Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 32
Só pelo prêmio


Notas iniciais do capítulo

Mais um domingo, mais um capítulo. Tenha uma boa leitura.



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—Ele ainda vai demorar muito? - perguntou Briana para sua irmã.

—Espero que não. Só quero que isso acabe logo - respondeu Anne, sem muito entusiasmo.

Vamos recapitular o que aconteceu. Depois de Anne ter sido sorteada no evento promovido por Ema, ela ganhou o direito de tomar sorvetes da indústria Fontes por um ano. O problema é que ela só poderia usufruir de seu prêmio se inaugurasse o tíquete com o astro do show, nada mais do que seu vizinho grosso Luciano. É claro que Anne não gostou muito da ideia e abrir mão desse prêmio foi a primeira coisa que passou pela cabeça dela, mas Briana estava muito interessada em sorvete grátis e não deixou a irmã fazer isso.

—Que demora! Precisamos dele para tomar nosso sorvete de graça! - reclamou Briana.

—Ei, lembra que só eu vou poder pegar sorvete grátis com o tíquete - protestou Anne.

—Eu sei, mas se você não vai mais precisar pagar o seu sorvete, então vai sobrar dinheiro para pagar sorvete pra mim, né? - falou Briana - Afinal, sou sua irmã e irmãs se ajudam.

O pior é que Briana era tão boazinha com Anne que ela não podia reclamar de dar um agradinho para ela de vez em quando. É, esse era o único motivo para cair na lábia de Ema e aceitar um encontro com a pessoa que mais detestava na cidade. 

Apenas para fins de localização, Anne, Briana e Luciano combinaram de se encontrar na sorveteria da cidade. Embora os sorvetes Fontes fossem comercializados em vários lugares, o único lugar em que o tíquete poderia ser gasto como um encontro seria ali. Luciano e Anne acabaram, então, combinando de se encontrarem por ali em um final de tarde, depois do serviço. Após um bom tempo de espera, Luciano finalmente apareceu.

—E aí? - cumprimentou ele.

—Nossa, achei que você tinha desistindo - reclamou Anne - Marcamos meia-hora atrás, não foi?

—O importante é que eu tô aqui, não? - disse ele - Só vim porque no encontro eu também tenho direito ao sorvete grátis e também não quero arranjar mais encrenca com a doida da Ema.

—Nem me fale - reclamou Anne - Aquela garota não tem limite mesmo!

—Já que estamos aqui...vamos acabar logo com isso - falou Luciano, coçando a cabeça e mostrando o tíquete - O tíquete tá aqui.

—Oba! Sorvete grátis! - comemorou Briana.

—O seu é sempre grátis, né, Briana? Eu que pago para você - disse ela.

—Mas estou feliz por você não precisar gastar mais dinheiro do que gastaria comprando o seu sorvete e o meu sorvete - disse Briana toda meiga.

Seja como for, Anne e Briana entraram na frente. Luciano estava logo atrás.

—No que posso ajudar? - disse o rapaz do atendimento.

—Temos um benefício da indústria Fontes - disse Luciano - Aqui, ó.

—Ah, sim. Estávamos esperando - disse ele - Venham comigo.

Luciano e Anne se entreolharam. O rapaz apenas indicou uma mesa pequena, com dois lugares, acomodada em um cantinho.

—Ali é a mesa da promoção - explicou o atendente.

—Dá para pegar mais uma cadeira? - perguntou Anne - Minha irmã está com a gente.

—Sinto muito - disse ele - São ordens da indústria Fontes para essa promoção. Ela só é válido se o beneficiado tiver um encontro com o astro do show, Luciano. Se sua irmã sentar junto, não seria um encontro.

—Então, você tá expulsando a minha irmã? - reclamou Anne.

—Claro que não. Ela pode sentar em qualquer outra mesa vaga - disse ele - Mas vocês só vão poder tirar o benefício da promoção sentando juntos. Está tudo nas regras que a indústria passou para nós.

—Quem inventou essa regra? - perguntou Luciano.

—Quem você acha que foi? - disse Anne, ironicamente.

De fato, do outro lado da rua, na pracinha, alguém estava escondido atrás de uma moita, usando binóculos para acompanhar todo o movimento. Esse alguém era ninguém menos que a própria Ema, toda empolgada com o sucesso de seu plano.

—Ah, moleque! - disse ela, vendo tudo - Está tudo de acordo com o planejado! O encontro de hoje é o primeiro passo para juntar esses dois.

Mas é claro que o encontro não seria algo tão simples quanto Ema pensava.

—Que absurdo! - reclamou Anne - É a minha irmãzinha. Prefiro pagar todos os sorvetes do que deixar a coitadinha isolada.

—Não tem problema - disse Briana - De qualquer forma vou ficar aqui na sorveteria, né?

Nisso, uma figura conhecida chega ao local.

—Ora, ora, o que temos aqui? Não é uma coincidência? - disse Ian, o filho do prefeito, chegando na sorveteria local, acompanhado de sua irmã Samanta.

“Ah, é a Briana”, pensou Samanta, assim que colocou os olhos na garota.

—E aí? - disse Luciano.

—O mundo é mesmo pequeno, não é? - disse Ian.

—Bom, a cidade é pequena, né? - complementou Anne, embora ela duvidasse de que fosse coincidência.

—Mas justamente no dia em que decidi passar um tempo com minha querida irmã, encontro vocês, aqui, juntos - disse Ian - Só pode ser coincidência.

—Você sabe que precisaríamos sair juntos para valer o prêmio que a Anne ganhou, não sabe? - perguntou Luciano.

—Oh, sim, ouvi falar disso - disse Ian - Mas claro que o relacionamento de vocês não passa de uma bela amizade, não é?

—Somos amigos? - perguntou Luciano para Anne.

—Olha, eu só quero validar meu prêmio logo, tá bom? - disse Anne - Vamos pedir logo alguma coisa e pronto.

—Claro, fiquem à vontade - disse Ian.

—Oi, Samanta - disse Briana, acenando para a irmã de Ian - É bom te ver.

—Ah, claro. Olá, querida - disse Samanta, fingindo um ar superior - Não costumo frequentar esse tipo de lugar, mas às vezes é bom conhecer culturas mais rústicas, sabe?

—Não entendi muito bem - disse ela - Mas fiquei feliz de te encontrar aqui.

“Ai, que droga! Por que ela tem que ser tão fofa?”, pensou Samanta. “Não é assim que as coisas funcionam. Temos que ser rivais...ah, já sei!”

—Por que você não senta com a gente, Briana? - perguntou Samanta - Tenho certeza de que meu irmão não se importará de pagar mais um sorvete, não é?

—Claro que não - disse Ian - É um prazer tê-la conosco, princesa.

—Seu irmão é engraçado - riu Briana.

“Não chama ela de princesa, seu idiota!”, pensou Samanta.

—Bom, pelo menos ela encontrou uma amiguinha - disse Anne - Agora ficou mais sossegada.

—Que seja - disse Luciano - Vamos logo sentar e tomar algum sorvete?

Mas, assim que sentou, Luciano sentiu algo batendo em sua testa. Foi Ian, que havia se espreguiçado e esticado demais os braços.

—Ah, desculpe - disse ele - Não percebi que estávamos tão próximos.

—Essa mesa não estava mais para lá? - perguntou Luciano.

—Ah, estava? Não reparei - respondeu Ian, como se não tivesse puxado a sua mesa para perto da mesa de Anne e Luciano.

—Que seja - disse Luciano - Só quero acabar com isso.

—Eu também - concordou Anne.

Enquanto isso, em outra mesa, uma garota acompanhava tudo sem ser notada. É, era a garota que nunca era notada, Samara, segurando o cardápio com as mãos trêmulas e acompanhando tudo de longe.

“Então eles vieram mesmo?”, pensava ela. “Quer dizer, não que eu me importe, mas...por que ela ganhou? Por quê? Ela já é bonita, independente e ainda tem sorte...será que eles vão mesmo levar esse encontro para a frente, de novo, não que eu me importe, mas…”

E enquanto Samara tentava justificar para si mesma que não se importava, do outro lado da mesa havia uma outra pessoa suspeita. Era uma pessoa baixinha, óculos escuros e um bigode falso, também olhando o cardápio e acompanhando o movimento de longe. É, isso mesmo, era o Luís.

“Maldito Luciano”, pensava ele. “Mas enquanto eu estiver aqui, você não vai roubar a minha Anne, não mesmo. Vou fazer o possível para acabar com esse encontro!”

É, pelo visto, se há algo que Anne e Luciano não terão é um encontro tranquilo.


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Notas finais do capítulo

E claro que confusões virão no próximo capítulo. Até lá! :)



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