Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 84
Drama e superstição




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Cabelos bem tratados, brilhantes, ótimo perfume e uma presilha azul nova. Esse era o look da garota mais popular do sexto ano da escola municipal de Vila Baunilha, também conhecida como filha do prefeito e também conhecida como...Samanta Ferraz.

—Amiga. Você tá linda hoje! - disse Cíntia, sua melhor minion, quer dizer, melhor amiga.

—Eu sei - respondeu Samanta - Reparou no que tem de diferente em mim?

—Essa presilha azul - falou Cíntia sorrindo - Combinou muito bem!

—Foi caríssima - disse Samanta - Possui um design todo especial pensado pelos maiores especialistas em moda do mundo. 

—Ficou um arraso, amiga - Cíntia continuou elogiando - Todo mundo vai ficar de boca aberta!

—Eu sei! Mal posso esperar! - disse Samanta - Vamos testar isso agora! Lá vem a bobona da Briana!

Samanta disse isso ao ver a sempre meiga Briana chegando contente na direção da sala.

—O que você tá pensando em fazer, miga? - perguntou Cíntia.

—Um novo look exige uma exibição para a garota nova - disse Samanta - Não seria uma garota malvada se não fizesse isso.

—Ah, é. Faz sentido - disse Cíntia, depois de refletir por alguns milésimos de segundo.

—Briana! - chamou Samanta cantarolando.

Briana olhou para o lado e foi sorridente até a filha do prefeito.

—Samanta! Cíntia! - disse Briana - Bom dia! Como estão?

—Muito bem. Não poderia estar melhor - disse Samanta, jogando o cabelo para o lado e quase apontando para a presilha no seu cabelo.

—Que bom! Fico feliz! - falou Briana, sem tirar seu sorriso do rosto - Bom, acho bom a gente entrar, né? O sinal já vai tocar.

E foi o que ela fez.

—Cíntia, o que aconteceu? - perguntou Samanta, agora em tom sério.

—Nada, amiga - disse Cíntia.

—Exatamente - falou Samanta, se virando rapidamente para Cíntia com um olhar de indignação - Nada aconteceu! Não era pra ser assim!

—Não? - perguntou Cíntia.

—Não! Era para a Briana se sentir humilhada e inferiorizada diante da minha presilha de design arrojado.

—Vai ver ela acho que só era uma presilha comum - falou Cíntia.

—Como? Esse povo não conhece o mínimo de moda?

—Para ser sincera, amiga...eu também não sabia que tinha algo de especial na presilha. Só vi que era nova mesmo - falou Cíntia.

—Que infortúnio! - exclamou Samanta em tom de lamentação - Do que adianta investir pesado em um look se ninguém liga para moda?

—Mas você já é muito bonita, amiga - disse Cíntia.

—A beleza de ontem não é a mesma de hoje, minha cara amiga desprovida de raciocínio rápido.

—Puxa, obrigada pelo elogio - disse Cíntia, após refletir por algumas frações de segundo.

—O que eu quero dizer é que as pessoas se cansam de como você era ontem e precisam sempre ver algo novo - falou Samanta - Não posso manter a mesma beleza sempre. Preciso atualizar.

—Sério?

—É o peso de viver em uma sociedade líquida em que os afetos e preferências se modificam com uma velocidade absurda - pronunciou Samanta - Não acha isso triste?

—Desculpa, amiga. Depois de sociedade líquida não entendi mais nada - falou Cíntia.

—Ai, Cíntia! Assim não dá pra conversar! - esbravejou Samanta - Só mostra um pouco de empatia pelo meu drama, vai!

—Ah, claro - falou Cíntia, abraçando a amiga - Vai passar, miga. Vai passar. Tá melhor, agora?

—Agora tô! - falou Samanta, mudando quase que imediatamente de dramática para alegre - Tá legal. Vamos para a aula!

E, assim que Samanta deu o primeiro passo, acabou escorregando no chão molhado da faxineira e acabou caindo com a cara dentro do balde com esfregão e tudo.

—Meu Pai amado! - exclamou a faxineira - Você tá bem, menina?

—Ai, ai - disse Samanta - Estou...eu acho…

—Acha? Machucou alguma coisa? - perguntou a faxineira

—Pior que isso - falou Samanta - O meu...o meu cabelo estragou!

—Ah, isso? Não tem problema - disse a faxineira - O importante é estar bem!

—A senhora não entende - disse Samanta chorando - Não entende!

—Calma, amiga. Eu tô aqui com você - falou Cíntia, consolando a pobre garota rica e vaidosa.

—Tomem cuidado. O chão está molhado, é fácil escorregar - disse a faxineira.

—O que eu vou fazer agora? - disse Samanta - Como vou enfrentar um dia inteiro na escola com o cabelo cheirando a água sanitária e alvejante? Preciso pelo menos de uma toalha para secar!

—Tipo...essa aqui? - falou Cíntia, mostrando uma toalha que trouxe na bolsa.

—Você tem uma toalha? Maravilha! - disse Samanta, tomando a toalha da garota na mesma hora.

—Sim, eu te empresto, amiga - disse Cíntia, feliz por ajudar Samanta de alguma maneira - Sempre trago uma dessas comigo.

—Por quê? - perguntou Samanta, enquanto tentava secar seu cabelo com todo o esforço.

—Uma vez li em um livro que você sempre deve levar uma toalha com você - disse Cíntia, sorridente.

Seja como for, serviu para enganar.

—É, não é o melhor, mas dá pro gasto - falou Samanta, entregando a toalha para Cíntia e pegando uma escova que carregava em sua bolsa - Ainda assim, meu cabelo está horrível. Vai ser um duro dia de aula.

—Eu te dou cobertura - falou Cíntia - Ninguém vai ficar reparando no seu cabelo.

—Espero que não. Deu muito trabalho me arrumar e…

Samanta falava isso assim que entrava na sala. E um dos alunos estava limpando os apagadores, resultando em uma quantidade considerável de pó de giz bem na cara da garota.

—Ops. Foi mal - disse o garoto.

—É, amiga. Agora acho que não vou conseguir ajudar - falou Cíntia.

Samanta pegou seu espelho e olhou o que aconteceu. A garota deu um grito de horror na mesma hora.

—Eu tô parecendo um fantasma! - disse ela. Bem nessa hora, Beni, o garoto com uma imaginação acima da média, chegou na sala. Ao ver a cara branca de Samanta, o menino quase caiu para trás.

—Eu sabia! Eu sabia! - disse ele - Hoje é o dia em que nosso mundo vai ser atacado pelas forças do mal. Os monstros já estão chegando!

—Quem você tá chamando de monstro?! - falou Samanta, irritada.

Nisso, a professora chegou e, diante daquela situação, recomendou que Samanta fosse lavar o rosto no banheiro. Cíntia se ofereceu para acompanhá-la, pois sua amiga estava psicologicamente abalada.

—Primeiro, cabelo molhado. Depois, um monte de pó de giz na cara - Samanta se lamentava - O que está acontecendo?

—Amiga, será que aconteceu algo de diferente?

—Não sei, Cíntia. A única coisa nova que tenho é...essa presilha - Samanta falou isso, olhando no espelho - Será que...essa presilha dá azar?

Será? Bem, o dia de Samanta estava só começando...


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Notas finais do capítulo

Uma vez uma leitora me perguntou se eu coloco patricinhas malvadas nas minhas fics por ter sido maltratado por elas na infância. Kkk. É, um pouco disso, mas apesar de não ter muita simpatia pelas patties da minha época de escola, eu amo a Samanta, apesar de fazer ela se dar mal várias vezes. KKk.

Termino esse arco no próximo capítulo (os arcos do núcleo infantil da fic são mais curtos mesmo). Até! :)



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