Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 41
Outro nível


Notas iniciais do capítulo

Estamos de volta. Tenha uma boa leitura! ;)



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Naquele dia, Ema acordou cedo como de costume. Ao chegar na sala, o café da manhã ainda estava sendo colocado na mesa pelos empregados.

—Bom dia, dona Ema - disse a criada que terminava de colocar as últimas cestas de biscoitos.

—Bom dia - cumprimentou a garota, sorridente - Meu pai ainda não levantou?

—Está descendo agora - disse a moça, apontando para as escadas. Henrique, o pai de Ema, descia as escadas um tanto quanto desanimado.

—Papai, bom dia - disse Ema, sorrindo.

—Bom dia, minha filha - disse Henrique - Na medida do possível.

—Como assim? Aconteceu alguma coisa? - perguntou ela.

—Não se aproxime muito - alertou ele - Você pode se contaminar.

—Contaminar? - estranhava Ema.

—Sim - disse Henrique - Hoje acordei e espirrei. Tenho certeza de que estou resfriado, ou até mesmo gripado, ou até algo mais grave.

Ema lembrou que teve contato com Anne, que estava gripada alguns dias atrás, mas ela teve o cuidado de se higienizar muito bem e até ter tomado algumas aspirinas antes de entrar na casa, então as chances de ser uma transmissão da gripe dela eram baixas. Provavelmente, era mais um dos exageros do pai dela.

—Um espirro? E o que mais? - perguntou Ema.

—Isso já não é suficiente? - reclamou Henrique.

—Pai - disse Ema, após suspirar - Ninguém fica resfriado com um espirrinho.

—E você é médica, por acaso? - perguntou Henrique - Por falar em médico, é melhor eu ligar para o doutor Renato. Vou pedir para ele vir aqui fazer um exame depois do expediente. Só assim para eu ficar tranquilo. Isso se eu sobreviver até o fim do dia.

—Ai, que exagero! - exclamou Ema - O senhor está ótimo, pai.

—Minha filha, por favor, promete de novo que vai sempre ficar do meu lado? - insistia Henrique.

—Claro, pai. Eu prometi, não prometi?

Apenas para de fins de esclarecimento, quando a mãe de Ema morreu, Henrique fez a filha prometer que sempre estaria o apoiando. Mas, conhecendo seu pai, Ema sabia que isso não era apenas uma força de expressão - ele realmente queria a dedicação dela. Por conta disso, Ema evitava manter uma vida pessoal que a afastasse muito dessa missão. Parece triste, mas ela não se importava muito. Embora todos achassem estranho que uma garota tão linda, educada, inteligente, rica e simpática não mostrasse nenhum interesse em uma vida amorosa, ela mesma se considerava completa em sua missão. Bem, mais ou menos - talvez ela estivesse um pouco frustrada, e essa frustração era descontada em seu empenho para ajudar na vida amorosa alheia. Ela não queria se envolver com ninguém, mas estava pronta para apoiar os relacionamentos dos amigos.

—Depois do café quero dar um pulo na cidade - disse Ema ao pai - Preciso comprar alguns tecidos.

Outro hobby de Ema era costurar - algo não muito comum para pessoas na idade dela, mas em Vila Baunilha não era uma atividade muito estranha.

—Tudo bem - disse Henrique - Já eu, vou passar a manhã em repouso. Nunca se sabe quando meu resfriado pode piorar.

—Deixa de exagero - falou Ema, embora já estivesse acostumada com a hipocondria do pai.

Assim, depois de tomar café, Ema se trocou e pediu para seu motorista a deixar no centro da cidade. Era um sábado agradável, propício para uma caminhada. Enquanto caminhava, ela acabou se lembrando de algo não muito agradável. Em sua memória, a pergunta que Luciano (e todos os seus amigos) insistiram em fazer.

“Ah, eles não entenderiam”, pensou Ema. “Preciso me dedicar a cuidar do meu pai, não posso pensar em namorar ninguém agora. Mas...supondo que eu fosse me interessar por alguém, a primeira pessoa que me vem na cabeça é o…"

—S-S-Senhorita Ema? - gaguejou uma voz conhecida.

—Ah, soldado Caxias - disse Ema, sorrindo - Bom dia.

—Bom dia - disse ele, certamente com o coração batendo bem forte - Está caminhando sozinha? Não é perigoso? Eu posso acompanhá-la e…

—Não precisa se preocupar - disse a mocinha simpaticamente - Já estou acostumada a caminhar pela cidade. Além disso, vivemos em um lugar bem tranquilo.

—Mesmo assim...e se a senhorita for atacada por algum animal selvagem ou algo assim?

—Animal selvagem? Não vejo nenhum por aqui - disse Ema - Ah, como vai, Amadeu?

E Amadeu, o urso de estimação da cidade que estava passando por ali, acenou para Ema.

—Como eu dizia...não tem nenhum animal perigoso por aqui - concluiu a garota.

—Bem, se a senhorita insiste - disse ele - Sabe, estou de folga hoje, posso fazer companhia para a senhorita se…

—Você é mesmo um doce - disse Ema, sorrindo - Mas já estou voltando para casa.

—Bem, se é assim...tenha um ótimo dia - disse o soldado.

—Até mais e obrigada - falou Ema, se despedindo.

“Será que eu devia ter insistido mais?”, pensou Caxias. “Não, espere...e se ela se sentisse pressionada? Não, não, é melhor ir devagar mesmo!”

—Soldado?

—Senhor, sim, senhor! - disse Caxias, em posição de sentido. Quem o chamou foi o delegado da cidade que, ao contrário do soldado, não folgava aos sábados.

—O que está fazendo aí parado? - perguntou o delegado - Sei que hoje é sua folga, mas ócio não é um bom exemplo para os cidadãos.

—Desculpe, senhor - disse o soldado - Eu...estava apenas refletindo sobre algumas coisas.

—Entendo...estava pensando em mulher, não é?

—Como o senhor sabe? Digo, não é nada impuro, eu apenas estava…

—Não precisa se explicar, soldado. Entendo bem como é. Já tive sua idade e entendo que já esteja na hora de pensar em se casar.

—Casamento? Bem, acho que isso ainda estaria um pouco distante.

—E quem é a felizarda?

—O senhor promete não espalhar por aí?

—Claro que não. Confie em mim.

—É a senhorita Ema - disse ele, em voz baixa.

—Oh, ótima escolha. É uma excelente moça - disse o delegado - Mas...ela corresponde?

—Bem, eu não sei - disse o soldado.

—Então procure saber logo e vá se declarar! - encorajou o delegado - Seu relacionamento não vai começar do nada.

—Eu sei, mas…não, não posso fazer isso de modo tão impensado - falou o soldado - Preciso chamá-la para sair primeiro e depois, aos poucos, vou preparando o terreno para dizer o que sinto!

—Bem, você que sabe - disse o delegado - Apenas tome cuidado para não demorar muito e outro chegar antes de você.

—O-Outro? - gaguejou o soldado - Não! Isso seria o pior cenário!

—Então, é melhor se apressar - falou o delegado - Bem, preciso voltar para o meu posto. Até mais!

—Ah, é verdade - estranhou Caxias - Se o senhor trabalha hoje, por que está andando tão despreocupadamente por aqui?

—Ora, soldado. Não seja insolente só porque está de folga. Estou fazendo apenas uma ronda pela cidade para garantir a paz de todos - explicou o superior do soldado.

—E essa revistinha de Sudoku aí atrás? - perguntou Caxias, percebendo que o delegado parecia ter acabado de comprar uma revista na banquinha do centro.

—Chega de perguntas, soldado! E tenha um bom fim de semana.

Enquanto eles conversavam, Ema saía da loja de tecidos e viu o pai de Luciano, Abílio, observando o restaurante da família de Anne atrás de um poste. Ele anotava as pessoas que entravam em um caderninho.

—Vamos lá, vamos ver se o movimento deles é bom mesmo - dizia ele, sem perceber Ema se aproximando. A garota teve uma ideia e não conseguiu esconder um sorriso.

—Bom dia - disse ela, chegando perto dele.

—Hã? O quê?! Ah, olá, bom dia, Ema - disse Abílio - Passeando por aí, é?

—Pois é. E o senhor, o que está fazendo?

—Eu? Nada.. - falou ele, escondendo seu caderno - É, nada mesmo. Só observando a região. É uma...err...pesquisa de mercado.

—Mesmo? O senhor parece interessado no restaurante dos pais da Anne - reparou Ema.

—Ah, é...é...os pais dela trabalham no ramo de alimentos, como eu. Sabe, acho que posso aprender com eles - explicou Abílio.

—Aliás, seu Abílio. Posso falar com o senhor um pouquinho? - perguntou Ema.

—C-Claro - disse ele, ainda meio sem entender a situação.

“É isso. Se investir nos pombinhos direto não está dando certo...vou começar a trabalhar nos pais deles”, pensou Ema. Era hora de levar os planos para um outro nível...


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Notas finais do capítulo

Apenas um aviso: esse é o último arco da temporada.

Seguindo o mesmo caminho de outras fics minhas, após um certo número de capítulos tendo a dar uma pausa na fic de mais ou menos um mês. Uso esse tempo não só para descansar, mas também para organizar minhas ideias e pensar no roteiro da continuação do enredo. Mas não se preocupe, eu volto!

Mas ainda teremos mais uns capítulos, então continue acompanhando.

Até mais! :)



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