Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 89
Feira Cultural


Notas iniciais do capítulo

Estamos de volta! Bom domingo e boa leitura! :)



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Anne e seus familiares chegaram até à escola naquela manhã de sábado para a tão esperada feira cultural. Como boa parte da cidade estaria lá, os pais de Anne resolveram abrir o restaurante mais tarde, afinal, não apenas Anne iria se apresentar na peça, mas Briana também estava participando. Aliás, a caçula da família estava usando uma boina francesa e tentava relembrar o que precisava dizer na sua parte da exposição.

— “Bon...jur….Bon jour” - Briana repetia baixinho - Ah, acho que peguei o jeito.

—Sua sala vai fazer uma exposição sobre países, né? - comentou Anne.

—É. Mas acho que consigo assistir sua peça. Vai ser só mais para o fim da manhã, né? - perguntou Briana.

—É - confirmou Anne.

Nisso, Briana viu um de seus colegas de sala andando pelas proximidades e foi correndo até ele.

—Beni! - disse Briana, sorrindo - Nossa, que chapéu enorme!

Beni estava usando um grande chapéu mexicano. Ficou responsável por apresentar alguma coisa ligada ao México. Também usava um grosso bigode postiço.

—Bem, combinamos de vir a caráter, não é? - falou ele - Se bem que acho tudo isso uma grande perda de tempo.

—Por que você acha isso? - perguntou Briana.

—Tempo é preciso. O mundo pode acabar quando menos esperarmos, garota! Você não percebe?

—É?

—Eu já falei várias vezes. Há uma grande ameaça pairando a humanidade. Eu sei disso. Só não sei quando vai acontecer.

—Briana, filha! - gritou Carla, a mãe - Vamos dar uma volta por aí, tudo bem?

—Tá - disse Briana, sorrindo. Anne também se despediu com um aceno e foi procurar o pessoal da sua turma para se arrumar.

—Mas mudando de assunto, Beni - disse Briana - Você lembra de tudo que vai apresentar?

—Se é para fazer alguma coisa, faça bem feita! - disse Beni - Vou apresentar uma das coisas mais incríveis da cultura mexicana: feijões!

—Feijões? - estranhou Briana.

—Feijões mexicanos - explicou Beni - Na verdade, feijões saltitantes. Vem, eu vou te mostrar.

Beni se dirigiu até o estande da sua sala e soltou os feijões em cima do balcão. Eles começaram a saltar mesmo.

—Que demais! - disse Briana.

—Não é? Com certeza vamos ser o maior sucesso dessa feira - disse Beni, orgulhoso.

—Onde você conseguiu esses feijões? - perguntou Briana.

—Ah, meu pai comprou na Internet. Não são de verdade - falou Beni - São imitações que também saltam. O importante é que lembram os originais.

—Entendi - Briana continuava vendo os feijões pulando ali. Enquanto isso, a dupla era observada por outra dupla.

—Ah, a Briana já chegou - comentou Samanta, puxando sua amiga inseparável Cíntia para trás de uma coluna.

—Ai, cuidado, amiga - disse Cíntia - Vai bagunçar meu quimono.

Cíntia estava vestida com um quimono tradicional japonês. Samanta, por sua vez, usava roupas típicas de portuguesa.

—Você também. Por que foi escolher um país que nem é a sua cara. Japonesa de araque você, heim?

—Minha mãe tem uma amiga japonesa que emprestou - explicou Cíntia - Foi o que deu para arranjar, amiga. Aliás, você ficaria bem melhor de japonesa com esse cabelo lindo.

Cíntia não resistiu em passar a mão no cabelo de Samanta, coisa que ela, particularmente, amava.

—Ai, que gostoso. Amo quando acariciam meu cabelo e… - mas esse ar de relaxamento durou pouco - Epa. Espera. Não é hora para isso! Solta meu cabelo e vamos logo mostrar quem é que manda nessa sala.

—Como assim? - perguntou Cíntia.

—Vamos dar um jeito de avacalhar com a Briana, é óbvio. É isso que vilãs fazem, afinal - disse Samanta.

—Não estamos muito com cara de vilãs hoje, né, miga? - reparou Cíntia - Olha para mim, sou uma gueixa. E você...tá linda, mas está mais para aquelas portuguesas de rótulo de azeite, com toda a sinceridade.

—Vamos pelo menos dar um jeito de esnobá-la, ora, pois - disse Samanta, fazendo um sotaque português - É isso que uma garota malvada faria nessa situação, não é?

—Não sei. É?

—Vem logo!

Samanta puxou Cíntia e logo as duas estavam ali, perto de Briana.

—Oi, Samanta - cumprimentou Briana - Oi, Cíntia. Estão lindas!

Samanta ficou lisonjeada com o elogio, mas precisava manter a pose de má.

—Eu? Claro que estou! - disse ela, rindo - E você? Do que está fantasiada? Não era para vir vestida a caráter, como uma nativa de algum país?

—Sim. Vim de francesa - falou Briana, sorrindo - Acho que essa boina ficou bem, né?

“Tão linda”, pensou Samanta, se segurando para não apertar Briana, mas ela conseguiu se conter.

—Francesa, é? - disse a nossa “vilã”, forçando uma risadinha - Não imaginava. Acho que você poderia ter se esforçado mais.

—Ah - falou Briana, um pouco mais chateada - É verdade, mas eu não tinha muita coisa com o que me fantasiar em casa. Foi o que deu para arranjar.

“Foooofaaaa”, pensou Samanta, quase se derretendo.

—E eu vim de mexicano! - falou Beni, ignorado pelas meninas até agora.

—Ah, você tá aí? - disse Samanta, realmente só reparando que Beni estava ali naquele momento.

"Sério? Ela não viu um chapéu desses?", pensou Beni, irritado.

—E o que seria isso aí? - perguntou Cíntia, olhando para os feijões pulando.

—São feijões saltitantes mexicanos - falou Beni.

—Ah, feijões - disse Samanta, chegando mais perto - Feijões que pulam? Eles pulam mesmo?

—Claro - falou Beni - Pulam bem alto, aliás.

Beni pegou um deles e jogou no balcão com um pouco mais de força. O problema é que ele jogou de um jeito que acabou entrando na boca de Samanta, sem querer, justo quando ela ia falar alguma coisa.

—Ai, caramba - disse Samanta.

—O que foi, amiga? - perguntou Cíntia.

—Engoli o feijão - disse ela - Ele vai ficar pulando na minha barriga?

—Ah, acho que não - disse Beni.

—Pelo menos é feijão, né? - disse Cíntia.

—Na verdade, são feijões de mentira - explicou Beni - São como bolinhas de borracha.

—E eu acabei engolindo isso? - Samanta estava indignada - Você é um desastrado mesmo!

—Se serve de consolo - falou Beni - O feijão saltitante original, na verdade, não é nem feijão, é casulo de uma larva de mariposa.

—AI, que nojo. Não dá pra ficar perto de vocês. Tchau! - falou Samanta.

—Ei, Samanta - disse Briana - Seu irmão também vai participar da peça, né?

—É, é verdade - confirmou Samanta - Ele comentou algo assim.

—Então, vamos assistir juntas daqui a pouco - disse Briana, sorrindo.

“Fofa demais!”, pensou Samanta, mas tudo que disse foi:

—Err...é, vamos ver - disse ela - Tchau!

Enquanto isso, o resto da escola apresentava diferentes coisas na feira. Uma delas era uma exposição de miniaturas de ônibus que um dos colegas da sala de Samara tinha. Tudo que Samara precisava fazer era entregar o folheto do estande com mais informações.

—A-A-A-A… - Samara tentava dizer alguma coisa para um visitante que acabava de chegar.

—Obrigado - disse o visitante aleatório, antes que Samara terminasse de dizer “aqui está”.

“Por que eu tive que ficar aqui entregando essas porcarias de folheto?”, pensou ela. “Eu tremo só de olhar para as pessoas. Bem, pelo menos, só preciso ficar no primeiro turno”

—Ei - disse um outro colega de sala de Samara - Podemos trocar, tá?

—O-o-o-o…

—De nada - falou o garoto, pegando a pilha de folhetos de Samara.

“Bom, já fiz minha parte e já garanti minha nota de participação”, pensou Samara. “Acho que já vou embora”

—Ei - disse uma menina visitante - O primeiro ano vai fazer uma peça de teatro lá na cobertura do pátio.

—Deve ter ficado hilário - disse uma outra.

“P-primeiro ano?”, pensou Samara. “É a sala do Luciano! Acho que...posso ficar aqui mais um tempinho”.

E, de fato, logo, logo os preparativos da peça já estavam terminados. Ema tinha contratado uma equipe da cidade vizinha para produzir os efeitos e outros pormenores. A sala só precisava apresentar mesmo.

—A coisa vai sair profissa mesmo, heim? - comentou Carioca.

—Comigo é assim, meu bem - disse Ema - Se é para fazer, faça bem-feito. Todos prontos?

—Sim - disseram todos em uníssono, embora Anne e Luciano não estivessem muito animados.

“Ela...ficou bem de princesa, heim?”, reparou Luciano, mas desviou o olhar assim que ela se voltou para ele.

“Quem diria?”, pensou Anne, olhando para Luciano. “Até que ele não fica nada mal de príncipe”

Em instantes, a peça estava pronta para começar. Como será essa apresentação?


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Notas finais do capítulo

Quanto suspense, né? Mas a peça começa no próximo capítulo, sem falta.

Até lá! :)



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