Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 80
O grande desafio




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Apesar de Vila Baunilha ser uma cidade bem desconhecida e nada populosa, vez ou outra alguns visitantes apareciam por lá. E, dessa vez, duas figuras bastante esquisitas acabaram dando as caras naquele lugar. Podia ser visto, nas ruas da cidade, um tipo de trailer ou coisa do gênero. Um veículo com dois caras na parte da frente e, na parte de trás, um trailer e, engatado no trailer, um tipo de...ringue de luta?

—Ali. Acho que podemos parar ali - falou o motorista, um homem magro, com algumas olheiras e cabelos castanhos totalmente despenteados - Vai ser ali mesmo.

—Já chegamos? - falou o outro cara, um homem bem maior que mal cabia no banco da frente do veículo.

—Deixa de moleza. Tá na hora de conseguirmos a nossa grana! - falou o motorista - Vai, Igor, vamos armar tudo.

—Tá bom, pai - disse o tal Igor bocejando (já que não dava para se espreguiçar mais).

E não demorou muito para os dois utilizarem o espaço da praça da cidade para armarem seu ringue. Sim, isso mesmo, é como se a praça da cidade tivesse se tornado um palco para algum tipo de apresentação de luta ou algo assim.

—Dessa vez, a gente consegue uma grana ou não me chamo Asdrubal - falou o mais velho, com um sorriso malandro na cara.

—Será? Já nos demos mal algumas vezes - falou Igor. Saindo do veículo, podíamos ver melhor como Igor era um cara bem musculoso. Ele usava uma roupa verde colada no estilo de alguns praticantes de luta livre.

—Isso é porque você não treinou o suficiente - falou o tal Asdrubal.

—Mas aquela garota chinesa daquela tal academia Wong (*) era muito forte - disse Igor - Até parecia que tinha super poderes!

—Deixa de dar desculpas! Você precisa é treinar mais, isso sim! - falou Asdrubal.

—Mas eu treino todo o meu tempo livre desde que larguei a escola! É que não dá pra ganhar todas, né? - falou o brutamontes.

—O importante é ganhar a maioria das vezes - falou o pai - É assim que ganhamos a vida.

—É, ganhamos com apostas, Viajando de cidade em cidade desafiando o povo - disse Igor - Mas não dá pra prever quando um cara forte vai aparecer.

—Mas tem lugares em que a grana é garantida - falou Asdrubal - Olha só esse fim de mundo aqui. Duvido que tenha alguém forte nesse lugar.

—E acho difícil que alguém vá aceitar nosso desafio - comentou Igor.

—Tem gente que faz tudo por dinheiro, até aceitar lutar com um cara fortão. Se tiver a mínima oportunidade de ganhar uma graninha, eles entram com tudo - falou Asdrubal - Tem jeito desse tipo em tudo que é canto.

—Será que aqui tem alguém assim? Parece uma cidade bem tranquila - falou Igor.

—Logo, logo, eles aparecem. Você vai ver - disse Astrubal - Vou começar agora!

E assim, Asdrubal começou a gritar.

—Venham todos! O grande Igor está na cidade! Quem vai aceitar o desafio de derrotar nosso campeão? - gritava ele.

As pessoas passavam curiosas. Asdrubal já começou a sorrir malandramente.

—Como é a história aí, cidadão? - perguntou alguém passando.

—Estamos lançando um desafio! Quem aceitar lutar contra o Igor, nosso grande campeão, pode ganhar uma nota preta. Mil reais fora as apostas.

O homem olhou para o tal Igor e já começou a tremer.

—Você é louco? Quem vai enfrentar esse cara? Tô fora!

E saiu de cena na mesma hora.

—Acho que aqui isso não vai colar, não, pai - falou Igor.

—Droga - reclamou Asdrubal - Será que só tem frango aqui? Vamos insistir mais um pouco. Se não conseguirmos nenhum desafio hoje, vamos para a próxima cidade. Venham, venham, venham desafiar nosso grande campeão! Talvez você possa ganhar um alto prêmio em dinheiro e..

—Você disse dinheiro? - uma voz conhecida apareceu de repente ali.

—Credo! De onde esse cara veio? - Igor quase caiu para trás.

Era Abílio, dono de uma das lanchonetes mais mal-sucedidas da região e pai de nosso amigo Luciano.

—Eu ouvi vocês falando em dinheiro? - falou Abílio.

—S-Sim - Asdrubal se recompôs - Se vencer nosso campeão Igor ali em uma luta, poderá ganhar mil reais, fora as apostas.

—Uma aposta, heim? Interessante - disse Abílio - E para quando seria essa luta?

—Ficaremos na cidade por alguns dias - disse Asdrubal - Pretende desafiar?

—Sim. Que tal daqui a dois dias? - falou Abílio.

—Feito - Asdrubal apertou as mãos de Abílio. Haveria, então, uma luta contra o campeão! Como assim? Abílio iria lutar? Não, não era bem isso…

—Você fez o quê?! - gritou Luciano, quase derrubando seu violão ao ouvir a notícia que seu pai acabara de dar.

—Isso mesmo que você ouviu - disse Abílio - É nossa chance de ganhar uma grana.

—Quer que eu lute com um cara? Eu nunca lutei com ninguém na vida! Olha pra mim, sou um chassi de grilo, poxa! - Luciano não era tão mirrado assim, mas ainda era um rapaz franzino sem a menor chance de derrubar um suposto campeão de luta livre.

—Não diga isso. Nenhuma luta está decidida antes de terminar.

—É um cara fraco, pelo menos?

—Err...ele tem braços um pouco avantajados - disse Abílio.

—Tipo quanto?

—Acho que a espessura do braço dele deve dar o triplo da sua - explicou Abílio.

—E como você tem a mínima esperança de que eu vá conseguir ganhar de um cara assim?! - exclamou Luciano - Não tem a menor lógica! É perder dinheiro!

—Nem tanto - falou Abílio - Por isso mesmo que conversei com os organizadores do evento.

—Você fala como se fosse um grande homem de negócios…

—Cala a boca e me escuta, estrupício! - disse Abílio, já dando um cascudo em Luciano. Para entender a história, vamos voltar um pouco depois de Abílio fechar negócio com Asdrubal.

*Flashback*

—Então...daqui a dois dias, esperamos o senhor para a luta e..

—Calma, calma - disse Abílio para Asdrubal - Não serei bem eu que vou lutar.

—Não? O senhor tem outro desafiante?

—Sim - disse Abílio - Mas...tenho também uma outra proposta.

—Que proposta? - perguntou Asdrubal.

—Vamos ser sinceros. Vocês sabem que vão ganhar fácil, não sabem? - disse Abílio.

—Não estou entendendo - disse Asdrubal - Onde o senhor quer chegar?

—Que tal surpreendermos o público? Ninguém apostaria no meu lutador, mas certamente vão apostar no seu. Que tal se vocês perdessem de propósito e depois dividíssemos a grana da aposta entre nós?

Asdrubal e Igor se entreolham.

—Meu senhor, se está pensando que vamos aceitar essa proposta de ganhar dinheiro fácil às custas dos outros…

Ele fez uma pequena pausa.

—O senhor está totalmente certo! Por mim está combinado!

*Fim do flashback*

—E foi isso que aconteceu - disse Abílio - Até agora acho incrível como foi fácil fazer negócios com aquele cara.

“Incrível uma ova!”, pensou Luciano. “Um vigarista conhece outro, simples assim”

Mas será que esse golpe vai funcionar? 

 

(*): Sim, é a mesma academia de Encrenca Shaolin, uma outra fic minha. Por incrível que pareça, minhas fics acontecem todas no mesmo universo.


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Notas finais do capítulo

Veremos isso no próximo capítulo. Até lá! :)



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