Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 40
Cartas da verdade


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Boa leitura!



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A visita dos colegas de sala de Anne continuavam sua visita amigável. Eis que Ema sugere que eles joguem alguma coisa. 

—Então...você é boa em inventar brincadeiras? - perguntou Luís - Só estou imaginando o que seja…

—Não julgue antes de ouvir - disse Ema - Vai ser divertido, desde que todo mundo participe.

—Todo mundo? - disse Luciano - Mas eu já tava pensando em vazar…

—Eu disse: to-do-mun-do - falou Ema, praticamente fuzilando Luciano com o olhar.

—E tu tem alguma coisa melhor para fazer, Luciano? - perguntou Carioca.

—Claro que tenho. Tipo...praticar meu violão - respondeu ele.

—É melhor você ficar - disse Luís - Você mora logo aí na frente. Se você for tocar, vai dar para ouvir daqui e é capaz da pobre Anne piorar.

—Já vai começar a me encher, é? - reclamou Luciano.

—Vai, vamos jogar! - disse Ema - Tenho certeza de que vocês vão gostar!

—Sei não, heim? - disse Anne - Tá na cara que você vai aprontar alguma.

—Eu? Você também vai me julgar? - reclamou Ema.

—Deixa ela, Anne - disse Kelly - Mesmo se você negar, ela vai dar um jeito de te convencer.

—Pior que é verdade - concordou Anne - Tá bem, vai. Fala logo.

—Bem, sou ótima em criar brincadeiras para chá de panela - disse ela - Mas...para hoje, tenho um jogo em especial.

—Que seria? - perguntou Luciano.

—Cartas da verdade - disse ela.

—Já não gostei - disse Luciano.

—Tu é mentiroso, Luciano? - perguntou Carioca.

—Está na cara que esconde alguma coisa - comentou Ian, arrogantemente.

—Não é isso! Mas tá na cara que isso tem a ver com verdade e consequência, não é? - retrucou ele.

Todos olham para Ema.

—Não estou em condições de cumprir qualquer consequência - reclamou Anne - Nem vem!

—Calma, deixem eu terminar de falar! - falou a garota - Sim, tem um pouco a ver com verdade e consequência, mas não tem consequência.

—Tá, continua - disse Anne.

—Você tem umas folhas de sulfite aí? - perguntou Ema.

—Tenho. Tem ali na minha gaveta - apontou Anne.

A garota correu para a gaveta, pegou as folhas e dobrou em vários retângulos. Mesmo sem tesoura, ela cortou perfeitamente as dobras, resultando em pedaços de papel retangulares perfeitamente cortados.

—Essa serão nossas cartas - explicou Ema - Estamos em sete, né? Então vou separar em setenta cartas. Dez para cada um. Estarão separadas em valores. Vou colocar 40 cartas valendo 2, 20 valendo 5 e 10 valendo 10.

—Dá para explicar? Não tô entendendo nada! - reclamou Carioca.

—Como eu falei, vou distribuir dez cartas para cada um - disse Ema, enquanto pegava uma caneta e marcava números nas cartas de acordo com a proporção que informou - Jogaremos em turnos. Em cada rodada, você pode fazer uma pergunta para qualquer pessoa jogando.Essa pessoa poderá responder sua pergunta ou não. Mas, se ela recusar responder, terá que pagar uma quantidade de valores para compensar isso.

—Quanto? - perguntou Ian.

—Quem pergunta é quem decide - explicou Ema.

—Que marmelada - reclamou Luciano - Então é só pedir um milhão de pagamento e ninguém vai poder responder.

—Claro que considerei isso nas regras, né, bobão? - disse Ema - Não é um jogo em que escondemos nossas cartas. Todo mundo vai saber as cartas que todo mundo tem e só é possível cobrar um valor menor ou igual ao total de cartas da pessoa. Porém, quem ficar sem cartas sai do jogo. Então...se você for cobrar tudo da pessoa e ela não quiser responder, lembre-se de que não poderá perguntar de novo se ela for eliminada.

—É, não parece tão ruim - disse Kelly.

—Então, vamos jogar? - perguntou Ema.

—Tá legal! Vamos nessa - disse Luís - Sou ótimo em jogos!

E assim foi feito. Ema embaralhou as cartas e distribuiu para todos. A distribuição foi até bastante equilibrada.

—Tudo bem, quem quer começar? - perguntou Ema.

—Eu começo - disse Ian - Faço minha pergunta para a Anne.

—Ai, por que não estou surpresa? - disse ela.

—O que você acha de mim? - perguntou ele.

—Pago - disse Anne - Pode levar o que você quiser.

—Mas assim na lata? - reclamou Ian.

—Não sou obrigada a responder - disse ela.

—Que pena - disse Ian - Vou pegar apenas essa carta de valor 2. 

—Tá bom. Vamos em sentido horário - disse Ema - Sua vez, Carioca.

—Vou perguntar para a Kelly - disse ele.

—Eu? - estranhou Kelly - O que você quer saber?

—Sua mãe ainda tem a receita daquele bolo maneiro que você levou outro dia? Fiquei com a maior vontade de comer, mas tinha perdido - falou Carioca.

—Ah, sei que bolo é. Você gostou bastante, né? Vou ver com a minha mãe e te trago - disse ele.

—Valeu - agradeceu o garoto.

—Que raio de pergunta é essa? - reclamou Ema.

—Ah, perguntei o que tô interessado, né? - disse Carioca.

—Tá, que seja. Luís, sua vez - disse Ema.

—Ótimo - falou ele - Luciano, é com você mesmo que quero falar.

—Manda - disse Luciano.

—Você não está a fim da Anne também, está? - perguntou o garoto.

—Ah, agora sim uma pergunta que preste! - comemorou Ema.

—Eu? - disse ele - Claro que não! Quem vai se interessar por uma menina metida dessas?

—Lembra que você tá na minha casa! - disse Anne.

—Não ligo - disse Luciano - Você é metida e chata, sim.

—Ei, guarda essa energia para as perguntas - falou Ema - Já que o Luciano respondeu, agora é a sua vez, Anne.

—É? Então vou perguntar para o Luciano mesmo - disse Anne.

—Opa! Tô gostando de ver - disse Ema, animada.

—O que exatamente você tem contra mim? - perguntou Anne.

—Seu jeito de ser mesmo - disse Luciano - Você é chata e metida mesmo, ué? O que posso fazer?

—Você que é um grosso e ainda por cima acha que toca alguma coisa - falou Anne.

—Epa, epa, vamos guardar as energias - disse Ema - Sua vez, Kelly.

—Vou perguntar para a Anne também - disse Kelly - Anne, você não gosta do Luciano nem como amigo?

—Boa garota! - comemorou Ema.

—Essa eu respondo em respeito a você, Kelly - disse Anne - E a resposta é que depende dele. Se ele mudar, quem sabe possamos ser amigos.

—Essas perguntas estão ficando centradas demais nesses dois, não estão? - disse Luís

—Concordo - disse Ian - Não pode mudar?

—Ah, as regras não falam nada sobre não poder insistir no assunto - disse Ema - Eu sei disso, afinal, eu criei as regras. E, olha só, agora é a minha vez.

—Lá vem - reclamou Luciano.

—É para você mesmo, Luciano - disse ela - Você beijaria uma das meninas desse quarto?

—Que raio de pergunta é essa?! - reclamou Luciano.

—Sim ou não. É simples - disse Ema.

—Fácil responder. Não - falou Luciano, desviando o olhar.

—Por que está olhando para o lado? - indagou Luís - Sinal de que tá querendo esconder, não é?

—É isso mesmo? - continuou Ema - Tá mentindo, Luciano?

—Maldito! Você não gosta da Anne, mas beijaria ela, não beijaria? - reclamou Luís - Como pode desejar os lábios puros da minha amada, Anne.

“Pior que sou BV mesmo”, pensou Anne, mas não ousou dizer isso alto.

—Espera - disse Kelly - A Anne não é a única menina da sala.

Ema ficou vermelha.

—Se o Luciano está mentindo mesmo - prosseguiu Kelly - Talvez...ele queira beijar outra pessoa além dela.

—É...é mesmo - falou Anne - Talvez você queira beijar a Ema, então?

—O quê?! - estranhou Ema - Parem com isso, gente. Claro que não sou eu.

—Quer saber? Não vou responder porcaria nenhuma! - disse Luciano - Vai, pode pegar qualquer coisa aí.

—Tá bom - disse Ema, pegando uma carta de valor 2 - E agora é a sua vez.

—Ah, finalmente - disse Luciano - Pois eu pergunto para você, Ema. De quem você gosta?

—E-Eu? - gaguejou ela.

—É. Você é toda metida a casamenteira e tal. Mas e você? Quem te interessa?

—Vou pagar - disse Ema - Pode pegar o que quiser.

—Fugindo, é? - disse ele - Então não está a fim de tocar nesse assunto, né?

—Também fiquei curioso, querida Ema - disse Ian, o próximo na ordem de jogadas - Repito a pergunta do Luciano.

—E eu continuo a me recusar! - falou ela - Vai, pode pegar o maior valor.

—Não, Ian - disse Luís - Pegue uma carta só. Vamos ver até onde ela aguenta. Carioca?

—É, também tô curioso - disse Carioca - Repito a pergunta para a Ema.

—E eu pago de novo! - disse Ema - Vocês não podem fazer isso o tempo todo, né, gente? Mudem a pergunta!

—Claro que podemos - disse Luís, o próximo na ordem - Não está nada nas regras que não pode, está? O que não é proibido é permitido!

Ema começou a ficar nervosa e olhou seu celular.

—Gente, desculpa vou ter que sair - disse ela - Acabei de receber uma mensagem de casa falando que meu pai precisa de mim. Desculpem, desculpem mesmo, mas vocês terão que continuar sem mim. Até mais!

"Ô desculpinha furreca, heim?", pensou Anne.

Ema saiu correndo sem dar maiores explicações. Briana até viu ela saindo correndo na hora que chegava com mais um lanchinho.

—Ela já foi? Que pena. Fiz mais uns petisquinhos - disse a irmã de Anne.

—Pode deixar que eu fico com a parte dela - falou Carioca.

—Aí tem coisa - Anne cochichou com Kelly.

—A Ema é meio reservada quando se trata dela mesma - comentou Kelly.

E assim a visita à Anne terminou. Já mais recuperada, Anne dormiu bem durante a noite. Já Ema teve mais dificuldades para pegar no sono.

“De quem eu gosto? De quem eu gosto?”, pensava Ema, se revirando de um lado para o outro na cama. “Eu não quero me envolver com ninguém, mas eles não entenderiam isso. Estou muito bem arranjando casais que se combinam. Dos meus negócios cuido eu!”

É, ela parece ter ficado meio nervosa. Vamos ver no que isso vai dar.


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Notas finais do capítulo

"O que não é proibido é permitido". Usei muito essa frase na minha fic "Casa dos Jogos" (talvez a melhor fic que escrevi até hoje)

Semana que vem, um novo arco. Até lá!



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