Vila Baunilha escrita por Metal_Will
Notas iniciais do capítulo
E vamos rir, vamos rir nesse domingo. XD
Mais um capítulo na mão. Boa leitura! :)
—Ema! Tira logo essas algemas! - falou Anne, já perdendo a paciência. A situação, caso você não se lembre, é que Ema organizou uma festa do pijama em sua casa para suas amigas, mas, como quem não quer nada, também contratou os serviços de Luciano (com a ajuda do próprio pai dele) para tentar juntá-lo com Anne. E, pelo que parecia, ela queria fazer essa união do modo mais radical possível: algemando os dois.
—Você tem algemas de verdade na sua casa? - perguntou Kelly.
—Você não? - perguntou Ema.
—Você não é Ave Maria, mas tá cheia de graça, né? Vai! Dá logo a chave e me tira dessa! - esbravejou Anne.
—Tenho que concordar com ela - disse Luciano - Sério mesmo? Quer me algemar com essa chata? Você não tem pena de mim?
—Relaxem - continuou Ema - É só uma brincadeira.
—Brincadeira sem graça, né? Kelly, você não vai falar nada? - disse Anne.
—Eu estou entendendo tanto quanto você, amiga - falou Kelly.
—Não estou tentando juntar ninguém - disse Ema - Só tive a ideia dessa brincadeira agora. Vamos fazer um jogo, tá bem?
—Não quero jogar nada - reclamou Anne.
—Vai ser divertido! - falou Ema - Vou esconder a chave e tudo que vocês precisam fazer é procurá-la juntos.
—Como? - mas antes que Anne terminasse essa pergunta, Ema já saiu correndo para o andar de cima.
—Vou esconder lá no andar de cima - disse a dona da casa - Segura eles, Kelly!
—Kelly, você não se atreva - disse Anne.
—Como eu falei, não tinha a menor ideia do que ela iria fazer - respondeu Kelly, surpresa, mas também achando a situação divertida.
—O que vocês andaram bebendo? - perguntou Luciano - Não acho que o pai dela deixaria vocês tomarem álcool.
—Não bebemos nada! - reclamou Anne - Essa é a Ema, sóbria e maluca como sempre. Sabia que ela iria tentar alguma coisa.
—Sabia? Ah, então você já estava esperando ela me juntar com você, é isso? - retrucou Luciano.
—Claro que não! Quer dizer, sabia que ela estava pensando em alguma coisa, mas não achei que fosse fazer isso aqui - respondeu Anne.
—Mesmo?
—C-Claro! - gaguejou Anne - Acha que eu gosto de ficar aqui algemada com você?
—E eu gosto menos ainda! - respondeu Luciano - Preferia ficar algemado com o professor Otávio do que com você!
—Gente, gente, não briguem - Kelly tentou apaziguar - Eu ajudo vocês a procurar a chave, tá bom?
—É verdade - disse Luciano - Tudo que precisamos fazer é encontrar a chave das algemas que a Ema escondeu. É só procurar em todos os cantos do andar de cima e pronto.
—Pronto, gente - falou Ema, aparecendo no andar de cima - Podem começar a procurar quando quiserem.
—Pelo visto não tem jeito, né? - suspirou Anne - Ema, você sabe que nunca mais vou confiar em você depois disso, não sabe?
—Mas o que estou fazendo de errado? - perguntou Ema - Anne, você sabe o que está sentindo, não sabe?
—Sei. Raiva - respondeu ela.
—Estou falando do seus sentimentos pelo Luciano. Está nos seus olhos que você gosta dele. Vocês foram feitos um para o outro.
—Volta pra casinha que você tá fora dela, menina - disse Anne - Por que eu estaria interessada em um cara ridículo como o Luciano?
—E você, Luciano? - disse Ema - Vai negar que não sente nada pela Anne?
—Vou - disse ele - Não sinto nada por essa chata.
—E você é um grosso! - rebateu Anne.
—Ô, Ema - chamou Kelly - Você não acha que está indo longe demais, não?
—Minha intuição não falha - disse ela - Essa é uma oportunidade de vocês trabalharem juntos. Podem subir aqui e procurar a chave. Relaxem, não está em um lugar difícil.
—Pelo visto, vamos ter que fazer isso juntos - disse Anne - Vem, vamos logo.
—É cada uma que me aparece - disse Luciano - Eu só estava fazendo meu trabalho.
E assim, nosso casal pouco provável subiu as escadas na companhia de Kelly para procurar a chave. Geralmente, em situações como essa é esperado um pouco de maturidade e colaboração, mesmo que os envolvidos não se deem muito bem. É, geralmente, mas não absolutamente. Ema abriu espaço para eles e desejou boa sorte.
—Vai lá, casal - disse ela - Mandem ver nessa prova!
—Para que lado do corredor a gente procurar primeiro? - perguntou Kelly.
—Por ali! - Luciano e Anne apontaram para lados opostos falando isso ao mesmo tempo.
—Vamos, facilitar, vai - disse Kelly - Eu procuro por esse lado e vocês pelo outro.
E assim foi. Anne e Luciano começaram a andar juntos. Luciano fazia uma cara de entediado e Anne apenas uma cara de brava.
—Eu não sei quanto a você, mas eu falei a verdade aquela hora, tá ouvindo? - disse Anne - Não tenho nenhum sentimento por você além de...coleguismo, se é que posso dizer isso.
—Acho que sim. Somos colegas de classe, no final - disse Luciano - Digo o mesmo. Só quero viver minha vida sossegado e pronto.
—Falou tudo. Pelo menos em uma coisa concordamos - disse a garota.
—Agora chega de papo furado, vai - comentou Luciano - Precisamos achar logo aquela chave e...ah, fala sério.
—O que foi? - Anne olhou para onde Luciano estava encarando e viu um pedestal com a chave e uma plaquinha em cima dizendo “chaves da algema”.
—Fácil demais, não acha? - disse Luciano.
—É - concordou Anne - É só chegar e tirar a chave?
Era o que parecia, mas, conforme chegaram mais perto, viram que a chave estava dentro de uma redoma de vidro e havia uma espécie de dispositivo estranho ligado à redoma.
—Parabéns, pombinhos! Acharam a chave! - disse Ema.
—Quando você teve tempo de preparar essa coisa? - perguntou Anne.
—Ah, não se apegue aos detalhes - disse Ema - O dispositivo é simples. Ele vai abrir a redoma com a chave se vocês ficarem os dois juntos, na frente dos sensores, olharem um para o outro e dizer a senha. Se a senha for correta, o dispositivo abre a redoma. Ah, e não adianta tentar derrubar no chão. Está tudo bem conectado.
—Como você tem um sistema que parece ter sido feito só para isso? - perguntou Luciano.
—Gosto de testar equipamentos que tentam aproximar as pessoas - disse ela.
—Deixa eu adivinhar...foi o Luís que inventou isso aí, né? - disse Anne.
—É. Pedi para ele fazer uma dessas para testar jogos de casais - falou Ema - Custou caro, mas ele fez. Mas aposto que ele ficaria bravo se soubesse que usei em vocês dois. Como você sabia?
—Intuição - ironizou Anne.
—Vai, vamos fazer logo isso - disse Luciano.
E assim, Anne e Luciano se posicionaram na frente da câmera do sistema, olhando um para o outro.
—Ah, achei vocês - disse Kelly - Ué? O que está acontecendo?
—Parece que precisamos ficar assim, de frente para o outro, e dizermos a senha juntos - disse Anne.
—E qual é a senha? - perguntou Kelly.
—Vai, repitam comigo - disse Ema - “Eu…”
—Eu - repetiram os dois.
— “Prometo” - continuou a garota
—Prometo - eles repetiram novamente.
— “Amar e cuidar de você pelo resto da minha vida. Eu te amo” - completou Ema.
—Cê tá zoando, né? - perguntou Anne.
—Não, é sério. A senha é essa - disse Ema - E aí, Luciano? Vai continuar? Luciano?
—Ai…
—O que foi? - perguntou Anne.
—Então...é que eu estou morrendo de vontade de ir ao banheiro, sabe? Bebi um pouco de água antes de vir para cá e parece que a bexiga já encheu - disse ele - Eu vou tirar a água do joelho e já volto...
Mas antes que Luciano conseguisse se mexer, Anne já o puxou de volta.
—Ei, o que foi?
—Como pode ser tão sem noção? Vai para o banheiro junto comigo? - ralhou a garota.
—Ah, é. Pode crer. Isso acabaria com a minha privacidade - ponderou Luciano - Mas eu tô muito apertado!
—Olha, só. Mais uma motivo para andarem logo e pegarem essa chave de uma vez. Vai, Luciano, cumpre o desafio que a redoma abre - falou Ema.
—Falar aquilo lá mesmo? - perguntou Luciano.
—É. Exatamente - disse Ema.
—Eu também tô com vergonha - disse Anne - É só falar. Palavras não significam nada.
—Ah, significam - comentou Ema - E como significam.
—Ema! Não provoca mais! - alertou Kelly.
—Tá bom - disse Luciano - É só fingir, não é?
—É.
Os dois tentaram mais uma vez.
—E aí, gente? Vocês sabem qual é a senha, não sabem? É só falar.
—Tá bem - disse Luciano - Vamos nessa!
—Aah...droga! - falou Anne - “Eu prometo amar e cuidar de você pelo resto da vida. Eu te amo!”
Luciano disse as mesmas palavras ao mesmo tempo, na mesma velocidade de Anne: bem rápido. Os dois desviaram o olhar na mesma hora envergonhados, mas a redoma se abriu. Apesar de terem dito a senha rápido e de má vontade, funcionou.
—Tá feliz agora? - ralhou o garoto.
—Olha, só. Se fosse um casamento, vocês já poderiam ser marido e mulher - disse Ema.
—Vai dizer que tem algum padre escondido aí - falou Anne.
—Claro que não! - disse Ema - Faço questão de organizar todos os detalhes do casamento de vocês. Só estou dando o primeiro passo.
—Dane-se! Só quero pegar logo a chave e ir ao banheiro - disse Luciano. O problema é que, assim que colocou as mãos na chave, um senhor não muito feliz se aproximou do grupo.
—O que está acontecendo aqui? - disse Henrique, mantendo uma certa distância e segurando uma espingarda.
—Q-Quê?! - disse Luciano, arregalando os olhos com aquela arma bem diante dele.
—Papai! - exclamou Ema - Achei que o senhor já estivesse dormindo.
—Só levantei porque queria buscar um remédio para gripe.
—O senhor está gripado? - perguntou Ema.
—Não. Mas espirrei duas vezes em menos de três horas. É melhor prevenir.
Os jovens se entreolharam. Ema apenas sorriu amarelo.
—E aí, quando levantei e ouvi outra voz além das suas amigas e vim aqui correndo achando que algum ladrão tinha entrado em casa - disse Henrique - Não é um ladrão, mas..parece que é algo pior.
—C-como assim? - gaguejou Luciano, ao ver a espingarda quase enfiada em sua cara.
—Sim! Desde quando um rapaz vem encontrar três moças no meio da noite? - interrogou Henrique.
—Eu só vim entregar um pedido - disse Luciano - Estava trabalhando.
—Pedido?
—Sim. Três sanduíches de queijo - respondeu ele - Sua filha que pediu.
—É verdade isso, Ema?
—Sim, papai - respondeu a garota - Era só uma brincadeira.
—Pelo amor de Deus, não faça mais isso. Levei um susto - disse Henrique - Além disso, não pega bem mocinhas como vocês receberem um marmanjo desses de pijama.
—Relaxa, pai. São pijamas compridos - disse Ema.
—Mesmo assim! - insistiu Henrique - E você, garoto. Se já fez sua entrega, pode voltar. As meninas vão dormir agora, não vão?
—S-Sim, senhor - gaguejou Luciano.
E então, Henrique saiu de cena. Luciano e Anne se libertaram das algemas usando as chaves. Finalmente, a confusão terminou.
—Você não ia ao banheiro, não, Luciano? - perguntou Kelly.
—Deixa. Não precisa mais - respondeu ele. O susto com a arma acabou a necessidade de ir ao banheiro. Kelly e Anne se olharam com certo nojo.
Acabado tudo, com Luciano voltando para casa, as meninas foram para o quarto e retomaram a festa.
—Tô muito brava com você - falou Anne - Já falei mil vezes que não quero nada com aquele idiota.
—Ah, não fica brava comigo, não - disse Ema, abraçando Anne - Tudo que faço é com a melhor das intenções.
“De boa intenção o inferno tá cheio”, pensou Anne.
—Mas vai dizer que não foi divertido? - perguntou Kelly.
—Bom...agora que já passou tudo...até que conseguiu me deixar entretida - confessou a garota - Mas o que eu falei naquela hora foi mentira, tá? Só falei aquilo para pegar a chave.
—Vai, não ficou nem um pouquinho mexida? - perguntou Ema - Confessa, vai? Como foi olhar no olho do Luciano.
—N-Não foi nada demais - Anne tratou de desviar o olhar logo - E vamos mudar de assunto. Ou melhor, vamos dormir logo? Acho que a noite foi muito cheia por hoje.
—Tá. Vou só escovar os dentes - disse Ema - Fiquem à vontade.
—Ah, falando nisso…
Anne pegou as algemas (que ainda estavam ali por perto) e correu para o banheiro, prendendo Ema no cano da torneira da pia.
—O que você tá fazendo?! - disse Ema espantada.
—É só o troco - disse Anne - Relaxa, miga. Tiro você daí daqui a pouco.
—Não tem graça, Anne. Vai, me solta!
—Só sofre um pouquinho antes, tá? - falou Anne, sorrindo - Daí ficamos zeradinhas.
Kelly apenas riu.
—O que a gente colhe, a gente planta, né? - comentou Kelly.
Ema só suspirou.
—Tá, acho que mereci essa - foi o que ela disse. É, não teve jeito, Ema teve que ficar presa na torneira por algumas horas.
Enquanto isso, Luciano chegou em casa nada satisfeito. Seu pai o recebeu com um olhar empolgado.
—E então, meu garoto? - disse Abílio - Como foi? Heim? Heim?
—Foi horrível. Só quero tomar um banho e dormir - disse Luciano.
—Não tem nada para me contar, não? - perguntou Abílio, mexendo as sobrancelhas.
—Não, nada...ah, putz…
—O que foi?
—Esqueci de pegar a grana com a Ema - disse Luciano - Foi mal, pai. Depois eu falo com ela na escola.
—Só isso?
—É.
—Tá bom. Vai dormir logo, vai! - disse Abílio, notando que seu filho não teve progresso nenhum em sua vida amorosa.
Depois que Luciano se retirou, Abílio apenas colocou as mãos atrás da cabeça e suspirou.
“Com Ema ou sem Ema esse moleque vai casar com a filha dos Montecarlo. Nem que seja a última coisa que eu faça!”, pensava ele.
É, parece que isso ainda vai dar muito pano pra manga...
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E assim termina mais um capítulo e também a primeira temporada da fic.
Como comentei, vou fazer uma pausa para as festas de fim de ano e usar janeiro para pensar na continuação do enredo. Espero ter ideias novas para o próximo ano. Como foi dito ali no final, ainda tem muito pano pra manga. A intenção é avançar o romance deles aos poucos, em várias situações de comédia.
Pretendo voltar em fevereiro. Um mês e meio passa rapidinho. E você também pode ler outras fics minhas nesse tempo (recomendo Casa dos Jogos, This is my Gang! e Pesadelo do Real, são minhas três melhores).
Até! :)