Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 82
Confronto de homens


Notas iniciais do capítulo

Sim, consegui postar durante a semana, excepcionalmente.

Boa leitura! :)



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O grande evento em Vila Bauniha continuava. Igor, filho de Asdrubal, entretia a população com um espetáculo de luta livre. Os dois primeiros desafiantes, Ian e Luís, não duraram mais do que um minuto na arena (pelo menos não se machucaram). Quem seria o próximo a desafiar o grande, o enorme, Igor?

—Muito bem, garoto - disse Abílio para seu filho Luciano - Hora de cumprir sua missão.

—Ainda não me sinto confiante - disse Luciano, nada confiante, para dizer a verdade.

—Como pode se considerar um homem? Tá com medo de enfrentar uma luta que já sabe que vai ganhar? - disse Abílio em voz baixa para que ninguém ouvisse seu golpe.

—Mas eu vou ter que apanhar um pouco para todo mundo acreditar, não vou? - respondeu Luciano, também em voz baixa.

—O que é fingir levar uns sopapos perto da grana que vamos ganhar? - falou Abílio, ainda no mesmo tom de voz.

—Você pensa mais em dinheiro do que na saúde física do seu próprio filho? - retrucou Luciano.

—Como pode fazer uma pergunta dessas, Luciano? - falou Abílio, expressando uma leve ofensa - É claro que o dinheiro é mais importante! Você é jovem, seus ferimentos se curam fácil!

“Como ele pode se considerar um pai?!”, pensou Luciano, pasmo. De qualquer modo, antes que Luciano tomasse coragem para subir na arena, a situação da luta parecia estar seguindo para um outro caminho.

—E então, senhoras e senhores! Quem será nosso próximo desafiante? - Asdrubal falou isso pensando em Luciano, mas um desafiante inesperado surgiu de repente.

—Eu! Eu desafio! - disse Gustavo, aparecendo nas proximidades do ringue para encarar a luta.

—É o Gustavo? - perguntou Anne, olhando tudo aquilo de longe - Ele não devia estar aqui trabalhando com a gente?

—Ah, sim - disse Antenor, o pai de Anne, dono e cozinheiro do restaurante dos Montecarlo - Ele me pediu um tempinho de folga para participar do evento.

—Deixou ele lutar? - perguntou Anne.

—Ele disse que era importante - comentou Antenor sorrindo.

—Deixa de se preocupar com a folga dos outros e volta para o trabalho, Anne. Os marmitex não se enchem sozinhos! - reclamou Carla, a mãe.

—Já vou - resmungou Anne.

Gustavo subiu ao ringue e tirou sua camisa. Ao contrário dos desafiantes anteriores, ele parecia em boa forma. Kelly, sua namorada que também estava presente no evento, correu até ali para pedir satisfações.

—Gustavo! - disse Kelly - O que você tá fazendo?

—Kelly - disse Gustavo, com um tom dramático. Ele se dirigiu até ela, se abaixou e pegou em suas mãos - Lutarei por você.

—Por mim? - falou Kelly, sentindo o coração bater mais forte.

—Tenho certeza de que essa luta será um ótimo treinamento para mim - continuou Gustavo - Ver Ian e Luís lutando por sua amada acabou me inspirando!

—Deixa de bobagem! - falou Kelly - Não quero que você se machuque!

—Ora, ora, isso é bem interessante - disse Renato, o pai de Kelly e sogro de Gustavo - De fato, pode ser um bom treino para a sua missão, garoto. Se vencer essa luta, vai ter mais pontos na minha conta.

—Pai! - reclamou Kelly - Como pode pedir uma coisa dessas?

—Não! Ele está certo! - disse Gustavo - Essa luta será o que preciso para demonstrar meu valor como um homem!

—E então, rapaz? - perguntou Asdrubal - Vai mesmo lutar?

—Sim. Vou - disse Gustavo - É hora de ver os frutos do meu treinamento!

—Isso vai ser divertido! - disse doutor Renato, não conseguindo segurar sua risada.

—Fez isso só para dar risada, né? - reclamou Kelly.

—Rir é o melhor remédio, minha filha - disse o médico, passando a mão na cabeça da garota.

—Muito bem! - disse Asdrubal em cima do ringue - Lutadores! Venham para o centro!

E ele deu o sinal para começarem.

—Pode vir! - disse Igor, não esperando muito de seu adversário.

—Em quem você aposta? - perguntou uma das pessoas da plateia para seu colega do lado.

—No grandão, claro. O garçom é bem menos musculoso perto dele - disse o outro.

A luta, porém, não foi tão previsível assim. Gustavo avançou na direção de seu oponente e o empurrou em direção às cordas do ringue. Igor não esperava por isso. A plateia foi à loucura.

—C-Como assim? - gaguejou Igor - Você é mais forte do que parece!

—Posso não ter tantos músculos como você - explicou Gustavo, confiante - Mas já enfrentei muitas onças por aí.

—O quê? Onças? - Igor não acreditou no que ouviu. Gustavo avançou novamente na direção dele, mas dessa vez Igor estava mais atento e segurou seu adversário. Os dois acabaram medindo forças, mãos a mãos. Cada um tentava empurrar o outro com esforço.

—Realmente, é muito forte - admitiu Gustavo.

—Você também é! - disse Igor, sorrindo.

—Parece que os dois estão pau a pau - disse Asdrubal, o locutor - Quem será que vai levar a melhor nessa?

—Serei...eu - Gustavo fez um último esforço, empregando todas as suas forças e gritando alto, mas Igor resistiu e também usou seus grandes músculos para arremessar Gustavo para longe. Feito isso, Igor correu até ele, o agarrou pelas pernas e o jogou para longe. Gustavo se deixou chegar às cordas do ringue e usou essas cordas como elástico para se jogar de volta até Igor. Ele, por sua vez, estava pronto. Agarrou Gustavo de novo e o jogou para longe com um forte arremesso. Dessa vez, Gustavo caiu fora da arena.

—Saiu do ringue - disse Asdrubal - Igor é o vencedor, mais uma vez!

Dessa vez, teve mais apostas. A plateia foi ao delírio.

—Eu...falhei - disse Gustavo, socando o chão e soltando lágrimas.

—Gustavo! - exclamou Kelly, correndo na direção do namorado - Você tá bem, amor?

—Kelly… - falou o rapaz, segurando nas mãos dele - Eu falhei. Peço perdão!

—O que é isso? O importante é que você esteja bem! - disse ela.

—Muito bem, rapaz - disse doutor Renato, se aproximando - Precisa treinar mais, mas foi uma luta divertida.

—Sim, senhor - falou Gustavo, em tom sério.

—Pai! - reclamou Kelly - Não seja tão duro com o Gustavo.

—Seu pai tem razão, Kelly - disse Gustavo - Preciso treinar mais.

—Que tal treinar com a gente? - falou Carla, fazendo questão de sair da barraquinha para buscar seu empregado de volta - Estamos cheios de pedidos. Já fez sua luta, então agora é hora de voltar para o batente.

—Sim, senhora! - Gustavo respondeu prontamente.

—Muito bem - disse Asdrubal - Quem será o próximo?

—Chega de enrolar, Luciano - disse Abílio - Sobe lá.

—Mais alguém interessado em lutar? Que tal você? Parece forte! - disse Asdrubal, apontando para Amadeu, o urso de estimação da cidade, que estava apenas comprando tranquilamente uma quentinha na barraca dos Montecarlo com um dinheiro que ganhou do doutor Renato. O urso apenas fez um sinal negativamente com as mãos e a cabeça assustado. 

—Urso comprando quentinha. Não falta mais nada na minha vida - falou Anne, recebendo o pagamento do animal.

—Mais alguém? - Asdrubal insistia. 

—Sobe logo! - falou Abílio, praticamente empurrando o seu filho para o ringue. Dessa vez, não tinha jeito.

—É o Luciano? - perguntou Anne, vendo-o de longe.

—É. É o Luciano, nosso vizinho - falou Carla - Agora presta atenção no trabalho!

Inevitavelmente, sempre que via ou lembrava de Luciano, vinha à memória da moça a lembrança daquilo que aconteceu entre eles, aquilo que ela desejava não lembrar.

“Concentra no trabalho, Anne, concentra”, pensava ela. “Aquele beijo nunca aconteceu! Nunca!”

Agora não tinha jeito. Era Luciano em cima do ringue pronto para enfrentar sua luta. Pelo menos, ele sabia que iria vencer, não é? Ou será que algo de inesperado pode acontecer?


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Notas finais do capítulo

É o que veremos no próximo capítulo. Ah, sim, capítulo normalmente no domingo.

Até! :)



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