Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 44
Como planejado


Notas iniciais do capítulo

Estamos aqui de novo. Boa leitura! :)



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A festa do pijama que Ema organizou com Anne e Kelly estava caminhando bem até a hora em que o estômago falou mais alto e Ema sugeriu pedir um lanche às dez da noite. Obviamente, era um plano para aproximar Luciano de Anne, um plano que Abílio, o pai de Luciano, estava bem ciente. A garota conseguiu sair de perto das amigas para fazer o pedido e eis que Abílio recebe a ligação dela sobre o pedido. 

—Seu Abílio? - disse ela - Tudo pronto?

—Achei que nunca ia ligar - falou ele - Pode esperar.

Luciano estava tranquilamente em seu quarto tentando tirar alguns acordes de seu violão. 

—Cara, essa música é mais difícil do que parece - dizia ele - Mas nada que mais alguns dias de treino não resolvam. Eu já até aprendi como se segura o violão.

—Luciano! - chamou Abílio, praticamente invadindo o quarto do rapaz - Luciano, você tá me ouvindo?!

—E tem como não ouvir? - reclamou Luciano - Com essa gritaria toda…

—Temos um pedido - disse Abílio - Levanta e se prepara para entregar.

—E desde quando entregamos pedido às dez da noite? - reclamou o garoto.

—Desde que nossa lanchonete está quase falindo por você ser incompetente demais para se livrar dos nossos concorrentes! - respondeu Abílio - Estamos aceitando pedidos em qualquer horário. É um pedido na fazenda Fontes.

—Ah, não. É longe pra caramba, pai! - Luciano continuava a reclamar.

—Eu sei que é estranho, mas parece que uma das funcionárias de lá está grávida e pediu três sanduíches de queijo dos grandes - explicou Abílio.

—Caraca, sabia que grávida come por dois, mas não esperava tanto assim - disse Luciano.

—É o desejo de uma grávida. Você não sabe como funcionam essas coisas? Se ela não comer o sanduíche de queijo, o filho dela vai nascer com cara de queijo e a culpa vai ser sua por fazer corpo mole.

—Só de curiosidade...o que a minha mãe teve vontade de comer quando estava me esperando? - perguntou Luciano.

—Arroz com feijão - disse Abílio.

—Que sem graça - respondeu o filho - Achei que fosse algo mais atípico, sei lá, strogonoff.

—Agradeça por ela não ter tido desejo de buchada de bode! Agora deixa de fazer corpo mole e vai logo entregar os sanduíches! - disse Abílio, praticamente expulsando o filho de casa.

—Tá bom, tá bom - disse o garoto - Ainda bem que a lanterna da bicicleta está funcionando bem.

Enquanto isso, Ema voltou para o quarto.

—E aí? Pediu os lanches? - perguntou Anne.

—Vai demorar um pouquinho, né? - disse Ema, sentando-se perto de Kelly - Mas pedi três sanduíches de queijo. Era o que eles tinham.

—Você pediu um lanche para a lanchonete do pai do Luciano, não foi? - perguntou Anne.

—Por que você acha isso, amiga? - perguntou ela - Tem tantos lugares por aí.

—O lugar mais próximo é lá. Além disso, por que pedir justo sanduíche de queijo? Ouvi falar que sanduíche de queijo é o único lanche de lá que é suportável comer.

Ema se apressou em dar logo uma desculpa.

—Tá, tá, eu confesso, foi de lá. Mas estamos com fome, não estamos? Quanto mais rápido vier o lanche, melhor. Se eu usasse o aplicativo, teria que pedir de algum lugar da cidade grande mais próxima e demoraria ainda mais. Sem contar que seria mais caro.

“Como se dinheiro fosse problema para ela”, pensou Anne.

—Além disso, estamos nos divertindo tanto. Não queria esquentar a cabeça em descer na cozinha e preparar um lanche. 

—Ah, a gente gosta de cozinhar. Não teria problema, não - comentou Kelly.

—Que é isso? Vocês são minhas convidadas. Não tem cabimento deixar vocês mexerem na cozinha. Sem contar que eu não sei direito onde as coisas estão e poderíamos fazer a maior bagunça. Meu pai ficaria bravo, sabe?

“Mas ela tem resposta para tudo. Impressionante”, pensou Anne.

—Deixem de frescura, vai? Um lanchinho não vai matar ninguém. Além disso, está tudo por minha conta. Relaxem.

“Se é que dá para relaxar com ela”, foi o pensamento de Anne.

Enquanto isso, Luciano pedalava com sua bicicleta em direção à fazenda Pontes. Ele não podia deixar de imaginar que a situação era fora do comum.

—Que coisa, não ouvi falar de nenhuma funcionária da fazenda que estivesse grávida - balbuciava ele - Ah, mas eu não me ligo nessas coisas mesmo. Melhor ir logo para lá e me livrar logo disso.

E foi o que ele fez. Assim que chegou à fazenda, foi em direção ao único local com as luzes acesas: a mansão principal em que Ema estava aguardando. Luciano tocou a buzina da bicicleta, som que foi logo ouvido pela garota.

—Opa, o pedido chegou - disse Ema - Vamos lá?

Anne olhou para Kelly.

—Vamos? - perguntou Anne.

—Ah, se ela quer que todo mundo desça, então não deve estar planejando nada - disse Kelly.

—Sei não…

—Vamos. É o Luciano mesmo. Ele não vai ligar de ver a gente de pijama.

As três desceram. Luciano arregalou os olhos quando viu Anne e Kelly por lá.

—Oi, Luciano. Obrigado pelos lanches - disse Ema.

—Vocês? - estranhou ele - Espera, e a grávida?

—Que grávida? - perguntou Ema.

—Alguma de vocês está grávida? - perguntou Kelly, rindo.

—Ai, engraçadona - debochou Anne.

—Meu pai disse que tinha uma funcionária aqui, grávida,com desejo de comer sanduíche de queijo - falou Luciano.

—Ah, ele deve ter falado isso para te convencer a vir aqui - disse Ema - Mas somos só nós, mesmo.

—Estão fazendo uma festa, é? - estranhou Luciano.

—É uma festa só com meninas - explicou Kelly - Por isso não convidamos você e nenhum outro menino da sala.

—Festa só com sanduíche de queijo? - Luciano insistia.

—Na verdade, é uma noite das meninas - disse Anne - Por isso estamos de pijama.

—Ah, entendi - disse ele - Nem reparei.

—Como eu imaginava - Kelly balbuciou para Anne.

—Bem, fiquem aqui. Eu já vou buscar o dinheiro - disse Ema.

—E aí? A festa tá legal? - disse Luciano.

—Divertido - disse Anne - Sem meninos, posso ficar mais tranquila.

—Sei...deve estar divertido mesmo para você nem ligar de comer sanduíches lá da lanchonete.

—Espero que você não tenha cuspido no meu - ralhou Anne.

—Não, eu não sei qual você vai escolher.

—Olha isso. Então você admite que faria isso?

—Só se você me irritar mais - respondeu Luciano para a garota.

Antes que a briga ficasse mais intensa, Ema voltou.

—Pronto, gente. Tá aqui o dinheiro - disse ela.

—Ótimo, tá até trocadinho - reparou Luciano - É assim que eu gosto.

—Mas...já que está aqui, Luciano. Por que não participa de uma brincadeira com a gente? - perguntou Ema.

—Nem. Vocês mesmas disseram que é uma festa de meninas.

—Isso mesmo, Ema - disse Anne - Nada a ver enfiar um menino aqui no meio.

—É rápido - disse ela - Coloque sua mão direita para a frente, Luciano.

—Se for rápido - falou ele, estendeu sua mão, na mesma hora, Ema sacou um par de algemas, prendendo a mão direita de Luciano nela .

—Perfeito - disse a garota - Exatamente como pensei.

—O que você tá fazendo?! - exclamou o garoto.

—O que é isso, Ema? - estranhou Anne, mas, antes que ela se desse conta, Ema conseguiu prender o punho da mocinha juntamente com Luciano.

—Realmente, foi exatamente como planejado - disse Ema, rindo.

—O que você tá fazendo, sua louca? - reclamou Anne.

—Miga, relaxa - falou Ema - Eu tenho a chave bem aqui, mas...vamos conversar com calma antes de eu liberar vocês.

É, parece que a situação chegou a um ponto improvável (ou talvez nem tão improvável assim).


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Notas finais do capítulo

Vamos ver onde isso vai parar, né?

No próximo capítulo, a conclusão do arco e encerramento dessa primeira temporada.

Até lá! :)



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