Como em um sonho escrita por Luminária


Capítulo 3
Aonde quer que eu vá, Arthur vai estar lá


Notas iniciais do capítulo

Ho hey
Capítulo feito às presas porque tenho o relatório para escrever, mas espero que gostem



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Era noite de sexta-feira e eu estava à caminho de um lugar para o qual eu não queria ir: a tal festa para qual o Arthur me convidou.
Adrien ficou sabendo da festa antes mesmo de eu sequer pensar em esconder isso dele e na hora informou que nós dois iríamos. Tentei a todo custo convencer ele de que não era uma boa ideia, de que não fazia o meu tipo, mas quem disse que a palavra de Nicolás Kim vale alguma coisa? Só ouvi "Nico, você precisa sair e se divertir como um jovem normal", "Nico, você parece um velho de oitenta anos", "Nico, até minha bisavó é mais animada que você" e a minha favorita, "Puta que pariu, Nico! Eu vou te colocar num asilo". Então no fim das contas eu tive que ir porque Adrien nem me deu opções.
O metrô parou, olhei qual era a estação várias vezes para ter certeza. Não, ainda não estava perto de chegar.
O metrô retornou a andar. Esperava não me perder, então estava bem atento às paradas do metrô, tentando garantir que não me perderia de forma alguma.
— Boa noite, Nico. - uma voz interrompeu minha concentração, uma voz que eu já conhecia
Não, mas não é possível que seja...
— Boa noite, Arthur.
Sim, era o próprio.
Mas será possível isso? Eu estava pensando em como evitá-lo na festa e ele entra justamente no mesmo metrô que eu! É muito azar para um Nicolás só, eu não merece isso.
— Você está indo para a festa do Victor? - ele perguntou
Ah, Victor. Pelo menos agora sei o nome do anfitrião, porque nem ao menos isso eu sabia.
— Estou. - respondi - Você também está indo, certo?
— Estou sim. - ele soltou um riso um pouco alto
Agora só falta me dizer que ele está rido de mim. Mas nem faz sentido, eu não fiz absolutamente nada.
— Qual é a graça? - perguntei, tentando manter os olhos na estação em que parávamos. Não, ainda não chegamos.
— O jeito que você fala é divertido. - Arthur explicou
— Por que o jeito que eu falo é divertido? - questionei, arqueando as sobrancelhas
— Porque você fala sempre as frases completas. - disse - Parece que você tem medo de não ser entendido.
— Eu tenho medo de não ser entendido mesmo. - sem nem perceber, já estava fazendo exatamente o que ele julgou engraçado - Se um dia você for para outro país vai sentir medo também.
— Não vou, eu sou muito bom com idiomas. - pronto, agora ele é poliglóta e eu não estava sabendo - Mas tenta falar mais... Natural, ok? Vai parecer um parisiense. Só que com sotaque mexicano.
— Argentino. - corrigi - O sotaque argentino é bem diferente do mexicano.
— Entendi. México fica meio longe da Argentina, né?
Confirmei com a cabeça.
— Conheci uma garota canadense, o francês dela era bem diferente.
— É, é mais ou menos como isso.
Ficamos em silêncio por um tempo. O metrô logo parou novamente, ainda não era a estação para a qual eu ia, mas já estava chegando mais perto do meu destino.
— Por que você decidiu ir para a festa? - Arthur fez questão de quebrar o silêncio que não havia durado nem um minuto
— Adrien me arrastou. - disse logo a verdade
— Do primeiro ano, né? Ele é meio doidinho. - nisso eu fui obrigado a concordar - Eu tô levando maconha pra festa, avisa pro Adrien que se ele quiser é só falar com o Arthur.
OI? Ele simplesmente fala para mim que está vendendo drogas como se ele estivesse vendendo um bolo?
— Se você quiser provar também fica a vontade. - ele continuou - Só não vai ter outra crise alérgica, ok?
Corei, muito envergonhado. Será que esse metrô não pode andar mais rápido?


(...)


Depois de uma viagem de metrô e uma longa conversa, aconteceu a coisa que eu menos gostaria: eu e Arthur fomos o centro das atenções por chegarmos juntos à festa. As pessoas já estavam começando a comentar sobre nós, perguntando umas as outras se éramos um casal.
Espera um pouco aí... Se eles estão comentando sobre eu e o Arthur sermos um casal e elas não sabem nada sobre minha vida, então o Arthur é... Gay?
E por que isso importa, Nicolás Kim? Você já entendeu que o Arthur não é o garoto dos seus sonhos, não tem porque ficar se preocupando com a sexualidade dele então. Você agora se preocupe em procurar o Adrien, foi ele quem te arrastou para cá afinal.
Com um foco já em mente, saí procurando Adrien por aí.


(...)


Infelizmente não consegui encontrar Adrien. Mandei mensagem para ele e ele me informou que havia saído da festa para ficar um tempo sozinho com Emanuelle, que eu não conhecia, mas também precisava de muito esforço para entender que se tratava de sua crush. Queria ter brigado com ele por ter sido largado em uma festa na qual eu não conhecia ninguém, porém fui um bom amigo e desejei bom proveito para os dois.
Após isso resolvi que estava na hora de pegar um ar no jardim, pois o interior da casa estava cheio de adolescentes fumando. Fumando em um ambiente fechado. Eu tive de sair ou ia morrer ali dentro.
Meu plano era ficar sozinho um tempo, descansando até eu me sentir disposto para voltar, mas isso não aconteceu porque alguém veio se sentar ao meu lado. Conseguem adivinhar quem era?
— Não tem problema se eu fumar com você aqui? - isso mesmo, era Arthur, que perguntou já acendendo o cigarro
Acho que se eu falar que tem, ele vai fumar do mesmo jeito.
— Não, tá tudo bem. - disse, mesmo sabendo que não estava
— Nem se eu fizer assim? - ele colocou o cigarro na boca e depois de alguns segundos o retirou desta, soprando muita fumaça
Tapei meu nariz e minha boca com as mãos imediatamente, fazendo com que ele risse.
— Ok, eu paro. - ele riu, jogando o cigarro no chão e pisando para apagá-lo - Pronto, não precisa ter uma crise.
E mais uma vez, ele volta para esse assunto, rindo.
— Minha rinite já estava atacando. - falei, tirando as mãos do rosto - Lá dentro... Muita fumaça.
Por um momento esqueci como devia formular a frase, enquanto lembrava de sua crítica sobre eu falar sempre as frases completas.
— Como? - Arthur levou alguns segundos para entender o que eu havia dito - Aaaaaah. - soltou quando finalmente entendeu - Eles compraram muita maconha. - parece que divulgar para todo mundo que está vendendo maconha gerou algum resultado - Me dei bem hoje.
Preferi não comentar sobre aquilo.
— Você vai ficar aqui a noite inteira? - Arthur perguntou, provando que eu não posso ter dez segundos de silêncio, parece que estou falando com um segundo Adrien
— Acho que é melhor. - concordei, coçando o nariz e fungando um pouco - Pelo bem da minha respiração.
— Na próxima vez você podia vir com máscaras cirúrgicas. - sugeriu - Você é meio coreano, né? Você usa essas máscaras?
Ele acertou o coreano para compensar a gafe do "sotaque mexicano".
— Sim, coreano. - confirmei, um pouco surpreso por ele ter acertado, normalmente as pessoas chutam em japonês - Não gosto de usar, mas uso quando viajo para a Coreia. O ar de lá já não é muito bom para pessoas sem frescuras no nariz, se eu for sem máscara é capaz de eu morrer. Além disso, coreanos fumam muito, muito mesmo. É como se em cada esquina tivesse uma festa dessas, dá vontade morrer só de lembrar.
Arthur riu com aquilo, fazendo-me arquear as sobrancelhas, intrigado com sua reação.
— Desculpa, o jeito que você fala é engraçado. - ele explicou - E me lembra muito uma pessoa, mas não consigo lembrar direito quem é.
Por um momento gelei. Meu jeito de falar lembrava alguém a Arthur. E agora, falando com Arthur por tanto tempo, ele não parecia ser um encrenqueiro. Arthur parecia ser uma pessoa legal, apesar de um pouco estranho.
Mordi o lábio inferior, pensando. Será que, justo quando entendi que o garoto dos meus sonhos existe apenas nos meus sonhos, eu vou voltar a pensar em Arthur como se fosse Ele? Não, Nico. Isso já é ser otário demais até mesmo para você.
— Acho que eu já vou indo. - falei, soltando um suspiro e me levando
— Mas já? Você chegou mal ter uma hora. - Arthur rebateu - Acho que você pode ficar mais um pouco.
— Meu nariz disse que não posso.
Espero que meu nariz me perdoe por estar sempre jogando a culpa de tudo para cima dele.
— Tudo bem. - ele acabou concordando - Mas você devia ficar. Nico, você tá em Paris sem os pais, sabia que era pra cá que os artistas e loucos fugiam pra aproveitar a vida? Para de ser tão certinho.
Certinho? Eu? Eu, Nicolás Kim, sou certinho? É, é verdade, eu sou certinho, mas não é minha culpa, é culpa da minha criação, meus pais sempre me incentivaram a ser o mais certinho possível. Agora se isso é bom ou ruim eu ainda não sei.
— Tchau, Nico. - ele se despediu, sorrindo
Involuntariamente, também esbocei um sorriso. - Até segunda.
— Até segunda, Arthur. - disse, começando a andar para fora da casa


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Notas finais do capítulo

Beijinhos de luz :*



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