Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 50
O que aconteceu, professor?


Notas iniciais do capítulo

Começando mais uma confusão. Boa leitura!



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O ano letivo na escola municipal de Vila Baunilha também prosseguia. A vantagem de estudar em uma turma de primeiro ano do ensino médio com apenas sete pessoas, era a tranquilidade. A maioria deles era composta de bons alunos e os dois que não tiravam as melhores notas, Luciano e Carioca, não eram bagunceiros. Na verdade, eles até gostavam do ambiente para refletir sobre muitas coisas.

—Sabe uma coisa que eu nunca entendi - comentou Carioca.

—Tem muita coisa que você não entende, Carioca - retrucou Luciano, enquanto tentava fazer manobras com a caneta BIC em sua mão direita.

—Não, é sério. Saca só. Como é que inventaram a pipoca? - perguntou Carioca, com uma dúvida realmente sincera.

—Pipoca? - repetiu Luciano.

—É, cara. Como é que pode? Como é que descobriram que o milho estoura e vira pipoca? Imagina o susto que levaram.

—Sei lá. Deve ter sido por acidente.

—Também acho. Será que no começo eles acharam que era comida mesmo?

—Como assim, Carioca?

—Já ouvi falar que tinha pipoca há uns 10.000 anos atrás. Imagina naquela época, tu era o cara que nunca viu pipoca na vida e vê ela estourando. Tu não ia achar que era algum deus ou coisa assim?

—Se for isso não deve ter durado muito - pensou Luciano - Devem ter sacado logo que servia para comer. Algum passarinho deve ter comido ou coisa assim.

—Pode ser também. Sabe outra coisa que eu tava pensando...como é que descobriram que dá pra comer abacaxi?

—Abacaxi?

—É, cara. Um troço cheio de espinho. Como é que sacaram que dava pra comer aquele negócio?

Enquanto Carioca e Luciano conversavam, Anne parecia preocupada.

—O professor Otávio não chegou ainda - ela comentou com Kelly.

—Pois é. Será que ele faltou de novo? - respondeu Kelly para Anne.

—Será? Já tem uma semana que ele não vem. Vamos ter aula vaga de novo? Ou será que vem algum outro professor substituir?

—Ele não costuma ir almoçar no seu restaurante? - perguntou Kelly.

—Sim, mas ele também não tem aparecido por lá - falou Anne - Nossa, será que aconteceu alguma coisa?

—Quer ir perguntar para a diretora depois da aula?

—Boa. Vamos fazer isso.

Assim, Anne e Kelly decidiram passar rapidamente na sala da diretora após o horário de aulas para perguntar o paradeiro do professor. Segundo Kelly, Otávio raramente faltava e essa situação era estranha. Diretora Glória atendeu as meninas, mas, pelo que parecia, ela também não tinha muitas pistas.

—Pois é, meninas - disse a diretora, enquanto devorava algumas bolachinhas para enganar o estômago antes do almoço - Ele só me disse que vai se afastar da escola por um tempo indeterminado por motivos pessoais.

—Motivos pessoais? - repetiu Kelly.

—Foi o que ele disse - falou a diretora - Bem, eu não insisti muito. O professor Otávio já está velhinho, né? Pena que ainda não consegui nenhum professor substituto até lá. É difícil encontrar professores, ainda mais professores aqui para Vila Baunilha.

—Tá bem, obrigada, diretora - falou Anne.

Saindo da sala, Anne comentou rapidamente com Kelly.

—Você sabe onde o professor mora? - perguntou Anne.

—Ah, sim. Meu pai já atendeu ele uma vez. É perto aqui.

—A gente podia fazer uma visitinha para ele, o que acha? - perguntou a garota.

—Nossa, você se importa mesmo com o professor, heim?

—Bom, quero prestar medicina, né? Se ficar sem aula por muito tempo, vou ficar prejudicada.

—Tá legal. Eu passo no restaurante mais tarde.

—Combinado. Agora que o seu namorado está trabalhando lá, as coisas estão mais tranquilas e consigo até sair mais cedo.

E assim foi feito. Após o expediente, Anne e Kelly se encontraram e foram até a casa do professor. De fato, era próximo do restaurante. As meninas tocaram a campainha, mas ninguém atendia.

—Será que ele saiu? - considerou Kelly.

—Se saiu, então não tá doente - disse Anne.

—Pode ser que ele tenha ido ao posto de saúde, né? Vou mandar uma mensagem para o meu pai.

Kelly fez isso, mas o pai dela (e médico da cidade) respondeu que o professor não passou por lá.

—Talvez ele esteja a caminho de lá, né? - disse Kelly.

—Pode ser. Vamos tentar de novo - Anne tocou a campainha mais uma vez.

—Nada?

—Nadinha - respondeu Anne - Pode ser que ele esteja dormindo e não ouviu o toque.

—Será? Se for isso, não tem o que fazer, né? 

—É...pelo jeito perdemos a viagem - concordou Anne - Melhor irmos embora.

Enquanto as meninas davam a volta pela casa para irem embora, elas conseguiram olhar para dentro da casa dele por uma janela e viram o professor ali. Ele estava mexendo no computador.

—Espera, espera - disse Anne - Aquele ali é o professor, não é?

—É, é sim - confirmou Kelly.

—O que ele tá fazendo?

—Talvez esteja pesquisando alguma coisa, né?

—Ai, caramba! Perdi de novo! - gritou ele.

Anne olhou para Kelly com uma cara de “fala sério”

—É...parece que não, né? - disse Kelly com um sorriso amarelo.

—Bom, doente ele não tá. Isso dá para ver bem - disse Anne.

—Ei, o que você vai fazer? - perguntou Kelly.

—Vou chamar o professor daqui mesmo - disse Anne, estufando o peito e gritando “professor” o mais alto que conseguiu. 

—Anne, você é louca! O que vão pensar de uma menina gritando assim?

—Você acha melhor jogar uma pedra para ver se chama a atenção dele?

—NÃO! Pelo amor de Deus! Acho que esse grito já foi alto o bastante!

Infelizmente, o professor estava com fone de ouvido e não ouviu.

—Acho que não deu certo, né? - disse Kelly.

—Como pode? - Anne estava pasma. Por sorte, o professor se levantou naquela mesma hora e viu suas alunas olhando pela janela, especialmente Anne que apenas o assistia de braços cruzados.

—Hã? Vocês? O que vocês querem? - perguntou Otávio.

—O senhor tá bem, professor? - perguntou Anne - Viemos aqui saber porque o senhor não vem para escola há mais de uma semana.

—Ah, isso...bem, eu não ando bem de saúde, sabe como é, né? A idade chega para todo mundo.

—Mesmo? O senhor parecia bem saudável gritando agora pouco - comentou Kelly.

—Vocês me viram jogando? Quer dizer…

Otávio percebeu que não conseguiria enrolar as meninas por muito tempo e, enfim, desistiu.

—Tá bem, não vou mentir, vai. Entrem. Eu faço um cafézinho.

O que, afinal, está prendendo a atenção do professor?


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