Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 96
Aprendendo a cozinhar


Notas iniciais do capítulo

Bom domingo e boa leitura! :)



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Mais uma manhã, mais um dia de trabalho. A rotina em Vila Baunilha não pode parar, principalmente quando se trata de saúde. O médico da cidade, Doutor Renato, terminou de escovar os dentes e, ao descer, deu de cara com sua esposa Edna sentada no sofá, como se estivesse rezando.

—Bom dia, amor - disse ele, dando um beijo de bom dia - Achei que estivesse preparando o café.

—Não, não estou - falou ela - É que...hoje outra pessoa fez questão de preparar nosso café da manhã.

—Espera, você não tá dizendo que…

Edna acenou positivamente com a cabeça. Renato finalmente entendeu o motivo dela estar rezando.

—Sabe, amor. Eu tô um pouco apressado. Tenho umas consultas importantes marcadas mais cedo e…

Mas a esposa o puxou rapidamente o marido para perto dela.

—Trabalhamos no mesmo posto de saúde e eu sei muito bem que não tem nada marcado pra hoje - disse ela - Você vai ficar aqui e encarar essa junto comigo.

—Já que não tem jeito...melhor orarmos juntos.

—Ah, pai, mãe - disse Kelly, saindo da cozinha vestindo seu avental - Já tá quase pronto, viu? Só estou terminando de fritas as panquecas.

—Panquecas? Nossa, que chique - falou Dr. Renato, com um sorriso amarelo.

—É. Com mel devem ficar ótimas! - disse Kelly - Estou pesquisando várias receitas!

“Mel na panqueca?”, pensou Renato, imaginando o desastre que poderia vir daquilo.

—Por que ela não tenta cozinhar coisas simples primeiro? - perguntou Renato para a esposa.

—Você sabe como ela é quando fica empolgada com alguma coisa.

Kelly tem certas fases. Ela tentou aprender a cozinhar uma vez, mas não deu nada certo. Suas habilidades culinárias eram um desastre. Após uns bons anos sem tentar nada, a fase cozinheira dela voltou com tudo. Desde que começou a maratonar realities de culinária, Kelly voltou a despertar seu espírito gastronômico.  Naquele dia, levantou mais cedo do que de costume para preparar o café da manhã dela e dos pais.

—Ei, que cheiro é esse - percebeu Kelly - Ai, não! Tá queimando!

Os pais apenas suspiram.

Após alguns instantes, o café estava na mesa. Algumas frutas, torradas e o que resultou da tentativa de Kelly de fazer panquecas.

—Pode ser que tenha ficado gostoso, né? - disse ela - Vai que o mel ajuda a aliviar o sabor do queimado.

Com as mãos trêmulas de nervoso, Dr. Renato tentou provar um pouco para não chatear a filha. Infelizmente, ele só conseguiu dar uma mordida.

—Edna, amor. Estamos atrasados, né? Vamos pegar umas torradinhas e comer no caminho.

—É verdade - concordou Edna - Desculpa, filha. A gente precisa ir. Err...quem sabe da próxima, né?

Quando os pais saíram, Kelly resolveu provar seu próprio prato.

—Será que ficou tão ruim assim? - perguntou ela, colocando um pedacinho da panqueca. Não demorou muito para perceber o quanto estava horrível.

Mais tarde, já na sala de aula, Kelly desabafou com Anne.

—Amiga, preciso da sua ajuda - falou Kelly.

—O que foi? - perguntou Anne, preocupada - Você tá com uma cara. Nunca te vi aflita.

—Você sabe cozinhar? - perguntou ela.

—Eu? Bem, sei o básico. Quem manja de cozinha mesmo é o meu pai - falou ela - Não é à toa que ele tem um restaurante.

—Por favor, pode me ajudar a aprender a cozinhar? - pediu Kelly, encarecidamente.

—Nossa, você tá mesmo interessada nisso, heim? - falou Anne - Você consegue aparecer lá no restaurante depois das quatro da tarde? Nessa hora, o horário de almoço já passou e meu pai costuma ficar pensando no que vai preparar no dia seguinte. Ele pode te ensinar alguma coisa. 

—Mesmo? Nossa, se eu puder ter aula com um chef de primeira como o seu pai seria perfeito!

—Duvido que sua comida seja tão ruim assim. Nada pode ser pior do que a comida do pai do Luciano - disse Anne, rindo.

Márcia, a aluna nova, ouviu isso e não resistiu em perguntar a Luciano sobre o assunto.

—Ei, Luciano - disse ela - O seu pai ainda tem uma lanchonete?

—Sim. É nosso ganha pão.

—Então ele deve cozinhar bem, né? - perguntou ela.

Luciano caiu na risada.

—Desculpa - falou ele, limpando as lágrimas de tanto rir - Meu pai é péssimo nisso. Ele só faz sanduíches e todos eles são horríveis. Sobrevivemos revendendo industrializados mesmo.

“Então ela estava certa mesmo”, pensou Márcia. 

No mesmo dia, Kelly apareceu no restaurante como o combinado. Foi imediatamente recebida por Gustavo.

—Kelly, amor! - ele correu para abraçá-la, mas resistiu ao impulso de beijar a namorada - Não, não posso. Só terei o direito de te beijar quando encontrar o pássaro que seu pai me pediu.

—Você ainda tá com essa ideia na cabeça? - perguntou Kelly.

—Mas o que você veio fazer aqui? - perguntou Gustavo - Passou só para me ver mesmo?

—Ah, não só isso - disse ela - Combinei de me encontrar com a Anne. Ah, lá está ela.

—Oi, Kelly - disse Anne - Gustavo, desculpa, vou roubar a Kelly de você um pouco. Ela vai ter aulas agora.

—Aulas? - estranhou o garoto.

—É - disse Kelly, com um sorriso animado - Aulas de culinária. Quero aprender a cozinhar. Você vai ser um dos primeiros a experimentar, ouviu?

“Um prato, feito pela própria Kelly”, pensou Gustavo. “Se eu puder experimentar, vou ser o homem mais feliz do mundo!”

Pobre alma. Mas Kelly estava mesmo empolgada para iniciar sua jornada no mundo da gastronomia. Com um cozinheiro de primeira como Antenor, o pai de Anne, como professor, agora só dependia dela aprender.

—Aqui está sua aluna, pai - disse Anne.

—Kelly! Então você quer mesmo aprender a cozinhar? - perguntou Antenor.

—Sim. Estou cada vez mais apaixonada por isso.

—Que bom! Fico feliz em ver jovens se interessando por gastronomia - falou ele, todo contente.

—É verdade - concordou Carla, a mãe de Anne, que passava por ali - Ainda bem que você não é preguiçosa para cozinhar que nem a Anne.

—Mãe! Não sou preguiçosa! - reclamou Anne -É que se temos um profissional da cozinha na família, acho melhor deixar a comida por conta dele, né?

—Sempre dando desculpas… - lamentou Carla.

—Bem, chega de papo - disse Antenor - Kelly, vamos começar seu treinamento. Que tal com algo simples, como saladas?

—Perfeito! Pode deixar que eu corto os tomates - disse ela.

E ela fez isso, pena que sua habilidade de corte não era das melhoras.

—Você pode cortar o tomate em fatias menores, Kelly - disse Antenor, com toda a paciência do mundo - Ninguém come duas metades em uma salada, né?

—É mesmo, né? - disse Kelly, com um olhar sem graça.

“Caraca, ela é terrível mesmo. O pai vai ter trabalho”, pensou Anne. 

Enquanto isso…

“Ah, imagina os pratos deliciosos que a Kelly deve preparar. Mal posso esperar para provar”, pensava Gustavo, viajando nos próprios pensamentos enquanto varria o restaurante.

É, vamos ver se Kelly aprende alguma coisa.


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Notas finais do capítulo

A Kelly é uma personagem que não tinha muito destaque, né? Mas, assim como todos os outros, ela também tem seus defeitos.

Vamos ver como isso vai acabar. Até o próximo capítulo! :)



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