Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 79
Fantasmas? Fantasmas!


Notas iniciais do capítulo

Mais um domingo, mais um capítulo. Boa leitura ;) (espero que ainda tenha alguém acompanhando essa fic. Kkk)



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Tudo que Luciano precisava fazer era atravessar aquela floresta para entregar uma encomenda que Samara pediu para sua família, residente na colina que ficava do outro lado matagal. Infelizmente, sendo um medroso de carteirinha, Luciano estava com receio das possíveis assombrações que os boatos diziam habitar aquele local. Seu amigo Luís, um cético de carteirinha, o acompanhou, assegurando que a crença de assombrações era bobagem. O problema é que, justo quando Luís saiu de cena por conta de um chamado da natureza para liberar o excesso de líquido em seu organismo, Luciano ouve uns sons estranhos.

—L-Luís? É você querendo me assustar, não é? Por favor, diz que é  - balbuciava Luciano, já suando frio e com o coração acelerado. A gargalhada que ele ouviu se repetiu.

—Você vai ficar aqui para seempreee - dizia a mesma voz que gargalhava em tom ameaçador.

—Ai, caramba! - exclamou Luciano - É um fantasma. Fantasma mesmo. Luís, socorro!

Enquanto isso, Luís estava de papo com Samara que, para assegurar que seu lanche seria entregue por Luciano, havia se fantasiado de assombração para assustar um entregador que não fosse ele.

—Aliás, esse seu plano é bem mequetrefe, heim? - falou Luís - E se o entregador fosse alguém como eu, que não acredita em fantasmas?

—M-Mesmo assim - gaguejou Samara - Acho que o susto funcionaria.

—O problema das pessoas é acreditarem em tudo que é coisa - desabafou Luís - Veja, eu estou aqui, nessa floresta, e não tenho medo nenhum de qualquer assombração. No máximo, tenho medo de animais selvagens, mas sei que eles não costumam aparecer nessa região. 

—Tipo aquela onça ali? - apontou Samara.

—O quê? Onde? - Luís quase pulou no colo de Samara.

—E-Era brincadeira - gaguejou a garota, rindo discretamente.

—Ora, sua… - falou Luís furioso - Bom, deixa pra lá. Se quer encontrar o Luciano, vem comigo. Ele está me esperando.

—E-Espera. O que ele vai pensar se me ver aqui? - perguntou Samara.

—E eu sei lá! Isso importa?

—I-importa sim! - falou a garota - Ele vai achar que estou mesmo desesperada para conseguir atenção dele!

—Mas você não está?

—Claro que não! Só não quero que ele descubra, assim, que estou sentindo...esse tipo de coisa por ele…

—O que você viu no Luciano, afinal?

—É que...ele foi o primeiro garoto que me deu atenção de verdade - reconheceu Samara - Ele veio falar comigo sem eu ter falado com ele.

—Então fale logo o que está sentindo - disse Luís.

—Assim? Ainda não tenho certeza se devo mesmo falar!

—Ora, Samara. Seja como eu. Não tenho vergonha de dizer o que sinto. Falo isso para tudo e todos. Quero que o mundo todo saiba. Anne, eu te amo!

Foi o que ele gritou sem nenhuma vergonha.

Enquanto isso, Anne, que trabalhava no restaurante, sentiu um calafrio enorme.

—O que foi, Anne? - perguntou Gustavo, o outro garçom do restaurante.

—Não sei, mas sabe quando você tem a sensação de que estão falando de você? Ai, que troço horrível! Vou tomar um banho de sal grosso! Credo!

Voltando aos nossos amigos.

—Bom saber que você é bem resolvido com seu coração - falou Samara.

—Não é questão de coração. Simplesmente é afinidade entre pessoas que se amam. Sei que a Anne me ama e está apenas esperando o momento certo para se entregar de cabeça em um relacionamento comigo.

“Será mesmo?”, pensou Samara. 

—Socorro! Socorro! - era a voz de Luciano. Ele praticamente estava pedalando sem rumo pela floresta para fugir do fantasma e atropelou Luís com tudo.

—O que você tá fazendo? - reclamou o garoto.

—Luís! Onde você tava? Tô procurando você faz um tempão, rapaz!

—Eu já ia voltar - falou Luís.

—E...quem é você? - perguntou Luciano - Ah, outro fantasma?!

—E-Eu...eu...eu… - Samara estava quase perdendo a fala.

—É a Samara da nossa escola - disse Luís.

—A Samara...que Samara?

“Ele nem lembra de mim?”, pensou a pobre garota tímida.

—Aquela baixinha do segundo ano - falou Luís.

—Ei, não sou a única baixinha aqui! - reclamou Samara, já se esquecendo que Luciano também estava ali.

—Ah, a Samara! - Luciano finalmente se lembrou - O que está fazendo aqui? E por que tá vestida desse jeito?

—D-d-dia das bruxas - falou ela - Estou praticando para o dia das bruxas.

—Mas isso ainda tá longe - falou Luciano.

—Por isso já estou praticando desde já - respondeu a garota, morta de vergonha.

—E por que se enfiou no meio dessa floresta? - perguntou Luciano - Aqui é perigoso. Tem um monte de fantasmas!

—Não tem fantasma nenhum - disse a garota - E-Eu...só vim aqui para me certificar de que a entrega viria direitinho.

—Entrega? Espera! Você que fez o pedido?

—Meu pai, na verdade - disse ela.

—Ah, isso deixa as coisas mais fáceis - falou Luciano - Toma! Leva o lanche! Só quero sair daqui logo. Nem precisa pagar, fica por minha conta. 

—Bem, meu pai já pagou pelo aplicativo, mas…

—Não importa! Só fala como a gente sai daqui. Antes que o fantasma venha me pegar!

—Fantasma, Luciano? - perguntou Luís - Que fantasma? Já falei que não tem fantasma nenhum aqui!

—Tem sim e…

A gargalhada foi dada mais uma vez.

—Ouviram? Ouviram isso? - disse Luciano - É o fantasma!

—Só pode ser brincadeira - disse Luís.

—E-Eu também ouvi - falou Samara - Será que tem mesmo um fantasma aqui?

—Não, não, sou jovem demais pra morrer - disse Luciano, se agarrando em Samara sem nem pensar direito.

“E-Ele...tá me abraçando?”, Samara estava tão envolvida com emoções que até esqueceu do mundo.

—Vocêês vãão ficaar aquii comiigooo! - a voz ficava mais forte e se aproximava cada vez mais. Luís ainda era cético, mas estava começando a ficar nervoso.

—Quem é você? Apareça! Aparece logo! - disse ele.

—Tá louco, Luís? Chamando o fantasma pra cá?

—Se vai mesmo nos ameaçar, por que não aparece? - estranhou Luís - Você tem que se acostumar a fazer perguntas, Luciano.

A gargalhada foi ficando mais próxima, mais próxima, quando, finalmente, alguém com uma máscara assustadora apareceu.

—Aaaaah!!! - Luciano estava chorando de medo e Samara agarrava ele cada vez mais.

—Não me mata, não me mata, por favor!

De repente, a gargalhada foi do assustador para o divertido. A pessoa finalmente tirou a máscara.

—Ai, ai, precisava ver sua cara! - disse o tal “fantasma”.

—Doutor Renato? - estranhou Luís.

Sim, doutor Renato. O médico do posto de saúde da cidade e também pai da Kelly.

—Desculpem, eu não aguentei - disse ele - Eu estava curtindo minha folga no centro da cidade, quando ouvi vocês conversando sobre a floresta assombrada. Não resisti em pregar uma peça e segui vocês de longe. Finalmente essa máscara velha que estava jogada no meu carro teve alguma serventia.

—O senhor fez tudo isso só para assustar a gente?! - exclamou Luciano.

—Foi brincadeira. Desculpa aí!

O pai de Kelly era exageradamente brincalhão. Não foi tão surpreendente assim.

—Relaxem, garotos - disse ele - Eu levo vocês de volta. 

—Assim é melhor - disse Luciano - Bem, a minha missão aqui já está cumprida. Toma sua entrega, Samara. Desculpe pelo incômodo.

—I-I-I…

—Heim? - Luciano não conseguia entender a gagueira dela.

—Desembucha, garota - disse Luís.

—Imagina! Eu é que agradeço! - falou ela.

—Bom, vamos voltar - disse doutor Renato - Até mais.

—A-Até.

E assim, a confusão foi esclarecida. Nada de fantasmas, só uma brincadeira mesmo.

—Espero que tenha aprendido a lição, Luciano - disse Luís - Fantasma “non ecxiste”.

—Oh, eu não diria isso, Luís - disse doutor Renato - Há muita coisa que a ciência desconhece.

—Ora, doutor. O senhor é médico, um homem da ciência. Vai me dizer que acredita nessas coisas?

—Não acredito, mas também não desacredito - respondeu ele.

—Pelo sim, pelo não, só quero sair logo daqui - falou Luciano.

No fim, tudo acabou bem, não é? Mas será que acabou bem para a família de Samara?

—Bem, então esse é o lanche da lanchonete que você sugeriu, filha? - falou o pai dela.

—Sim - disse Samara.

Eles olhavam para a qualidade horrível do alimento com uma expressão não muito feliz.

—Quem vê cara não vê coração - disse a mãe dela.

—É...vamos experimentar.

Os três experimentaram juntos.

—Querido, vamos pedir uma pizza? - disse a mãe dela.

—De acordo - disse o marido sem muita animação. Foi tudo que falaram.

“Não importa”, pensou Samara. “O Luciano me abraçou hoje. Fiquei abraçada com ele um tempão. Aaah. É o homem da minha vida!”

—Nossa filha é mesmo muito alegre, não? Até com esse lanche ela está sorrindo - disse a mãe.

—Sim. É bom ter alto astral - falou o pai dela.

Bem, só esperamos que o entregador da pizza não sofra o mesmo que Luciano.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler até aqui. No próximo capítulo, começamos um novo arco. Até lá! :)



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