Depois da conversa que tiveram, Marinette e Alya decidiram voltar para onde Nino e Adrien estavam. Mas assim que a azulada virou para ir, bateu de frente com alguém. Quando olhou pra cima, notou que era Luka.

— Desculpa! – falaram ao mesmo tempo.

— Como vão, meninas? – o garoto perguntou educadamente.

— Vamos bem. – Alya tomou a frente – E você?

— Ótimo! Vou bem também. – dirigiu sua atenção para Marinette – Precisamos marcar de ir patinar novamente, me diverti muito naquele dia.

— Ah, eu também! – Marinette sorriu amigável – Não se preocupe vamos marcar.

— Beleza! Pode me avisar ou mandar recado pela Juleka, se ela não estiver de mau-humor ela passa. – os dois riram.

— Confesso que eu achava que a Juleka era o tipo de garota fria e mal-humorada. Mas depois que a conheci, vi que na verdade ela é um amor!

— Isso porque você não viu o que acontece no jantar quando sobra apenas um pedaço de pizza! – o comentário fez Marinette rir ao imaginar a cena – Estou brincando, ela é uma ótima irmã. Você não tem irmãos, tem?

— Não, sou só eu. Mas até que gosto de ser filha única.

— Bom, cada um com suas preferências. Agora preciso ir, tenho um trabalho para finalizar. Nos vemos por aí.

— Certo, até mais. – acenaram um para o outro e se despediram.

Marinette estava prestes a dizer para Alya que já podiam ir, porém viu que a garota já não estava mais ali.

— Onde você se meteu? – chegou no grupo de amigos, questionando a morena.

— Eu voltei pra cá, ué. – cruzou os braços – Você e o Luka estão tão envolvidos na conversa, que eu nem quis me meter.

— Podia ter conversado junto.

— Não sou castiçal pra segurar vela! – Marinette sentiu suas bochechas queimarem e olhou para o lado, tentando disfarçar o constrangimento.

— Essa foi boa! – Nino riu – Mas agora precisamos entrar para a sala, está quase na hora. Vamos galera! – chamou e a saiu de mãos dadas com Alya.

— Segurar vela? Hum! – ouviu a voz de Adrien do seu lado e desviou sua atenção para ele.

— Não é o que está pensando! – disse rapidamente – Quero dizer, não que eu te deva uma explicação. – cruzou os braços e desviou o olhar.

— Tem razão, não deve. – deu de ombros e saiu. No entanto, Marinette colocou a mão em seu ombro, fazendo com que virasse de frente para ela.

— Ei! Hã... – Marinette encarou seus sapatos e depois voltou o olhar novamente para o loiro. Sem dizer nada, apenas sorriu e o envolveu em um abraço apertado. Que não demorou muito para ser retribuído pelo garoto.

***

— Mãe? Pai?

— Sim, filha? – Sabine apareceu entre as prateleiras de suprimentos da padaria.

— Eu vou sair pra fazer um trabalho da escola, tudo bem?

— Claro! – sorriu para a filha – Só se cuide, não fique até muito tarde e qualquer coisa ligue!

— Certo, tchau!

— Tchau! – se despediram com um abraço.

Marinette saiu correndo pela porta, mas acabou batendo de frente com Adrien e caindo de bunda no chão.

— Meu Deus! Desculpa! – estendeu a mão para ajudar a amiga a levantar, porém puxou um pouco forte demais, fazendo com que Marinette ficasse bem próxima de si.

Os dois se encararam por alguns segundos e a azulada se afastou primeiro, constrangida.

— Na verdade, a culpa foi minha por não olhar por onde ando. Obrigada pela ajuda.

— Não precisa agradecer. Agora, vamos? – assentiu e foi caminhando ao lado do garoto – Hoje meu pai me chamou na sala dele. Fiquei com medo que tivesse mais um compromisso de última hora pra mim e eu não pudesse vir, mas não era isso.

— E o que ele queria?

— Ele perguntou se eu não achava a minha rotina cansativa demais e se eu queria cancelar alguma aula.

— Sério?

— Sim e isso é bem incomum. Pelo visto o relacionamento dele com a Nathalie está surtindo um efeito bem positivo.

— Fico feliz por isso! Mas você chegou a cancelar algo?

— Não, apenas reduzi minhas aulas de chinês para uma vez a cada duas semanas. Assim eu tenho um pouco mais de tempo livre.

— Ao que parece então, seu pai tem mudado para melhor.

— É, gostei disso.

Marinette e Adrien também conversaram sobre a escola e logo depois já estavam na casa de Mestre Fu, que os recebeu com seu típico chá de hortelã e ficou surpreso por os dois saberem as identidades secretas um do outro.

— Viemos aqui porquê achamos muito estranho esse sumiço do Hawk Moth. – a azulada começou.

— É, como Marinette disse, alguém tão focado em um objetivo não para assim do nada. E talvez não tenha nada de errado, mas mesmo assim resolvemos vir.

— Fico feliz que agora que sabem suas identidades secretas, estão tomando decisões conjuntas. – os três sorriram – Afinal, não é bom que o Yin e o Yang entrem em desequilíbrio. Mas vejo que não preciso me preocupar com isso. – Mestre Fu tomou um gole de chá quente – E sobre Hawk Moth, recentemente eu e Wayzz tivemos algumas pistas da sua localização.

— Como?

— Quando Plagg, Tikki e Wayzz tentaram contatar Nooroo naquela noite do seu aniversário, Hawk Moth estava transformado, consequentemente o contato foi com ele. Os kwamis conseguiram uma conexão que nos deu ideia de mais ou menos aonde em Paris ele pode estar. A parte ruim é que ele também tem pistas sobre a localização dos Miraculous.

— Vocês sabiam disso? – Adrien questionou Plagg e Tikki.

— Nós estabelecemos a conexão, mas não sabíamos sobre a questão da localização. – a kwami vermelha explicou – Como vocês conseguiram?

— Acontece que vocês sentiram a localização, mas devido ao choque de contatar Hawk Moth no lugar do Nooroo, ficou escondido em suas memórias. Wayzz estava meditando comigo e acabou lembrando de tudo.

— E em que parte de Paris ele pode estar? – Marinette questionou curiosa – Podemos começar a procura-lo!

— Primeiro eu preciso ter certeza da informação, não quero que façam nada precipitado. Depois que eu tiver a minha confirmação, começaremos as buscas. – Adrien e Marinette ficaram um pouco decepcionados por não poder ajudar no momento. Mas ambos entendiam que se Mestre Fu dizia algo, tinha muitas chances de estar certo.

— Certo. Mas assim que possível, por favor fale com a gente.

— Não se preocupe, serão os primeiros a saber!

***

— Nooroo, o que aconteceria se alguém usasse todos os Miraculous existentes? – Gabriel questionou seu kwami, enquanto balançava o corpo de leve em sua cadeira no seu escritório.

— Provavelmente não sobreviveria à tanto poder, mestre.

— Hum! Compreendi. – escorou o queixo nas mãos pensativos – Mas os Miraculous da Ladybug e Chat Noir, o que aconteceu com quem os usou ao mesmo tempo?

— Enlouqueceu com o poder.

— Conte-me mais.

— A pessoa que usou era portador do Miraculous do Chat Noir. Ele viu sua Ladybug morrer ao seus pés e sabia que se usasse o Miraculous dela também, desbloquearia poderes inimagináveis e poderia salva-la. Ao tentar usar o poder, ele enlouqueceu e não consegui salva-la.

— Ele morreu?

— Não por isso. Depois de ver que não conseguiu salvar a Ladybug, ele... Bom, o senhor deve imaginar.

— Imagino sim. Perder alguém que ama, não é fácil. – Gabriel pegou em suas mãos o Miraculous do pavão e o encarou – De certa forma somos parecidos. Parece que o Miraculous dá muitas possibilidades, mas também tira oportunidades. – fechou a mão em punho ao redor da joia. – Tão injusto!

— O poder sempre tem um preço.

— Sei disso como ninguém. – voltou a encarar a joia em suas mãos – Acha que eu sobreviveria se usasse o Miraculous da Ladybug e do Chat Noir?

— Eu não sei. É preciso estar muito preparado psicologicamente, mestre.

— Imagino que sim. Alguém já sobreviveu?

— Não que eu saiba. – Gabriel girou sua cadeira e encarou o quadro de sua mulher na parede.

— E se eu usasse dois Miraculous ao mesmo tempo que não fossem os mais poderosos? É possível?

— Sim mestre. Ainda assim é uma grande quantidade de poder, mas é mais fácil de suportar.

— Muito interessante! – disse, passando a mão sobre seu broche em baixo da gravata e ficou em silêncio.

— E-Está pensando em voltar a ser o Hawk Moth, mestre?

— Eu estou pensando em muitas coisas agora, Nooroo.

***

— A parte boa de tudo isso, é que estamos chegando perto de descobrir quem é o Hawk Moth. – disse Adrien. – Mas a parte ruim, é que também estamos chegando perto de entregar nossos Miraculous. – Marinette ficou pensativa sobre a fala do loiro.

— É, mas você sabe, é o nosso dever. Por mais que eu não queira entregar Tikki, temos que fazer o que tem que ser feito.

— Sim, sei disso. Hã... Você tem um tempo livre agora?

— Aham.

— Nós podíamos, você sabe... Ir ao cinema. Ou não. – sugeriu meio envergonhado.

— Podemos sim. – Marinette sorriu para Adrien, estabelecendo um contato visual que só foi quebrado com o toque do celular do loiro.

— Ah, de novo não! – suspirou – Oi Nathalie. Incrível! Estarei lá, obrigado. – desligou e encarou a garota em sua frente – Meu pai e Nathalie resolveram dar um jantar para comemorar o relacionamento deles e vão chamar alguns amigos da família.

— Que ótimo!

— É. Chloé e Kagami estão entre as convidadas. – disse o loiro, fazendo com que Marinette engolisse em seco. Obviamente tinha ciúmes, mas não podia fazer nada porque ela e Adrien não tinham nada e isso foi uma escolha deles, principalmente dela. – Ela disse que eu podia levar quem eu quisesse, então... Você quer ir?

— E-Eu? – foi surpreendida com o convite.

— Sim. Significaria muito pra mim se você pudesse ir, mas se não puder ou quiser, tudo bem. – sorriu sincero. E era verdade, de todas as pessoas que poderiam estar nesse jantar, Marinette com certeza era a pessoas que Adrien mais queria que estivesse.

— Nesse caso, acho que posso ir sim.

— Ótimo! – abraçou a azulada – Vou pedir pro meu motorista te buscar mais tarde, certo? – assentiu – Agora eu preciso ir pra ajudar nos preparativos.

— Uma pergunta, antes de você ir.

— Sim?

— Que tipo de roupa eu devo usar? Nunca foi a jantares assim. – admitiu um pouco envergonhada. Sabia que esse tipo de confraternização era rotina na vida de Adrien, mas não fazia parte da dela.

— Normalmente usamos roupa formal. Mas não precisa se preocupar tanto, nesse caso um vestido acho que está bom. Você que sabe, afinal, fica linda de qualquer jeito! – piscou e depositou um beijo na bochecha da azulada – Depois eu mando uma mensagem te explicando melhor, tchau.

— Tchau. – sorriu e acenou para o garoto até que ele virou a esquina e sumiu da sua vista – É Tikki, preciso encontrar algo para vestir e rápido. – disse baixo para a kwami e saiu correndo para sua casa.

Assim que chegou, comunicou seus pais do jantar e subiu correndo para o quarto para procurar uma roupa.

— Marinette, não precisa jogar tudo, ainda temos tempo! – Tikki disse, desviando das peças de roupa que a azulada tirava de dentro do seu armário e jogava para trás.

— Não temos não. Se eu não encontrar algo digno de conhecer o pai do Adrien, eu preciso dar um jeito de costurar e isso demora! – procurou por mais peças, mas percebeu que já tinha esvaziado o armário – Ah, não! Não tenho nada pra vestir!

— E tudo isso? Tem certeza que nada daqui você poderia usar?

— Tenho. – sentou na cama enquanto pensava numa solução – Eu posso tentar terminar aquele vestido. – apontou para o manequim, que estava coberto pelo busto de um vestido cor-de-rosa com detalhes em preto – Ou eu posso dizer pro Adrien que eu estou doente e não ir! – Marinette disse como se fosse uma ideia genial.

— Achei que quisesse ir por causa da Chloé e da Kagami. – o sorriso da azulada se desfez.

— Ah é. Tem isso... Quero dizer, não que eu queria ir porque tenho ciúmes e não consigo imaginar a ideia das duas sozinhas com o Adrien. Longe disso! – cruzou os braços e olhou para o lado.

— Eu não disse nada disso. – Tikki riu, fazendo Marinette corar e levantar com pressa.

— É-É melhor eu começar a costurar.