Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 87
Papéis definidos


Notas iniciais do capítulo

Mais um domingo, mais um capítulo. Boa leitura! :)



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—E-espera aí. É sério isso? - falou Anne, com toda a indignação que conseguia - O Luciano vai ser o príncipe? O Luciano?

Apenas lembrando a situação: Ema sugeriu fazer uma peça da Bela Adormecida para o festival cultural da escola municipal de Vila Baunilha. No sorteio dos papéis, Anne caiu como a Bela Adormecida e Luciano com o príncipe.

—Sim. É isso mesmo - falou Ema, mostrando o papelzinho do sorteio para Anne - Está aqui na minha mão o papel. Pode conferir.

—Luciano..seu maldito! - falou Luís, pegando Luciano pela camiseta, desejando estrangular o coitado - Vai fazer par com a minha Anne!

—Desde quando ela é sua? - reclamou Luciano - E eu lá tenho culpa?! Foi sorteado, não foi?

—Mas você pode renunciar ao papel, Luciano - disse Ian, tão enciumado quanto Luís, mas bem mais contido em suas reações - Está óbvio que você não tem a classe e elegância necessária para ser um príncipe. Deixe esse papel para mim.

—Olha, eu não faço questão de ser príncipe. Se quiser trocar, por mim…

—Mesmo? - disse Ema, interrompendo Luciano antes que ele terminasse sua fala - Você quer ser um cantor famoso, não quer?

—E o que isso tem a ver? - perguntou ele.

—O papel principal em uma peça pode ser um trampolim para uma carreira de sucesso. Se você for reconhecido como ator, pode também ser reconhecido como cantor - explicou Ema.

—Não vejo muita ligação - resmungou Anne - Aliás, você tá muito felizinha para o meu gosto, sabia?

—Eu? Mas eu não fiz nada! Você mesma viu que foi um sorteio! Sorteio! Foi simplesmente o destino que quis isso - Ema se justificou.

—Por que não tô levando fé? - perguntou Anne.

“Bem, na verdade, eu dobrei o papelzinho da Anne e do Luciano um pouco maior que o dos outros”, pensou Ema. “O beijo na peça pode ser o pontapé inicial para esses dois finalmente se tocarem que foram feitos um para o outro!”

O que nossa casamenteira de plantão não sabia é que Luciano e Anne já tinha tocado seus lábios há um tempinho. Só que isso tornava as coisas realmente piores para eles.

—Mas, Anne - prosseguiu Ema - Por que você está tão incomodada? Você sabe que é só uma peça, não sabe? No palco, estamos todos interpretando. Não é como se vocês fossem se tornar um casal de verdade. A menos…

—A menos o quê? - Anne já estava começando a corar.

—A menos que você e o Luciano sintam mesmo alguma coisa um pelo outro e não consigam separar as coisas - falou Ema - Será que é isso? Heim? É isso?

—Luciano! Isso é verdade?! - Luís estava realmente quase esganando Luciano ao dizer isso tomado pela ira.

—Claro que não! Dá pra me soltar! - disse Luciano.

—Eu? Sentindo alguma coisa por ele? Fala sério! - retrucou Anne.

—Então uma peça de teatro não vai fazer nenhuma diferença, vai? - Ema insistia.

—Tem razão. Tá bom. Eu aceito o papel, afinal, sei ser profissional. Não sei o Luciano - respondeu Anne.

—Deixa de onda - reclamou Luciano - Eu também não tenho sinto nada por você, garota. Quer saber, eu também aceito.

—Luciano, seu… - Luís ainda estava furioso, mas Ema prosseguiu no sorteio.

—Tá legal - disse ela - O próximo, então, é para a rainha, a mãe da Bela Adormecida e esse papel vai para...a Kelly.

—Por mim tudo bem - disse ela - Parece tranquilo.

—E agora… - Ema foi para o saquinho com o nome dos meninos - O papel para o pai da Bela Adormecida. Esse vai para o...Carioca!

—Parece fácil. Por mim tá beleza - disse ele.

—Só restaram nós três - disse Ema para Luís e Ian - Mas os três papéis que sobraram são das duas fadas e a bruxa. É, não tem jeito, vocês vão ter que fazer papel de mulher.

—O QUÊ?! - Luís ficou boquiaberto - Além de não pegar o papel de príncipe, eu, o mais macho dessa cidade, vou ter que fazer papel de mulherzinha?

—Deixa de ser machista - falou Anne - O que tem demais nisso?

—E-Espera. Você...não liga? - perguntou Luís.

—Por que eu ligaria? - falou a garota - É só uma peça!

—Bem, se é assim, não tenho objeções - falou Luís - É verdade. Temos que quebrar padrões. Por que ficar com um preconceito tão bobo como esse?

“Esse moleque ainda vai sofrer muito com mulher na vida”, pensou o professor Otávio, que apenas observava tudo calado.

—Bom, então só vou sortear o papel da bruxa - falou Ema - Os outros dois, ficam com o papel das fadas. E a bruxa será….eu!

—Ema, não sei porque, mas acho que você leva jeito com papel de vilã - comentou Kelly.

—Sério? Você acha? - disse a garota, sorrindo.

—E nós seremos as fadas, é? - falou Luís - Parece que não tem jeito.

—Não me agrada nem um pouco esse papel, acho um desperdício de talento, mas se foi por sorteio, né? - falou Ian.

—Acho que foi o mais justo - falou Ema - Certamente teria muita briga se eu deixasse vocês escolherem os papéis.

—A peça é muito difícil? - perguntou Anne.

—Claro que não - disse Ema - É uma versão bem simples da Bela Adormecida. Vou mandar o texto para vocês ainda hoje.

E assim o projeto da feira cultural da sala do primeiro ano de ensino médio do colégio municipal de Vila Baunilha estava decidido.Ema pediu para deixar todos os figurinos por sua conta, então ninguém precisaria se preocupar com roupas ou cenário. A única preocupação da sala era mesmo decorar as falas e ensaiar. Decorar era o que Luciano estava fazendo em casa antes do primeiro ensaio, assim que recebeu o texto.

—O que você tanto lê nesse celular, moleque? - perguntou Abílio, o pai desnaturado de Luciano.

—É a peça - disse Luciano - Tenho que decorar umas falas para a peça que minha sala vai fazer no festival cultural.

—Peça? Por que perdem tempo com essas bobagens na escola? - perguntou Abílio.

—E eu sei lá? Mas já que todo mundo concordou, vou ter que fazer - retrucou Luciano.

—Eu, heim? Por isso essa geração de vocês só tem homem frouxo. Cada uma, meu filho fazendo teatrinho. Só falta me dizer que via fazer papel de mulher. Pelo amor, heim? Já não basta aquela vez que você me chegou de vestido em casa!

—Já falei que aquilo foi por necessidade! - retrucou Luciano - E não, não é. Pelo contrário, peguei o papel do príncipe.

—Príncipe?

—É. Vou ser o príncipe da Bela Adormecida.

—“Bela Adormecida” - repetiu Abílio com desgosto - Crio um filho para ser macho e ele me vem participar de teatrinho da Bela Adormecida…

Apesar de todo seu machismo, Abílio se lembrou de perguntar uma coisa importante.

—Espera. Se você vai ser o príncipe, então quem vai ser a princesa?

—Ah, a Anne - falou Luciano. Abílio abriu um sorriso de orelha a orelha.

—Moleque! Trate de fazer o melhor príncipe que esse mundo já viu! - disse o pai de Luciano, não conseguindo esconder sua felicidade.

—Eita. Que felicidade é essa? - perguntou Luciano.

—Como não estar feliz em ver meu filho participando da bela arte do teatro! - falou Abílio - Manda ver, garoto. E...vai ter uma cena de beijo, não vai?

—S-Sim, vai - gaguejou Luciano.

—Ah, garoto. Preciso assistir essa peça. Vai lá e enche seu pai de orgulho!

O pior é que Luciano sabia bem o que estava por vir. Um beijo de teatro, mas...ainda assim, seria um beijo.

“Pensando agora, não sei se deveria ter aceitado”, pensou Luciano. “Já não tô conseguindo esquecer um beijo, o que dirá dois!”

É, o destino pode ser um pouco duro às vezes. O que será dessa peça?


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Notas finais do capítulo

É, vai ser difícil esquecer dois beijos, heim?

Obrigado por ter lido. Nos vemos no próximo capítulo.

Até lá! :)



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