Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 90
Abrem-se as cortinas


Notas iniciais do capítulo

Finalmente chegou o dia da peça. Boa leitura!



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—Um minuto! Um minuto! - dizia um funcionário correndo de um lado para o outro - Tá todo mundo pronto?

—Sim - Ema confirmou para ele. O rapaz correspondeu com um sinal de joinha e foi conferir o que outro dos funcionários estavam fazendo. Era uma verdadeira equipe cuidando de tudo.

—Meio exagerado contratar uma equipe profissional para cuidar de uma peça de escola, não acha, não? - perguntou Anne para Kelly.

—É a Ema, né? - respondeu Kelly - Se não for para ser de alto nível, ela nem faz.

—Ai, ai, quero só ver o que vai sair disso...nenhum de nós é ator profissional - lembrou Anne.

—Vamos só nos divertir - disse Kelly sem tirar seu sorriso do rosto.

Enquanto isso, a plateia aguardava. Os pais de Anne estavam na primeira fileira, juntamente  com Gustavo.

—Quero ver como a Kelly ficou no figurino - disse Gustavo - É a primeira vez que vou assistir uma peça com ela.

—Deve ter ficado incrível - respondeu Carla - E a Anne vai ser a principal. Quem diria?

—É, ela nunca foi muito de teatro. Acho incrível que ela tenha aceitado - disse Antenor.

—Bom, é Bela Adormecida. Ela vai passar a maior parte da peça dormindo. Aposto que aceitou só por isso - ralhou Carla.

—Será? - Antenor ponderava. Nisso, Abílio, pai de Luciano, chegou na escola e avistou os vizinhos na primeira fileira. Sem demora, ele pegou a cadeira vazia próxima de Antenor e puxou assunto.

—Oh, olá, vizinhos. Vocês também vieram prestigiar a peça? - disse ele.

—Bom dia - cumprimentou Antenor, sorridente - Pois é. Nossa filha vai ser a protagonista.

—Que maravilha. Meu filho pegou o papel do príncipe - disse Abílio - Sabia que aquele moleque tinha talento.

—Achei que ele era mais interessado em música - comentou Antenor.

—Sabe como é, né? Hoje em dia tem cantores que também são atores. Nesse mundo artístico tem que ser polivalente. Então...meu filho e a sua filha farao par na peça.

—Pois é - concordou Antenor - Princesa e príncipe.

—Não acha que eles combinam na vida real também? - perguntou Abílio.

Antenor sentiu um arrepio na espinha.

—N-Não sei dizer - falou o pai de Anne - A Anne não anda muito preocupada com essas coisas de relacionamento.

—Bem, meu filho também não pensa muito nisso, mas se fosse para aprovar alguém, certamente sua filha estaria aprovada. É uma ótima garota - disse Abílio.

—O-obrigado… - gaguejou Antenor - Mas, mudando de assunto, essa feira tem um monte de coisas incríveis, não acha? Essa garota é mesmo talentosa!

—Ah, sim, claro - falou Abílio.

Não muito longe dali, Samanta, Cíntia e Briana encontraram um lugar para assistirem a peça também.

—Mal vejo a hora de ver a minha irmã - comentou Briana - Ela deve ter ficado muito linda de princesa!

—Com certeza - concordou Cíntia.

—Quer parar de dar moral pra ela? - reclamou Samanta em voz baixa, sentada do lado de Cíntia.

—Mas a irmã dela é linda mesmo, amiga - respondeu Cíntia, no mesmo tom - Você não viu ela de biquíni aquele dia no lago?

—É, eu sei, não precisa me lembrar - falou Samanta. No mesmo momento, os pais dela chegaram.

—Filhota. Que bom que te achamos! - disse Vera, a esposa do prefeito Venâncio, acompanhada do mesmo e também de sua cachorrinha poodle Fifi.

—Ah, vocês vieram - disse Samanta, sorrindo - E...trouxeram a Fifi?

—Claro. Ela também quer prestigiar o trabalho lindo dos nossos filhotes, né? - disse Vera, abraçando a cachorrinha com ainda mais força.

—Não poderíamos perder isso - disse o prefeito - Certamente, será um grande evento. É a primeira peça que seu irmão participa.

—Só ele? E eu? - perguntou Samanta.

—Oh, claro. Não poderíamos desmerecer sua fantasia de vendedora de azeite - disse o prefeito.

—Eu sou uma portuguesa, pai - reclamou Samanta.

—Claro que é, filha. Claro que é - falou Venâncio, fazendo um cafuné na cabeça da filha. Nesse momento, sua atenção se voltou para as garotas que a acompanhavam.

Ah, vejo que está com suas duas belas amigas, Cíntia e Briana. Como vão? - cumprimentou o prefeito.

—Oi - disseram as duas em uníssono.

“Desse jeito nunca vou ser levado a sério como vilã!”, pensou Samanta.

Não deu muito tempo para eles continuarem conversando (para alívio de Antenor). As cortinas finalmente iriam se abrir e a peça iria começar. Uma narração gravada começou a tocar.

—Era uma vez, em um reino muito distante, um rei e uma rainha que estavam muito felizes, pois acabaram de ganhar uma linda filha, chamada Aurora - a narração tinha a voz de Ema. Sim, ela teve esse trabalho além de tudo. É muito empenho para satisfazer o próprio ship!

Carioca e Kelly apareceram. Kelly estava com roupas reais e uma coroa, segurando uma boneca enrolada em lindos tecidos. Carioca também estava vestido de rei, mas acabou não tirando o boné para colocar a coroa.

—Um rei de boné? - Anne falou baixinho com Ema atrás da cortina.

—É, eu tentei falar com ele, mas não teve jeito. O garoto insistiu em ficar de boné - respondeu Ema.

—Finalmente, meu querido - disse Kelly (interpretando a rainha) - Hoje é o grande dia em que nossa filha Aurora vai receber presentes das fadas.

—Pois é, maneiro aí! - disse Carioca, recebendo um olhar de reprovação imediato de Kelly (mas algumas risadas do público foram inevitáveis) - Quer dizer, sim, é verdade, hoje as fadas mais talentosas do reino virão aqui para presentear nossa filha!

—Sim, aliás, elas já devem estar chegando - disse Kelly. Nisso, uma música começa a tocar anunciando a chegadas das fadas.

—Oh, quem vem aí? - pergunta Kelly.

—Sou eu - disse uma voz, revelando logo em seguida, Ian, entrando saltitando como em um passo de balé - A fada da graciosidade!

O público riu.

—Não imaginava que meu filho tivesse um papel tão...diferenciado - comentou o prefeito, após um pigarro tentando disfarçar diante dos olhares das pessoas próximas - Acho que preciso rever o cenário das artes hoje em dia.

—Parece um flamingo bailarino - comentou Samanta.

—Filho! Lindo! - gritou Vera lá de longe. Isso seria constrangedor para qualquer outra pessoa, mas Ian estava amando a atenção.

—Sim, sou eu, a fada da graciosidade, aquela que veio conceder graça e elegância a mais nova princesa do reino - disse ele, não parando de saltitar de um lado para o outro.

“Estou com vergonha por ele”, pensou Anne, olhando toda a cena.

—Ainda bem que ele se acostumou com o papel - comentou Ema com ela - Agora, deixa eu ficar a postos. Logo, logo é a minha vez de entrar.

—Oh, és muito gentil, fada da graciosidade - disse Kelly, sorrindo - Veio sozinha?

—Oh, claro que não - disse Ian - Estou acompanhada de minha linda irmã, a fada da inteligência.

Nisso, Luís entra em cena, vestido de fada. Mas, ao contrário de Ian, ele não estava muito à vontade com seu papel. As risadas foram imediatas.

—Estou aqui! Estou aqui! - falou ele - E vocês parem de rir! 

—Não é hora de quebrar a quarta parede - falou Ian, puxando Luís para próximo do rei e da rainha - Vamos, minha irmã. Conceda seu presente à bela princesa. Eu já concedi o dom da graça. Que presente tu tens para ela?

—Bem, como fada da inteligência é claro que concederei toda a inteligência que…

—Esperem! - nisso, as luzes se apagam, um pouco de gelo seco é jogado no cenário e uma música mais tenebrosa começa a tocar.

—O que é isso? - perguntou a rainha (Kelly).

—Oh, o que está havendo? - falou Ian, saltitando para trás de Luís fingindo susto.

“Ele entrou mesmo no personagem, heim?”, pensou Luís.

—Como ousam! - gritou uma voz - Como ousam comemorar o nascimento da princesa e não me convidarem?

—Quem está aí? - gritou o rei, quase deixando cair sua coroa.

A música de terror se intensifica.

—Sou eu. A rainha do mal, Malévola - disse Ema, gargalhando e vestida com roupas trevosas. Todos acharam impressionante.

—O que você quer aqui? - perguntou a rainha - Se não te convidamos é porque não queríamos a sua presença!

—Como podem ser tão cruéis? - falou Ema.

—Se você é a rainha do mal, como pode reclamar que estamos sendo cruéis, aí - disse o rei (mais como Carioca do que como rei, mas, enfim…).

—Só eu posso ser má! - disse Ema (como Malévola) - Mas, tudo bem, não vou me vingar de vocês só por isso…

—Ah, então tá beleza - disse o rei.

—Como sou má, vou fazer a criança pagar por essa ofensa! - exclamou Ema, em uma atuação de vilã fantástica - Jogo aqui minha maldição. No dia em que essa garota completar 15 anos de idade, ela espetará o dedo em uma roca de fiar e morrerá!

Dito isso, Ema saiu de cena gargalhando maldosamente. Todos ficaram impressionados com a cena. Samanta não resistiu e aplaudiu.

—Fantástico! Incrível! Ela foi uma verdadeira vilã! - disse Samanta.

—Nossa, você realmente ficou empolgada, heim, amiga? - reparou Cíntia.

—Ora, eu entendo de vilania, fazer o quê? - respondeu Samanta, jogando o cabelo para o lado.

“Ela ainda atua bem”, pensou Anne sobre Ema. “Tem alguma coisa em que essa menina não é boa?”

—Oh, que tragédia! - lamentou Kelly, não deixando por menos em matéria de atuação - Nossa filha acabou de nascer e já foi amaldiçoada por uma bruxa. O que vamos fazer? O que vamos fazer?

—Vocês não podem fazer nada? - perguntou o rei.

—Eu adoraria - disse Ian, dando o máximo de si em sua voz de fada - Reverter a maldição da Malévola está além dos meus poderes. 

—Oh, que infortúnio! - falou Kelly.

—Err… - Luís levantou o dedo para falar - Eu ainda não dei a bênção para a menina.

—É verdade! - falou Ian - Você é muito mais forte do que eu, maninha. Pode reverter a maldição, não pode?

—Infelizmente, não sou tão forte assim - explicou Luís - O que posso fazer é amenizar a maldição.

—Como? - perguntou o rei.

—A garota não vai morrer aos 15 anos - explicou Luís - Mas, se espetar o dedo na agulha de uma roca de fiar, vai apenas adormecer.

—O quê?! Adormecer? - perguntou a rainha - Por quanto tempo?

—Para sempre - disse Luís, sem a mínima sutileza.

—Para sempre? - repetiu a rainha espantada.

—Bom, melhor do que estar morta, não? - falou Luís.

—Luís, isso não tá no roteiro - falou Ema, observando tudo de trás da cortina.

—E é só isso que tem a dizer, irmã? - perguntou Ian.

—Tá bom, tá bom - disse Luís - Ela dormirá enquanto não for despertada pelo beijo de um príncipe.

—Ah, beleza. Digo, parece bom - disse o rei - É só arranjar um príncipe quando isso acontecer e pronto.

—Não, não é tão simples - falou Luís, sem nenhuma boa vontade - Deve ser o príncipe correto. A alma gêmea dela. Apenas ele poderá despertá-la.

—Oh, e quanto tempo pode demorar para um príncipe assim aparecer? - perguntou a rainha.

—Pode levar dias, meses, anos...talvez séculos - disse Luís.

—Oh, o que vamos fazer? Poderemos morrer e não ver nossa filhinha acordar! - exclamou Kelly.

—Ah, nisso eu posso ajudar - disse Ian - Posso lançar um feitiço que fará o reino todo dormir quando a princesa dormir. Todos só despertarão no dia em que a princesa despertar. Parece justo, não?

—É, acho que é um bom jeito - concordou o rei - É o que nos resta fazer.

—E, assim, foi decidido - prosseguiu a narração - Quinze anos se passaram e, finalmente, aquele bebê se tornou em uma linda moça.

Eis que Anne finalmente entra em cena. Todos ficaram impressionados com a beleza da garota. Alguns não apenas ficaram impressionados, como pensaram alguns passos à frente.

“Espera”, pensou Samara. “Se a Anne é a princesa, então será que o...Luciano é o príncipe?!”

A garota começou a ficar tensa. Apesar dos pesares, a peça estava indo tranquilamente. Mas, será que vai continuar assim?


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Notas finais do capítulo

É, vamos ver o que vai sair dessa apresentação. Aguarde o próximo capítulo.

Até! :)



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