Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 95
Você não mudou nada


Notas iniciais do capítulo

Capítulo no meio da semana? Pois é, ganhei um tempinho.

Boa leitura ! :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/775280/chapter/95

 

Enquanto Ema e Anne conversavam, Kelly apresentava o resto da escola para Márcia. Como não era uma escola muito grande, não demorou para elas terminarem de ver tudo.

—É uma escola bem bonitinha - comentou Márcia - E bem vazia. Nem se compara com a escola da minha cidade.

—Bem, Vila Baunilha não tem nem mil habitantes, né? - lembrou Kelly - E olha que parte dos alunos mora na cidade vizinha.

—Verdade. Aqui não é tão interior quanto parece - disse Márcia, sacando seu smartphone - O sinal do celular até pega bem. Vamos tirar uma selfie juntas?

Depois da foto, Márcia continuou

—Ai, nem sei se posso usar celular aqui dentro - falou ela - Tô tão acostumada que tirei sem nem pensar.

—Ah, relaxa. Aqui ninguém liga para essas coisas, não - tranquilizou Kelly.

—Já deu um pouco de fome - disse Márcia - Onde fica a cantina?

—Cantina? - Kelly não conseguiu disfarçar a risada - Ai, desculpa. É que aqui não tem cantina, não. O pessoal costuma trazer lanche de casa. Aliás...quer uma bolachinha?

Kelly havia tirado seu lanche, um pacotinho de bolachas salgadas que dava, no máximo, para uma pessoa.

—Ah, imagina. É tão pouquinho que não quero te deixar com fome. Eu aguento até o almoço - falou Márcia.

—Você que sabe - disse Kelly, já mordiscando uma das bolachas - Mas você sabe, né? Dizem que é importante comer de três em três horas.

—Ah, é, seu pai é médico, né? - lembrou Márcia - Ele tá bem?

—Tá sim - disse Kelly - Apesar de implicar um pouco com o meu namorado, mas…

—Espera. Você namora?

—Sim. É o Gustavo. Ele trabalha no restaurante da família da Anne como garçom e ajudante.

—Ah, acho que vi um rapaz trabalhando de garçom - comentou Márcia - Caraca, ele parece ser bem forte.

—E bonito, né? - disse Kelly - Ele é incrível! Pena que meu pai vive atormentando o coitado…

—Ele é contra o seu namoro?

—Não. Ele é só palhaço mesmo - falou Kelly - Não tem nada contra o Gustavo, mas não quer facilitar meu namoro tão cedo. Acredita que ele mandou o coitado do Gustavo achar um pássaro que nem sequer existe pra poder mostrar que me ama?

—E...ele aceita isso numa boa? - perguntou Márcia.

—O Gustavo é quase um anjo de tão inocente - falou Kelly - Só tem tamanho.

“Que pai é esse?”, pensou Márcia. “Bom, cada família tem suas doideiras, né?”

—E você? Namorava na sua cidade? - perguntou Kelly.

—Ah, não - respondeu Márcia - Já fiquei com uns dois meninos, mas nada sério. 

—Mesmo? Olha, então você é mais atirada que a Anne…

—Quê?! -  admirou-se Márcia, não dando para esconder o vermelho da sua cara.

—É, a Anne veio de uma cidade bem maior, mas nunca ligou muito para os meninos. Ela só quer saber de trabalhar e estudar.

—Errada não tá - disse Márcia - Mas ela é tão bonita. Pelo que eu vi, os meninos da sala se matam por ela.

—É, isso é verdade - concordou Kelly - O Ian e o Luís não largam do pé dela, mas, cá pra nós, acho que ela combina mais com o Luciano.

—Sério?! - falou Márcia, com uma expressão preocupada.

—A Ema tem um sexto sentido para essas coisas e está tentando juntar os dois - explicou Kelly - A Anne nega, mas, no fundo, acho que ela também tem um crush nele. Só não conta pra ela que eu disse isso, tá?

—Ah, pode deixar - falou Márcia - E o Luciano? Também é a fim dela?

—Para ser sincera, acho que sim - disse Kelly - Mas só acho. Não tenho certeza.

—Acha? Então, pode ser que ele não esteja gostando dela…

—Por quê? Tá interessada?

—Não, não é isso. Só quero saber das novidades mesmo - falou Márcia.

—Então vê mesmo se é isso que você quer - falou Kelly - Concorrer com a Anne não vai ser fácil, não. 

“Verdade. A menina é uma deusa”, reconheceu Márcia, em pensamento.

—Bem - disse Kelly, terminando de comer suas bolachas - Ainda preciso passar no banheiro antes do sinal tocar. A gente se vê na sala.

—Beleza. Vou dar mais uma voltinha por aí - falou Márcia.

Depois que Kelly saiu, Márcia ficou andando pelo pátio até dar de cara com Luciano que, como de costume, estava tentando tirar alguma coisa do seu violão. Apesar do som sofrível, Márcia se aproximou.

—Então você toca violão, Luciano? - perguntou a garota.

—Ah, oi - disse ele - É, ando treinando. Quero seguir uma carreira de cantor, sabe?

—Mesmo? É um sonho e tanto - falou Márcia - Ainda não sei direito o que quero da vida.

Luciano seguiu tocando mais algumas notas.

—Aliás, Luciano - comentou Márcia - Por que você nunca me escreveu?

O rapaz olhou para ela com estranhamento.

—Por que nunca me mandou um e-mail - continuou ela - Eu te dei meu e-mail, lembra?

—Nossa. Isso faz muito tempo - falou Luciano - É que…

—Você esqueceu de mim? - perguntou Márcia.

—Na verdade, eu perdi o e-mail no mesmo dia que você me entregou - falou Luciano - Mas, por favor, não fica ofendida. Não foi culpa minha. Era um papelzinho muito pequeno e você sabe que eu sempre fui desorganizado e…

Mas Márcia não se ofendeu.

—Tá, tá bom. Não fico ofendida. Afinal, agora a gente pode conversar todo dia - disse ela.

—É, é verdade. 

—Lembra? A gente se divertia pra caramba. Nem terminamos aquele campeonato de cuspe à distância.

—Nossa, é verdade - falou Luciano - Mas eu era bom nisso, heim?

—Será? - falou Márcia. Aproveitando que estavam perto de uma área com terra e grama, Márcia cuspiu o mais longe que conseguiu - Eu treinei, viu?

—Ah, mas eu ainda consigo! - disse Luciano, também cuspindo na mesma direção. Os dois correram para ver quem atingiu a distância maior.

—Tá vendo? Ganhei! - falou Luciano.

—Só por uns dois centímetros. E eu nem tava levando a sério! - retrucou Márcia.

Os dois riram.

—Caraca, é bom saber que você continua aquela menina sem frescura de quando a gente era criança - falou Luciano.

—Frescura não é comigo mesmo - disse ela.

—Por isso você é bem mais legal que a Anne - falou Luciano, rindo.

—Por quê? A Anne tem muita frescura?

—Sim. Além de ser um chata.

—Mas é bonita.

—Bom, é, mas...do que adianta ser bonita, mas insuportável?

Márcia riu.

—Pra mim ela parece bem legal - disse Márcia.

—Às vezes, acho que ela só é chata comigo. Não sei o que eu fiz. E olha que nós moramos um na frente do outro.

—Sério? Vocês são vizinhos?

—Pois é. Se bem que não conversamos muito fora da escola.

Nisso, o sinal tocou.

—Ah, acabou a moleza. Hora de voltar pra sala. Ai, ai, escola é um saco. E ainda tem mais dois anos até acabar - reclamou Luciano.

“É, não dá pra saber o que ele sente, mas...vamos observar mais um pouco”, pensou Márcia.

Sim, vamos observar...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, já começamos um novo arco.

Até! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vila Baunilha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.