais, até que ele batesse na parede contrária.

— Você vai ver o estrago. – ela disse, em voz baixa.

Elisabeta segurou a camisa de Darcy com as duas mãos e a abriu com toda a força, fazendo os botões saltarem pelo corredor. Darcy arregalou os olhos, e então abriu um sorriso malicioso.

— Calma, princesa. – disse.

— Você disse que ia mudar meu papel. – Elisabeta aproximou-se dele, espalmando seu tórax descoberto. – Eu sou a vilã dessa história agora.

— Isso parece interessante. – Darcy ergueu os braços, em sinal de rendição.

Elisabeta cravou as unhas na pele dele, o arranhando com um pouco mais de força do que o necessário para provoca-lo. Darcy soltou um gemido, e Elisabeta beijou o pescoço dele, enquanto o arranhava levemente. Ela sabia que ele estava excitado e prestes a desistir do plano de entregar as camisas para quem quer que fosse. A língua dela brincava com a pele do pescoço e Elisabeta desceu os beijos para o peito de Darcy, subindo novamente.

E ela ouviu as vozes se aproximando, mesmo sem saber se ele estava ouvindo. O certo é que Darcy não fez qualquer menção de se afastar, e Elisabeta não se importou. Sabia que as meninas estavam subindo as escadas, que estavam prestes a chegar, e seu lado possessivo gritou muito mais alto do que a racionalidade. Porque se Cecília já sabia e Charlotte imaginava, era a hora de Angel saber quem mandava naquela casa.

Soube que elas estavam ali quando as conversas pararam subitamente, e prolongou apenas alguns segundos a sugada no pescoço de Darcy. Uma de suas mãos estava na nuca dele, e Darcy tinha a mão livre espalmada em sua bunda, a puxando contra ele. Elisabeta afastou-se dele, olhando para as três. Cecília e Charlotte continham a risada, e Angel parecia levemente chocada.

— Darcy deixou cair mais alguns botões. – Elisabeta disse, como algo completamente banal.

Cecília e Charlotte gargalharam juntas e Angel abriu um sorriso. Elisabeta olhou para Darcy com severidade.

— Vista-se, Darcy. Não está vendo que tem moças solteiras pela casa? – ela disse, e Darcy parecia completamente atordoado.

Elisabeta entrou em seu quarto sem olhar para nenhum deles, mas ouviu as risadas se intensificarem e a voz de Angel em meio à uma gargalhada.

— Charlotte, você estava tentando me deixar sem teto? Ou morta?

E cinco segundos depois Darcy estava em seu quarto, sem qualquer constrangimento. E cumpriu a promessa de não deixá-la dormir.


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